ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO NA PROPOSIÇÃO DAVYDOVIANA

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Transcrição:

1 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO NA PROPOSIÇÃO DAVYDOVIANA Educação e Produção do Conhecimento nos Processos Pedagógicos Ester de Souza Bitencourt Alves 1 JoséliaEuzébio da Rosa 2 Ademir Damazio 3 Introdução O presente artigo trata do movimento conceitual apresentado por Davýdov e seus colaboradores ao proporem o ensino de adição e subtração. Os dados da pesquisa, de natureza teórica, são constituídos por três tarefas extraídas dos livros didáticos e de orientação ao professor que expressam a objetivação da referida proposta. A análise centra-se no movimento das tarefas que se expandem desde as ações objetais ao plano mental pela mediação dos esquemas abstratos e a reta numérica. Parte-se do pressuposto de que esse processo revela que a introdução dos conceitos de adição e subtração ocorre om base na relação todo-partes de grandezas discretas e contínuas, de modo tal, que estabelece a interconexão entre as significações aritméticas, algébricas e geométricas. Vasili Vasilievich Davýdov, de origem russa, nasceu em 1930 e morreu em 1998. Membro da Academia de Ciências Pedagógicas, doutor em Psicologia, foi professor universitário. Pertenceu à terceira geração de psicólogos russos soviéticos, desde os trabalhos da equipe inicial de Vigotsky (LIBÂNEO, 2004). O foco da proposta davydoviana consiste em [...] formar nas crianças representações materialistas firmes, para produzir nelas o pensamento independente e melhorar significativamente a formação artística e estética; elevar o nível ideológico e teórico do processo de ensino e educação, expor com precisão os principais conceitos e as ideias básicas das disciplinas escolares; erradicar quaisquer manifestações de formalismo no conteúdo e métodos de ensino e no trabalho de formação e aplicar 1 Mestranda em Educação Matemática/UNESC. Professora da Rede Estadual/SC. 2 Doutora - UNISUL/ SC 3 Doutor UNESC/ SC

2 amplamente as formas e métodos ativos de ensino, etc.. (DAVÍDOV, 1988, p. 170-171). Davýdov (1982) propõe que o ensino seja organizado para propiciar a generalização teórica. E opõe-se à estrutura da educação de sua época (e cultura) cuja ênfase se dava na busca mecânica de resultados matemáticos (FERREIRA, 2005, p. 25). A premissa básica davydoviana é de que o melhor ensino é aquele que promove o desenvolvimento do pensamento teórico, nos estudantes, o que requer métodos e conteúdos de ensino adequados (DAVÝDOV, 1982). Nesse contexto, definimos o seguinte objetivo: investigar o movimento conceitual proposto por Davýdov e seus colaboradores ao proporem o ensino de adição e subtração. Algumas tarefas indicadoras do movimento conceitual de adição e subtração Tarefa 1: Na primeira tarefa das proposições davydovianas, o professor desenha uma reta numérica no quadro e registra alguns números em ordem decrescente em uma sequência pré-determinada (Figura 1). Sugere-se às crianças que registrem os números faltantes em ordem decrescente (ГОРБОВ, МИКУЛИНА e САВЕЛЬЕВА, 2009). Figura 1 Tarefa 1: Sequência numérica decrescente A resolução dessa tarefa (Figura 1) requer da criança o raciocínio subtrativo. Pois, 16 1 = 15; 14 1 = 13 e assim sucessivamente até completar o último espaço vazio da sequência (Figura 2). Figura 2 Tarefa 1: Sequência numérica decrescente

