1 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIAL CRAS Cristina Ionácy Rodrigues e Souza 1 INTRODUÇÃO Ao fomentar que a assistência social é uma política que junto com as políticas setoriais, a Política Nacional de Assistência Social - PNAS (2005) considera as desigualdades sócio territoriais, visando seu enfrentamento, à garantia e a universalização do direitos mínimos sociais. O público dessa política são os indivíduos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade social. Essa política busca garantir os direitos a todos, que dela necessitam e sem contribuição prévia a provisão dessa proteção. O Centro De Referência Em Assistência Social - CRAS atua pautado no trabalho social com famílias por meio do serviço de Proteção e Atendimento Integral a Famílias - PAIF e gestão territorial da rede sócio assistencial de proteção social básica. Sua equipe de referência conta com profissionais de nível superior, os quais se destacam aqueles do Serviço Social e Psicologia e por sua vez os Técnicos de nível médio. Ressaltando que entre os serviços oferecidos pelo CRAS destacam-se: Proteção e Atendimento Integral ás Famílias - PAIF e Programa de Aquisição de Alimentos PAA. POLÍTICAS E DIRETRIZES Entende-se como política a maneira de governar e Diretriz, se define comosendo instruçõespara se estabelecer uma ação ou um plano. 1 Graduada em Psicologia. Faculdade de Saúde Ibituruna FASI. E-mail: ionacy@live.jp
2 A assistência social é um campo novo que se apresenta em processo de construção que, deve ser pautado na atuação proativa e objetiva em provimento contínuo dos benefícios e serviços sócio assistenciais. A Assistência Social foi definida pela Constituição Federal CF de 1988, como políticas públicas de direitos, constituindo-se Política de Produção Social. A inclusão da assistência social foi fundamental para que ocorresse a ampliação dos direitos sociais, como afirma Sposati, (2009, p.14). A inclusão da assistência social na seguridade social foi uma decisão plenamente inovadora. Primeiro, por tratar esse campo como de conteúdo da política pública, de responsabilidade estatal, e não como uma nova ação, com atividades e atendimentos eventuais. Segundo, por desnaturalizar o princípio da subsidiariedade, pelo qual a ação da família e da sociedade antecedia a do Estado. O apoio a entidades sociais foi sempre o biombo relacional adotado pelo Estado para não quebrar a mediação da religiosidade posta pelo pacto Igreja- Estado. Terceiro, por introduzir um novo campo em que se efetivam os direitos sociais. O CRAS tem como base um conjunto de leis e normativas que fundamentam e definem a política de Assistência Social. O CRAS se orienta através das seguranças sócio assistenciais, em articulação com os poderes municipais e federais para execução da Política Nacional de Assistência Social - PNAS. DISCUSSÃO: TEORIA X PRÁTICA Entre as atividades a serem realizadas pelo Psicólogo no CRAS de acordo as Referências Técnicas para atuação do Psicólogo no CRAS/SUAS elaborado pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas - CREPOP (2007, p.23) destacam-se: (...) prevenção a situações de risco, objetivando atuar nas situações de vulnerabilidade por meio do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições pessoais e coletivas Intervir em situações de vulnerabilidades, dentro da Assistência Social, implica diretamente em promover e favorecer o desenvolvimento da autonomia dos indivíduos, oportunizando o empoderamento da pessoa, dos grupos e das comunidades.
