Comunicado Técnico 298

Documentos relacionados
Comunicado Técnico 140

Comunicado175 Técnico

Comunicado Técnico 170

NÚCLEO DE ENGENHARIA DE ÁGUA E SOLO

Relações da água no Sistema Solo-Planta-Atmosfera LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Comunicado Técnico 241

Comunicado Técnico 144

Cooperação Técnica Brasil -Venezuela para Transferência de Tecnologia...

Comunicado Técnico. Caracterização Preliminar de Acessos do Banco Ativo de Germoplasma de Mamona

RELAÇÕES SOLO-ÁGUA-PLANTA-ATMOSFERA

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO NO ESTADO DO CEARÁ RESUMO

22/2/2012. Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar. Introdução. Coeficiente de esgotamento (f)

MANEJO DA ÁGUA NO CULTIVO DE ALFACE IRRIGADO PELO SISTEMA DE MICROASPERSÃO

COEFICIENTES DE CULTURA PARA O ALHO IRRIGADO

Introdução RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO. Introdução. Introdução. Introdução. Introdução 31/03/2017

INFLUÊNCIA DA TEXTURA DO SOLO SOBRE OS PARÂMETROS DOS MODELOS DE VAN GENUCHTEN E BROOCKS E COREY. Donizete dos Reis Pereira, Danilo Pereira Ribeiro

Irrigação do cafeeiro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A CULTURA DO GERGELIM

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DO MAMOEIRO SUNRISE SOLO IRRIGADO POR MICROASPERSÃO

RelaçãoSolo-Água. Prof. Vital Pedro da Silva Paz

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

Circular. Técnica. Plantio do Algodão Irrigado. Autores. Semeadura

Irrigação da cultura do tomateiro orgânico

Desenvolvimento de Métodos de Estimativas de Riscos Climáticos para a Cultura do Girassol: Risco Hídrico

APOSTILA DE EXERCÍCIOS PARTE I

Documentos 177. Informações meteorológicas para pesquisa e planejamento agrícola, referentes ao município de Santo Antônio de Goiás, GO, 2004

Ciclo Hidrológico AUGUSTO HEINE

MÉTODOS DE MANEJO DA IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DA ALFACE AMERICANA

21/11/2011. Interrelação fatores físicos ÁGUA NO SOLO. Propriedades do solo, fatores de crescimento & produção de plantas.

Comunicado Técnico 160

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2013

DISPONIBILIDE DE ÁGUA NO PLANETA

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2014

PRODUÇÃO DA ALFACE AMERICANA SUBMETIDA A DIFERENTES NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

Evapotranspiração - o ciclo hidrológico

Manejo de solos para piscicultura

AJUSTE DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO FEIJÃO

FISICA DO SOLO FISICA DO SOLO E CONSERVAÇAO DO DISCIPLINA GCS 104. Prof. Geraldo César de Oliveira 6 ª AULA TEÓRICA SOLO E AGUA II SEMESTRE/2016

ATRIBUTOS FÍSICOS DE LATOSSOLOS EM DOIS SISTEMAS DE MANEJO, VISANDO A IRRIGAÇÃO EM MATO GROSSO DO SUL

Prof. Felipe Gustavo Pilau

DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE SOLO E ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DE ÁGUA NECESSÁRIA A IRRIGAÇÃO

ISSN Agosto, Cultivo da Pimenteira-do-reino na Região Norte

ESTIMATIVA DE POTASSIO NA SOLUÇÃO DO SOLO EM LISIMETRO DE DRENAGEM COM USO DA TDR

DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DE INFILTRAÇÃO BÁSICA EM ÁREAS CULTIVADAS SOB REGIME DE IRRIGAÇÃO

Estudo Agroclimático da Demanda Hídrica para o Milho Irrigado na Região de Sete Lagoas,MG

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MANEJO DE IRRIGAÇÃO INTRODUÇÃO

COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS MÉTODOS PARA ESTIMAR A LÂMINA DE IRRIGAÇÃO DO FEIJOEIRO NA REGIÃO DE BAMBUÍ-MG

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

Profundidade da raiz e irrigação: como reduzir a necessidade de água da cultura?

Comunicado Técnico 148

Estimação de Parcelas Perdidas em Experimentos Agrícolas Utilizando-se...

