EVERTON LUIZ PIZZO ARAÇATUBA SP 2013
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1 1 EVERTON LUIZ PIZZO Estudo retrospectivo de 19 anos da incidência de infecções maxilofaciais em pacientes atendidos no serviço de cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP ARAÇATUBA SP 2013
2 2 EVERTON LUIZ PIZZO Estudo retrospectivo de 19 anos da incidência de infecções maxilofaciais em pacientes atendidos no serviço de cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP Trabalho de Conclusão de Curso como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Orientador: Profa. Dra. Ana Paula Farnezi Bassi Coorientador: Profa. Dra. Alessandra Marcondes Aranega ARAÇATUBA SP 2013
3 3 Dedicatória A José Antonio Pizzo e Aliana Garcia Pizzo, meus pais, com amor, respeito, e gratidão por ajudar-me na concretização do meu objetivo. A Lilian Alves da Silva, minha noiva, com carinho, pela atenção, apoio e compreensão.
4 4 Agradecimentos A Deus. A minha família. A Profa. Dra. Ana Paula Farnezi Bassi, pelo apoio e orientação deste trabalho. A Profa. Alessandra Marcondes Aranega, a Profa. Daniela Ponzoni, ao Prof. Celso Koogi Sonoda, ao Prof. Francisley Ávila Souza, ao doutorando Igor Beneti e ao Departamento de Clinica Integrada e Cirurgia Traumatologia Buco Maxilo Facial pela disponibilidade e apoio durante a execução deste trabalho. Aos meus amigos.
5 5 Não importa aonde você parou... Em que momento da vida você cansou... O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar". Recomeçar é dar uma chance a si mesmo... É renovar as esperanças na vida e o mais importante... Acreditar em você de novo. Carlos Drummond de Andrade
6 6 Pizzo, E.L. Estudo retrospectivo de 19 anos da incidência de infecções maxilofaciais em pacientes atendidos no serviço de cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial da Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP Trabalho de Conclusão de Curso Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, Resumo Este trabalho teve por objetivo avaliar retrospectivamente pacientes que foram atendidos no departamento de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial e clínica integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista nos últimos 19 anos com quadros de infecções maxilofaciais determinando fatores etiológicos, idade, sexo, história médica, diagnóstico, complicações, incidência, forma de tratamento e evolução das doenças. Foram analisados 150 prontuários no período entre 1993 a 2011 utilizando o programa Epi Info Desses pacientes, 91 (60,7%) são homens e 59 (39,3%) mulheres. Os pacientes com a faixa etária de 31 a 40 anos (24%) foram os mais acometidos pelas infecções seguidos pelos indivíduos de 21 a 30 anos (21,3). A raça branca foi a mais atingida pelas infecções (64%) seguida pelo pardos (20%). A etiologia mais freqüente foi a de necrose pulpar devido a cárie (79,3%). Quanto ao diagnóstico, os abscessos odontogênicos foram identificados em 92% do total dos pacientes atendidos. Com relação ao tratamento, os antibióticos foram administrados via oral a 86 pacientes (57,7%), a drenagem cirúrgica foi realizada em 121 pacientes (82,3%), a extração dos dentes envolvidos foi realizada em 71 pacientes e 63 (42%) necessitaram de admissão hospitalar. A penicilina sozinha ou combinada com outras drogas foi o antibiótico mais frequentemente prescrito (n=51) seguido da primeira-geração de cefalosporina sozinha ou combinada com outras drogas (n = 47). Cinco casos apresentaram complicações pós-tratamento: 3 necessitaram de reinternação hospitalar, 1 evoluiu para mediastinite descendente, e 1 paciente faleceu. O envolvimento dos espaços fasciais ocorreu em 91 pacientes sendo que o espaço submandibular foi o mais afetado (44,7%), seguido pelo espaço bucal (41,1%) e pelo espaço sublingual (13,3%). Os dentes posteriores inferiores foram as principais fontes de infecção (59,3%). As principais queixas na chegada dos pacientes ao SCTBMF foram edema (95,3%) e dor (68,0%). Alguns pacientes relataram a presença de alterações sistêmicas como o tabagismo, hipertensão, alergia a medicamentos, gastrite, diabetes e alcoolismo. As infecções odontogênicas podem ser fatais e requerem internação para o tratamento adequado do paciente. Este é um assunto de grande
7 7 importância para o clínico geral que deve atentar-se para o fato de que tais infecções são freqüentes na rotina clínica e em alguns casos podem evoluir de forma muito rápida levando ao óbito se o diagnóstico e o tratamento não for realizado de maneira precoce e eficiente. Palavras-Chave: infecções maxilofaciais, abscesso odontogênico.
