GESSO AGRÍCOLA E LAVAGEM DE UM SOLO SALINO- SÓDICO NA REDUÇÃO DA SALINIDADE E SODICIDADE E NO CRESCIMENTO DE PLANTAS DE GIRASSOL P. D. dos Santos 1 ; L. F. Cavalcante 2 ; H. R. Gheyi 3 ; R. M. Rodrigues 1 ; L. P. de Oliveira 4 RESUMO: Um experimento foi desenvolvido no período de julho de 21 a fevereiro de 211, em ambiente telado do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, para avaliar os efeitos de doses de gesso agrícola sob lavagem contínua durante cinquenta dias, com água de boa qualidade, na melhoria química de um Luvissolo salino-sódico e no crescimento de três cultivares de girassol (Helianthus annuus L.). Os tratamentos foram distribuídos em blocos ao acaso usando o esquema fatorial x 3, referente aos níveis de, 21, 43, 4, 8 e 1% da necessidade de gesso agrícola do solo e três cultivares de girassol (Embrapa 122/V-2, IAC Iracema e Catissol), em três repetições e duas plantas por parcela. Os resultados evidenciam expressiva melhoria química pela redução da condutividade elétrica do extrato de saturação e da percentagem de sódio trocável do solo ao final do período da lavagem. Dentre as cultivares a Catissol superou as demais em todas as variáveis analisadas com valor máximo de área foliar, matéria seca de folha, caule e capítulo de 1.4,5 cm 2, 5,38; 7,29 e 14,5 g planta -1, nas doses fornecidas referentes às necessidades máximas estimadas de gesso de 8,2; 81,1; 89,8 e 7,1% respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: sodicidade, correção de solo, Helianthus annuus. AGRICULTURE GYPSUN AND WASSHING OF ONE SALINE SODIC SOIL ON REDUCTION OF SALINITY AND SODICITY LEVEL AND ON GROWTH PLANTS SUMMARY: An experiment was carried out during do period of July/21 to February/211, in green house conditions from Agrarian Science Center, Federal Paraiba University, Areia City, Paraiba State, Brazil, out in order to evaluate effects of agriculture gypsum under continuant washing during 5 days with non saline water on salts reduction of a saline-sodic soil and the on growth of three sunflower cultivate (Helianthus annuus L.). Treatments were distributes in randomized blocs using the factorial design x 3 referring at levels of, 21, 43, 4, 8 and 1% of gypsum requirement of the soil and three sunflower cultivates (Embrapa 122 / V -2, IAC Iarama, and Catissol), in tree replicates and two plants be set. Results showed expressive reduction of the electric conductivity and exchangeable sodium percentage of the soil to final period of the continue washing. In spite cultivates the Catissol presents more values in all variables studied in relations all 1 Respectivamente doutorandos dos PPGA e PPGCS/CCA/UFPB, Areia, PB; e-mail:agrodonato@hotmail.com; rummenigge.mr@gmail.com; 2 Professor do Departamento de Solos e Engenharia Rural, CCA/UFPB, Areia,PB; lofeca@cca.ufpb.br; 3 Professor visitante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das almas, BA; Hans@deag.ufcg.edu.Br; 4 Graduando em Agronomia CCA/UFPB, Areia, PB; e-mail: luan92@bol.com. br; *Pesquisadores do INCTSal, Fortaleza, CE
another s with values of leaf area, dry matter of leaf, stem and chapter of 14.5 cm 2 plant -1, 5.38, 7.29 and 14.5 g plant -1, in gypsum doses applied referring at levels of 8.2, 81.1 and 7.1% from gypsum requirement of the soil, respectively. KEY WORDS: sodicity, soil requirement, Helianthus annuus. INTRODUÇÃO A crescente demanda mundial por alimentos exige a utilização de tecnologias que elevem a produtividade agrícola. E nesse contexto, o uso da irrigação, nas suas diferentes modalidades, tem um caráter expressivo, principalmente nas regiões semiáridas, a exemplo do Nordeste brasileiro. No entanto, apesar dos benefícios proporcionados, o uso dessa técnica tem provocado sérios danos à atividade agrícola devido à salinização dos solos. A salinidade dos solos constitui sérios problemas nas áreas irrigadas por interferirem drasticamente no desenvolvimento das culturas, reduzindo a capacidade produtiva das plantas e a qualidade dos produtos (Amirjani, 211). A sodicidade é mais inconveniente que a salinidade, devido promover à dispersão das argilas provocada principalmente pelo excesso de sódio no complexo de troca, resultando no depauperamento físico e químico e na perda das funções agrícolas das terras antes produtivas. Uma possibilidade para se produzir em terras comprometidas pelos problemas de sais é a utilização de culturas