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Transcrição:

4 Metodologia de pesquisa Este capítulo explica a escolha da metodologia adotada, o procedimento de coleta e análise dos dados e as limitações da pesquisa. Em primeiro lugar, serão retomadas as perguntas de pesquisa. Em seguida, será apresentada a metodologia de pesquisa utilizada - Estudo de Casos Múltiplos destacando sua adequação ao presente estudo, bem como suas limitações. Em terceiro lugar expõe-se o passo-apasso realizado para a formulação da matriz conceitual que serviu de base para análise das empresas. Por fim, apresentam-se os procedimentos de coleta e de análise dos dados coletados e as limitações do presente estudo. 4.1. Pergunta de pesquisa Esta dissertação teve como objetivo principal analisar como ocorre o processo de internacionalização de empresas de base tecnológica que passaram por um processo de incubação, com o intuito identificar a relevância desse período de incubação no processo de internacionalização Para isso, duas questões fundamentais motivaram esse estudo: 1. Como se caracteriza o processo de internacionalização de empresas de base tecnológica que passaram por um processo de incubação? 2. Qual a relevância do processo de incubação na trajetória de internacionalização dessas empresas?

55 Para atingir essas duas questões principais, outros objetivos secundários também foram observados, tais como: 1. Identificar quais as motivações que levaram ao mercado externo; 2. Identificar o processo de seleção do mercado-alvo; 3. Identificar o modo de entrada escolhido; 4. Identificar a postura da empresa frente ao risco da internacionalização; 5. Identificar a velocidade do processo de internacionalização; 6. Verificar quais teorias sobre internacionalização de empresas (Modelo de Internacionalização de Uppsala, Modelo de Redes, Empreendedorismo Internacional e Born Global) melhor descreve e explica o processo de internacionalização do perfil de empresas escolhido para esta pesquisa; 7. Identificar os fatores críticos para internacionalização que podem estar ligados ao processo de incubação; 8. Com base nos fatores identificados anteriormente, tentar compreender a influência do período de incubação no processo de internacionalização. 4.2. O método de estudo de caso Segundo Yin (2001, p.32): o estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definido. Yin (2001) enfatiza ser a estratégia mais escolhida quando é preciso responder a questões do tipo como e por quê e quando o pesquisador possui pouco controle sobre os eventos pesquisados. Goode e Hatt (1979, p. 421-422) definem o estudo de caso como um método de olhar para a realidade social. Não é uma técnica específica, é um meio de organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado. Bruney, Herman e Schoutheete (in DUARTE e BARROS, 2006, p. 216) definem estudo de caso como análise intensiva, empreendida numa única ou em algumas organizações reais. Para eles, o estudo de caso reúne, tanto quanto possível, informações numerosas e detalhadas para apreender a totalidade de uma situação.

56 Wimmer (1996, p. 161) enumera quatro características do método: 1. Particularismo: o estudo se concentra em uma situação, acontecimento, programa ou fenômeno particular, proporcionando assim uma excelente via de análise prática de problemas da vida real; 2. Descrição: o resultado final consiste na descrição detalhada de um assunto submetido a indagação; 3. Explicação: o estudo de caso ajuda a compreender aquilo que se submete à análise, formando parte de seus objetivos a obtenção de novas interpretações e perspectivas, assim como o descobrimento de novos significados e visões antes despercebidas; 4. Indução: a maioria dos estudos de caso utiliza o raciocínio indutivo segundo o qual os princípios e generalizações emergem da análise dos dados particulares. Em muitas ocasiões, mais que verificar hipóteses formuladas, o estudo de caso pretende descobrir novas relações entre elementos. Portanto, os estudos de caso não buscam a generalização de seus resultados, mas sim a compreensão e interpretação mais profunda dos fatos e fenômenos específicos. Embora não possam ser generalizados, os resultados obtidos devem possibilitar a disseminação do conhecimento, por meio de possíveis generalizações ou proposições teóricas que podem surgir do estudo. (YIN, 2001). Para definir o método de pesquisa mais adequado, Yin (2001) afirma que é preciso analisar as questões colocadas pela investigação. O aspecto diferenciador do estudo de caso reside em sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências documentos, artefatos, entrevistas e observações (YIN, 2001, p.27).