8 8 Pizzo, E. L. The retrospective study of nineteen years in the incidence of maxillofacial infections in patients treated in the surgery and bucomaxillofacial traumatology at the Odontology University in Araçatuba- UNESP Work Course Conclusion. Odontology University, São Paulo State University, Araçatuba, Summary This work had the objective to evaluate retrospectively patients who were attended on the department of Bucomaxillofacial surgery and traumatology maxillofacial and integrated clinic of the Odontology College in Araçatuba at the State University of São Paulo in the last nineteen years with cases of maxillofacial infections determining etiological factors, age, gender, medical history, diagnosis, complications, incidence, form of treatment and evolution of diseases. Hundred and fifty medical records were analyzed in the period between 1993 and 2011 using the program Epi Info These patients, 91 (60,7%) were men and 59 (39,3 %) were women. The patients with the age range from 31 to 40 years (24%), were the most affected by infections following those people from 21 to 30 years (21,3%). The white race was the most affected by infection (64%) following them the brown race (20%). The most common etiology was the pulp necrosis due to cavities(79,3%).regarding to this diagnosis, odontogenic abscesses were identified in 92% of patients treated. In relation to the treatment, antibiotics were administered orally to 86 patients (57.7%), surgical drainage was done in 121 patients (82.3%), extraction of impaired teeth was done in 71 patients and 63 (42 %) required hospital admission. Penicillin alone or in combination with other drugs has been the most commonly prescribed antibiotic (n = 51) followed by first-generation cephalosporin alone or in combination with other drugs (n = 47). Five cases had post-treatment complications: 3 required rehospitalization,1 evolved into descending mediastinitis, and 1 patient died. The involvement of the facial spaces occurred in 91 patients, and the submandibular space was the most affected (44.7%), followed by the buccal space (41.1%) and the sublingual space (13.3%). The inferior posterior teeth were the main sources of infection (59.3%). The main complaints of patients to the SCTBMF were edema (95.3%) and pain (68.0%). Some patients reported the presence of systemic changes such as smoking, hypertension, drug allergy, gastritis, diabetes and alcoholism. The odontogenic infections can be fatal and require hospitalization for proper treatment of the patient. This is a very important issue for the general clinic who must look to the fact that such infections are frequent in clinical practice
9 9 and in some cases can progress very quickly leading to death if diagnosis and treatment are not performed in an early and efficient way. Keywords: maxillofacial infections, odontogenic abscess.
10 10 Lista de Gráficos Gráfico 1 Principais alterações sistêmicas encontradas nos pacientes 17 com infecções maxilofaciais.abscesso dento-alveolar Gráfico 2 Distribuição dos casos segundo o diagnóstico 18 Gráfico 3 Espaços faciais envolvidos nas infecções 19 Gráfico 4 Via de administração do antibiótico 22
11 11 Lista de Tabelas Tabela 1 Distribuição de casos de acordo com a dados demográficos 16 Tabela 2 Relação da idade dos pacientes com o sexo 16 Tabela 3 Distribuição de casos de acordo com as variáveis clínicas 18 pré-operatórias Tabela 4 Dentes envolvidos nas infecções maxilofaciais 20 Tabela 5 Distribuição de casos de acordo com os medicamentos 21 usados no tratamento Tabela 6 Correlação das complicações com o sexo acometido 22
12 12 Lista de Abreviaturas SCTBMF = Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
13 13 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 14 MATERIAIS E MÉTODOS 15 RESULTADOS 15 DISCUSSÃO 23 CONCLUSÃO 25 REFERÊNCIAS 26
