POLÍCIA MILITAR DA BAHIA ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS

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Transcrição:

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS INSTRUTOR: TEN PM PAULO FREDERICO CUNHA CAMPOS APOSTILA DE DIREITO MILITAR 1

APRESENTAÇÃO A presente apostila destina-se a fornecer aos alunos do curso de formação de soldados (e a todos aqueles que pretendam ter noções básicas de direito militar), um conhecimento amplo e satisfatório, sobre as disciplinas castrenses; Não obstante a previsão curricular indique a disciplina como DIREITO MILITAR, neste material serão abordados assuntos atinentes tanto do DIREITO PENAL MILITAR, quanto na disciplina DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR, com uma maior preponderância do primeiro, em razão das próprias funções exercidas pelo militar do Estado, de graduação Soldado, que, por exemplo, nem poderá presidir um flagrante por crime militar, tão pouco figurar como escrivão deste, ou mesmo de um IPM (Inquérito Policial Militar); Gostaríamos, por fim, de lembrar, que este material serve apenas para fins de orientação no período de formação, o que significa dizer, não substituirá, por completo, os ensinamentos ministrados em sala de aula, tampouco os adquiridos através dos livros de doutrina. Esperamos que você, Aluno do Curso de Formação de Soldado, identifique-se com a presente disciplina, tão importante no cotidiano policialmilitar. Um abraço! Ten PM PAULO CUNHA 2

1. DIREITO DE PENAL MILITAR 3

I DIREITO PENAL COMUM E DIREITO PENAL ESPECIAL Alguns doutrinadores têm se preocupado em determinar em que sub-espécie do direito penal se situaria o Direito Penal Militar; Se integrante do ramo do Direito Penal Comum, ou se do direito penal especial, prevalecendo, no entanto, àqueles que entendem integrar (o direito penal militar) o direito penal especial, em que pese raciocínios distintos, como veremos a seguir: O critério para essa diversificação está no órgão encarregado de aplicar o direito objetivo; Se sua norma objetiva somente se aplica por meio de órgãos especiais constitucionalmente previstos, tal norma agendi tem caráter especial. (Frederico Marques). Para o grande mestre processualista Frederico Marques, portanto, o Direito Penal Militar pode ser indicado como Direito Especial, pois sua aplicação se realiza por meio da Justiça Militar, espécie de Justiça especial. Adotou, desta forma, o ilustre professor, um critério processual, o que fez surgir posicionamentos contrários, que demonstravam que o direito penal militar seria uma espécie de direito penal especial em face da natureza do bem jurídico tutelado (critério material): O direito penal militar é especial não só porque se aplica a uma classe ou categoria de indivíduos, como também, pela natureza do bem jurídico tutelado. (Heleno Fragoso) II- DIREITO PENAL MILITAR BRASILEIRO Costumamos dizer que, em regra, todas as legislações nascem a partir de algum acontecimento social, cultural ou mesmo econômico. Assim, as normas castrenses também não poderiam fugir a esta regra. O próprio escorço histórico do direito penal militar no Brasil nos indica tal fenômeno. Seja através da vinda da família real para o Brasil, a segunda guerra mundial, bem como o próprio perído ditatorial, vivido no regime militar. 4

- Artigos de guerra do Conde Lieppe, em 1763; - Código Penal da Armada, 1841; - Código Penal Militar de 1944; - Atual Código Penal Militar, de 1969: O código penal militar de 1969, Decreto-Lei n.º 1001, de 21 de outubro de 1969 (auge da ditadura militar), teria sido instituído pelos ministros das forças armadas da época (Junta Militar), que, na oportunidade, exerciam a Chefia do Poder Executivo no Brasil, autorizados pelos Atos Institucionais n.º 16 (que teria declarado vagos os cargos de presidente e Vice presidente da República) e pelo de n.º 05 (que autorizava à Junta Militar, dentre outras coisas, a legislar sobre todas as matérias); O CPM/69, assim se divide: Parte Geral (arts. 1 à 135) Parte Especial (arts. 136 à 410) - Dos crimes militares em tempo de paz (Livro I); - Dos crimes militares em tempo de guerra (Livro II). Obs: O que vai determinar se os crimes e penas a serem aplicadas serão os do livro I ou do Livro II será a situação ou não de guerra declarada pelo Chefe do Executivo (nos termos do art. 84, da Constituição federal). A regra, portanto, será a aplicabilidade do Livro I (Dos crimes militares e tempo de paz). III- CRIME MILITAR. DEFINIÇÃO. - Art. 124, CF (Competência da justiça militar para processar e julgar os crimes militares definidos em lei); Á Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 5

- Crime militar (Conceito): Todo aquele definido em lei. (critério ratione legis ou critério objetivo, que teria sido adotado desde a Constituição de 1946). Lei se entende o Código Penal Militar (CPM). Faz-se necessário, todavia, mencionar que ao longo dos tempos vários foram os critérios adotados pelos doutrinadores para conceituar o crime militar, ou a existência do agente militar (ratione persona), ou o local do crime (ratione loci), o tempo do crime (ratinone temporis), ou mesmo a natureza do crime cometido (ratione materiae). - Art. 9º, caput, do CPM. Crime militar em tempo de paz: I- Crimes previstos no Código Penal Militar e definidos de modo diverso na lei penal comum; (Inciso I, 1ª parte) II- Crimes definidos no Código Penal Militar e não previstos na lei penal comum; (Inciso I, 2ª parte) III- Crimes com igual definição no Código penal Militar e Comum. (inciso II) Analisando detalhadamente o art. 9º do CPM, poderemos constatar que para que determinada conduta seja considerada crime militar, faz-se necessário, inicialmente, que esteja esta (conduta) prevista na referida legislação castrense. Não existe nenhum crime militar que não esteja inserido no CPM. Ocorre, todavia, que a dúvida irá aparecer a partir do momento em que a alegada conduta esteja prevista tanto no Código Penal Militar, quanto no Código ou outra legislação Penal Comum. É por tais razões que é imprescindível a absoluta compreensão do caput do art. 9º, e seus incisos. O referido dispositivo, em seu inciso II, nos indica que, tão logo se constate que a conduta está prevista no CPM, o militar poderá cometer um crime militar quando: a) For praticado por militar em situação de atividade, contra militar na mesma situação; 6

