INDICADORES GEOMORFOLÓGICOS E SEDIMENTOLÓGICOS NA AVALIAÇÃO DA TENDÊNCIA EVOLUTIVA DA ZONA COSTEIRA. (Aplicação ao concelho de Esposende)

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Transcrição:

INDICADORES GEOMORFOLÓGICOS E SEDIMENTOLÓGICOS NA AVALIAÇÃO DA TENDÊNCIA EVOLUTIVA DA ZONA COSTEIRA (Aplicação ao concelho de Esposende) Eduardo Jorge Santa Marinha Loureiro

I-INTRODUÇÃO II- DINÂMICA DA ZONA COSTEIRA DO MINHO NUMA PERSPECTIVA GEOLÓGICA-HISTÓRICA (MEGA-MACRO ESCALA) III- MIGRAÇÃO PARA O INTERIOR E EMAGRECIMENTO DAS PRAIAS (MESO-ESCALA) IV- OCUPAÇÃO E VULNERABILIDADE A RISCOS COSTEIROS E OUTROS (MESO-MICRO ESCLA)

I- INTRODUÇÃO Na zona costeira de Esposende tem-se assistido, nos últimos anos, à migração das praias para o interior, ao recuo do cordão dunar e à gradual substituição das praias arenosas por praias de seixos, cuja permanência é, agora, constante no segmento costeiro a norte do rio Cávado. Apúlia

A partir de 1996, as praias arenosas a norte da foz do Cávado vão perdendo areia e dando lugar a praias de seixos. Este processo, iniciado na praia de Belinho, tem progredido gradualmente para sul, estendendose, actualmente, até à praia de Esposende (zona da Redonda). Belinho 2007 Apúlia Mar-Belinho 2003 Redonda-Cepães 2007

Face ao exposto, surgem as seguintes questões: OBJECTVOS Porque aparece tão grande volume de seixos nas praias entre os rios Neiva e Cávado? Haverá uma relação directa entre o emagrecimento das praias e o aparecimento de tão grande volume de seixos? Como explicar o aparecimento dos seixos tanto em praias protegidas pelos afloramentos rochosos como em praias mais abertas? Onde se situam as actuais fontes sedimentares das praias (areias e seixos) e qual a sua origem? Qual a tendência evolutiva das praias desta faixa costeira? Conhecer em que medida os factores e processos ocorridos no passado (mega-macro escala) permitem encontrar respostas para a actual dinâmica na zona costeira e sua tendência futura. Compreender o contributo dos factores, de origem natural e antrópica, que actuam, a uma meso-escala, no processo de migração das praias. Identificar as zonas de vulnerabilidade a riscos costeiros e outros (a meso e micro-escala) da zona costeira de Esposende

II- DINÂMICA DA ZONA COSTEIRA DO MINHO perspectiva geológico-histórica (mega-macro escala) Carta geomorfológica de Esposende (Carvalho et al., 2006). Factores: Clima; A Variações do nível do mar; Neotectónica.

II- DINÂMICA DA ZONA COSTEIRA DO MINHO PERSPECTIVA GEOLÓGICO-HISTÓRICA (MEGA-MACRO ESCALA) Nos últimos anos (1995 a 2011) a forte erosão das praias arenosas e o recuo das arribas têm colocado a descoberto diferentes depósitos sedimentares (geoindicadores de mudanças climáticas e do nível do mar). Ao mesmo tempo, verifica-se um aumento da área de exposição da plataforma rochosa de abrasão. Crista de seixos R Moínhos F. Neiva Mar

III- MIGRAÇÃO PARA O INTERIOR E EMAGRECIMENTO DAS PRAIAS (MESO-ESCALA) Factores e processos actuantes na migração e erosão das praias (a meso-escala) Factores naturais: balanço sedimentar (fontes e perdas); processos costeiros (ondas; sobreelevação de tempestade; correntes costeiras ; marés e correntes de maré; correntes de retorno; ventos). Praia de Mar, 1999 Factores antrópicos: barragens e outras intervenções nas bacias hidrográficas; destruição e/ou degradação da orla costeira; obras de engenharia costeira Hotel Ofir Praia de Mar, 2000 Esporão Ofir

