LÍNGUA PORTUGUESA Texto: O Sabor da Palavra José Afonso Ferraz Você já parou para pensar nas múltiplas faces de que se reveste uma língua? Há muitas e específicas formas ou faces como se fossem roupas, são formas de dizer, próprias a todas as circunstâncias: a língua regional, a língua histórica, a língua dos diferentes níveis sociais, a língua da literatura, a língua da gíria, a língua dos povos, a língua da propaganda, a língua das artes, a língua das profissões, a língua técnica, a língua interpessoal, a língua familiar, a língua pessoal, enfim, é impossível haver entrave à comunicação, quando o veículo é a língua, além do que, ela pode ainda ser uma língua falada, escrita ou emocional com a qual as pessoas interpretam, na intimidade, o que o outro intenciona dizer, ainda assim, a língua não é absoluta na comunicação. "Não tenha medo da sua língua". Veja que uma frase como essa pode ter muitos contextos: "Não tenha medo da Língua Portuguesa", "Não tenha medo de falar a verdade", "Não tenha medo de falar mentira", "Não tenha medo da sua careta", enfim, o sentido do que se diz resulta da sintonia do indivíduo com ele mesmo e com a sociedade. Todo sentido é contextualizado, para haver texto basta que haja uma situação de mensagem, um contexto, não necessariamente uma palavra. Hoje, aparece na TV um pássaro que pousa em um aparelho de som, que está reproduzindo uma linda música clássica. Essa imagem tem um texto e não houve uma palavra sequer, porém no dia seguinte, centenas daqueles aparelhos serão vendidos. A língua tornou-se apenas um, dentre os componentes da comunicação. Isso não significa que ela perdeu o seu valor. Não, é o contrário, comunicar-se por meio da língua passou a ser mais uma opção. Desse modo, ao utilizá-la tenho que agir de forma diferenciada para provar que estou realmente fazendo a melhor opção. A minha linguagem tem que ser direta, objetiva, sintética e, mais do que tudo, atraente. Então?! Já imaginou como é agradável saber escrever com clareza e simplicidade? Este, aliás, é um grande desafio que você tem pela frente. Houve um tempo em que se comunicar era "escrever bonito e difícil", hoje não, essa mentalidade mudou, pensa-se muito no "escrever bem", dizer sem rodeios e conquistar o leitor que é um terrível imediatista. A tribuna 23/10/97 Aprenda a gostar de Gramática, é muito bom escrever com segurança e "melhorar seu próprio texto". Com certeza não custa tanto assim porque é como uma conquista, muitos já conseguiram, por que não você? É só aprender a gostar de ler e dedicar-se aos exercícios com paciência e
perseverança. Você conhece alguém que tenha obtido prejuízo com a leitura e o estudo? Em geral as pessoas dedicadas é que são bem sucedidas. É até meio estranho alguém dizer que "não gosta de português", a língua que se aprende desde o útero materno e que provavelmente transportará as intenções das nossas últimas palavras. "Não gostar de português", mesmo que seja aquele que nasceu em Portugal, continua não sendo uma boa idéia. 01- a) O verbo vestir (reveste), na (1 a. linha, 1 o. parágrafo) revela uma ação dependente do verbo pensar, expresso na oração anterior. b) A conjunção ou na oração do texto na (2 a. linha, 1 o. parágrafo): Há muitas e específicas formas ou faces como se fossem roupas, apresenta uma idéia de opção para a palavra formas em relação a faces. c) Em além do que no (1 o parágrafo, 9 a linha), tem-se um mecanismo de coesão com sentido de progressão da idéia que lhe é anterior. d) A conjunção qual em: com a qual as pessoas interpretam (1 o parágrafo, 9 a linha) tem como antecedente a palavra língua. e) Ao dizer, na última linha do 1 o parágrafo, que a língua não é absoluta na comunicação, o texto sugere que existem outras modalidades de língua dentro de uma mesma língua. 02- a) Por duas vezes, no primeiro parágrafo, aparece o verbo haver. Nos dois casos ele apresenta o sentido de existir. b) Podemos dizer com segurança que todas as palavras acentuadas do 1 o parágrafo enquadramse, em cada caso, a uma, dentre as regras a seguir: ou dos monossílabos, ou dos oxítonos, ou dos paroxítonos terminados em ditongo. c) Na oração da 2 a linha, do 1 o parágrafo: como se fossem roupas temos um sentido claro de comparação. d) Ocorre um acento grave em: entrave à comunicação (9 a linha do 1 o parágrafo), trata-se de um simples caso de contração da preposição A com o artigo A. e) A palavra absoluta, na oração a seguir: a língua não é absoluta na comunicação, aparece como adjetivo, portanto tem a função de predicativo do sujeito a língua. Por essa razão temos, na referida oração, um exemplo de predicado nominal. 03- a) A palavra essa, da oração: uma frase como essa pode ter muitos contextos (linhas 1 e 2, do 2 o parágrafo), faz referência à frase...não tenha medo da sua língua. b) Encontramos o que presente na oração grifada abaixo. Podemos dizer que essa palavra, assim como aparece na oração, tem como classe gramatical o pronome relativo. Veja que uma frase como essa pode ter muitos contextos (linhas 1 e 2, do 2 o parágrafo). c) No 2 o parágrafo, encontramos muitos sentidos para a frase: "Não tenha medo da sua língua". Veja-os a seguir e você concordará que em nenhum deles a palavra língua aparece com o sentido de idioma: "Não tenha medo da Língua Portuguesa", "Não tenha medo de falar a verdade", "Não tenha medo de falar mentira", "Não tenha medo da sua careta". d) Se trocássemos a expressão do que, por daquilo que na oração seguinte:...sentido do que se diz resulta da sintonia (4 a linha do 2 o parágrafo), em nada se modificariam o sentido e a correção gramatical da referida oração. e) Por três vezes, seguidamente, aparece no 2 o parágrafo o verbo haver, nos três casos ele pode ser substituído pelo verbo existir. Ao substituí-los e se passarmos as orações para o plural, na hora da substituição, poderemos perfeitamente colocar o verbo existir para o plural.