57 Portanto, o estudo de caso é um modo de se investigar um fenômeno empírico seguindo um conjunto de procedimentos pré-especificados e que pode ser utilizado, especialmente, com as seguintes finalidades (YIN, 2001, p.34-35): 1. Explicar os vínculos causais em intervenções da vida real que são complexas demais para as estratégias experimentais ou aquelas utilizadas em levantamentos; 2. Descrever uma intervenção e o contexto da vida real em que ocorreu; 3. Ilustrar determinados tópicos dentro de uma avaliação, às vezes de modo descritivo ou mesmo de uma perspectiva jornalística; 4. Explorar situações nas quais a intervenção que está sendo avaliada não apresenta um conjunto simples e claro de resultados. Como a pesquisa prévia para a elaboração da revisão de literatura indicou que o tema motivador desta pesquisa é um tema pouco estudado na literatura de internacionalização, o fenômeno da relação entre incubação e internacionalização ainda é pouco conhecido, não sendo, portanto, possível estabelecer claramente uma relação de causa e efeito entre as variáveis que explicam ou influenciam cada processo. Portanto, pode-se considerar que o estudo da internacionalização de empresas incubadas ainda se encontra no estágio de investigação empírica e, por isso, a escolha do método do estudo de caso pareceu ser o mais apropriado para a realização desta pesquisa. Yin (2001, p.61) apresenta quatro tipos básicos de estudo de caso: 1. Projetos de caso único holístico unidade única de análise e único caso; 2. Projetos de caso único incorporado unidades múltipas de análise e único caso; 3. Projetos de casos múltiplos holísticos unidade única de análise e múltiplos casos; 4. Projetos de casos múltiplos incorporados unidades múltiplas de análise e múltiplos casos. Para tanto, Yin (2001) considera que estudos de caso único e de casos múltiplos refletem situações de projetos diferentes e que, mesmo dentro desses dois tipos, possam existir unidades unitárias ou múltiplas de análise.

58 Nas considerações sobre os tipos de casos é comum o questionamento sobre a validade do estudo de caso único. Para Yin (2001), ele é justificável em situações onde o caso representa um teste crucial da teoria existente; o caso é um evento raro ou exclusivo ou o caso serve a um propósito revelador. Além disso, o estudo de caso único pode envolver apenas uma unidade de análise (holístico) ou unidades múltiplas (incorporado). Yin (2001, p. 64-74) observa que a escolha entre os dois tipos de projeto, holístico ou incorporado, depende do fenômeno a ser estudado. O projeto holístico é recomendado quando não é possível identificar nenhuma subunidade lógica e quando a teoria em questão subjacente o estudo de caso é ela própria de natureza holística. Quanto ao projeto incorporado, ele é adequado quando o estudo de caso, único ou múltiplos casos, envolve subunidades de análise, como, por exemplo, o pesquisador decide incluir os funcionários como uma subunidade de estudo. (DUARTE e BARROS, 2006, p. 227) Com base nessa teoria, a presente pesquisa pode ser definida como um estudo de caso múltiplo holístico, uma vez que se trata do estudo de caso de quatro empresas internacionalizadas que foram incubadas na Incubadora Tecnológica da PUC Rio: SuperWaba, Eduweb, Milestone e QuickMind. 4.3. Coleta de dados A etapa da coleta de dados, segundo Yin (2001), requer habilidades específicas do pesquisador, treinamento e preparação, desenvolvimento de um roteiro e a condução de um estudo-piloto. Segundo Duarte e Barros (2006, p. 229) o caso-piloto auxilia o pesquisador a melhorar planos, seja em relação ao conteúdo seja quanto aos procedimentos, que poderão ser previamente testados. O estudo de caso utiliza para coleta de dados, principalmente, seis fontes distintas de informação: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos (DUARTE e BARROS, 2006, p. 229). O procedimento de coleta de dados realizado para esta pesquisa utilizou, principalmente, informações das empresas disponíveis na internet, e entrevistas em profundidade.