3 De maneira implícita, a tarefa em análise, apresenta o contexto matemático dos números reais, ou seja, não limita-se apenas aos números naturais, pois a sequência numérica está organizada na reta numérica. Sobre isso, Rosa (2012, p. 229) diz que: O lugar geométrico dos infinitos números reais é a reta, nela há um ponto correspondente para cada número real. Como objetivação do conceito de número, a reta expressa a concatenação dos números naturais, inteiros, racionais e irracionais. Ela possibilita a introdução da inter-relação entre as operações de adição e subtração na forma de acréscimo e decréscimo de unidades. Por meio de deslocamentos para a direita realiza-se a operação de adição e para a esquerda a subtração. A referida tarefa também envolve outra ideia fundamental da matemática, a de correspondência. De acordo com Caraça (1951, p. 7)... a maneira pela qual o pensar no antecedente desperta o pensar no consequente chama-se lei da correspondência. Para este, a operação de fazer corresponder é uma das operações mentais mais importantes e uma das ideias basilares da Matemática. Tarefa 2: O professor registra no quadro uma reta numérica genérica com algumas sentenças (Figura 3). Atribui-se um valor aritmético para o número a (por exemplo, o valor 8). Para resolver, as crianças se deslocam pela reta numérica e pronunciam em voz alta os respectivos números (ГОРБОВ, МИКУЛИНА e САВЕЛЬЕВА, 2009). Figura 3 - Tarefa 2: Adição e subtração por meio do deslocamentos pela reta numérica Nessa tarefa (Figura 3) Davýdov e seus colaboradores abordam de modo inter-relacionado as operações de adição e subtração. O valor de a assume papéis passivos de adicionando e diminuendo, respectivamente, para as operações de adição e subtração. Vale destacar que o modelo de reta

4 considerado não é um modelo singular, mas sim, um modelo geral, válido para qualquer reta particular. Por isso, antes das crianças iniciarem o desenvolvimento da tarefa proposta, o professor atribuiu um significado para a, conforme a figura 4. Figura 4 - Tarefa 2: Deslocamento pela reta numérica a partir da adição e subtração O objetivo da tarefa, em análise, consiste em que as crianças reflitam sobre a relação entre a adição e subtração a partir do deslocamento pela reta numérica (ГОРБОВ, МИКУЛИНА e САВЕЛЬЕВА, 2009). Ou seja, ao se deslocar para a direita, considera-se a operação da adição. Conforme Caraça (1951, p. 17), somar a um número a, dado, a outro número b, é efetuar a partir de a, b passagens sucessivas pela operação elementar. E, ao se deslocar para a esquerda, adota-se a operação da subtração, segundo Bezout (1791, p. 18), diminuir, é uma operação, pela qual se tira um número de outro número. Em síntese, com base nas proposições davydovianas e nos fundamentos da matemática, elaboramos o modelo que representa o movimento inverso entre as operações da adição e subtração de números naturais na reta numérica (Figura 5). Figura 5 - Tarefa 2: Deslocamento pela reta numérica O movimento proposto por Davýdov e seus colaboradores tem por objetivo, atingir o plano abstrato no campo algébrico. Por exemplo, o número a é uma variável, a qual pode-se atribuir valores diversos. Na especificidade da presente tarefa, foram atribuídos os seguintes: 5, 6, 7, 13 e 14. Além disso, a tarefa é desenvolvida em um nível mais elevado de abstração, no qual é proposto que a criança não resolva a tarefa somente a partir dos arcos, mas também proceda mentalmente pela reta numérica.

5 Tarefa 3: Com base nos dois arcos representados na reta numérica resolva as operações de adição e subtração (Figura 6). Na sequência, estabeleça as relações de igualdade e desigualdade. E, finalmente, represente na reta numérica a diferença entre os números (ГОРБОВ, МИКУЛИНА e САВЕЛЬЕВА, 2009). Figura 6 - Tarefa 3: Adição e subtração na reta numérica Como já explícito no enunciado, as operações a serem trabalhadas de forma inter-relacionadas são adição e subtração. Com base na reta numérica, as crianças completam as lacunas. Por meio da análise de um dos arcos (o primeiro), é possível verificar que ao se deslocar do número 15 para a esquerda, até chegar ao número 13, houve um deslocamento pela reta numérica correspondente a duas unidades de medida. Logo, 15 é maior que 13 em 2 unidades (15 13 = 2). O mesmo ocorre para o outro arco, porém, o sentido é o contrário do movimento anterior. Verifica-se que ao se deslocar do número 15 para a direita, até chegar ao número 18, foram percorridos três unidades de medida. Assim: 15 + 3 = 18. Para concluir a tarefa, as crianças se deslocam pela reta numérica por meio da construção de arcos (Figura 7), a fim de determinar a relação igualdade/ desigualdade entre os números propostos com a utilização dos símbolos matemáticos e seus valores correspondentes. Figura 7 - Tarefa 3: Adição e subtração na reta numérica