14 14 INTRODUÇÃO As infecções buco-maxilo-faciais são complicações freqüentemente encontradas, podendo ser de etiologia odontogênica ou não. 1 Fazem parte de um capítulo muito importante da cirurgia bucomaxilofacial, pois nos casos mais graves podem progredir de forma extremamente rápida podendo levar a óbito. Nesses casos o paciente deverá ser prontamente tratado em âmbito hospitalar. 2 Essa condição deve ser considerada como um problema de saúde pública, pois é uma causa comum de morbidade e mortalidade. 3 A maioria das infecções odontogênicas respondem favoravelmente ao tratamento ambulatorial com drenagem ou desbridamento mecânico, e antibioticoterapia. 4 No entanto, com a possibilidade de propagação das infecções à outras estruturas anatômicas através dos espaços faciais, o cirurgião dentista deve alertar seus pacientes quanto ao possível risco de morte 5 e complicações como comprometimento do aparelho respiratório, o envolvimento de mediastino 6 e da coluna vertebral 7, sepsemia, perda de visão causada por trombose do seio cavernoso 8, além de outras situações que poderiam serem evitadas pelo tratamento eficiente e precoce. 9 O sucesso do tratamento das infecções odontogênicas que invadem múltiplos espaços cervicais profundos envolvem a identificação da via de infecção, as regiões anatômicas envolvidas, a predominância dos microorganismos nos estágios da infecção, o impacto do processo infeccioso no sistema imunológico, a capacidade do cirugião dentista de interpretar os resultados dos testes laboratoriais e exames de imagem, e o conhecimento das terapias antibióticas contemporâneas, bem como os cuidados de suporte e apoio. 10,11 Condições sistêmicas que estão se tornando cada vez mais comum, tais como diabetes, insuficiência renal, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), doenças sistêmicas debilitantes, e idade avançada são modificadores da resposta do hospedeiro e podem agravar o curso desses processos infecciosos. 12,13 Devido ao risco de complicações graves, 14,15 as infecções maxilofaciais devem ser investigados com relação à sua origem, evolução e tratamento. Técnicas cirúrgicas mais precisas, tratamento cirúrgico imediato, o desenvolvimento de antibióticos, a melhoria das medidas de higiene bucal e os métodos de diagnóstico, aliados à prevenção das infecções de cabeça e pescoço têm aumentado a sobrevida dos pacientes e diminuído a ocorrência de grandes complicações. No entanto, o uso indiscriminado e inadequado de antibióticos são condições favoráveis à resistência antimicrobiana, o que torna o tratamento de algumas infecções ainda mais desafiador. 16
15 15 Este estudo avaliou a ocorrência e as características de infecções maxilo-faciais em pacientes tratados por um serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial da Faculdade de Odontologia de Araçatuba durante um período de 19 anos. MATERIAIS E MÉTODOS O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista, (processo no. 053/2007). Os processos clínicos de todos os pacientes atendidos no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (SCTBMF) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista, Brasil, entre 1993 e 2011 foram revisados. Neste período, a amostra do estudo consistiu de 150 indivíduos que apresentaram infecções odontogênicas. Os dados referentes ao sexo dos pacientes, idade, história médica, e sua etiologia, diagnóstico, complicações, tratamento medicamentoso e evolução das doenças foram coletados e analisados utilizando o programa Epi Info 2000, analisando freqüência e correlação entre as variáveis utilizando o programa IBM SPSS Statistics Viewer RESULTADOS Desses pacientes, 91 (60,7%) eram homens e 59 (39,3%) eram mulheres, com uma proporção masculino-feminino de 1.54:1. A distribuição racial era como se segue: branco (64,0%), pardos (20,0%), negros (13,3%), e asiáticos (2,7%). As idades variaram de 2 a 78 anos (média de idade de 32,6 anos). A maioria dos pacientes pertencia a faixa de idade de 31 a 40 anos (24,%) e de 21 a 30 anos (21,3%) (Tabela 1 e tabela 2).