b) For praticado por militar em situação de atividade, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; c) For praticado por militar em serviço, ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora de lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobra, contra militar da reserva, ou reformado ou civil; e)por militar em situação de atividade, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar. Ao contrário do que muitos imaginam, como se observa através da leitura do inciso III, do art. 9º, também podem cometer crime militar, além do militar da reserva e o reformado, o civil. É evidente, contudo, que no âmbito estadual, por uma opção do legislador constituinte, não poderá ele (o civil) ser processado e julgado pela justiça militar estadual (conforme veremos a seguir). Entretanto, nada obsta que um civil cometa crime militar contra uma instituição militar federal e responda na Justiça Militar federal. - Parágrafo Único do art. 9ºdo CPM- Crimes dolosos contra a vida. Alteração advinda pela Lei 9.299/96 (Constitucionalidade ou inconstitucionalidade?) Quando da edição da Lei 9.299/96, de autoria do Deputado Hélio Bicudo, que, dentre outras coisas, inseriu o referido parágrafo único no artigo 9º do CPM, em que pese tal entendimento não ter sido acompanhado pelo STF, vários doutrinadores insistiam na tese de que tal dispositivo era inconstitucional, sob o fundamento de que tratava de competência constitucional. Entendiam aqueles que uma Lei ordinária não poderia tratar sobre uma matéria (competência) já tratada pela Constituição. E pior, sequer poderia altera-lá (como fez a Lei 9.299 no instante que retirou da competência da Justiça Militar para processar e julgar os crimes militares dolosos contra a vida, praticados contra civil). 7

Ocorre, todavia, que ao menos no âmbito Estadual, esta discussão não mais existe, pois a Emenda Constitucional n.º 45, ao mudar a redação do 4º do art. 125 da CF/88 (que delimita a competência da Justiça Militar Estadual), colocara uma pá de cal na discussão. Repita-se tão somente no âmbito estadual, o que significa dizer que no âmbito federal tal discussão ainda reside. Art. 125. 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do Tribunal do Júri quando a vítima for civil, cabendo tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Antes da mencionada Emenda Constitucional, todavia, conforme já adiantamos, os tribunais superiores, numa argumentação pouco convincente, assim defendiam: Quando a lei determinar que o delito deixará de ser julgado pela Justiça Militar, lógico, desqualifica-o da natureza anterior. Vale dizer, deixou de ser crime militar para ingressar na regra geral- crime comum (STJ) CLASSIFICAÇÃO DO CRIME MILITAR Em que pese a existência de várias correntes doutrinárias que classificam o crime militar de formas distintas (uma diz que crime propriamente militar seria aquele crime que só existe no Código penal militar), optamos em adotar a corrente clássica, - Crime propriamente militar e crime impropriamente militar. 8

- Crime propriamente militar: Aquele que só o soldado pode cometer; porque dizia particularmente respeito à vida militar; - Crime Impropriamente militar: Aquele que pela condição de militar do acusado, ou pela espécie militar do fato, ou pela natureza militar do local ou pela anormalidade do tempo em que é praticado acarreta danos à economia, ao serviço ou à disciplina das forças armadas; - CONCEITO DE MILITAR (art. 22 do CPM) É considerada militar, para efeito de aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação ou sujeição à disciplina militar - EXTENSÃO DO CONCEITO AOS MILITARES ESTADUAIS (art. 42 da CF/88) O art. 42 da Carta Magna, estabeleceu que se aplicariam aos Servidores Militares dos Estados, Distrito Federal e Território (os integrantes de suas polícias militares e corpos de Bombeiros Militares) todos os direitos, prerrogativas e obrigações previstas para os Militares Federais. - CONCEITO DE ASSEMELHADO (Art. 21 CPM) Em que pese a previsão, no CPM, da figura do assemelhado, o que, para o art. 21 seria aquele servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento (que inclusive, para os efeitos da lei penal militar, recebia o mesmo tratamento de um militar da ativa), na prática tal figura não mais existe. Não estamos dizendo que não exista nenhum civil que esteja ligado a uma instituição militar, contudo, atualmente, recebem eles o tratamento dispensado aos demais servidores Civis da União e dos Estados. 9