Profile 1 METODOLOGIA - Caracterização da morfologia da praia - Análise de cartas topo-hidrográficas - Levantamentos topo-hidrográficos - Determinação do índice de vulnerabilidade morfológica - Determinação dos parâmetros hidrodinâmicos - Determinação dos parâmetros morfodinâmicos - Amostragem de sedimentos da praia. a Profile 1 berma de seixos a overwash zone a berma arenosa Profile 2 1994 Profile 2 a a Profile 3 Profile 3 2004 Determinação da embricação

Morfodinâmica das praias da zona costeira de Esposende Foz do Neiva Foz do Neiva Antas Antas Belinho Belinho Mar MarRio de Moínhos Rio de Moínhos Cepães Cepães Foz do Cávado Foz do Cávado Esposende Esposende Apúlia Apúlia Bonança Bonança Pedrinhas Pedrinhas Cedobem Cedobem Segmentos costeiros Segmentos costeiros Apúlia Apúlia Ramalha Ramalha A zona costeira de Esposende ( NO de Portugal ), segundo a terminologia de Davis e Hayes (1984), é de energia mista, dominada pela onda e pela maré. A maré é mesotidal, com um regime do tipo semi-diurno, apresentando uma amplitude máxima de preia-mar de 3.9m e uma amplitude mínima de baixa-mar de 0.2m (dados do Instituto Hidrográfico da Marinha, 2004). A deriva litoral é de norte para sul, estando invertida em alguns sectores como consequência da presença de afloramentos rochosos ou de bancos de rebentação ( como os do delta de vazante na foz do Cávado), que refractam e difractam a ondulação dominante de NO. Também a presença de esporões e de enrocamentos contribui para provocar alguma interferência no padrão geral de circulação.

Parâmetros da ondulação Declividade (H b /L 0 ) Altura (m) 1982 1982 1983 1984 1984 1985 1993 1994 1994 1996 1995 1996 1997 1997 1998 1998 1999 1999 2000 2001 2001 2002 2002 2003 2004 2003 Período (s) 2004 Entre 2001 e 2004, a média da altura significativa e do período mostrou importantes variações anuais e sazonais. Apesar da escassez de dados, as pequenas variações da altura das ondas ao quebrarem e da declividade da ondulação incidente podem contribuir para explicar as mudanças de comportamento da praia. 3,0 10 O escalão de alturas significativas mais frequente foi de 1 a 2 m (43% das ocorrências totais). 2,5 2,0 Durante o ano de 2002 ocorreram as situações de agitação marítima mais intensa, isto é, ocorrência de ondas com Hs > 3m durante 106 dias do ano e Ts > 12s durante 88 dias do ano. 1,5 1,0 0,5 0,0 5 0 Durante o Inverno (2.6m) e o Outono (2.5m) os valores médios da altura das ondas excederam em cerca de 1m os valores registados no Verão e na Primavera. 0,025 Anos Altura significativa (m) Período (s) A altura máxima das ondas foi observada em Outubro de 2003 (9.2m) e em Fevereiro de 2002 (7.4m). 0,020 0,015 0,010 0,005 0,000 Anos Parâmetros estatísticos da agitação marítima, entre 1982 e 2004.

1) Praia Foz do Neiva Altura (m) Zona do perfil 2001 Esporão 1999 10 base da arriba 8 crista da berma 6 4 2 MSL 0 0 20 40 60 80 100 Eixo Este-O este (m) 2007 Fev-01 Mar-02 Abr-03 Jun-04 1994 Evolução morfológica ao longo do perfil transversal da praia.

Altura (m) 2) Belinho-Mar 1996 Belinho (zona da duna grande), 1997 Foz do Neiva Belinho (zona da duna grande), 2007 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 estaca MSL crista da duna base da arriba crista da arriba 0 0 20 40 60 80 100 120 h Eixo Este-O este (m) afloramentos rochosos 1994 Mar-02 Abr-03 Jun-04 Evolução morfológica ao longo do perfil transversal na zona da duna grande. Entre 1994 e 2002, a crista da arriba apresentou um recuo de 30m.