Comunicado 105 Técnico

Documentos, 221. Informações Meteorológicas para Pesquisa e Planejamento Agrícola, Referentes ao Município de Santo Antonio de Goiás, GO, 2007

Pesquisadora da Embrapa Algodão. Rua Osvaldo Cruz n 1143, Bairro Centenário, CEP 174, Campina Grande PA.

Prof. Vital Pedro da Silva Paz

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Estimativa da infiltração de água no solo através de pedofunções em área de floresta plantada

Comunicado Técnico 162

(Platão, a.c., Os diálogos) Água cristalina, que nasce do solo (Foto: Mendel Rabinovitch) Retenção e Movimento da Água, Temperatura etc.

Comunicado Técnico 161

Autor: Márcio Davy Silva Santos Orientador: Prof. Raimundo Nonato Távora Costa

Var. Mar. Mar = massa de ar Var = volume de ar Ma = massa de água Va = volume de água Ms = massa de sólidos Vv = volume de poros (vazios) = Var + Va

Zoneamento Agrícola do Algodão no Nordeste Brasileiro - Safra 2002/ Estado de Pernambuco

Recuperação de áreas degradadas. Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal Professora Assistente CESIT-UEA

Comunicado Técnico 156

Comunicado Técnico 187

Otimização do Uso da Água na Agricultura Irrigada

Ademar Barros da Silva Antônio Raimundo de Sousa Luciano José de Oliveira Accioly

28/2/2012. Fertirrigação Noções de Química e Física do Solo e Nutrição Mineral de Plantas. Formação do solo. Formação do solo

Identificação de Demandas por Informações na Embrapa Algodão

Comunicado Técnico. Tensão de Água no Solo para Maiores Lucratividades do Feijoeiro Irrigado em Ambiente de Cerrado. Material e Métodos.

CORRELAÇÕES ESPACIAIS DE CONDUTIVIDADE HIDRAULICA E ARMAZENAMENTO DE ÁGUA EM UM NITOSSOLO.

Boletim agrometeorológico de 2017 para o município de Teresina, PI

CRESCIMENTO DE FRUTOS DE LIMOEIRO SOB USO DO MOLHAMENTO PARCIAL DO SISTEMA RADICULAR EM CONDIÇÕES SEMI-ÁRIDAS DO NORTE DE MINAS

Capítulo VIII Irrigação

Redistribuição da água em Latossolo Amarelo Distrocoeso de Tabuleiro Costeiro totalmente exposto (1).

IT AGRICULTURA IRRIGADA

Documentos. ISSN O X Dezembro Boletim Agrometeorológico de 2015 para o Município de Parnaíba, Piauí

Irrigação Suplementar de Salvação na Produção de Frutíferas em Barragem Subterrânea

INFORMAÇÕES METEOROLÓGICAS PARA PESQUISA E PLANEJAMENTO AGRÍCOLA, REFERENTES AO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE GOIÁS, GO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO. Disciplina: GCS 104 FÍSICA DO SOLO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA

Comunicado Técnico 43

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Comunicado107 Técnico

UMIDADE E TEMPERATURA DO SOLO

TAXAS DE CRESCIMENTO EM DIÂMETRO CAULINAR DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO-SALINO(*)

ATRIBUTOS FÍSICOS E ÁGUA NO SOLO

O produtor pergunta, a Embrapa responde.

IT AGRICULTURA IRRIGADA

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. CC54Z - Hidrologia. Infiltração e água no solo. Prof. Fernando Andrade Curitiba, 2014

Comunicado Técnico 252

Fig Granulometria, densidade, consistência e ar do solo

Cultivo do Milho

MANEJO DE IRRIGAÇÃO REGINA CÉLIA DE MATOS PIRES FLÁVIO B. ARRUDA. Instituto Agronômico (IAC) Bebedouro 2003

Boletim agrometeorológico de 2017 para o município de Parnaíba, PI

304 Técnico. Comunicado. Informações meteorológicas de Passo Fundo, RS: novembro de Aldemir Pasinato 1 Gilberto Rocca da Cunha 2.

