INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS TATIANA VANESSA RIBEIRO*, ALMIR ALVES FEITOSA**, MARCOS VIANNA GAYOTTO*** * Tatiana Vanessa Ribeiro: aluna do CE CTBMF FOUSP-SP & FFO, turma 2006 a 2008. ** Almir Alves Feitosa: Cir. Buco Maxilo Facial Chefe de Serviço do Hospital AMA Arujá, SP. *** Prof, Dr. Marcos Vianna Gayotto: Professor Coordenador do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (CE CTBMF) promovido pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, Campus Capital, (FOUSP-SP) em parceria com a Fundação Faculdade de Odontologia (FFO); INTRODUÇÃO As infecções odontogênicas graves são causas de morte conhecidas desde a antiguidade. Foram associadas a uma significativa taxa de morte entre 10 e 40%. Com o advento da Penicilina e os desenvolvimentos subseqüentes de antibióticos, este tipo de infecção tornou-se mais facilmente controlada. No entanto, nos últimos 10 a 15 anos tem ocorrido uma tendência à resistência antibiótica, o que acarreta o aparecimento constante de pacientes com infecções odontogências graves em hospitais. (ULUIBAU et al; 2005) Ocorre quando os microorganismos invadem os tecidos, distantes do processo alveolar, formando um abscesso, cuja localização depende das barreiras anatômicas que encontram, como ossos, músculos e fáscias, que representam os locais de resistência. A propagação da infecção depende da virulência dos patógenos envolvidos e das condições sistêmicas do paciente, se portadores de HIV, diabete, doenças sistêmicas ou hematológicas.(uluibal et al; 2005).
Angina de Ludwig é uma celulite grave que acomete os espaços fasciais submandibulares, sublinguais e submentais, causada geralmente por infecções odontogênicas. Pode levar ao óbito principalmente por asfixia ou septicemia. Osteomielite é uma doença inflamatória do osso causada por infecção. A virulência dos microrganismos causadores é um fator importante para o seu progresso e desenvolvimento. Ocorre formação de seqüestros ósseos devido a necrose do tecido provocada pela isquemia proveniente do processo inflamatório. (DUMLU et al, 2006) Segundo Bartkowski (1994) investigações indicam que a necrose óssea ocorre devido à proliferação bacteriana que ocasiona distúrbios da coagulação e consequente fibrinólise, dificultando a perfusão da região. REVISÃO DA LITERATURA As infecções odontogênicas são geralmente resultantes de streptococos, stafilococos e bacteróides. (STEWART, 2005; HO et al; 2006; HUANG et al; 2006, REGA et al, 2006). A celulite não tratada produz hipóxia e acidez na região, favorecendo a proliferação de bactérias anaeróbias, que produzem enzimas proteolíticas, ocasionando maior degradação dos tecidos com maior produção de pus e abscesso, tornando a infecção mais grave. (STEWART, 2005) As infecções odontogênicos podem acarretar complicações como a osteomielite, que acometem quase exclusivamente a mandíbula. A incidência desta
infecção diminuiu consideravelmente nos últimos anos devido à introdução de antibióticos. A possibilidade predisponente ocorre quando o paciente apresenta-se num estado de imunossupressão ou condições subjacentes como doença de Paget ou osteopetrose.(barry et al; 2003; WANG et al; 2005). O tratamento de osteomielite é baseado em terapêutica antibiótica intensiva com tratamento de suporte, extração dentária quando for a causa da infecção, combinação cirúrgica com aplicação local de antibiótico, irrigação e drenagem. (BARRY et al; 2003) Segundo Rega (2006) infecções odontogênicas graves normalmente estão relacionadas a focos cariosos não tratados. Os antibióticos são fundamentais coadjuvantes na terapia cirúrgica, no entanto, se mal utilizados podem agravar a situação do paciente levando a uma condição potencialmente fatal. O tratamento consiste em antibióticoterapia, drenagem cirúrgica e, se necessário, traqueostomia, (WANG et al; 2005; STEWART 2005; HO MW et al; 2006; HUANG et al; 2006; LARAWIN et al; 2006;) e, se possível, instituído após coleta de secreção purulenta para fins de cultura e antibiograma. Quando o paciente já faz uso de antimicrobiano ou não há amostra de secreção para fins de cultura institui-se medicação antimicrobiana conforme protocolos já estabelecidos para o tratamento desta patologia. (Ho MW et al; 2006) Os exames pré-operatórios visam a análise sistêmica do paciente (STEWART, 2005; HO et al; 2006; ARIJI et al; 2002) e local como o emprego de ultrasonografia para localização da loja do abscesso (PELEG et al; 1998); coleta de
secreção para cultura microbiana e antibiograma, mesmo que o paciente esteja sob antibioticoterapia prévia (HO MP et al, 2005; STEWART, 2005; HO MW et al; 2006; REGA, 2006). O tratamento cirúrgico deve ser realizado após antibioticoterapia e análise dos exames clínico laboratoriais e por imagens, a fim de evitar complicações e risco a vida do paciente (Bartkowski, 1994). REFERÊNCIAS 1. Ariji Y, et al. Odontogenic infection pathway to the submandibular space: imaging assessment. Int J Oral Maxillofac Surg 2002; 31: 165 169 2. BARRY PC, et al. Osteomyelitis of the maxilla secondary to steopetrosis: Report of a case. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Clin Notes 2003; 95(1):12-5. 3. Bartkowski SB, et al. Combined treatment with antibiotic, heparin and streptokinase- a new approach to the therapy of bacterial osteomyelitis. J Cranio-Maxillo-Facial Surg 1994; 22:167-76. 4. Dumlu A. Yalcinkayal S, Olgac V, Guvercin M. Osteomyelitis due to arsenic trioxide use for tooth devitalization. I Endodontic J 2007;1:1-4. 5. Durazzo DM, et al. Os espaços cervicais profundos e seu interesse nas infecções da região. Rev Ass Med Brasil 1997;43(2):119-26. 6. Ho MW, et al. Use of interventional radiology in the management of mediastinitis of odontogenic origin. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, 44; 2006, 538 542 7. Ho MP, et al. A rare cause of Ludwig s angina by Morganella morganii. J Infection 2006; 53:191-4. 8. Peleg M et al. The Use of Ultrasonography as Diagnostic Tool for superficial Fascial Space Infections. J Oral Maxillofac Surg 1998;56:1129-31. 9. Rega AJ. Microbiology and Antibiotic Sensitivities of Head an Neck Space Infections of Odontogenic Origin. J Oral Maxillofac Surg 2006;64:1377-80. 10. Stewart LK. Orofacial Infections in the 21st Century. NY State Dent J 2005;71(6): 36-41. 11. Huang TT, et al. Factors affecting the bacteriology of deep neck infection: a retrospective study of 128 patients. Acta Otolaryngol 2006;126:396-401
12. Larawin V, et al. Head and neck space infections. Otolaryngol Head Neck Surg 2006;135:889-93 13. Wang J, et al. A five-year retrospective study of odontogenic maxillofacial infections in a large urban public hospital. Int J Oral Maxillofac Surg 2005; 34: 646 9. 14. Uluibau IC, Jaunay T, Goss AN. Severe Odontogenic Infections. Aust Dent J 2005;50 Suppl 2:S74-S81.