Altura (m) 3) Mar- Rio de Moínhos Praia de Mar, 1999 Mar, 1996 perfil Evolução morfológica ao longo do perfil transversal da praia de Mar. 2004 8 base da arriba berma arenosa perfil 6 4 3m 2 MSL 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Eixo Este-Oeste (m) 2001 2002 2003 2004 1994

Altura (m) 4) Rio de Moínhos-Cepães Foz do Neiva Antas Rio de Moínhos,1999 Belinho Mar 2004 Rio de Moínhos Cepães Esposende Evolução morfológica ao longo do perfil da praia Suave Mar. 12 10 8 6 4 limite superior da berma crista da berma Ofir Bonança Cedobem 2 0 MSL 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Eixo Este-O este (m) 2001 2002 2003 2004 1994 Apúlia Ramalha

Altura (m) 4) Foz do Cávado- Restinga de Ofir Perfil representativo do prisma de maré entre 1991 e 2004. Novembro, 2004 208290 208202 208120 2 quebramar Extremidade N da restinga 0 MSL 0 50 100 150 200-2 -4-6 -8 banco arenoso Eixo N- S (m) Zona de ruptura em 2006 1991 1992 2001 (a) 2001(s) 2002 2003 Jun-04 ÁREA MÍNIMA DA SECÇÃO DO CANAL (m 2 ) PRISMA DE MARÉ (x 10 6 m 3 ) 8,6 62 212 752 422 325 173 145 4,6 3,4 2,1 1,7 1,4 0,55 1991 1992 2001(a) 2001(s) 2002 2003 2004 1991 1992 2001(a) 2001(s) 2002 2003 2004

Altura (m) Altura (m) Evolução morfológica ao longo do perfil longitudinal (N-S) da extremidade N da restinga de Ofir. estaca 207738 207901 70m Er4 10 B Foz do Neiva Antas 8 6 4 2 MSL Belinho Mar Rio de Moínhos 0 B' 0 100 200 300 400 500 600 Extremidade da Restinga N Dez-01 Mar-02 Mai-03 Er2 Jun-04 Dez-04 Cepães Esposende 12 10 1 2 8 6 4 Ofir Bonança 2 0 MSL 0 50 100 150 200 Eixo Este-O este (m) Cedobem Set-01 Dez-02 Jun-03 Jun-04 Evolução morfológica ao longo dos perfis transversais da praia. Variações anuais e sazonais da berma da praia e da face da praia. (1- limite da duna frontal; 2- crista da berma) Apúlia Ramalha

Altura (m) Altura (m) 5) Bonança- Cedobem-Apúlia Evolução morfológica ao longo dos perfis transversais da praia. Foz do Neiva Antas 10 Base da arriba Perfil intermédio 8 Belinho 6 Mar 4 2 MSL Rio de Moínhos 0 0 50 100 150 Cepães Eixo Este-O este (m) 02-Mai 03-Jun 04-Jun Esposende 10 Base da arriba Base da arriba Perfil Moínho 8 6 Ofir 4 2 0 MSL 0 20 40 60 80 100 Moínho Bonança Eixo Este-O este (m) Cedobem Jan-02 Jun-03 Nov-04 perfil Apúlia Apúlia Janeiro/2002 Ramalha

DISCUSSÃO Balanço sedimentar (2001 e 2004) (* 2003/2004; ** 2002/2004) Este sector constitui um bom exemplo da rápida evolução da faixa costeira. Numa década assiste-se à mudança de extensas praias arenosas, relativamente planas (dissipativas), para praias de seixos e outros cascalhos, com elevado declive (reflectivas). Qual a causa ou causas, da perda de areia destas praias e da mudança de comportamento dissipativo para reflectivo? N Praias de seixos -200-150 -100-50 0 50 As mudanças das características da Balanço sedimentar anual (m 3 /m) agitação marítima? Nos últimos 20 anos os dados disponíveis do IH não revelaram mudanças significativas. Foz do Neiva Barca Belinho (a) Belinho (b) Belinho (c) Mar Rio Moínhos Cepães Cepães (d) Esposende Extremidade Restinga Restinga Ofir (**) Ofir-Pedrinhas (**) Pedrinhas (**) Apúlia (*) Foz do Neiva Antas Belinho Mar Rio de Moínhos Cepães Esposende Ofir Deplecção da areia? Certamente que sim, especialmente se considerarmos a ausência de fontes supletivas significativas actuais, incluindo as da plataforma continental interna. Mas, então, para onde vai a areia das praias? O volume de areia retido, pelas obras de engenharia transversais e no estuário e foz do Cávado, não é suficiente para explicar as elevadas perdas que se têm verificado nas praias a N de Esposende. Pedrinhas Apúlia

