SECÇÕES. Temas em Debate INTRODUÇÃO. Alguns dados biográficos

Documentos relacionados
BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: Uma Visão Holística e Interdisciplinar na Formação de Biomédicos

Bioética: das origens à prospecção de alguns desafios contemporâneos *

Reumatologista Conselheiro do CREMESP Doutor em Bioética

Bioética aos 40 anos: O encontro de um credo, com um imperativo e um princípio. Leo Pessini*

1º momento. Definição de Bioética

Bioética e Início da Vida. Alguns desafios. São Paulo. 34: B243b

DOSSIÊ. O que entender por bioética global? Leo Pessini 1

Humanidades e ciência:

IV Fórum Nacional de Ensino Médico

ÉTICA E BIOTECNOLOGIA

Ética e Bioética em Medicina do Trabalho

Bioética e Segurança Alimentar. José Roberto Goldim 2005

Bioética e Ética em Pesquisa

BIOÉTICA Paulo Fraga da Silva 1

Exame Fundação Médica do RS Bioética e Pesquisa. Bruna Pasqualini Genro

BIOÉTICA E BIODIREITO

BIOÉTICA. Prof. Fausto de Souza Aula 1: Introdução à Bioética Conceitos

Transformações sociais na Europa no século XVI. Revolução Francesa. Revolução Industrial. Revolução científica Reforma protestante

SECÇÕES. Atualidades. Declaração universal sobre bioética

Palavras-chave: bem-estar animal, bioética, revisão integrativa. Keywords: animal welfare, bioethics, integrative review.

ODONTOLOGIA LEGAL 17/03/2017. Enciclopédia de Bioética (1978) Colóquio da UNESCO (1975) Bioética

A postura americana e francófona do conceito de pessoa humana: Abordagens Bioética(s) em Engelhardt Jr e Lucien Sève

Uma Trajetória Conceitual da Bioética: da ética filosófica à ética aplicada num contexto interdisciplinar

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA BIOÉTICA.

Bioética: o novo caminho da ética em saúde. Bioethics: health ethics new way

Bioética: a fundamentação ecológica desde suas origens em Potter e Jahr

Edmund D. Pellegrino ( )

Direção da Faculdade de Saúde Faculdade de Comunicação

CAPÍTULO 1 O NASCIMENTO DA ÉTICA

9º ano 1º período / 2016 Equipe Biologia

Opoder das novas tecnologias de informação está influenciando a

Do principialismo (1979)

OS FUNDAMENTOS DA BIOÉTICA: um saber inter, multi e transdisciplinar

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia

CONHECIMENTO, REALIDADE E VERDADE

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia. Filosofia da Ciência Epistemologia da Ciência

SÓCRATES. Prof. David Alexandre

VII Congresso de Bioética de Ribeirão Preto

A Filosofia e a Sociologia: contribuições para a Educação

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E GESTÃO DO CONHECIMENTO EMPREENDEDORISMO. Prof. Dr. Daniel Caetano

PERSPETIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA BIOÉTICA NA UNIVERSIDADE DE LISBOA

BIOÉTICA E MEDICINA VETERINÁRIA

ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO

Bioética. POTTER: Ciência da sobrevivência humana numa perspectiva de promover e defender a dignidade humana e a qualidade de vida.

Biografia de Augusto Comte

FILOSOFIA RECAPITULAÇÃO

A ORIGEM DA FILOSOFIA

Universidade Pública na Formação de Professores: ensino, pesquisa e extensão. São Carlos, 23 e 24 de outubro de ISBN:

REFLEXÃO SOBRE A LEITURA CAPACITAÇÃO PARA COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA

Introdução a Ética e Bioética. Ética e Bioética em Saúde

UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO. Disciplina: Gestão Econômica e Obras Públicas Versão: 2011

A BIOÉTICA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO GRADUANDO DE ENFERMAGEM THE BIOETHICS AND ACADEMIC EDUCATION OF THE NURSING STUDENT

A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO RESPONSABILIDADE DE HANS JONAS NA PRÁTICA MÉDICA

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia

PROFESSOR MESTRE RAFAEL KASPER

Bioética. Marta Cristina Vieira Farias

Professor Ricardo da Cruz Assis Sociologia - Ensino Médio. Positivismo

ÁGUA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: VIVÊNCIA DE PROJETO INTERDISCIPLINAR NO MEIO ESCOLAR

Uma breve genealogia da bioética em companhia de Van Rensselaer Potter

POLÍTICA E LEGISLAÇÃO FLORESTAL

Gestão Ambiental MEIO AMBIENTE. Prof.ª Yngrid Nantes.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Filósofos Clássicos: Sócrates e o conceito de justiça

Mestrado Acadêmico em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde. Ementas 2016

TEMA: Ética, Responsabilidade e Consumo Sustentável: uma aproximação necessária

Professor Carlos Eduardo Foganholo

BIOÉTICA PROF. ARCHANGELO P. FERNANDES

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

Disciplina: Bioética, Bioproteção e Meio Ambiente e Biossegurança em Pesquisa

TEMA 8 A Importância da Comunicação Excelente

Psicologia da Educação I. Profa. Elisabete Martins da Fonseca

CURSO: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 2º PERÍODO

DECORAÇÃO DE INTERIORES

PERSPECTIVAS DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO.