6 O objetivo principal desta tarefa (Figura 7), é que a criança estabeleça a relação de igualdade e desigualdade entre as grandezas. Segundo Caraça (1951, p. 40 grifo do autor), a definição de desigualdade consiste em que, de dois números racionais r e s, diz-se maior aquele que, com o mesmo segmento unidade, mede um segmento maior. Embora o foco neste momento não esteja diretamente relacionado aos números racionais, podemos aceitar tal definição para a análise da referida tarefa. Pois, o modo como está exposta a representação, explicita a ideia de que os números não se limitam apenas ao contexto dos números naturais. Uma vez que, os números são representados na reta numérica e não por pontos dados discretamente. Ao estabelecer relações entre números com a indicação de maior ou menor, Rosa (2012, p. 173) diz que o argumento para um número ser maior que o outro é que ele esteja mais distante do início da reta numérica, desde que sua direção esteja indicada com a seta e o seu início incida na direção contrária. Considerações Finais Vale elucidar que as tarefas davydovianas são desenvolvidas, inicialmente, por meio de ações objetais, a partir do estudo das relações entre grandezas. Durante o processo, são introduzidos os esquemas abstratos e a reta numérica. Estas representações compõem o elemento mediador, que possibilita elevar as ações objetais ao plano mental. Cada nova tarefa davydoviana está interconectada às anteriores e compõem um sistema no qual revela, progressivamente, as significações teóricas dos conceitos em seu teor científico. Além disso, na proposição davydoviana, os conceitos de adição e subtração são introduzidos com base na relação todo-partes das grandezas, interconectadas com as significações aritméticas, algébricas e geométricas. Traduz o movimento das propriedades operacionais com teor teórico-científico. Referências BÉZOUT, É. Elementos de arithmetica. Coimbra: Real officina da Universidade, 1791. - IV, 270 p.

7 CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da matemática. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1951. DAVÝDOV, V.V. Tipos de generalización en la enseñanza. 3ª. ed. Habana: Editorial Pueblo y Educación, 1982.. La enseñanza escolar y el desarrollo psiquico. Investigación teórica y experimental. Trad. Marta Shuare, Moscú: Editorial Progreso, 1988. FERREIRA, É. S. M. Quando a atividade de ensino dá ao conceito matemático a qualidade de educar. 2005. 127 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas. LIBANEO, J. C. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria histórico-cultural da atividade e a contribuição de Vasili Davydov. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, dez. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1413-24782004000300002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 de junho de 2011. ROSA, J. E. Proposições de Davydov para o ensino de matemática no primeiro ano escolar: inter-relações dos sistemas de significações numéricas. 2012. 244 f. Tese (Doutorado em Educação). Área de concentração: Educação Matemática - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. ГОРБОВ, C. Ф. МИКУЛИНА Г. Г.; САВЕЛЬЕВА О. В.. Обучение математике. 2 класс: Пособие для учителей начальной школы (Система Д.Б.Эльконина В.В. Давыдова). 2-е ида. перераб. - М.:ВИТА-ПРЕССб, 2009. [Ensino de Matemática. 2 ano: livro do professor do ensino fundamental (sistema do D.B.Elkonin V.V. Davidov)/ S.F.Gorbov, G.G.Mikulina, O.V.Savieliev 3-a edição, - Moscou, VITA-PRESS, 2009.