16 16 TABELA 1. Distribuição de casos de acordo com a dados demográficos. Densidade demográfica Idade n. % , , , , , , , ,3 Sexo. feminino 59 39,3 masculino 91 60,7 Cor. Amarelo 4 2,7 Feoderma 30 20,0 Leucoderma 96 64,0 Melanoderma 20 13,3 TABELA 2. Relação da idade dos pacientes com o sexo. Idade Total Sexo Fem Masc Total
17 17 Quarenta e seis pacientes relataram a presença de alterações sistêmicas entre os quais insuficiência renal tratada por diálise (n = 1), déficit neurológico (n = 2), gravidez (n = 3), mieloma (n = 1), SIDA (n = 1 ), anemia (n = 2), diabetes (n = 8), cardiopatia (n = 5), artrite reumatóide (n = 5), reação alérgica a medicações (n = 11), gastrite (n = 9), hipertensão ( n = 17), tabagismo (n = 23), alcolismo (n= 6), angina (n= 2), dependência química (n= 5), epilepsia (n= 2), hipotensão (n =2), incontinência (n= 2), osteomielite (n= 1). Alguns pacientes apresentaram mais de uma alteração sistêmica (Gráfico 1) Gráfico 1 - Principais alterações sistêmicas encontradas nos pacientes com infecções maxilofaciais. A causa mais frequente das infecções odontogênicas foi necrose pulpar devido à cárie (119/79,3%), seguida pela doença periodontal (16/10,7%) (Tabela 3). Quanto ao diagnóstico, 138 casos (92,0%) foram abscesso, 6 casos (4,0%) foram angina de Ludwig, 5 casos (3,3%) foram celulite e 1 caso (0,7%) foi fasciíte necrosante (gráfico 2).
18 18 TABELA 3. Distribuição de casos de acordo com as variáveis clínicas pré-operatórias. Etiologia n. %. Alvéolo 11 7,3 Odontogênico periodontal 16 10,7 Odontogênico pulpar ,3 Outros (corpo estranho,sequela Fratura) 3 2,0 Trauma 1 0,7 Região do dente envolvido. Posterior inferior 83 59,3 Anterior superior 26 18,6 Posterior superior 20 14,3 Anterior inferior 7 5,0 Não respondeu 4 2,9 Queixa principal. Aumento volumétrico ,3 Dor ,0 Supuração 55 36,9 Trismo 45 30,2 Febre 29 19,5 Disfagia 21 14,0 Dispnéia 9 6,0 Abscesso Angina de Ludwig Celulite Fasciite necrosante Gráfico 2 Distribuição dos casos segundo o diagnóstico
19 19 Cinquenta e oito pacientes apresentaram infecção localizada no fórnice vestibular (38,7%) e 1 paciente no palato (0,7%), enquanto que o envolvimento de espaços fasciais ocorreu em 91 pacientes (64,0%). Os espaços fasciais afetados em ordem decrescente de freqüência foram os seguintes: espaço submandibular (n = 67, 44,7%), o espaço bucal (n = 58, 41,1%), o espaço sublingual ( n = 20, 13,3%), o espaço canino (n = 18, 12,1%), espaço submentoniano (n = 15, 10,0%), e do espaço laterofaríngeo (n = 5, 4,0%) (Gráfico 3). Setenta e um pacientes (48,3%) apresentaram envolvimento do lado direito, 66 (44,9%) do lado esquerdo, e 10 (6,8%) pacientes apresentaram acometimento bilateral. Os dentes posteriores inferiores foram as principais fontes de infecção (n = 83/59,3%) (tabela 4). 80 Espaços fasciais envolvidos nas infecções GRÁFICO 3. Espaços fasciais envolvidos nas infecções
20 20 Tabela 4. Dentes envolvidos nas infecções maxilofaciais. Dente Frequência Dente Frequência Dente Frequência Não respondeu 13 As principais queixas na chegada dos pacientes ao SCTBMF foram edema (n = 143; 95,3%), dor (n = 102; 68,0%), supuração (n = 55; 36,9%) e trismo (n = 45; 30,2%). A soma das percentagens é maior que 100% porque alguns pacientes tiveram mais do que uma queixa principal.(tabela.3). Sessenta e três pacientes (42%) necessitaram de hospitalização, por períodos de 1 a 21 dias. Cefalosporina sozinha ou combinada com outras drogas (n = 58) foi o antibiótico mais frequentemente prescrito seguido pela penicilina sozinha ou combinada com outras drogas (n=52) (Tabela 5). Cinquenta e quatro pacientes (36,2%) receberam antibioticoterapia endovenosa e para 86 pacientes (57,7%) foram prescritos antibióticos via oral (Gráfico 4). A terapia antibiótica foi complementada por drenagem cirúrgica da lesão na maioria dos casos (n = 121, 82,3%). Os outros 29 casos, 5 foram diagnosticados como celulite, 1 caso como fasciite, e 23 foram drenados espontaneamente. Além de drenagem cirúrgica, a extração dos dentes envolvidos foi feito em 71 pacientes. Os outros casos foram encaminhados para tratamento dentário após a remissão dos sintomas.