Segundo, os parâmetros morfodinâmicos obtidos e as observações de campo podemos compartimentar as praias da zona costeira de Esposende em quatro tipos morfodinâmicos ( Wright e Short, 1984): Tipo II- Praia intermédia a dissipativa Praia Suave Mar, Esposende (2004). Tipo IV- Praia reflectiva Belinho (2007). Foz do Neiva Belinho Mar Rio de Moínhos Cepães Esposende Tipo I-Praia dissipativa Praia de Ofir (2003). Esporão curvo Tipo III- Praia intermédia Cepães (2007). Ofir Pedrinhas Apúlia

Recuo das arribas Entre 2001 e 2004, a taxa de recuo nas praias arenosas foi de 2m/ano enquanto que nas praias de seixos foi de 1m/ano. No entanto, nas zonas de galgamento de Belinho, Mar e Rio de Moínhos a taxa de recuo foi mais elevada (de 30m nas duas primeiras e de 8 na última). Belinho, 1994 Outubro de1997 Duna grande Duna grande 2007 Novembro de 2006 Rio de Moínhos Zona de galgamento Rio de Moínhos Zona de galgamento Junho de 2004 Junho 2007

DUNAS LITORAIS Recuo das arribas Ecossistemas únicos onde há elevada biodiversidade Foz do Neiva - 2009 Março, 2010 Setembro, Janeiro, 2010 9 de Junho, 2010 FEVEREIRO, 2011

Altura (m) Altura (m) 8 Galgamentos Restinga de Ofir Junho de 2004 90m 6 perfil 4 2 MSL 0-2 0 50 100 150 200 250 300 350 400 (mar) (rio) Eixo Este-O este (m) Dez-01 Mar-02 Mai-03 Jun-04 Dez-04 Rio de Moínhos, Maio de 2007 Fevereiro de 2006 (7.5m) (2.4m, valor em Maio) perfil 140 m Rio de Moínhos (Zona de galgamento) 12 crista da duna 10 8 base da arriba 6 4 2 MSL 0 0 20 40 60 80 Eixo Este-Oeste (m) Abr-03 Jun-04 Mai-07 Rio de Moínhos- segundo a escala de impacte de tempestades (Sallenger et al., 2003, em Matias A., 2006), o galgamento (2007) é do tipo collision regime, onde RH/DH < 1 (0.8). A areia perdida, por erosão, da praia e da duna é transportada para o largo ou ao longo da costa, não sendo posteriormente reposta durante condições de bom tempo, pelo que não há recuperação do cordão dunar.

Índice de vulnerabilidade (Ív) FNeiva Barca Belinho (a) Belinho (b) Belinho (c) Mar R Moínhos Cepães (d) Cepães Esposende Extr.restinga Restinga Ofir Ofir-Pedrinhas Pedrinhas Apúlia Índice de vulnerabilidade morfológica das praia (Ferreira, 1998) Os valores médios do índice de vulnerabilidade apresentam uma tendência crescente de norte para sul, isto é, o comportamento frágil (menos resiliente) da praia atinge valores mais elevados nas praias a sul da foz do Cávado, enquanto que, a norte desta, as praias de seixos apresentam um comportamento robusto (mais resiliente). Factores que contribuíram para a menor vulnerabilidade das praias: -a presença de uma crista de seixos na berma da praia paralela à duna frontal; - o aumento da área de exposição de afloramentos rochosos na praia; - a presença de praias em cunha a barlamar dos esporões Foz do Neiva Antas Belinho Mar Rio de Moínhos Cepães Esposende 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 N comportamento robusto comportamento frágil Ofir Pedrinhas Comportamento frágil Apúlia Ramalha