DENSIDADE DO SOLO E DENSIDADE DE PARTÍCULAS

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO E DO NÚMERO DE DIAS DE CHUVA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA - PE

Transcrição:

1 Comunicado Técnico 298 ISSN 0102-0099 Novembro/2006 Campina Grande, PB A Física do Solo Aplicada à Irrigação: Metodologias para Otimização do Manejo de Água Aurelir Nobre Barreto 1 Maria José da Silva e Luz 2 As estratégias para programação, manejo e operação de irrigação, devem ter bases metodológicas comprovadas e adequadas à concepção de cada projeto e/ou de cada sistema de irrigação, de modo que se possa fornecer a quantidade adequada de água às plantas, no momento oportuno, evitando os deficits hídricos e de ar no perfil do solo.práticas adequadas de manejo de irrigação são imprescindíveis para minimizar custos de investimento, de operação e de manutenção e, ainda, garantir a sustentabilidade dos sistemas hidroagrícolas com economia dos recursos hídricos. As propriedades físicas do solo, como curvas características de retenção de água, intervalo de água útil e condutividade hidráulica, são de interesse para o manejo racional da agricultura irrigada, preservação e gestão dos recursos hídricos. No processo de cálculo da quantidade de água a ser aplicada ao solo por meio da irrigação, para suprimento às plantas, pode-se adotar três metodologias distintas, ou a sua integração, assim descritas: demanda climática ou atmosférica; monitoramento da umidade no solo e medida direta do fluxo de seiva na planta (BARRETO et al., 2003). Para cálculo da quantidade de água de irrigação com base nas características físicas do solo, são utilizados os valores das seguintes variáveis:. Capacidade de campo % ou teor máximo de água que um solo pode reter nos microporos, após o processo de drenagem dos macroporos.. Ponto de marcha permanente % ou teor de água que está presente no solo mas as plantas não conseguem absorvê-la.. Densidade do solo constante física inerente ao solo que relaciona seu peso e volume. Os aspectos físico-hídricos na programação, no manejo e na operação dos sistemas de irrigação, com ênfase na disponibilidade de água no perfil do solo e no monitoramento do seu teor de umidade, têm por base as características do solo aplicadas como alternativa de otimização dos eventos de irrigação. Resultados e Discussão Equacionando-se essas variáveis envolvendo o 1 Engº. Agrônomo, MSc. em irrigação e drenagem, especialista em drenagem de terras agrícolas. Pesquisador da Embrapa Algodão. E-mail aurelir@cnpa.embrapa.br 2 Engª Agrônoma, MSc. em irrigação e drenagem. Pesquisadora da Embrapa Algodão. E-mail mariajos@cnpa.embrapa.br

2 A Física do Solo Aplicada à Irrigação: Metodologias para Otimização do Manejo de Água intervalo de água disponível para as plantas em uma profundidade do perfil de solo, planeja-se quanto de água aplicar em cada evento de irrigação.. Aplicação dos potenciais de água no solo na programação de irrigação O teor de água no solo exerce uma série de efeitos sobre as plantas, afetando o seu potencial biológico de forma positiva ou reduzindo o seu rendimento. Numa forma didática e conceitual, a Figura 1 ilustra os aspectos dos potenciais de água no solo em relação ao intervalo hídrico ótimo, ao limite produtivo e à zona de risco, no tocante à capacidade de armazenamento e de disponibilidade para as plantas. das plantas em tempo hábil, ou seja, antes que elas sofram os efeitos de deficits hídricos; esta reposição deve ser administrada na quantidade certa, no momento oportuno e por meio do método e sistemas adequados. Na zona de risco, intervalo entre o e o, prevalece apenas a porosidade textural ou matricial ( ), conforme ilustrado na Figura 1. A equação 1 permite estimar a quantidade de água a ser aplicada ao solo para suprir a demanda de uma cultura, entre os intervalos ou freqüência de irrigação, em função dessas variáveis físicas, a uma profundidade (P) para fins de reposição do consumo hídrico. (Equação 1) QAN quantidade de água necessária à cultura (mm) (%) teor de água à capacidade de campo teor de água correspondente ao ponto de murcha permanente (%) Ds densidade do solo (g cm -3 ) Fig 1. Esquema da teoria clássica dos potenciais de água no solo em relação ao consumo hídrico pela planta e aos eventos de irrigação, com base na física do solo O intervalo hídrico ótimo corresponde à amplitude entre o teor de água à capacidade de campo ( ) e o teor de água no limite produtivo ( ), demonstrados na Figura 1, e o intervalo hídrico ótimo, quando se compreende o solo como sendo um reservatório de armazenamento de água nos espaços da porosidade estrutural e textural (microporosidade) e a planta como elemento de transferência de água para a atmosfera. O conceito de intervalo hídrico ótimo está baseado nas práticas de reposição de água ao solo, em uma freqüência tal que atenda às necessidades hídricas P profundidade para reposição de água até a capacidade de campo (mm) F r fator de reposição ou de disponibilidade de água (decimal <1) Para compensar as perdas de água em cada irrigação, inerentes ao sistema e às características pedológicas do perfil do solo no ambiente das raízes das plantas, deve-se calcular a quantidade de água total a ser aplicada (QAT). Este acréscimo de água pode ser equacionado inserindo-se o termo 1/Ea, proposto por Martinez Beltrán (1986), que inclui a eficiência de aplicação de água do sistema (Ea), mudando a Equação 1 para a expressão na forma analítica descrita na Equação 2.