21 21 TABELA 5. Distribuição de casos de acordo com os medicamentos usados no tratamento. Antibiótico n. % Cefalosporina 1.a geração 22 15,0% Cefalosporina 1.a geração +garamicina+ciprofloxacina 1 0,7% Cefalosporina 1.a geração +metronidazol 24 16,3% Cefalosporina 3.a geração 5 3,4% Cefalosporina 3.a geração +clindamicina 2 1,4% Cefalosporina 3.a geração +metronidazol 2 1,4% Cefalosporina 3.a geração +metronidazol+clindamicina 2 1,4% Ciprofloxacina 3 2,0% Ciprofloxacina+clindamicina+metronidazol 1 0,7% Clindamicina 7 4,8% Clindamicina+metronidazol 2 1,4% Desconhecido 23 15,6% Eritromicina 1 0,7% Metronidazol 2 1,4% Metronidazol+Ciprofloxacina 1 0,7% penicilina Amoxicilina 16 10,9% penicilina Amoxicilina com ac.clavulânico+metronidazol 1 0,7% penicilina Amoxicilina+Metronidazol 20 13,6% penicilina Ampicilina 4 2,7% penicilina Ampicilina+metronidazol 2 1,4% penicilina Ampicilina+metronidazol+Cefalosporina 1.gerac. 1 0,7% penicilina G+Clindamicina 2 1,4% penicilina G+Gentamicina+metronidazol 1 0,7% penicilina G+metronidazol 1 0,7% penicilina Oxacilina 1 0,7% penicilina Oxacilina+metronidazol 2 1,4% Vancomicina+Amicacina 1 0,7% Total ,0%
22 22 Via de administração do antibiótico Endovenoso não respondeu Oral GRÁFICO 4. Via de administração do antibiótico Cinco pacientes apresentaram complicações pós-tratamento: 3 necessitaram de readmissão hospitalar, 1 evoluiu para mediastinite descendente, e 1 faleceu (tabela 6). TABELA 6. Correlação das complicações com o sexo acometido. Complicações Sexo falha fístula antibiótico cutânea mediastino não Não respondeu óbito Outro recidiva Total (traque, sinusite) Fem Masc Total
23 23 DISCUSSÃO Diversos estudos têm investigado a epidemiologia das infecções odontogênicas, mas há variações, devido à região demográfica, densidade populacional, condições socioeconômicas, políticas governamentais, e o momento em que o estudo foi realizado. O presente estudo analisou as características demográficas, variáveis clínicas, tratamento e complicações dos pacientes com infecções odontogênicas tratados na cidade de Araçatuba, SP, Brasil. Os resultados confirmaram a predominância do sexo masculino sobre o feminino e a ocorrência dessas infecções mais freqüente em adultos, embora as crianças também possam ser afetadas. 19,22 No presente estudo, os indivíduos com idade entre 31 a 40 anos foram os mais afetados. Numa pesquisa anterior, Haug et al. 21 encontraram que a faixa etária mais comum para todas as infecções foi de 25 a 30 anos, e Kannangara et al. 23 encontraram uma freqüência maior de infecção de 20 a 29 anos. Quanto à raça, Haug et al. 21 relataram que os negros, hispânicos e asiáticos tiveram uma incidência significativamente maior de infecções em comparação com o resto da população estudada. Na presente pesquisa, houve uma proporção significativamente menor de negros, e uma maior proporção de pardos (feodermas) e brancos (leucodermas), mas não foi possível estabelecer uma relação entre raça e ocorrência de infecções odontogênicas. Identificar a origem de infecções orais e maxilo-facial é fundamental para estabelecer um plano de tratamento adequado. 4 Em concordância com a literatura, 13 a necrose pulpar devido à cárie foi o fator etiológico mais predominante na presente pesquisa. 17 Abscesso foi mais freqüente do que celulite, da mesma maneira como relatado por outros autores. 