tolerantes ou moderadamente tolerantes à salinidade. Nesse contexto se insere girassol que é cultivado numa área relativamente pequena no Brasil, em comparação à soja e milho, mas possui elevado potencial de expansão e conforme Katerji et al. (2) é tolerante aos efeitos dos sais. Esse atributo pode estimular sua produção em áreas já comprometidas pela salinidade, sodicidade ou ambas simultaneamente. Associada à seleção de culturas tolerantes ou moderadamente tolerantes, a correção ou recuperação de solos salino-sódicos e sódicos pode ser feita incorporando corretivos químicos como o gesso para que com a solubilização liberação do cálcio para o deslocamento do sódio do complexo adsorvido para a solução e com a lavagem do solo seja paulatinamente liberado para melhoria física e química do solo (Tavares Filho et al., 212). O trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da aplicação de gesso agrícola na diminuição da salinidade, da sodicidade e no estímulo ao crescimento e produção de matéria seca de três cultivares de girassol. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em ambiente protegido do Departamento de Solos e Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia PB, no período de julho de 21 a fevereiro de 211. Inicialmente foi coletado da camada de -2 cm o material de um solo salino-sódico, de condutividade elétrica do extrato de saturação de 11,23 ds m -1 e percentagem de sódio trocável de 59,4%, do Perímetro Irrigado de São Gonçalo, em Sousa PB. A dose referente a 1% da necessidade de gesso agrícola (NG) do solo foi calculada conforme sugestão de Pizarro (1978). Com base nesse valor (1% NG) foram quantificadas as dosagens para 25 kg de solo referentes às necessidades de gesso, 21, 43, 4, 8 e 1. Após a aplicação do gesso o solo foi acondicionado em recipientes de polietileno com capacidade para
25 L, com drenos na parte final inferiores para lixiviação, e submetido a lavagem durante 5 dias consecutivos. Nesse período o solo foi mantido coberto com uma lâmina de água não salina (,4 ds m -1 ) de 5 cm acima da superfície. Após a lavagem, o solo foi retirado do recipiente e acondicionados 15 L em vasos plásticos com capacidade para 2 L com dreno na parte inferior. Os tratamentos foram distribuídos em blocos ao acaso, com três repetições e dois vasos com uma planta cada por parcela, em esquema fatorial x 3 relativo às seis doses de gesso referentes às necessidade de gesso de, 21; 43, 4, 8 e 1% da NG e três cultivares de girassol (Embrapa 122/V-2, IAC Iracema e Catissol). Foram semeadas dez sementes em cada vaso a uma profundidade de 1,5 cm, sendo cobertas com o próprio solo e irrigados diariamente com água de condutividade elétrica (CE),4 ds m -1, conforme a necessidade hídrica e desenvolvimento da cultura, evitando-se o excesso de irrigação pra não ocorrer drenagem. Aos 1 dias após a semeadura (DAS) foi realizado um desbaste deixando as duas plantas mais desenvolvidas e aos 2 DAS, foi deixada apenas a planta mais vigorosa por vaso. Durante a condução do experimento foram realizados os seguintes tratos culturais: Adubação via solo (NPK) de acordo recomendação da EMATER-PB para cultura, adubação via foliar com CAB 1 (cálcio e boro). Aos 7 dias após a semeadura foi obtida área foliar das plantas usando o software Determinador Digital de Área. Ao final do experimento, aos 1 DAS, as plantas foram colhidas para obtenção dos valores da matéria seca foliar (MSF), caulinar (MSC) e do capítulo (MSCAP). Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelos resultados da Tabela 1, verifica-se ação positiva da aplicação do gesso agrícola na redução da salinidade expressa pela condutividade elétrica do extrato de saturação de 11,23 para até,77 ds m -1 e da sodicidade com base na percentagem de sódio trocável de 59,44 para até 2,1% entre o solo antes da aplicação dos tratamentos e na dose referente a 1% da NG ao final do processo de lavagem. Verifica-se também que a incorporação do gesso seguido de lavagem contínua exerceu efeitos positivos na redução da salinidade e da sodicidade possibilitando condições mais adequadas ao crescimento de plantas de girassol em relação ao solo sem o corretivo químico. Os valores evidenciam melhoria química pela redução dos teores de sódio e aumento de cálcio para, além da substituição de sódio do complexo de troca, melhoria na infiltração de água e espaço poroso para absorção de