1 DIREITO ADMINISTRATIVO PONTO 1: a) PODER ADMINISTRATIVO: PODER NORMATIVO/REGULADOR/REGULATÓRIO PONTO 1: b) PODER HIERARQUICO, DISCIPLINAR PONTO 2: a) PODER DE POLÍCIA PODER ADMINISTRATIVO: em que pese a palavra poder dar a impressão de se tratar de uma faculdade, trata-se na realidade uma obrigação, um dever imposto à Administração Pública, e por isso poder-dever ou dever-poder, na busca do bem estar da coletividade. Quando negativo surge ABUSO DE PODER: É igual a dizer que o ato foi ilegal. Subdivide-se em: Excesso de poder: encontra-se quando o vício está na competência. O agente extrapola essa competência. Ex: fiscal aplica multa acima do que poderia. Quando o agente exerce competência que não é sua. Desvio de poder: desvio de finalidade, ou seja, o ato é emitido com outros fins que não o interesse público. Tradicionalmente encontramos 6 poderes: normativo, hierárquico, vinculado, discricionário, disciplinar e de polícia; há uma reflexão se o vinculado e discricionário seriam poderes. (Maria Sylvia diz que são características de poderes já existentes). (Celso Antonio diz que não é propriamente poder). O professor i entende: falar desses dois poderes é um paradoxo (poder vinculado). ** Poder vinculado e discricionário serão abordados mais detalhadamente em atos administrativos. PODER NORMATIVO/REGULADOR/REGULATÓRIO: inicialmente só era poder regulamentar. Só quem o exercia era o chefe do executivo. Mas às atribuições foram aumentando e foram sendo delegadas. Atualmente, a doutrina distingue poder normativo e regulamentar, não há, propriamente, uma distinção, há sim uma especificidade a ser apontada. NORMATIVO = dentro deste grande poder existe uma fatia chamada de poder REGULAMENTAR, exercida, exclusivamente, pelo chefe do executivo (governador, prefeito, presidente); as demais entidades exercem outra grande parte do poder normativo MINISTROS, CONSELHOS, CONAMA, CONTRAN, AGÊNCIA REGULADORAS. O Chefe do executivo exerce seu poder regulamentar através do DECRETO. Enquanto as outras autoridades exercem seus poderes através de outros atos, PORTARIAS, RESOLUÇÕES, INSTRUÇÕES NORMATIVAS. ---- o foco para concurso é o PODER REGULAMENTAR, mas que pode ser exercidos pelos demais órgãos em alguns casos.
2 PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO: atos emitidos pelos agentes público para dar fiel execução à lei, traduzindo e explicando lei. Art. 84, inc. IV 1, CF. Existe a figura da lei, que precisa de regulamentação através de um decreto, por exemplo. Decreto para dar execução à lei denominada DECRETO DE EXECUÇÃO: não pode ser extra legem, contra legem, deve estar submetido à lei ( secudum legem ). O Decreto de Execução diminui a liberdade (discricionariedade). O Decreto cria uma uniformidade de procedimentos, padrão de conduta. A partir de 2001 se admite outra espécie de DECRETO denominado DECRETO AUTÔNOMO/INDEPENDENTE não há a figura da LEI, parte diretamente da CONSTITUIÇÃO. ART. 84, INC. VI 2 CF. 2 hipóteses: Exceção ao princípio das formas _ Para extinção de cargos ou funções quando vagos. Para organização e funcionamento da administração, desde que não haja aumento de despesa, nem a criação ou extinção de órgãos públicos é o simples readequar. Decreto autônomo antes de 2001, (Eli Lopes já entendia que existia antes de 2001) sempre que a CF exigisse Lei, e esta Lei não tivesse sido emitida pela casa legislativa; ainda, esta omissão legal impedia uma atribuição do executivo, o Poder Executivo poderia emitir um decreto. Art. 49, inc. V 3 CF casos em que exorbita o poder regulamentar é possível sustar. Caberia ADI de DECRETO AUTÔNOMO? Caberia. Para execução, teoricamente, não cabe ADC e sim ação de ilegalidade, se fosse o caso. Os Tribunais estão aceitando ADI para tudo, decreto autônomo, execução etc. JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO diz que ação autônoma, quando extingue cargos vagos não é autônomo, pois não interfere no direito das pessoas, já que não há pessoas em sendo os cargos vagos. (a posição do autor é isolada). 1 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; 2 VI - dispor, mediante decreto, sobre:(redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 3 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
3 CONTRAN regulamentou a hipótese de multa inserida no CPC. PODER HIERÁRQUICO: para estruturar, organizar, criar órgãos, distribuir funções e escalona-los. A figura da desconcentração está inserida no poder hierárquico. Não existe hierarquia entre Senado e a Câmara, entre 1ª e 2ª instância. *São decorrências do poder hierárquico: *Poder de chefia (dar ordens aos subordinados e exigir o cumprimento dessas ordens), que levam aos atos ORDINATÓRIOS: são verdadeiras ordens dadas no âmbito interno, exigindose o cumprimento. Esse âmbito interno é endógeno (a administração se autorregulamenta e estrutura). *Poder de SUPERVISIONAR, FISCALIZAR (internamente) E COORDENAR *AUTOCONTROLE/REVISÃO: Anular atos ilegais e revogar inconveniente e inoportunos. *EXERCÍCIO DE DELEGAÇÃO E AVOCAÇÃO DE COMPETÊNCIA - Lei 9784/99 art. 12-15 4. requisito: não haver impedimento legal. Ideia de privativo e exclusivo, para o Direito administrativo se confunde, não é como em constitucional. 4 Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial. 1 o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. 2 o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. 3 o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