PontodeAcesso, Salvador, v.8, n.1, p , abr 2014

Curso: A TOMADA DE DECISÃO (BIO)ÉTICA NA GESTÃO DAS IPSS E UNIDADES DE SAÚDE 1ª edição

Conceito de Moral. O conceito de moral está intimamente relacionado com a noção de valor

INTRODUÇÃO À BIOÉTICA

DO BIOPODER À BIOÉTICA

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Decreto-Lei nº 97/95. de 10 de Maio

ISSN: Editorial

A ANÁLISE DE ERROS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Autor: José Roberto Costa 1 (Coordenador do projeto)

Metodologia Científica

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

REFLEXÕES SOBRE UMA POLÍTICA AMBIENTAL NA UFRN

Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina Departamento de Saúde Comunitária

NIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

A Questão Ambiental PETER BERNSTEIN (1996) Direito Ambiental

ÉTICA, BIOÉTICA E SUSTENTABILIDADE: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES EM UM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇAO STRICTU SENSU

SOCIEDADE E INDIVÍDUO EM DISCUSSÃO

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média:

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Ecologia. Filosofia da Ciência Epistemologia da Ciência

A ESCOLHA PELO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

da Madeira, Senhoras e Senhores Juízes Conselheiros do Tribunal Constitucional, Entidades Convidadas, Minhas Senhoras e Meus Senhores,

A tradição é um conjunto de costumes e crenças que remonta tempos antigos, praticados por nossos antepassados transmitidos

CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARENTIANO. Pós Graduação em Filosofia e Ensino da Filosofia. Sergio Levi Fernandes de Souza RA:

Aula 3: O que é saúde? Saúde na adolescência Texto 1. O que é saúde?

Transcrição:

Temas em Debate Cabeça de Hygíea, filha de Esculápio, deusa protetora da saúde, atribuída à Scopas. Museo Nacional, Atenas. Esta Secção discute temas suscitados pela mídia envolvendo assuntos relacionados com a Bioética. O tema de hoje se relaciona ao falecimento de Van R.. Potter e a um debate freqüentemente implícito nas reflexões de Bioética. Potter foi um dos pais da Bioética e nela enfatizou os grandes desafios socioculturais advindos com a tecnologia. Foram claras suas preocupações com as diversas áreas de atuação humana na construção de um futuro digno e viável.outros insistiriam em colocar a Bioética mais associada com as questões éticas de Biomedicina. Vale a pena perceber tais divergências de enfoque no berço da Bioética. E ao mesmo tempo prestar uma homenagem a quem tanto contribuiu em seu surgimento. Marcio Fabri Um tributo à Potter no nascedouro da Bioética! INTRODUÇÃO Alguns dados biográficos Leocir Pessini No dia 6 de setembro de 2001, em Madison (WI-EUA), faleceu o oncologista norte-americano dr. Van Rensselaer POTTER (1911-2001). Foi ele quem, em 1970, cunhou o neologismo bioethics. Chamá-lo de pai da Bioética, como muitos o fazem, seria exagerado segundo alguns estudiosos na área da história da Bioética, e dizer que ele é somente autor do neologismo bioethics seria não fazer justiça com a estatura de sua pessoa como pesquisador e pioneiro da Bioética, já que acabou sendo marginalizado por seus compatriotas. Recebemos de sua neta Lisa Potter que trabalhou muito de perto com seu avô, no período de 1994/97, em publicações bioéticas e em conferências o seguinte comunicado que textualmente transcrevemos: Lamentamos informar que Van faleceu ontem ( 6/9), às 5h20 da tarde. Ele estava confortável e a família mantinha-se presente ao lado do leito. Eu segurava 149