Graus de risco Com base na morfologia da praia, presença ou ausência de dunas e urbanizações nas praias, definiu-se o nível de risco de cada um dos segmentos costeiros face à ocorrência de tempestades perfil

Apoio de praia CONCLUSÕES 1º Possíveis explicações para a substituição das areias por seixos nas praias situadas entre o Cávado e o Neiva Perda de sedimentos arenosos por transporte longilitoral (N-S) e transversal; - Depleção de sedimentos arenosos na plataforma interna submersa; - Insuficiência de fontes supletivas actuais significativas; - Subida do nível do mar; - Maior frequência de temporais. 2º Possíveis fontes dos seixos das praias - A sua origem está relacionada com a presença dos afloramentos paleozóicos emersos conhecidos e, possivelmente, com outros da zona submersa; 2004 - Desmantelamento, principalmente durante os períodos de temporal, de depósitos (anteriores à Pequena Idade do Gelo) existentes na pré-praia e na praia; - Transporte da plataforma interna para a praia;

3º Caracterizar a morfodinâmica das praias - As praias desta zona costeira são do tipo dissipativo, intermédio e reflectivo. - Em situações de temporal, as praias apresentam características dissipativas de curta duração, evoluindo depois para estados reflectivos (Belinho) e intermédios (Esposende); Apresentam um padrão dominante de erosão, o qual é mais elevado nas praias arenosas (comportamento frágil); - Sazonalmente, as praias arenosas (intermédias) apresentam um padrão de acumulação, manifestado pela presença de bancos arenosos intertidais e por pequenos tômbolos nas zonas protegidas pelos afloramentos; - As praias de seixos, após os períodos de tempestade, apresentam um padrão de acumulação; As praias com crista de seixos na base do cordão duna, apresentam maior resiliência (comportamento robusto). 4º Tendência evolutiva das praias desta faixa costeira A conjugação de diferentes factores, tais como 1) a inexistência de fontes supletivas actuais significativas, 2) a ctual subida do nível médio do mar, 3) e uma intervenção antrópica incorrecta, estarão, certamente, na origem do elevado défice sedimentar registado. Neste contexto, a tendência futura na faixa costeira de Esposende será de: erosão muito acentuada, perda de areias, recuo das arribas e continuação da migração das praias para o interior. Nos casos em que a ante-praia está edificada não há possibilidade de ajuste da praia pelo que esta tenderá a desaparecer.

RECOMENDAÇÕES Para minimizar os impactes da erosão e da migração das praias para o interior, a manutenção de paliçadas bem orientadas, assim como a limpeza das linhas de água que desaguam na praia, dariam um contributo importante para a conservação do cordão dunar, o qual funciona como uma defesa natural contra as investidas do mar. Relativamente à ocupação e uso da faixa costeira e áreas adjacentes, deverá: - evitar-se uma expansão urbana desordenada; - impedir-se a edificabilidade em zonas vulneráveis e de risco; - contrariar-se a construção de mais obras de engenharia; - sempre que possível, recorrer-se a soluções leves e amigas do Ambiente work with Nature; - promover-se e aumentar-se a biodiversidade e alargar e cuidar de áreas naturais especiais (sistemas praiaduna, estuários do Cávado e Neiva, e sapais); - preservar-se os terrenos com importância ecológica e promover agricultura e silvicultura sustentáveis; - proceder-se, regularmente, à limpeza e desobstrução das linhas de água, melhorando a sua capacidade de escoamento e diminuindo a ocorrência de rupturas no cordão dunar. Relativamente à foz do Cávado, deverá proceder-se: ao desassoreamento da barra e do estuário, à recuperação do quebra-mar na foz do Cávado (para evitar a entrada de areias para a barra) e à execução de uma abertura na parte norte do molhe de protecção do rio Cávado (para permitir uma melhor circulação da água no interior do estuário e no canal principal da barra). Quanto à restinga, minimizar a sua erosão, procedendo a uma realimentação periódica com areias dragadas da barra e do estuário e impedir novas construções.

Galgamentos

2011 2004

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