12,24 Em relação aos espaços fasciais envolvidos, Kim et al. 25 verificaram usando tomografia computadorizada que infecções odontogênicas invadem principalmente os espaços submandibulares, espaços sublinguais e submentonianos, seguido pelos espaços bucais e espaços parafaríngeos. Na presente pesquisa, o local mais comum foi o espaço submandibular (n = 67). O método de coleta de dados utilizado no presente estudo pode ter limitado os resultados, porque a localização da infecção facial foi determinada com base nos achados clínicos e radiográficos, enquanto que no estudo de Kim et al 25, a tomografia computadorizada foi usado como um exame complementar. O tratamento das infecções no SCTBMF segue os parâmetros descritos na literatura, que incluem cobertura antibiótica, incisão e drenagem da lesão (quando apropriado), e atendimento complementar. 4, 26 A escolha dos antibióticos a serem prescritos, baseia-se na
24 24 microbiota presente nas infecções odontogênicas, que têm uma natureza polimicrobiana com predomínio de bactérias gram-positivas e gram-negativas e microorganismos anaeróbios. 19 As bactérias mais frequentemente isoladas são Streptococcus viridans, Staphylococcus, Prevotella e Peptostreptococcus. 18,27 Apesar do exame de cultura e antibiograma ter um grande valor na identificação dos patógenos presentes nas infecções, no presente estudo, ele não foi realizado para todos os pacientes devido a condições econômicas e estruturais. Devese considerar que a susceptibilidade das bactérias presentes em abscessos odontogênicos aos antimicrobianos pode mudar de um país para outro. 28 O uso indiscriminado da penicilina pela população estudada e os medicamentos disponíveis para os pacientes nos SCTBMF também foram considerados para a escolha do antibiótico prescrito para cada caso. Os critérios utilizados pelo SCTBMF para admissão hospitalar 26 foram a presença de invasão rápida dos espaços fasciais, dispnéia, disfagia, febre, falha da terapia inicial com antibióticos, os casos que necessitaram de tratamento com antibiótico endovenoso e/ou pacientes com estado geral debilitante ou pacientes imunocomprometidos. As complicações mais freqüentes das infecções odontogênicas são necessidade de reintervenção, 17 perda da função do nervo facial, e mediastinite. 14 Elas também podem ser uma fonte de infecção para o cérebro 29 e abscesso orbitário 30. No presente estudo, as complicações das infecções odontogênicas foram: necessidade de reinternação hospitalar, mediastinite e óbito. Devido a maioria das infecções odontogênicas originarem-se de necrose pulpar proveniente de lesões de cárie, a prevenção da cárie e campanhas educativas para melhorar a higiene bucal tem um papel importante na minimização da ocorrência de infecções odontogênicas. Quando as medidas preventivas falham e a progressão do processo carioso é irreversível, fatores culturais e econômicos podem impedir os pacientes de procurar tratamento precoce antes da manifestação de sintomas mais graves. Há um excesso de demanda nos serviços de Urgência Odontológica e a auto-medicação com antibióticos 31 causa resistência bacteriana e aumenta o risco de complicações pós-tratamento. De acordo com Jimenez et al, 32 a propagação das infecções odontogênicas a espaços faciais dependem do equilíbrio entre as condições sistêmicas do paciente e os microorganismos. Esta declaração foi confirmada no presente estudo porque todos os pacientes que apresentaram complicações são de idade avançada (n = 2) ou apresentam algum envolvimento sistêmico, tais como artrite reumatóide (n = 1), hipertensão (n = 1), cardiopatia (n = 1), tabagismo (n = 4), alcoolismo, (n = 2), vício em drogas (n = 1), e SIDA (n = 1).