59 Segundo Barros e Duarte (2006) entrevista é considerada uma das mais importantes fontes de informação para um estudo de caso. Segundo Duarte e Barros (2006), a entrevista tornou-se técnica clássica para obtenção de informações nas ciências sociais, com larga adoção em áreas como sociologia, comunicação, antropologia, administração, educação e psicologia. O uso de entrevistas, especialmente a entrevista em profundidade, permite identificar as diferentes maneiras de perceber e descrever os fenômenos. A entrevista em profundidade não permite testar hipóteses. Ela objetiva saber como o fenômeno estudado é percebido pelo conjunto dos entrevistados. Portanto, seu objetivo está relacionado ao fornecimento de elementos para compreensão de uma situação ou estrutura de um problema (DUARTE e BARROS, 2006, p.63). As entrevistas realizadas para esta pesquisa foram feitas em duas partes: a primeira consistiu de entrevistas com especialistas em internacionalização e incubação, tendo como objetivo levantar os principais fatores críticos ligados ao processo de incubação que poderiam influenciar o processo de internacionalização; a segunda parte foi formada por entrevistas com os empreendedores das empresas selecionadas para análise. Para cada empresa, foi entrevistado um dos empreendedores fundadores. Cada entrevista durou, em média, uma hora. As entrevistas foram realizadas nas respectivas empresas. 4.4. Análise dos dados A análise dos dados, segundo Yin (2001), consiste no exame, categorização, classificação ou mesmo na recombinação das evidências conforme proposições iniciais do estudo. Yin (2001) propõe duas estratégias gerais e quatro modelos específicos de condução da análise do estudo. A primeira estratégia geral, baseando-se em proposições teóricas, consiste em seguir as proposições que deram origem ao estudo de caso. Como um guia, elas ajudam o investigador a selecionar os dados, a organizar o estudo e a definir explanações alternativas. A segunda estratégia geral desenvolve uma descrição de caso. Trata-se de elaborar uma estrutura descritiva do estudo de caso, que permitirá ao pesquisador, por exemplo, identificar tipos de decisões que ajudaram ou não no processo analisado, um maior nível de entendimento das pessoas envolvidas etc.

60 Com relação aos métodos de condução da análise do estudo, Yin (2001) sugere: 1. Adequação ao padrão Consiste em comparar um padrão fundamentalmente empírico com outro de base prognóstica (ou com várias outras previsões alternativas). Se os padrões coincidirem, os resultados podem ajudar o estudo de caso a reforçar sua validade interna. (YIN, 2001, p. 136) 2. Construção da explanação - tem por objetivo analisar os dados do estudo caso, construindo uma explanação sobre o caso. De difícil aplicação, ocorre geralmente em forma narrativa, por meio da qual o investigador procura explicar um fenômeno, estipulando um conjunto de elos causais em relação a ele. (YIN, 2001, p. 141) 3. Analise de séries temporais conduzida de forma análoga à análise de séries temporais realizada em experimentos e em pesquisas quase experimentais. 4. Modelos lógicos de programa é uma combinação das técnicas de adequação ao padrão e de análise temporais. O ingrediente-chave é a suposta existência de seqüências repetidas de eventos na ordem causaefeito, todas encadeadas. Quanto mais complexa for a ligação entre elas, mais definitiva será a analise dos dados do estudo de caso. (YIN, 2001, p. 149) Para análise do casos desta pesquisa foram utilizados somente os métodos adequação ao padrão, ou seja, comparou-se o processo de internacionalização das empresas ao que foi proposto pelas teorias comportamentais da internacionalização; e construção da explanação, ou seja, buscou-se traçar uma explicação entre o período de incubação e o processo de internacionalização dessas empresas, observando se havia uma possível relação de influência. A lógica da análise de séries temporais e dos modelos lógicos de programa não se adequava à proposta desta pesquisa.