QUADRO SINÓPTICO Agente Militar: - Contra militar da ativa (inc.ii,a); - Em local sob a administração militar, contra civil (inc.ii, b); - Em serviço, contra civil (inc. II, c); - Em função militar, contra civil (atuando em razão da função)(inc. II, c); - Em comissão de natureza militar, contra civil(inc. II, c); - Em formatura, manobra, exercício militar (em função de natureza militar), contra civil (inc. II, c e d); - Contra o patrimônio sob a administração militar (inc. II, e); - Contra a ordem administrativa militar (inc. II, e). Agente Civil: - Contra patrimônio sob a administração militar (inc. III, a, c/c. o inc. II); - Contra a ordem administrativa militar (inc. III, a c/c o inc. II); - Contra militar, em lugar sob administração militar (inc. III, b, c/c inc. II); - Contra militar em formatura, de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício militar, acampamento, acantonamento ou manobras (em função de natureza militar) (inc. III, c, c/c inc. II); - Contra militar em função de natureza militar (inc. III, d, c/c inc. II); - Contra militar em serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária (inc. II, d, c/c inc. II) TEORIA GERAL DO CRIME MILITAR CRIME 10

FATO TIPICO Conduta (humana, consciente) Resultado (naturalístico ou jurídico) Nexo de causalidade (teoria dos antecedentes causais) Tipicidade (formal e Material) ANTIJURÍDICO (Não é crime quando praticado em:) Legítima Defesa Estado de Necessidade Exercício Regular de Direito Estrito Cumprimento de Dever Legal CULPÁVEL Imputabilidade: - Critério Bio-psicológico - Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou de força maior. Potencial Consciência de Ilicitude Inexigibilidade de Conduta adversa: - coação irresistível: - Obediência hierárquica - Estado de Necessidade No que tange à teoria geral do crime militar, que muito se assemelha à do crime comum, teceremos alguns breves comentários, especialmente em relação aos institutos que são distintos nos dois códigos. - ESTADO DE NECESSIDADE COMO EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE Em relação ao estado de necessidade, o código penal militar, ao contrário do que ocorrera com o código penal comum (que teria adotado a teoria unitária), adotara a teoria diferenciadora. É diferenciadora justamente porque além do estado de 11

necessidade ser espécie de excludente de ilicitude (antijuridicidade), também poderá ser uma exculpante (excludente de culpabilidade). Tal diferença fica facilmente visível com a leitura do art. 39 do CPM: Não é igualmente culpado que, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda que superior ao do direito protegido, desde que não era razoavelmente exigível conduta diversa. Percebemos, assim, que a distinção entre as duas espécies de estado de necessidade é que na exculpante (que exclui a culpabilidade) o direito violado é igual ou superior ao direito protegido, enquanto que no estado de necessidade que exclui a tipicidade ( e, por conseqüência, o crime) o direito violado é inferior ao direito protegido. - PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 42. Além das hipóteses conhecidas do direito comum de excludentes de ilicitude, o parágrafo único do art. 42, considera que, de igual forma, não haverá crime quando o Comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subordinados, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque. - A IMPUTABILIDADE BIOLÓGICA Questão bastante interessante é a previsão, no art. 50 e seguintes, da imputabilidade do maior de 16 anos na lei penal militar. De acordo com o art. 51, por exemplo, os militares, os convocados e os que se apresentam à incorporação, ou até mesmo os alunos dos colégios militares, com idade inferior a 18 anos, podem ser responsabilizados criminalmente, por expressa previsão do CPM. Ocorre, todavia, que tais dispositivos, em que pese permanecerem no corpo da legislação castrense, não foram recepcionados pela nova ordem constitucional, pois, o art. 228 da CF/88, 12

remete que os menores de 18 (dezoito) anos são inimputáveis, sujeitos à legislação às normas da legislação especial. Feitas essas observações, alertamos que se um aluno do curso de formação de oficials, com 17 anos de idade, cometer um crime militar, ao invés de ser autuado em flagrante delito pelo cometimento de crime militar, deverá ser apresentado à autoridade policial especializada (se houver na cidade), para fins de apreensão em flagrante, pelo cometimento de ato infracional. DAS PENAS PRINCIPAIS (ART. 55 do CPM) O art. 55 do CPM, enumera as seguintes espécies de penas principais: A) Morte; B) Reclusão; C) Detenção; D) Prisão; E) Impedimento; F) Suspensão do exercício do posto, graduação ou função; G) Reforma. Observamos, inicialmente, que este artigo não repete a classificação adotada pelo Código Penal Comum, que divide as penas em Privativas de Liberdade (reclusão e detenção) e Restritivas de Direito (prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou à entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de final de semana); Aliás, a enumeração das penas principais é uma das grandes diferenças existentes entre os dois códigos penais (o comum e o militar), notadamente em relação à previsão neste último da pena de morte, pena esta que, de acordo com o nosso constituinte, só é possível quando de guerra declarada. Por tais razões, a previsão deste tipo de pena, só ocorre na parte que trata dos crimes militares em tempo de guerra. 13

PENA DE MORTE (art. 56 e 57 CPM). Ver art. 5º XLVII, a da CF/88. Será executada por fuzilamento. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. Se a pena é imposta em zona de operação de guerra, poderá ser executada imediatamente, quando o interesse da ordem e da disciplina exigir. O professor JORGE CÉSAR DE ASSIS, em sua obra Comentários ao Código Penal Militar, Ed. Juruá, comenta que, sob a égide da Constituição anterior, mais precisamente no ano de 1970, houve um episódio que culminou com a condenação à morte em tempo de paz, pela Justiça Militar, por crime contra a segurança nacional. Um jovem, menor de 21 anos, foi acusado de, sendo um militante do partido comunista, ter matado um sargento da aeronáutica, no dia 27/10/70, quando o militar, que fazia parte de uma patrulha que investigava células clandestinas de subversão, culminou por prender o acusado com outro companheiro, sendo colocados dentro de uma viatura dos agentes de segurança. Mesmo algemado ao outro companheiro, o réu conseguiu apanhar um revólver que trazia dentro de uma pasta pessoal (e que não fora objeto de revista pelos policiais), e atirar contra o sargento e o motorista da viatura, na tentativa de escapar, ferindo este e matando aquele. Julgado pelo Conselho Especial de Justiça da Auditória da 6ª Circunscrição Judiciária Militar (BAHIA), o réu foi condenado à pena de morte, em 18.03.71. Tendo apelado para o Superior Tribunal Militar, a pena foi reduzida para prisão perpétua, em face da menoridade e primariedade do agente, em sessão de 14 de junho de 1971. MINIMOS E MÁXIMOS GENÉRICOS PARA AS PENAS DE RECLUSÃO E DETENÇÃO (art. 58 CPM) O mínimo da pena de reclusão é de 1 (um) ano e o máximo de 30 (trinta) anos; o mínimo da pena de reclusão é 30 (trinta) dias e o máximo de 10 (dez) anos. 14