sua mão quando exalou o último suspiro. Sei que ele sentiu o apoio e amor da família. Ele morreu logo após seu 90 o aniversário e teve a chance de ver muitos membros da família. Sentiremos muito sua falta. Potter, pouco tempo antes de sua partida, deixou uma mensagem final endereçada aos amigos da rede de Bioética Global, como ele a chamava. Nesta mensagem demonstra ressentimento pelo não-reconhecimento de seu trabalho em Bioética em seu próprio país. Agora, um pouco de história. Espero que minha memória me ajude. Por um longo período de tempo, 1978-1990, ninguém reconheceu meu nome e quis ser parte de uma missão. Nos EUA houve uma explosão imediata do uso da palavra bioethics pelos médicos, que falharam ao não mencionar meu nome ou o título das minhas quatro publicações. Infelizmente, a sua imagem de Bioética atrasou o surgimento do que existe hoje. Van Rensselaer Potter nasceu em 17 de agosto de 1911. Profissionalmente, foi bioquímico e bioeticistaoriginalquedevotousuacarreiracientífica na pesquisa do câncer, como professor de oncologia no laboratório McArdle para pesquisa de câncer, na Universidade de Wisconsin, em Madison. Em 1964, foi eleito presidente da Sociedade Americana de Biologia Celular; e em 1974, presidente da Associação Americana de Pesquisa em Câncer. Aposentou-se na universidade em 1982. O legado de POTTER Potter, que chamou a Bioética como ciência da sobrevivência humana, traçou uma agenda de trabalho para a mesma que vai desde a intuição da criação do neologismo, em 1970, até a possibilidade de ser encarada como uma disciplina sistêmica ou profunda, em 1988. Alguns lances mais importantes deste itinerário são interessantes de recordar, iniciando pela pergunta de como surgiu o neologismo bioética. Nos anos 1970/71, Potter cunha o neologismo bioethics utilizando-o em dois escritos. Primeiramente, num artigo intitulado Bioethics, science of survival, publicado em Persp. Biol. Med 14:27-153, em 1970, e em 1971 no livro Bioethics bridge to the future, editado por Englewood Cliffs: Prentice-Hall publicação que Potter dedicou a Aldo Leopold, renomado professor na Universidade de Wisconsin que pioneiramente começou a discutir uma Ética da terra. Na contracapa do seu livro Bioethics: bridge to the future, lemos: Ar e água poluída, explosão populacional, ecologia, conservação muitas vozes falam, muitas definições são dadas. Quem está certo? As idéias se entrecruzam e existem argumentos conflitivos que confundem as questões e atrasam a ação. Qual é a resposta? O homem realmente colocou em risco o seu meio ambiente? Ele não necessita aprimorar as condições que criou? A ameaça de sobrevivência é real ou trata-se de pura propaganda de teóricos histéricos? 150

Esta nova ciência, bioethics, combina o trabalho dos humanistas e cientistas, cujos objetivos são sabedoria e conhecimento. A sabedoria é definida como o conhecimento de como usar o conhecimento para o bem social. A busca de sabedoria tem uma nova orientação porque a sobrevivência do homem está em jogo. Os valores éticos devem ser testados em termos de futuro e não podem ser divorciados dos fatos biológicos. Ações que diminuem as chances de sobrevivência humana são imorais e devem ser julgadas em termos do conhecimento disponível e no monitoramento de parâmetros de sobrevivência que são escolhidos pelos cientistas e humanistas. Potter pensa a Bioética como uma ponte entre a ciência biológica e a ética. Sua intuição consistiu em pensar que a sobrevivência de grande parte da espécie humana, numa civilização decente e sustentável, dependia do desenvolvimento e manutenção de um sistema ético. Em 1998, ao olhar este primeiro momento de sua reflexão, Potter comenta: O que me interessava naquele momento, quando tinha 51 anos, era o questionamento do progresso e para onde estavam levando a cultura ocidental todos os avanços materialistas próprios da ciência e da tecnologia. Expressei minhas idéias do que, segundo meu ponto de vista, se transformou na missão da Bioética: uma tentativa de responder à pergunta que frente à humanidade indaga: que tipo de futuro teremos? E temos alguma opção? Por conseguinte, a Bioética se transformou numa visão que exigia uma disciplina que guiasse a humanidade como uma ponte para o futuro. Na introdução de seu livro Bioethics: bridge to the future, Potter diz que se existem duas culturas que parecem incapazes de dialogar as ciências e as humanidades e se isto se apresenta como uma razão pela qual o futuro se mostra duvidoso, então, possivelmente, poderíamos construir uma ponte para o futuro, construindo a Bioética como uma ponte entre as duas culturas. No termo bioética (do grego bios, vida, e ethos, ética) bios representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas vivos, e ethos representa o conhecimento dos valores humanos. Potter almejava criar uma nova disciplina em que acontecesse uma verdadeira dinâmica e interação entre o ser humano e o meio ambiente. Ele persegue a intuição de Aldo Leopold e, neste sentido, se antecipa ao que hoje se tornou uma preocupação mundial, que é a ecologia. É importante registrar que existe uma outra pessoa que reivindica a paternidade do termo bioética. É o obstetra holandês André Hellegers, da Universidade de Georgetown, em Washington, DC, que seis meses após a aparição do livro pioneiro de Potter, Bioética: a ponte para o futuro, utiliza esta expressão no nome do novo centro de estudos: Joseph and Rose Kennedy Institute for the Study of Human Reproduction and Bioethics. Hoje, este centro é conhecido simplesmente como Instituto Kennedy de Bioética. Hellegers animou um grupo de discussão de médicos e teólogos (protestantes e católicos) que viam com preocupação crítica o progresso médico tec- 151