25 25 O envolvimento sistêmico associado a infecções cervicais profundas provenientes das infecções odontogênicas é uma condição que mereceu atenção especial de vários pesquisadores 16,24,33 devido aos riscos de complicações. Na presente investigação, a associação entre envolvimento sistêmico e infecção cervical profunda foi observada em todos os pacientes que apresentaram complicações. No entanto, a diabetes mellitus, que normalmente é fortemente associada à complicações, 16,12,34 teve uma baixa incidência neste estudo (8 pacientes) e não foi relacionada com a ocorrência de complicações. Infecções como angina de Ludwig e fasciite necrosante, raras, graves e fatais em alguns casos são situações secundárias às infecções odontogênicas. 26,33 Tais condições foram diagnosticadas em pacientes com complicações. Estas ocorrências demonstram que, em alguns casos, o tratamento das infecções odontogênicas deve ser conduzido em um ambiente hospitalar porque as condições sistêmicas do paciente e/ou a localização da infecção exigem internação para uma abordagem mais agressiva e acompanhamento multidisciplinar. Concluindo, a incidência de complicações não é comum quando o tratamento adequado é aplicado em um estágio inicial. Complicações das infecções odontogênicas, embora raras, podem ser fatais se não forem adequadamente geridas. CONCLUSÃO De acordo com os dados obtidos neste estudo, podemos concluir que: 1) pacientes com infecções maxilofaciais pertencem, na grande maioria, a faixa etária de 31 a 40 anos, gênero masculino e cor leucoderma; 2) a etiologia mais frequente foi a necrose pulpar devido à cárie dentária; 3) a queixa principal dos pacientes é o aumento volumétrico e dor; 4) o diagnóstico mais frequente é o abcesso; 5) os dentes mais acometidos são os molares inferiores; 6) os espaços fasciais mais afetados são os espaços submandibular seguido pelo bucal e sublingual; 7) o antibiótico mais utilizado foi a cefalosporina 1.a geração seguido pela penicilina Amoxicilina. REFERÊNCIAS
26 26 1. Carvalho, RWF; Antunes, AA; Campos, GJL.; Pereira, JC; Anjos, ED; Silva, EDO. Prevalência das infecções buco-maxilo-faciais no estado de Sergipe. FOP/UPE, Recife, PE, Brasil; 4,5.Unit, Aracaju, Se, Brasil. 2. STOROE, W.; HAUG, R.H.; LILLICH, T.T. The changing face of odontogenic infections. J Oral Maxillofac Surg, v. 59, n.7, p , Chaves MM: Odontologia Social (ed 3). Rio de Janeiro, Artes Médicas, 1986, p López-Píriz R, Aguilar L, Gimenez MJ. Management of odontogenic infection of pulpal and periodontal origin.med Oral Patol Oral. 5. Green AW, Flower EA, New NE. Mortality associated with odontogenic infection. Br Dent J 2001;10: Pappa H, Jones DC: Mediastinitis from odontogenic infection. A case report. Br Dent J 198:548, Dhariwal DK, Patton DW, Gregory MC: Epidural spinal abscess following dental extraction-a rare and potentially fatal complication. Br J Oral Maxillofac Surg 41:58, Zachariades N, Vairaktaris E, Mezitis M, et al: Orbital abscess: Visual loss following extraction of a tooth Case report. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 100:73, Sato FRL, Hajala FAC, Freire Filho FWV, Moreira RWF, Moraes M. Eight-Year Retrospective Study of Odontogenic Origin Infections in a Postgraduation Program on Oral and Maxillofacial Surgery J Oral Maxillofac Surg 67: , Bratton TA, Jackson DC, Nkungula-Howlett T, et al. Management of complex multispace odontogenic infections. J Tenn Dent Assoc 2002;3: Sakaguchi M, Sato S, Ishiyama T, et al. Characterization and management of deep neck infections. Int J Oral Maxillofac Surg 1997;2: Huang TT, Tseng FY, Liu TC, et al. Deep neck infection in diabetic patients: comparison of clinical picture and outcomes with nondiabetic patients. Otolaryngol Head Neck Surg 2005;6: Lin HT, Tsai CS, Chen YL, et al. Influence of diabetes mellitus on deep neck infection. J Laryngol Otol 2006;8: Pappa H, Jones DC. Mediastinitis from odontogenic infection. A case report. Br Dent J 2005;9: Seppanen L, Lauhio A, Lindqvist C, et al. Analysis of systemic and local odontogenic infection complications requiring hospital care. J Infect 2008;2:
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