O Professor ROGÉRIO GRECO, em sua obra Curso de Direito Penal Parte Especial, elenca as principais diferenças entre as penas de reclusão e de detenção, apontadas pelo Código Penal e pelo Código de Processo Penal, dentre elas: a) a pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado (art. 33, caput, CP); b) no caso de concurso material, aplicando-se cumulativamente as penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela (art. 69, caput, e 76 do CP); c) como efeito da condenação, a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, somente ocorrerá com a prática de crime doloso, punido com reclusão, cometido contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II do CP); d) no que diz respeito à aplicação de medida de segurança, se o fato praticado pelo inimputável for punível com detenção, o juiz poderá submetê-lo a tratamento ambulatorial (art. 97 do CP); e) a prisão preventiva, presentes s requisitos do art. 312 do CPP, poderá ser decretada nos crimes dolosos punidos com reclusão; no caso de detenção, somente se admitirá a prisão preventiva quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou indicar elementos para esclarecê-las; f) a autoridade policial poderá conceder fiança nos casos de infração punida com detenção. (art. 322 do CPP) CONVERSÃO EM PENA DE PRISÃO (Art. 59 CPM) A pena de reclusão ou de detenção até 02 (dois) anos aplicada a um militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: I- pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; II- Pela praça, em estabelecimento militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena privativa de liberdade superior a dois anos. PENA SUPERIOR A DOIS ANOS APLICADA A MILITAR (Art. 61 do CPM) 15

A pena privativa de liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. JORGE CÉSAR DE ASSIM, em obra já mencionada, lembra que a jurisprudência recente vem se manifestando da seguinte forma: os sentenciados recolhidos a estabelecimento penal sujeito à administração estadual, ainda que recolhidos pela justiça militar, terão suas penas executadas pelo Juízo da execução comum do Estado, PENA DE IMPEDIMENTO (Art. 63 do CPM) A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da Unidade, sem prejuízo da instrução militar. A natureza desta espécie de pena, que pode ser aplicada ao insubmisso (aquele que não se apresenta para a incorporação), não impõe o encarceramento do condenado. PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO (Art. 64) A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, por tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena. PENA DE REFORMA (art. 65) A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo perceber mais de vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do soldo. DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ 16

MOTIM E REVOLTA MOTIM - CONCEITO (Art. 149, caput, CPM) Reunirem-se militares ou assemelhados: I- agindo, contra ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II- recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III- assentindo em recusa conjunta da obediência, ou em resistência ou violência comum, a superior; IV- ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fabrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar. Pena: reclusão, de 04 (quatro) a 08 (oito) anos, com aumento de 1/3 para os cabeças. REVOLTA - CONCEITO (art. 149, parágrafo único); Se os agentes estavam armados. Pena: reclusão, de 08 (oito) a 20 (vinte) anos, com aumento de 1/3 para os cabeças. - CONCEITO DE CABEÇAS (art. 53, 4º e 5º do CPM) Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 17

Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial. Crime propriamente militar. O civil não ingressa na relação jurídica nem mesmo com co-autor. A diferença marcante entre as duas figuras delituosas é a maior gravidade da revolta em relação ao motim. (Entendimento do Código Italiano). - OBJETIVIDADE JURÍDICA Tutela-se a disciplina militar, um dos principais alicerces das instituições militares. Protege ainda a autoridade militar, representado pelo superior hierárquico. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Militares ou assemelhados. Crime plurissubjetivo ou de autoria coletiva necessária, pois só pode ser praticado por dois ou mais militares. Sujeito Passivo: As instituições militares. - TIPO OBJETIVO As ações incriminadas nas diversas modalidades do motim e da revolta, tem como elemento comum a reunião, com ou sem acerto prévio, no momento da prática das ações típicas. A participação de cada um dos integrantes reunidos, evidentemente, não é uniforme. Uns se destacam pela agressividade, outros se conduzem de maneira mais discreta, o que não descaracteriza a reunião, servindo, apenas, para a graduação da pena. Se da violência resulta lesão corporal, morte ou dano à coisa, aplica-se em concurso, a pena do resultado alcançado. - TIPO SUBJETIVO 18