61 4.5. Limitações do método Há muita crítica e preconceito quanto ao uso do método do estudo de caso. Em geral, as críticas podem ser resumidas em: falta de rigor científico, pouca base para generalização científica e demora em obter e analisar dados. Para Goode e Hatt (1979, p. 421) este é, freqüentemente, considerado como um tipo de abordagem intuitiva, sem um plano de amostragem adequado ou verificações de distorções resultantes de pontos de vista pessoais sobre a realidade social. De acordo com Yin (2001), apesar de ser uma forma distintiva de investigação empírica, o estudo de caso é visto com um certo desprezo por muitos pesquisadores e encarado de forma menos desejável de investigação do que experimentos ou levantamentos. O primeiro grande questionamento reside na alegada falta de rigor científico da pesquisa de estudo de caso. Isso se deve porque, ao longo dos anos, em várias ocasiões, os pesquisadores que empregaram o método foram negligentes e permitiram que se aceitassem evidências equivocadas ou visões tendenciosas para influenciar o significado das descobertas. (YIN, 2001, p.29) O segundo ponto de preocupação é a alegação de que o estudo de caso fornece pouca base para se fazer uma generalização estatística. Contudo, tal como os experimentos, os estudos de caso são generalizáveis a proposições teóricas e não a populações ou universos. O estudo de caso, como o experimento, não representa uma amostragem e o objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar freqüências (generalização estatística) (YIN, 2001, p.29). A terceira critica freqüentemente feita ao método de estudo de caso é que é demorado empregar o método e o resultado muitas vezes são documentos volumosos, de difícil leitura e compreensão. Segundo Yin (2001, p.29-30), essa constatação é baseada no passado e não na maneira como são feitos atualmente e serão no futuro. Para o autor, os estudos de caso não precisam demorar tanto. Na verdade, isso confunde incorretamente a estratégia do estudo de caso com outros métodos específicos de coleta de dados, como a etnografia ou a observação

62 participante, que requerem períodos mais longos de permanência no campo. (DUARTE e BARROS, 2006, p. 221). Apesar dos problemas, é possível superar tais obstáculos e, para tanto, Duarte e Barros (2006, p. 222) destacam algumas medidas sugeridas: 1. Definir claramente as questões de pesquisa; 2. Elaborar um plano de pesquisa que leve em consideração os perigos do sentimento de certeza (inevitável, mas superável); 3. Evitar narrativas maçantes, com textos longos e relatórios extensos, pois isso dificulta a análise e desestimula a leitura; 4. Realizar uma boa revisão de literatura do tema a ser analisado, para obter maior precisão na formulação das questões; 5. Ser rigoroso ao desenvolver categorias, indicadores, definir e delimitar tipos de comportamento. como: Com relação a esta pesquisa, algumas limitações podem ser destacadas tais 1. Optou-se por selecionar empresas apenas da incubadora da PUC-Rio por uma questão de facilidade de acesso, pela limitação de tempo e de recursos humanos. 2. As empresas selecionadas foram escolhidas pela história bem sucedida de seu processo de internacionalização, segundo indicações da assessoria da incubadora e também pelo critério de facilidade de acesso à informação, dado que estas empresas se colocaram totalmente à disposição para colaborar com a pesquisa. 3. Foi realizada, apenas, uma única entrevista por empresa dado a pouca disponibilidade dos empreendedores envolvidos. 4. O relato dos dados pelos entrevistados foi sobre acontecimentos retrospectivos, o que também torna o dado passível de interpretações equivocadas.