3 (Equação 2) QAT quantidade de água total (mm ou em volume) P MM precipitação média medida no sistema (mm) ou vazão (volume h 1 ) ao solo (mm) QAT quantidade de água total a ser aplicada Ea eficiência de aplicação de água do sistema (em decimal) As equações anteriores são aplicadas para atender ao suprimento hídrico diário da cultura; no entanto, quando a programação é feita para irrigar em intervalos de dias maiores, ou seja, com menor freqüência, acrescenta-se à Equação 2 o termo Fi (freqüência de irrigação); agora, tem-se a Equação 3, assim escrita: Fi freqüência de irrigação (dia) (Equação 3). Jornada de trabalho (Jt) Ainda se tratando do aspecto operacional aliado ao manejo otimizado, a jornada de trabalho (Jt) representa o número de horas que o sistema hidráulico de distribuição e aplicação de água deve operar diariamente, visando atender à irrigação das várias áreas ou setores do projeto. Quanto maior for a Jt nas áreas irrigadas, mais econômico se tornará o projeto de irrigação, devido à redução na potência motriz, no consumo de energia e nos materiais componentes das estruturas hidráulicas. A jornada de trabalho dependerá da soma dos tempos de aplicação da água de irrigação (Ta), nas diversas áreas ou setores em operação simultânea no projeto e da freqüência de irrigação (Fi). A equação 5, aplicada por Barreto et al. (2004), permite que se calcule o número de horas de operação diária do sistema de bombeamento, transporte e distribuição no campo.. Aspectos operacionais de campo A programação de irrigação e o seu manejo só terão êxito se o tempo de aplicação de água (Ta), por qualquer sistema de irrigação, em uma área ou unidade de irrigação, for corretamente operacionalizado, tendo em vista que o tempo de aplicação é o principal fator na execução de um evento de irrigação, no sentido de otimizá-la.. Tempo de aplicação (Ta) (Equação 5) Em que: Jt jornada de trabalho diária (hora) somatório dos tempos de aplicação de água nos setores (hora) Fi freqüência de irrigação (dia) Esse intervalo de tempo deve ser cronometrado com rigor durante cada evento de irrigação e pode ser quantificado ou medido pela Equação 4. (Equação 4) Ta tempo de aplicação de água (h: min) Os resultados da aplicação da equação anterior podem ser otimizados para melhorias operacionais e de economia de água, de energia e de tempo, quando as características de engenharia hidráulica do projeto de irrigação estão em sincronia com os aspectos agronômicos inerentes as culturas, principalmente, com relação à capacidade de armazenamento da água no solo e da sua disponibilidade para as plantas. Um procedimento