Vontade de dois ou mais militares reunidos orientada no sentido de concretizar as condutas tipificadas como motim ou revolta. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Não é juridicamente possível a tentativa nos crimes dos incisos I, II e III, porque ou há desobediência à ordem, ou existe o ajuste, e o crime se consuma ou os agentes obedecem à ordem ou não alcançam o ajuste. No inciso IV é possível a tentativa, desde que a ocupação dos bens relacionados ou sua utilização para a violência ou ação militar não se concretize, por motivos alheios à vontade do agente. - LIVRAMENTO CONDICIONAL Após decorridos dois terços do cumprimento da pena (Art. 89, II e III, e 1º e 2º do CPM). CONSPIRAÇÃO (CONCERTO PARA MOTIM E REVOLTA) - CONCEITO (art. 152) Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no art. 149; Pena: reclusão, de 03 (três) a 05 (cinco) anos. Crime propriamente militar. Crime não previsto na lei penal comum. - OBJETIVIDADE JURÍDICA Diante do perigo decorrente da realização da conduta descrita no preceito penal o objeto da tutela penal é a disciplina militar, a hierarquia. Protege ainda a lei a autoridade militar. 19

- SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Militares ou assemelhados. Crime plurissubjetivo. Sujeito Passivo: As instituições militares. - TIPO OBJETIVO Concertar, que significa acordar, ajustar, pactuar, combinar a prática dos crimes previstos no art. 149. São atos preparatórios que a lei elegeu como crime e, como tal, dispensa a realização do fim perseguido pelos agentes. - ELEMENTO SUBJETIVO A vontade livre e consciente orientada no sentido do concerto, com o fim específico de realizar os tipos descritos nos incisos I a IV do art. 149. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se o delito no momento em que dois ou mais militares concordam em praticar o motim ou a revolta, não se exigindo a concretização do delito ajustado. A tentativa não é juridicamente possível. - ISENÇÃO DE PENA (art. 152, parágrafo único) É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando ainda era possível evitar-lhe as conseqüências, denuncia o ajuste de que participou. VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR - CONCEITO (Art. 157, CPM) Praticar violência contra superior: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 20

- CONSIDERAÇÕES GERAIS A violência contra superior é crime propriamente militar, por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. Crime não previsto em lei penal comum. - OBJETIVIDADE JURÍDICA Diante do perigo decorrente das condutas descritas no preceito legal, o objeto da tutela é a disciplina castrense, princípio basilar da organização militar. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito ativo: Militares; Sujeito Passivo: As instituições militares; e o ofendido, o superior hierárquico. - ELEMENTOS OBJETIVOS Violência consiste na força física que o agente faz atuar sobre o superior hierárquico ou, na modalidade qualificada, contra seu comandante ou oficial general, com a utilização do próprio corpo (vis corporalis), ou executado por meio de instrumento (vis physica). A motivação da violência é elemento estranho ao tipo. Para a concretização da violência é suficiente que o corpo do superior hierárquico seja tocado, embora sem ocasionar lesão ou morte, porque, se houver uma ou outra, o crime se qualifica.... em toda sua amplitude, compreende a violência qualquer ofensa física ao indivíduo, indo desde a contravenção vias de fato até o homicídio. Conseqüentemente, são violência o empurrão, a bofetada, a esputação, etc., e o ferimento leve, o grave e o homicídio. MAGALHÃES NORONHA. A espécie não alcança a violência moral nem aquela praticada contra a coisa, por exemplo, atingir o veículo no interior do qual se encontra o superior. Por outro lado, 21

constitui violência ministrar substância química afetando o organismo humano, expor à radiação. - ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME (Art. 47 CPM) Se o agente desconhece a qualidade do ofendido, ou se a violência é praticada em repulsa agressão, deixa de incidir o art. 157. O sujeito responde pelos atos praticados, se encontrarem definição legal em outro dispositivo do CPM. - ERRO QUANTO A PESSOA ( art. 37 CPM) Quando o agente, por erro de percepção, ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. - ELEMENTO SUBJETIVO O elemento subjetivo consiste na vontade livre e consciente de praticar violência contra superior hierárquico. - FORMAS QUALIFICADAS ( 1º a 5º) 1º. Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena- reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 2º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço). 3º. Se d violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. 22

4º. Se da violência resulta morte: Pena- reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 5º. A pena é aumentada da sexta parte se o crime ocorre em serviço. Estão previstas formas qualificadas em razão da qualidade especial da vítima, do instrumento do crime, do resultado do ato delituoso e de determinadas circunstâncias no momento do delito. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o superior hierárquico é atingido pela força física que o sujeito ativo faz atuar sobre o ofendido. Existe tentativa quando o agente não consegue atingir o ofendido por motivos alheios à sua vontade. Decidiu o STM: o crime de violência contra superior admite tentativa, porquanto o soldado foi detido a meio caminho por interferência de terceiros e por isso não se consumou a violência. - LIBERDADE PROVISÓRIA Art. 270 CPPM Não tem direito ao benefício. - SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Art 88, II, a, do CPM e art. 617, II, a do CPPM- Não tem direito. - LIVRAMENTO CONDICIONAL Após o cumprimento de 2/3 da pena (art. 642, parágrafo único do CPPM c/c art. 97 do CPM) VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO 23

- CONCEITO (art. 158 CPM) Praticar violência contra oficial de dia, serviço ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena: reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 1º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço); 2º. Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa; 3º. Se da violência resulta morte: Pena- reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. - RESULTADO CULPOSO DA VIOLÊNCIA (ART. 159) Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de ½ (metade). DESRESPEITO A SUPERIOR - CONCEITO (art. 160) Desrespeitar superior diante de outro militar; Pena- detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o Comandante da Unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade. - CONSIDERAÇÕES GERAIS No Código Penal da Armada existia somente o crime de desacato, que compreendia também o desrespeito. 24

