PADRES APOLOGISTAS, APOSTÓLICOS E CONTROVERSISTAS... PROFESSOR UILSON FERNANDES 19/09/2016
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... O nome patrística advém diretamente das figuras desse grande primeiro momento da Filosofia Medieval. A raiz etimológica de Patrística vem do latim pater / patris, que significa literalmente pai, ou seja, os primeiros pensadores do Período Medieval estão intimamente ligados à doutrina cristã, elaborada pelos Santos Padres. É importante lembrar que, após o período denominado filosofia helenista ou greco-romana, o esforço filosófico começa a se ampliar por outras regiões do mundo conhecido. No entanto optaremos por demonstrar os pontos de tensão que escolas como a neo-platônica efetivaram diante do quadro das novas demandas suscitadas após a vinda do Cristo. A partir do século II, a Patrística é caracterizada pela criação, sistematização e elucidação dos princípios do Cristianismo. Esse esforço se faz necessário pela necessidade de que o cristianismo nascente apresente um conjunto sistemático de sua doutrina.
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... Os padres apostólicos são os primeiros a conviver diretamente com o Cristo ou mesmo com seus apóstolos. Sendo assim, em sua grande maioria, discípulos diretos acompanharam concretamente os ensinamentos do Cristo e de seus apóstolos. Nesse sentido, os padres apostólicos determinaram inicialmente o que chamamos de doutrina cristã oral, não necessariamente expressa e reconhecida como parte dos livros e textos canônicos. Por mais que esses grandes padres apostólicos tenham efetivamente estado junto aos primeiros discípulos, ou mesmo com o próprio Cristo, sua função no Cristianismo primitivo se relaciona muito mais com a vivência e continuidade do Cristianismo pelo exemplo, pela fé e pelas constantes pregações executadas.
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... Um dos exemplos dos padres apologistas foi o primeiro papa, Lino. Como papa, Lino ficara conhecido pelas primeiras normativas referentes, por exemplo, à obrigatoriedade do uso de véu pelas mulheres no interior da igreja. É interessante notar como o próprio apóstolo Paulo de Tarso8 faz uma menção direta a Lino em sua carta a Timóteo (4:21). Do ponto de vista filosófico, não nos restou propriamente nenhum escrito de Lino, no entanto sequer podemos determinar que efetivamente tenha produzido uma obra teórica, pois sua preocupação central baseava-se na ordem dada pelo próprio Cristo: Ide pelo mundo e evangelizai. Nesse sentido, os primeiros padres apostólicos tinham a convicção do convencimento a partir de grandes pregações feitas com base no evangelho.
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... Lino foi o primeiro papa após Pedro e nasceu na região da Etrúria. É interessante notar que esse grande pensador sobre as teses do Cristianismo nascente estruturou sua vivência da fé como elemento fundamental de seus grandes discursos. Além disso, ele teve uma ação constante na busca pela efetiva libertação dos primeiros cristãos de questões relacionadas à idolatria, à feitiçaria e a crenças que não fossem coerentes com os ensinamentos do Cristo. Os padres apologistas são aqueles que empreendem uma defesa, mas defesa do quê? Sabe-se que uma das grandes obras de Platão é denominada Apologia de Sócrates, em que o discípulo do grande filósofo narra a forma como Sócrates se defendeu de cada uma das falsas acusações feitas contra ele. No entanto a apologia, dentro do contexto da Patrística medieval, não está relacionada diretamente a apenas uma pessoa ou causa. Na verdade, a origem etimológica de apologia advém inicialmente do termo grego Apologesthai, que pode ser compreendido como argumentar em defesa de outrem.