4 A Física do Solo Aplicada à Irrigação: Metodologias para Otimização do Manejo de Água simples e exeqüível para aumentar a freqüência de irrigação é a incorporação sistemática de matéria orgânica na área de cultivo, prática indispensável no caso de solos com textura arenosa, pois melhora a estrutura do solo, aumentando a capacidade de armazenamento de água no ambiente das raízes. (Equação 7) Divergente da textura, a estrutura do solo é altamente dinâmica, podendo variar muito com o tempo em função das mudanças nas condições naturais ou com as práticas de manejo impostas pela ação antrópica (ANDRADE et al., 1998). Portanto, quando se utiliza a física do solo para manejar racionalmente a água de irrigação, é fundamental que a estrutura seja monitorada periodicamente para possíveis ajustes nas equações utilizadas nos procedimentos de cálculo.. Funções matemáticas aplicadas à física dos solos irrigados Com os estudos avançados envolvendo a água na física do solo, torna-se possível o cálculo do suprimento hídrico das culturas irrigadas, aplicandose resultados da análise textural (mecânica) do solo e se utilizando as funções quadráticas e hiperbólicas nas suas formas analíticas, para o cálculo dos teores de água no solo na capacidade de campo ( ) e no ponto de murcha permanente ( ), respectivamente. Arruda et al. (1997), citados por Andrade et al. (1998), obtiveram os melhores ajustes nos dados de física de solo, para o limite superior do teor de água disponível ou capacidade de campo ( ), com o modelo quadrático e para o limite inferior de água disponível ( ), com o modelo hiperbólico, apresentados analiticamente nas Equações 6 e 7, respectivamente. teor de água no solo a capacidade de campo (%); S+A soma de silte + argila (Equação 6) murcha permanente teor de água no solo no ponto de Para uma programação de irrigação com base nas propriedades texturais do solo e nas funções matemáticas dos modelos quadrático e hiperbólico, aplicados ao intervalo hídrico ótimo, o especialista precisa da densidade do solo (Ds) e substituir os valores de e de na Equação 1. Assim, a partir das constantes hídricas do solo e com base nas funções determinadas para cada solo, pode-se planejar facilmente a quantidade de água armazenada no solo e a que deve ser adicionada, em cada evento de irrigação. De acordo com Reichardt (1996), tanto a textura quanto a estrutura conferem ao solo um espaço poroso e um arranjo de partículas características que, dependendo do manejo, podem ser fundamentais para a conservação e/ou degradação do solo ou, por sua vez, afetarão, de alguma forma, suas propriedades hídricas, como curva de retenção de água no solo, limites de água disponível e condutividade hidráulica, todas fundamentais para a sua conservação e/ou degradação desse recurso natural de interesse para a irrigação e para a sustentabilidade hidroambiental. Conclusão A utilização da programação de irrigação com base na física do solo é uma metologia eficaz para o cálculo da quantidade de água necessária às culturas, que reverte em maior eficiência de irrigação com correspondente economia de agua, de energia e de mão-de-obra e em menor risco de degradação do solo. Referências Bibliográficas ANDRADE, C. de L. T. de; COELHO, E. F.; COUTO, L.; SILVA, E. L. da. Parâmetros de solo-água para a engenharia de irrigação e ambiental. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA

5 AGRÍCOLA, 27., 1998, Poços de Caldas, MG. Manejo de irrigação Anais... Lavras: UFLA/SBEA, 1998. p. 1 45. BARRETO, A.N.; AMARAL, J.A.B. do; SOUSA, E.F. Avaliação da demanda hídrica das culturas irrigadas: estudo de caso - algodão herbáceo, amendoim, girassol e coco. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 73). BARRETO, A. N; FACIOLI, G. G.; SILVA, A. A. da. Operação e manejo dos sistemas de irrigação. In: Barreto, A. N.; Silva, A. A. G. da; Bolfe, E. L. (Eds.).Irrigação e drenagem na empresa agrícola: impacto ambiental x sustentabilidade. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2004. cap.5, p.173-204. MARTINEZ BELTRÁN, J. Drenaje agrícola. Madrid: Ministério de Agricultura, Pesca y Alimentación, 1986. v.1. REICHARDT, K. Dinâmica da matéria e da energia em eossistemas. Paracicaba: USP/ESALQ, 1996. 505p. Comunicado Técnico, 298 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Algodão Rua Osvaldo Cruz, 1143 Centenário, CP 174 58107-720 Campina Grande, PB Fone: (83) 3315 4300 Fax: (83) 3315 4367 e-mail: sac@cnpa.embrapa.br 1 a Edição Tiragem: 500 Comitê de Publicações Presidente: Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão Secretária Executiva: Nivia M.S. Gomes Membros: Cristina Schetino Bastos Fábio Akiyoshi Suinaga Francisco das Chagas Vidal Neto José Américo Bordini do Amaral José Wellington dos Santos Luiz Paulo de Carvalho Nair Helena Castro Arriel Nelson Dias Suassuna Expedientes: Supervisor Editorial: Nivia M.S. Gomes Revisão de Texto: Nisia Luciano Leão Tratamento das ilustrações: Oriel Santana Barbosa Editoração Eletrônica: Oriel Santana Barbosa