Classifica-se como um crime propriamente militar, por se tratar de infração penal específica e funcional de ocupante de cargo militar. - OBJETIVIDADE JURÍDICA O objeto da tutela penal é a disciplina, alicerce basilar da instituição hierarquizada. O desrespeito é crime subsidiário. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Somente o militar; Sujeito Passivo: As instituições militares e o militar ofendido. - ELEMENTOS OBJETIVOS: A conduta incriminada consiste em desrespeitar, o que significa faltar com a consideração, com o respeito, com o acatamento, incompatíveis com a posição hierárquica de subordinado e superior, estabelecida pela estrutura pela estrutura organizacional das Forças Armadas e das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. Trata-se de conduta, na lição de CÉLIO LOBÃO, que, no meio social, é considerada como falta de educação e, no serviço público civil, enseja punição disciplinar. Na sociedade hierarquizada militar, o legislador houve por bem incluir no elenco dos crimes militares a falta de respeito, de consideração do subordinado para com o superior hierárquico, ampliando, dessa forma, a proteção à disciplina militar. A lei exige a presença de outro militar, em condições de ouvir as palavras desrespeitosas ou perceber o desrespeito exteriorizado de outro modo... O grau hierárquico da terceira pessoa não conta, podendo ser igual, inferior ou superior ao do agente ou ao do ofendido. O desrespeito objetiva-se por meio de palavras, gritos, gemidos, gestos, imitação de vozes de animais, desenhos, escritos, ruídos, enfim, qualquer manifestação externa capaz de transmitir o ato desrespeitoso. 25

- ELEMENTO SUBJETIVO militar. É a vontade orientada no sentido de desrespeitar o superior diante de outro - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: O momento consumativo é aquele em que o subordinado exterioriza, diante de outro militar, o desrespeito ao superior. O delito não comporta tentativa, mesmo no caso de escrito, desenho, impresso... DESACATO A SUPERIOR - CONCEITO (art. 298) Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade; Pena- reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial-general ou Comandante da Unidade a que pertence o agente. - CONSIDERAÇÕES GERAIS O Código Penal Militar inclui o desacato entre os crimes contra a administração militar, o que, indiscutivelmente, no entendimento de CELIO LOBÃO, é uma classificação errônea, uma vez que o crime de DESRESPEITO recebe a classificação de crime contra a autoridade ou a disciplina militar. A classificação equivocada vem do Código de 1944, quando seus autores copiaram o Código Penal comum, sem atentarem para as diferenças entre o desacato a funcionário público civil praticado por particular e o desacato a superior. É também um crime propriamente militar. - OBJETIVIDADE JURÍDICA 26

A lei tutela a autoridade, a disciplina e a hierarquia militar, diante do grave perigo representado pela conduta do subordinado. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Somente o militar subordinado hierarquicamente; Sujeito Passivo: As instituições militares e o superior ofendido. - ELEMENTOS OBJETIVOS: A ação incriminada é desacatar, que consiste na falta de acatamento, no menosprezo, no ultraje, no insulto, na ofensa moral praticada contra superior hierárquico, atingindo-o em sua dignidade, respeitabilidade, decoro, decência, honra e pundonor. - ELEMENTO SUBJETIVO A vontade livre e consciente de desacatar, de ultrajar o superior, tendo conhecimento dessa condição de ofendido. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento em que o desacato é cometido na presença de superior. A consumação se concretiza mesmo que o ofendido não perceba a ofensa. Não se admite a tentativa. - DISTINÇÃO ENTRE OS CRIMES DE DESACATO E DESRESPEITO O desrespeito é o minor do qual o desacato é o major. Enquanto que no primeiro o subordinado falta com o respeito, a consideração devida ao superior, no desacato ele ofende moralmente, com o propósito de diminuir sua autoridade. RECUSA DE OBEDIÊNCIA 27

- CONCEITO (Art. 163) Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução. Pena- detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave. - CONSIDERAÇÕES GERAIS Insubordinação consiste no ato pelo qual o militar quebra os laços de sujeição e obediência hierárquica e disciplinar, quer não obedecendo às ordens emanadas, por qualquer meio, de seus superiores, quer ofendendo física ou moralmente, por vias de fato ou ultrajores (Crysólito de Gusmão) No código da armada a violência contra superior e o desacato também eram considerados insubordinação. Crime propriamente militar. Não previsto na lei penal comum. - OBJETIVIDADE JURÍDICA O objeto da tutela é o interesse relativo à autoridade e à disciplina sob o aspecto da obediência às ordens emanadas do superior hierárquico, em face do dever imposto em lei, regulamento ou instrução. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Somente o militar, o que exclui o civil, mesmo na condição de co-autor. A insubordinação não exige pluralidade de agentes, porque se a recusa de obediência for praticada por dois os mais militares, configura-se o crime de motim. - ELEMENTOS OBJETIVOS 28