TEXTO I Platão depende de Moisés A espada vos devorará não quer dizer que os que desobedecerem serão passados a fio de espada, mas por "espada" deve-se entender o fogo, cuja presa são os que escolheram praticar o mal. Por isso, diz: "A espada vos devorará, porque assim falou a boca do Senhor." Se tivesse falado da espada que corta e se separa imediatamente, não teria dito "devorará". De modo que o próprio Platão, ao dizer: "A culpa é de quem escolhe. Deus não tem culpa", falou isso por tê-lo tomado do profeta Moisés, pois sabe-se que este é mais antigo do que todos os escritores gregos. Em geral, tudo o que os filósofos e poetas disseram sobre a imortalidade da alma e da contemplação das coisas celestes, proveitaram-se dos profetas, não só para poder entender, mas também para expressar isso. Apologia de Justino. Disponível em: http:www.veritatis.com.br/patristica/obras/8483-primeira-apologia Flávio Justino, também conhecido como Justino Mártir ou Justino de Nablus, foi um teólogo romano do século II. Nascimento: 100 d.c., Nablus, Falecimento: 165 d.c., Roma, Itália Descreva em seu caderno um parágrafo de até 05 linhas sobre a relação entre a prática do mal, consciência individual e o papel de Deus segundo Justino:
FILO DE ALEXANDRIA Um dos precursores de todo esse processo é Filo de Alexandria, fundador de uma espécie de doutrina chamada gnose. Filo, do ponto de vista do Cristianismo e mais especificadamente do catolicismo, é uma figura essencialmente problemática no sentido dogmático. Seu nascimento se deu por volta do ano 15 a.c., vindo a falecer na mesma cidade por volta do ano 50. Em diferentes aspectos, sua contribuição na Patrística está vinculada à retomada de termos relacionados à escola estoica. A compreensão de uma ordem intrínseca ao cosmo, enquanto princípio da própria organização do mundo natural, ponto nerval da escola estoica, é retomada por Filo a partir da ideia de logos.
FILO DE ALEXANDRIA Filo talvez tenha sido um precursor de todo o exercício filosófico do Período Medieval ao compreender que a própria doutrina platônica do mundo suprassensível pode ser contraposta diretamente com a ideia monoteísta de fundo judaica. Nesse sentido, a mensagem cristã assume, em Filo de Alexandria, um primeiro esforço de mediação, denominada pelo autor filosofia mosaica, pois, a partir dos textos revelados e dos princípios de fé, o filósofo exercita uma contraposição dos conceitos desenvolvidos até aquele momento histórico. Assim, os relatos históricos e sagrados revelados na Bíblia são lidos por Filo de Alexandria pela ótica dos conceitos filosóficos.
FILO DE ALEXANDRIA Logos: deduzindo do texto bíblico, Filo de Alexandria retoma esse conceito como palavra criadora, ou seja, o próprio Deus é identificado como o próprio exercício criativo da divindade e uma qualidade fundamental do próprio Deus. No princípio era o Verbo que habitou entre nós, essa frase com a qual se enuncia o livro bíblico do Gênesis parece ressoar no tratamento que o filósofo dá ao Logos. Nesse sentido, o autor remete esse conceito à ideia de sabedoria bíblica na qual Deus traça, sob a forma das ideias platônicas, o projeto do cosmo ao ato da criação. Sem dúvida nenhuma, os grandes padres cristãos encontraram nessa formidável contraposição um fundamento poderoso da própria figura do Cristo, tendo diferentes consequências, por exemplo, na questão da trindade.
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... 1) Patrística - A Patrística é o período que representa o pensamento dos Padres da Igreja, que são os elaboradores da teologia católica, guias, mestres da doutrina cristã. A Patrística é contemporânea do último período do pensamento grego, o período religioso, com quem tem fecundo contato, entretanto dele diferenciando-se profundamente, sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo. 2) Teísmo - Teísmo. Do grego theos, Deus. Doutrina que afirma a existência de um Deus único, onipotente, onipresente e onisciente, criador do universo, tal como a tradição judaico-cristã. 3) Panteísmo - Concepção segundo a qual tudo o que existe deve sua existência a Deus, e em última análise se identifica com Deus. Deus é assim um ser imanente no mundo, à natureza, e não um ser exterior e transcendente. Na filosofia clássica, os estoicos defenderam uma posição na qual Deus se confundia com a Alma do Mundo. No pensamento moderno, Spinoza é o principal representante do panteísmo, afirmando que Deus é a única substância infinita e eterna, da qual todas as coisas existentes são apenas modos. JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.