3 Na prática foi possível perceber e a importância do Psicólogo nos serviços ofertados pelo CRAS, procurandobuscar o fortalecimento de vínculos, mesmo que não seja tarefa fácil perceber a subjetividade do sujeito em sua real identidade e seu convívio na comunidade, mas o trabalho do Psicólogo no serviço assistencial é de potencializar e facilitar o fortalecimento de vínculos dentro da comunidade. Os grupos do PAIF são exemplos claros da realização dessas ações na prática. Para obter-seum bom desempenho nas atividades desenvolvidas pelo Psicólogo é necessário segundo CREPOP (2007) conhecer os potenciais e as fragilidades do território que o Psicólogo acompanha, pois são nesses territórios que os usuários constituem seus vínculos. O conselho ainda fomentaque dentro dos serviços ofertados no CRAS, cabe aos técnicos tomarem conhecimento das ocorrências que demandam atenção, cuidado e aproximação. Considerando o CREPOP (2007, p. 19), Os Psicólogos no CRAS devem promover e fortalecer vínculos sócio afetivos, de forma que as atividades de atendimento gerem progressivamente independência dos benefícios oferecidos e promovam a autonomia na perspectiva da cidadania. Atuar numa perspectiva emancipatória em um país marcado por desigualdades sociais, e construir uma rede de proteção social é um grande desafio (...) a partir do conhecimento as peculiaridades das comunidades e do território. Na prática realizada identificou-se que o Psicólogo atua diretamente na prevenção a situações de risco, desenvolvendo habilidades para fazer com que o sujeito compreenda qual seu lugar perante a sociedade e seu papel nas relações sociais, possibilitando uma transformação do sujeito podendo o levar a desenvolver sua autonomia. Por isso é importante a realização do trabalhando pautado na articulação entre os diversos serviços de outras políticas que subsidiam a assistência social. Como afirma o CREPOP (2007, p. 26) A prática profissional do psicólogo junto a políticas públicas de Assistência Social é a de um profissional da área social produzindo suas intervenções em serviços, programas e projetos afiançados na proteção social básica, a partir de um compromisso ético e político de garantia dos direitos dos cidadãos ao acesso à atenção e proteção da Assistência Social. A partir da interface entre várias áreas da Psicologia, estas ações estão sendo construídas numa perspectiva interdisciplinar, uma vez que vão constituindo várias funções e ocupações que devem priorizar a qualificação da intervenção social dos trabalhadores da Assistência Social.
4 Foi perceptível durante a prática que o Psicólogo deve desenvolver as ações de acolhida, entrevistas, orientações, visitas e entrevistas domiciliares, referenciamento e contra-referenciamento, articulações institucionais dentro e fora do território que atua no CRAS. Destaca-se ainda que o Psicólogo tem um papel bastante relevante no âmbito da assistência social e como técnico oferece o seu olhar diferenciado, levando em consideração o contexto em que o sujeito está inserido, livre de julgamentos, uma vez que há muitas percepções ocultas por trás da subjetividade do indivíduo, um campo específico para atuação. CONCLUSÃO O CRAS é caracterizado por oferecer serviços continuados de proteção social básica e de Assistência Social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social entre outros. Torna-se importante ressaltar que o Psicólogo tem um papel de grande relevância no âmbito da assistência social e como técnico especializado oferece o seu olhar diferenciado. Sendo assim pode-se pensar nas possibilidades de intervenções, ressaltando que devem ser pautadas nas diretrizes da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). É relevante destacar que prática realizada no CRAS possibilitou o desenvolvimento da habilidade profissional em situação real; oportunizou também a integração de conteúdos e experiências realizadas nas etapas anteriores do curso, além de proporcionar iniciação profissional em uma situação supervisionada. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004). Brasília: MDS/SNAS, nov. 2004. Disponível em: < http://goo.gl/cfwy1f>. Acesso em 30/06/ 2015.
5 CREPOP-Referências Técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS. Brasília Agosto de 2007. Disponível em <http://goo.gl/2iaaqg>. Acesso em 30/06/ 2015. SPOSATI.A.Modelo Brasileiro De Proteção Social Não Contributiva: Concepções Fundantes.BRASIL: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, UNESCO. Contribuição e Gestão da Proteção Social não Contributiva no Brasil. Brasília. Junho de 2009. Disponível em: < http://goo.gl/vblgoc> Acesso em 28/06/2015. Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome UNESCO, 2009. 424 p. Junho de 2009. Disponível em <http://goo.gl/zg8hyq>. Acesso em 28/06/2015.