O núcleo do tipo é recusar-se, é negar-se a cumprir a ordem de superior. Não é necessária a exteriorização da recusa, sendo suficiente deixar de executar a ordem recebida. A recusa consiste em manifestação da vontade, que se que se exterioriza sob as formas mais variadas, por meio de palavra, gesto, imobilidade, agir de forma contrária à ordem recebida, mesmo simulando a sua execução ou, também, executando-a, deliberadamente, de maneira ineficaz. A ordem deve ser escrita ou verbal, dada diretamente pelo superior ou por interposta pessoa, sendo, no entanto, indispensável seu conhecimento por parte do subordinado. É possível o retardamento do cumprimento da ordem, a fim de se obter a confirmação da ordem, diante de uma dúvida relevante. Discute-se a licitude ou ilicitude da recusa da ordem, quando se trata de ordem ilegal de superior. Uns defendem o princípio da obediência cega. O entendimento dominante é que existindo evidente ilegalidade, e não mera irregularidade, se exime o dever de obediência (Art. 38, 2º do CPM). - ELEMENTO SUBJETIVO É o dolo de desobedecer a ordem de superior, tendo conhecimento de que se trata de serviço ou de dever imposto em lei, regulamento ou instrução. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Crime instantâneo. Se consuma no momento em que o agente recusa-se a obedecer ordem legal de superior hierárquico. A noção de recusa exclui a figura jurídica da tentativa. - LIBERDADE PROVISÓRIA E SURSIS 29

O indiciado e o acusado pela pratica do crime de recusa de obediência, não tem direito à liberdade provisória (art.270, parágrafo único, b, do CPPM). Ao condenado por esse mesmo crime não se estende o benefício da suspensão condicional da pena (ART. 88, II, a, do CPM, e art. 617, II, a, do CPPM). OPOSIÇÃO À ORDEM DA SENTINELA - CONCEITO (art. 164 do CPM) Opor-se às ordens da sentinela: Pena- detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. - CONSIDERAÇÕES GERAIS Trata-se, na verdade, de modalidade de desobediência, na qual o agente oferece oposição maior à ordem da autoridade militar, transmitida pela sentinela. A sentinela sempre exerceu papel de fundamental importância, no que diz respeito à segurança da Unidade Militar. Daí a pena de excesso rigor cominada à sentinela que deixava seu posto sem vigilância. Crime impropriamente militar. Não previsto na lei penal comum, contra militar no exercício de função e natureza militar e contra a ordem administrativa militar. - OBJETIVIDADE JURÍDICA A lei tutela a disciplina e a autoridade militar, em razão da conduta do agente militar, de qualquer posto ou graduação que, contrariando as normas disciplinares, desobedece às ordens emanadas da autoridade militar competente, transmitida através de quem se encontrava em serviço de sentinela. 30

- SUJEITOS Sujeito Ativo: Militares e Civis; Sujeito Passivo: As instituições militares. - ELEMENTOS OBJETIVOS O núcleo do tipo é opor-se, resistir, contrapor-se, comissiva ou omissivamente, às ordens das autoridades emanadas de autoridade militar competente e transmitidas através da sentinela. As oposições das ordens que extrapolam as determinações recebidas do superior, não tipifica o delito do art. 164. O dispositivo não leva em consideração o grau hierárquico do sujeito ativo, pode ser graduado, oficial e mesmo oficial-general. - ELEMENTO SUBJETIVO Consiste na vontade livre e consciente orientada no sentido de desobedecer ordem legal de sentinela, tendo o agente conhecimento de que se trata de militar no exercício dessa função, pelas circunstancias de local, tempo, e, principalmente, da farda, armamento e acessórios. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se o delito no momento em que se exterioriza a oposição à sentinela. A tentativa é inviável. - LIBERDADE PROVISÓRIA Não é possível. (art. 270, parágrafo único, b, do CPPM) REUNIÃO ILÍCITA 31

- CONCEITO (Art. 165) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar. Pena- detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave. - CONSIDERAÇÕES GERAIS Trata-se de crime impropriamente militar, em fade da possibilidade da promoção da reunião ser de autoria de um civil. - OBJETIVIDADE JURÍDICA Protege a disciplina e a autoridade militar, diante da conduta do agente militar, promovendo reunião de outros militares e dela participando, com a finalidade de discutir ato de superior ou questionar a disciplina castrense. No que se refere ao agente civil, a lei penal protege a ordem administrativa militar, em geral, e a autoridade militar, em particular, considerando-se que a atividade ilícita do sujeito ativo, conduz ao descrédito da autoridade, com reflexo danoso para a tropa, além de abalar, seriamente, o prestígio das Instituições Militares. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: O militar e o civil; Mas somente o militar pratica o delito de tomar parte de reunião. Sujeito Passivo: As instituições militares. - ELEMENTOS OBJETIVOS: As condutas incriminadas no preceito sancionador são promover e tomar parte. A primeira concretiza-se com o ato de promover, que importa em tornar real, concreta a reunião, presente o fim específico de discutir ato de superior ou assunto atinente à 32

disciplina militar. Na segunda, o agente toma parte da reunião, com a finalidade específica na lei. Irrelevante se o agente participou ou não da discussão. Carece de relevância perquirir se a discussão é favorável ou contrária ao ato do superior ou à questão disciplinar, satisfazendo-se o preceito sancionador apenas com a discussão, pura e simples, porquanto a ofensa à disciplina e à autoridade militar resulta, exclusivamente, da reunião de militares. A descrição típica fala em militares, sem estipular qualquer numero mínimo. Logo, basta apenas dois, pelo menos, para caracterizar o delito. - ELEMENTO SUBJETIVO É o dolo, a vontade consciente, orientada no sentido de promover reunião de militares ou dela tomar parte, presente a finalidade de discutir ato de superior ou assunto relativamente à disciplina militar. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: O delito de promover consuma-se no momento em que a reunião se concretiza, com a presença de, no mínimo, dois militares, independentemente do início da discussão. O crime de tomar parte consuma-se no momento em que a reunião é iniciada com a discussão e presença de dois militares, no mínimo. Se o objeto da discussão é o ato de superior, indispensável a presença de dois militares subordinados de quem emanou o ato. A tentativa não é possível. PUBLICAÇÃO OU CRITICA INDEVIDA - CONCEITO (art. 166 do CPM) Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente a disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo. 33