água e crescimento do sistema radicular. A adição do gesso agrícola contribuiu para o aumento da área foliar e produção de matéria seca das folhas (MSF), caules (MSC) e capítulos (MSCAP) de todas as cultivares de girassol, mas com superioridade da cultivar Catissol em relação às demais (Figura 1). Entretanto, o ajustamento de todos os valores ao modelo quadrático indica ação positiva do corretivo químico às cultivares indistintamente, mas até a dose máxima estimada da necessidade de gesso. A partir de cada dose máxima estimada referente a cada cultivar o aumento prejudicou o crescimento das plantas pela área foliar e a produção de biomassa por cada órgão das plantas. A maior área foliar das três cultivares foi de 18,39; 948,4 e 14,54 cm 2 nas necessidades máximas de gesso estimadas de 89,9; 72,2 e 8,2% para os genótipos Embrapa 122/ V-2, IAC Iarama e Catissol, respectivamente. Pelos valores constatam-se superioridades da cultivar
Catissol de 3,8 e 1,4% em relação a cv. Embrapa 122/ V-2 e a IAC Iarama Respectivamente. A redução da área foliar, conforme Taiz e Zeiger (28), é uma das reações adversas das plantas ao excesso de sais do solo para reduzir a transpiração e consequentemente a perda de água e acúmulo de Na + e Cl - que em excesso provocam toxidez, com reflexos negativos no crescimento e produção das culturas. Os máximos valores de matéria seca das folhas, do caule e dos capítulos obedeceram a sequência: cultivar Catissol > Embrapa 122/V-2 > IAC Iracema nos níveis máximos estimados de 81,1; 89,8 e 7,1 da necessidade de gesso aplicada, que resultaram em 14,5, 7,35 e 5,38 g planta -1, respectivamente. CONCLUSÕES A aplicação de gesso agrícola seguido de lavagem exerceu efeitos positivos na redução da salinidade e da sodicidade proporcionando melhoria química do solo e crescimento do girassol. Dentre as cultivares a Catissol cresceu e produziu mais matéria seca que a Embrapa 122/V-2 e IAC Iracema. Os resultados mais expressivos no crescimento das plantas corresponderam às doses de gesso estimadas entre 7,1 a 89,85% da necessidade de gesso do solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIRJANI, M. R. Effect of salinity stress on growth, sugar content, pigments and enzyme activity of rice. International Journal of Botany, v. 7, n. 1, p. 73-81, 211. KATERJI, N.; VAN HOORNB, J.W.; HAMDYC, A.; MASTRORILLI, M. Salt tolerance classification of crops according to soil salinity and to water stress day index. Agricultural Water Management, v. 43, n. 1, p. 99-19, 2. PIZARRO, F. Drenaje agrícola y recuperacion de suelos salinos. Madrid: Agrícola Española, 1978. 528p. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal, 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 28. 814 p. TAVARES FILHO, A. N.; BARROS, M. F. C.; MARIO M. ROLIM, M. M.; SILVA, E F. C. Incorporação de gesso para correção da salinidade e sodicidade de solos salino-sódicos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola, v. 1, n. 3, p. 247-252, 212. Tabela 1. Valores de condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes), percentagem de sódio trocável (PST), teores trocáveis de cálcio (Ca +2 ) e sódio (Na + ) do solo na caracterização (antes) e após a aplicação do gesso e lavagem do solo. Característica Necessidade Período CEes PST Ca +2 Na + de gesso (%) ds m -1 % ------ cmol c dm -3 ------ Antes 11,23 59,44 2,29 4,1 Lavagem Após 1,77 2,1,78,21 8,42 2,71 5,54,2 4,22 4,2 4,9,2 43,22 7,5 4,8,17 21,37 35,2 2,8 2,5,57 53,15 1,37 4,29
MSC (g planta -1 ) MSCAP (g capítulo -1 ) AF (cm 2 ) MSF (g planta -1 ) P. D. dos Santos et al. A 12 1 B 5 8 4 2 ( )ŷc 1 = -,1233x 2 + 21,954x + 31,14 R² =,9475 (------)ŷc 2 = 57,74 + 24,7x -,179x 2 R² =,773 ( )ŷc 3 = 14,857 + 25,72x -,13x 2 R² =,999 2 4 8 1 4 3 2 1 ( )ŷc 1 =,2211 +,14x -,11x 2 R² =,8942 (------)ŷc 2 =,1418 +,119x -,x 2 R² =,943 ( )ŷc 3 =,1132 +,1298x -,8x 2 R² =,8149 2 4 8 1 C D 1 21 8 18 15 12 4 2 ( )ŷc 1 =,87 +,117x -,9x 2 R² =,979 (------)ŷc 2 =,29 +,127x -,x 2 R² =,918 ( )ŷc 3 =,2277 +,258x -,15x 2 R² =,9381 9 3 ( )ŷc 1 =,3559 +,3473x -,24x 2 R² =,9478 (------)ŷc 2 = 1,2185 +,371x -,29x 2 R² =,5314 ( )ŷc 3 =,527 +,395x -,28x 2 R² =,821 2 4 8 1 2 4 8 1 Figura 1. Área foliar-af (A), matéria seca das folhas-msf (B), caules-msc (C) e capítulos-mscap (D) das cultivares de girassol Embrapa 122/V-2 ( ), IAC Iarama (-------) e Catissol ( ) em solo salino-sódico tratado com gesso agrícola.