4 Pode-se delegar tanto na vertical como horizontal (órgão de mesmo nível). Quando conveniente. (em razão de índole, exclusivamente econômicas, jurídica, social, técnicas ou territoriais). 3º - As decisões adotadas por delegação devem mencionar, explicitamente, esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado. (é importante esta informação para averiguar questão de foro privilegiado ou não). Art. 84, ú CF atribuições que podem ser delegas. Art. 15 Lei 9784 importa a subordinação hierárquica. É possível avocar parte de competência, mas somente de órgão hierarquicamente subordinado. É mais restrita. Tanto delegação quanto avocação são decorrência do poder hierárquico. (Maria Sylvia diz que o poder disciplinar também seria decorrência do poder hierárquico). O poder disciplinar é tão complexo que é estudado autonomamente. O poder disciplinar é decorrência do poder hierárquico. PODER DISCIPLINAR: atribuição conferida à Administração Pública para apurar infrações administrativas praticadas por agentes públicos ou demais pessoas submetidas à disciplina administrativa e aplicar as respectivas sanções disciplinares se for o caso. Ex: PAD ou Medida de Segurança. Demais pessoas submetidas à disciplina administrativa ex: aluno matriculado em Universalidade Estadual, que frauda provas, notas, poderá, se descoberto, sofrer um processo que poderá cominar sua expulsão. Essa expulsão é o próprio exercício do poder disciplinar. Ex2: Contratado que descumpre com a lei 8666 e sofre um PAD. = Sempre que se sofrer penalidade de vínculo especial, de elo próximo à administração pública, estarará sofrendo a punição em decorrência de poder disciplinar; que difere da punição do poder de polícia. Como se dá o exercício do poder disciplinar? É vinculado, obrigatório. Art. 143 5 da 8112/90. Art. 198 6 LC Estadual 10098/94. O início é vinculado, mas a condução pode ser tanto discricionário quanto vinculado. Qualquer processo precisa ser escrito e assegurado contraditório e ampla defesa. Talvez se for em PAD terá toda a tramitação vinculada, pois em lei há todo o procedimento estipulado, prazos, atos etc. A liberdade do gestor é praticamente zero. Se for sindicância é difícil precisar se é totalmente vinculada, a Lei 8112 é sumária, pois começa pelo fim por ser muito rápida. O procedimento na sindicância não traz toda a tramitação clara em lei. Art. 132 7 lei 8112 (hipóteses de demissão) exemplo de PAD vinculado. Quando há alternativa para o gestor, temos hipótese de discricionariedade. 5 Art.143.A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. 6 Art. 198 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público estadual ou prática de infração funcional é obrigada a promover sua apuração imediata, mediante meios sumários ou processo administrativo disciplinar, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de se tornar co-responsável, assegurada ampla defesa ao acusado. 7 Art.132.A demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública;
5 PODER DE POLÍCIA: poder conferido ao gestor público para impor limites, freios, condicionamentos, no exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade e do próprio Estado. A supremacia do interesse público sobre o privado fica muito evidente. Há, diretamente, a interferência do Estado na liberdade do indivíduo. Advém de uma lei. Não é exclusivo do executivo. PODER DE POLÍCIA EM SENTIDO AMPLO: _ exercido pelo Legislativo e Executivo. PODER DE POLÍCIA EM SENTIDO ESTRITO: somente pelo Executivo. O poder de polícia permite, somente, a cobrança de TRIBUTO - TAXAS. ART. 145, INC. II 8 CF E ART. 78 9 CTN. II - abandono de cargo; III - inassiduidade habitual; IV - improbidade administrativa; V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI - insubordinação grave em serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; XI - corrupção; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. 8 Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 9 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966) Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
6 Há duas áreas de atuação do poder de polícia: _ POLÍCIA ADMINISTRATIVA: o poder de polícia está inserido somente nesta modalidade. É, eminentemente, preventiva, mas também pode aparecer de forma repressiva. Age sobre atividades, bens, serviços. Age antes do ilícito penal (não quer o ilícito). O âmbito de atuação é a função administrativa. Ex: órgão de licenciamento, EPTC (ela pode exercer poder polícia? Será abordado em outra aula). Alguns manuais, mais modernos, não trazem mais a expressão poder de polícia, mas sim polícia administrativa. A polícia federal emite porte de arma, passaporte, nesse caso, agindo como polícia administrativa. Temos também, como exemplo, a polícia rodoviária. _ POLÍCIA JUDICIÁRIA: não existe exercício do poder de polícia no judiciário. É exclusivamente repressiva. Age sobre a pessoa. Pós-ilícito penal praticado. O âmbito de atuação é a função jurisdicional. Ex: polícia civil. Quando a polícia federal atua em investigações criminais está atuando como polícia judiciária. _ POLÍCIA PARA MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA: responsável pelo policiamento ostensivo. Sendo exclusivamente preventiva. Atribuição exclusiva das corporações militares. Ex: polícias militares. Se um criminoso rouba, é atribuição da polícia civil buscá-lo, na prática, pegam o criminoso e levam para a delegacia. Pode exercer poder de polícia. Ex Patran (emite auto de infração). ***Art. 144, 8º 10 CF Guarda municipal é discutido se exerce ou não poder de polícia. Segundo o professor, a Guarda municipal não exerce este poder, protege os bens da coletividade. Talvez uma subutilização do poder de polícia. _CICLO DE POLÍCIA: (DIOGO DE FIGUEIREDO M. NETO) *Norma de polícia: _ amplo _ estrito * consentimento de polícia: _ licença _ autorização * fiscalização de polícia * sanção de polícia Atributos do poder de polícia imperatividade, autoexecutoriedade, exigibilidade, discricionariedade. i BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 10 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
7 SANTANNA, Gustavo da Silva. Direito Administrativo: Série objetiva. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2011.