Pena- detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. - CONSIDERAÇÕES GERAIS Duas infrações penais vêm contempladas neste dispositivo. Uma consiste em publicar, sem autorização, ato ou documento oficial. A outra é criticar ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar. No âmbito Federal, as forças armadas encontram-se sob a autoridade suprema do Presidente da República (art. 142 da CF), e no âmbito estadual, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar subordinam-se aos Governadores das respectivas Unidades federativas, como dispõe o art. 144, 6º, da CF/88, e à Constituição Estadual. Crime propriamente militar. O STF entendeu que o militar da reserva e o reformando não cometem crime militar de publicação ou critica indevida. - OBJETIVIDADE JURÍDICA Tutela-se a disciplina militar, diante da conduta do agente com potencialidade suficiente para atuar de forma negativa na estrutura hierárquica da instituição. - SUJEITOS Sujeito Ativo: Militares; Sujeito Passivo: As instituições militares. - ELEMENTOS OBJETIVOS As condutas típicas são publicar e criticar publicamente. O primeiro importa em tornar público, divulgar, propalar, tornar conhecido o ato ou documento, por meio de qualquer forma de divulgação da palavra escrita ou oral. 34

O caráter sigiloso ou secreto do ato ou do documento é elemento estranho ao tipo, mas conforme seu conteúdo, pode figurar crime contra a segurança do Estado, mesmo porque o delito de critica ou publicação indevida é residual. Criticar importa em emitir conceitos favoráveis ou não, por meio de linguagem oral ou escrita. Criticar publicamente importa na pratica do ato em lugar público, em lugar aberto ao público ou em lugar exposto ao público. O objeto da critica é ato de superior hierárquico, relacionado com a disciplina militar e resolução governamental. - ELEMENTO SUBJETIVO O tipo subjetivo é a vontade livre e consciente dirigida para a realização das condutas descritas no preceito normativo. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Ocorre a consumação no momento em que se concretiza a publicação ou a critica em público, independente do conhecimento por outras pessoas, sendo suficiente a possibilidade desse conhecimento. A tentativa é possível, desde que a publicidade deixe de realizar-se por motivos alheios à vontade do agente. Ex: o documento é interceptado antes de sair do lugar onde foi impresso. - LIBERDADE PROVISÓRIA Não é possível. (art. 270, parágrafo único, b, do CPPM) RIGOR EXCESSIVO - CONCEITO (art. 174) 35

Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito. Pena- suspensão do exercício do posto, por 2 (dois) a 6 (seis) meses, se o fato não constitui crime mais grave. - CONSIDERAÇÕES GERAIS O superior tem o direito, conferido por lei, de punir o subordinado que estiver transgredindo as normas disciplinares e, ao exercitar esse direito, se ultrapassa os limites permitidos por lei, infringe a norma expressa no art. 174. Ao exercitar o poder legal de punir o subordinado que transgride os regulamentos militares, o superior hierárquico deve faze-lo com estrita observância das normas pertinentes, carecendo de licitude a punição além dos limites permitidos, com excesso de rigor da punição, no uso de palavras, no ato ou através de escrito ofensivo. Crime propriamente militar. - OBJETIVIDADE JURÍDICA Tutela-se a disciplina militar, diante da ameaça do superior ultrapassar os limites estabelecidos nos regulamentos disciplinares. - SUJEITOS DO DELITO Sujeito Ativo: Somente o militar. Sujeito Passivo: As instituições militares, e o ofendido. - TIPO OBJETIVO A conduta incriminada é exceder a faculdade de punir o subordinado. O excesso objetiva-se com a punição revestida de rigor não permitido na legislação. A lei acrescenta ainda que a punição acompanhada de ofensa verbal, escrita ou por meio de ato. 36

Na primeira modalidade, o ato de superior reveste-se de rigor não autorizado nas normas regulamentares, como deixar o subordinado preso, sem água ou alimento, sem agasalho em regiões frias, colocá-lo em prisão sem condições de higiene ou em local inadequado para recolhimento de preso disciplinar, enfim, qualquer outra forma de punir com excesso, com crueldade. Na segunda modalidade, a punição efetiva-se por meio de palavra escrita ou oral, de aro, isto é, de manifestação corpórea, gesto, etc... ofensivo ao subordinado atingindo-o em sua honra comum, que diz respeito ao cidadão como pessoa humana, e em sua honra especial ou profissional, que se relaciona com a atividade particular de cada um. O agente do delito é o militar que, em razão do posto ou função, exerce autoridade sobre outro militar, não se exigindo a condição de comandante do sujeito ativo. O crime é residual, deixando de incidir o art. 174, se o fato constitui crime mais grave, por exemplo, violência contra superior (art. 175). - TIPO SUBJETIVO Vontade de punir o subordinado com rigor não autorizado em lei ou puni-lo mediante ofensa. - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se o delito no momento em que o subordinado sofre o rigor da punição ou toma conhecimento da ofensa. A tentativa é possível, desde que o fato ilícito deixe de ocorrer por motivos alheios à vontade do agente. Por exemplo, outro militar o impede da prática dos excessos ou o encarregado do cumprimento da punição deixe de cumpri-la na forma determinada pelo sujeito ativo. Na segunda modalidade, a ofensa por meio de palavra ou ato, não admite a tentativa. 37