nológico que apresentava enormes e intrincados desafios aos sistemas éticos do mundo ocidental. Para Reich, historiador da Bioética e organizador da Enclyclopedia of Bioethics (1 a edição em 1978 e 2 a, em 1995), o legado de Hellegers está no fato de que ele entendeu sua missão em relação à Bioética como uma pessoa ponte entre a medicina, a filosofia e a ética. Este legado é o que acabou se impondo nos últimos 25 anos, tornando-se um estudo revitalizador da ética médica. Portanto, no momento de seu nascimento, a Bioética tem uma dupla paternidade e um duplo enfoque. Diego Gracia fala de problemas de macrobioética, com inspiração na perspectiva de Potter, e de problemas de microbioética ou bioética clínica, com clara inspiração no legado de Hellegers. Potter não deixou de expressar sua decepção em relação ao curso que a Bioética seguiu. Reconheceu a importância da perspectiva de Georgetown, porém afirmou que minha própria visão da Bioética exige uma visão muito mais ampla. Pretendia que a Bioética fosse uma combinação de conhecimento científico e filosófico (o que mais tarde chamou de Global Bioethics.) e que não fosse simplesmente um ramo da ética aplicada, como vem sendo entendida em relação à Medicina. Em 1988, Potter amplia a Bioética em relação a outras disciplinas, não somente é ponte entre a biologia e a ética mas é uma ética global. Diz Potter: Tal sistema (a implementação da Bioética Ponte) é a Bioética Global, embasada em intuições e reflexões fundamentadas no conhecimento empírico proveniente de todas as ciências, porém, em especial, do conhecimento biológico... Na atualidade, este sistema ético proposto segue sendo o núcleo da Bioética Ponte com sua extensão para a Bioética Global, em que a função de ponte exigiu o encontro da ética médica com a ética do meio ambiente numa escala mundial para preservar a sobrevivência humana. Em 1998, Potter expõe a idéia da Bioética Profunda, retomando o pensamento do prof. Peter Whitehouse, da Universidade de Cleveland (Ohio). O prof. Whitehouse assumiu a idéia dos avanços da biologia evolutiva, em especial o pensamento sistêmico e complexo que comporta os sistemas biológicos. A Bioética Profunda pretende entender o planeta como grandes sistemas biológicos entrelaçados e interdependentes, em que o centro já não corresponde ao homem como em épocas anteriores, mais que a própria vida o homem é somente um pequeno elo da grande rede da vida, parafraseando Capra. Ainda em 1998, Potter assim se expressava: À medida que chego ao ocaso de minha experiência, sinto que a Bioética Ponte, a Bioética Profunda e a Bioética Global alcançaram um umbral de um novo dia que foi muito além daquilo que imaginei. Sem dúvida, necessita recordar a mensagem do ano de 1975, que enfatiza a humildade com responsabilidade como uma bioética básica que logicamente segue de uma aceitação de que os fatos probabilísticos, ou em parte a sorte, têm conseqüências nos seres humanos e nos sis- 152

temas viventes. A humildade é a conseqüência característica que assume o posso estar equivocado e exige a responsabilidade para aprender da experiência e do conhecimento disponível. Concluindo, o que lhes peço é que pensem a Bioética como uma nova ética científica que combina a humildade, responsabilidade e competência, numa perspectiva interdisciplinar e intercultural, e que potencializa o sentido da humanidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Reich WT. The word bioethics : its birth and the legacy of those who shaped it. Kennedy Institute of Ethics Journal, 1994; 4: 319-35. 2.. The word bioethics : its birth and the legacies of those who shaped it. Kennedy Institute of Ethics Journal, 1995; 5:19-34. 3. Potter VR. Bioethics: bridge to the future. Englewwod Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1971. 5.. Fragmented ethics and Bridge Bioethics. Hastings Center Report, 1999; 29(1): 38-40. 6.. Bioética Global: necessidade para a sobrevivência humana. In: Pessini L, Barchifontaine CP. Problemas atuais de Bioética, 5 ed. São Paulo: Loyola, 2001: 348-55. 7.. Whitehouse. Deep and global bioethics for a livable third millenium. The Scientist. 1998; 12 (1): 9. 4.. Global Bioethics: building on the Leopold legacy. East Lansing, Michigan: Michigan State University Press, 1988. LEOCIR PESSINI Doutor em ética teológica; membro do Board of Directors da Sociedade Internacional de Bioética como representante brasileiro; vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética. 153