04- a) Considerando a mesma situação do item anterior (item 5 da questão 3) sobre o verbo haver. Agora, no caso de não o substituirmos por existir mas apenas passarmos a oração para o plural, é claro que esse verbo também irá para o plural. b) A conjunção E na oração seguinte:...da sintonia do indivíduo com ele mesmo e com a sociedade (5 a e 6 a linhas do 2 o parágrafo) permite estabelecer um sentido de inclusão entre indivíduo e sociedade que se referem à sintonia. c) Em:...pousa em um aparelho de som, que está reproduzindo uma linda música clássica (7 a e 8 a linhas do 2 o parágrafo) identificamos um pronome relativo, que encabeça uma oração de contexto explicativo, para o sentido da oração que lhe é anterior. d) Ficaria mantida a perfeita correção gramatical, ao substituirmos a oração: centenas daqueles aparelhos são vendidos ( oração adaptada : 10 a e 11 a linhas do 2 o parágrafo), por uma outra equivalente: Vendem-se centenas daqueles aparelhos. e) Quando o texto diz, nas linhas 5 e 6 do 2 o parágrafo, que:...todo sentido é contextualizado, para haver texto basta que haja uma situação de mensagem, podemos concluir que em uma propaganda de TV, na qual não haja palavras mas apenas imagem e som, temos contexto e portanto temos texto. 05- a) A conjunção porém, do trecho a seguir, em negrito, confere à oração a que ele pertence, um sentido de oposição, confira:...não houve uma palavra sequer, porém no dia seguinte, centenas daqueles aparelhos serão vendidos (linhas 10 e 11, 2 o parágrafo). b) Em: A língua tornou-se apenas um, dentre os componentes da comunicação (1 a linha do 3 o parágrafo). A palavra um pode ser flexionada para uma porque assim concordará com a palavra língua. c) A palavra isso é um mecanismo de coesão que faz referência à oração que a antecede, confirme: A língua tornou-se apenas um, dentre os componentes da comunicação. Isso não significa que ela perdeu o seu valor (1 a e 2 a linhas do 3 o parágrafo). d) Por tratar-se de uma partícula expletiva, não haverá mudança de sentido para o texto, se retirarmos o SE, presente na oração seguinte: Não, é o contrário, comunicar-se por meio da língua passou a ser mais uma opção (3 a e 4 a linhas do 3 o parágrafo). e) O mecanismos de coesão desse modo em: Desse modo, ao utilizá-la (3 a linha do 3 o parágrafo), remete o leitor a tudo que foi dito anteriormente em todo o parágrafo. 06- a) Nesse item, vamos continuar analisando a mesma oração do item anterior: Desse modo, ao utilizá-la (3 a linha do 3 o parágrafo). Agora, vamos nos deter à forma lá em utiliza-la. Essa forma faz referência à palavra opção, anteriormente expressa. b) Na oração: para provar (4 a linha do 3 o parágrafo) temos um sentido de finalidade que se harmoniza com a oração anterior. c) Se retomarmos o trecho: Desse modo, ao utilizá-la tenho que agir de forma diferenciada para provar que estou realmente fazendo a melhor opção. A minha linguagem tem que ser direta, objetiva, sintética e, mais do que tudo, atraente. Podemos afirmar que temos um período composto de 8 verbos e portanto, 8 orações. d) Ainda retomando o trecho: Desse modo, ao utilizá-la tenho que agir de forma diferenciada para provar que estou realmente fazendo a melhor opção. A minha linguagem tem que ser direta, objetiva, sintética e, mais do que tudo, atraente. Podemos afirmar que temos um período composto de 8 verbos, sendo que na última oração o verbo está elíptico e em seu lugar há uma vírgula. e) É correto afirmarmos que todo o 3 o parágrafo do texto em estudo significa que se comunicar, por meio da Língua Portuguesa, é um desafio tanto quanto no passado, embora hoje tenhamos recursos tecnológicos de imagem e som que substituem as palavras.
07- a) No período: A minha linguagem tem que ser direta, objetiva, sintética e, mais do que tudo, atraente (5 a e 6 a linhas do 3 o parágrafo), ao retirarmos a preposição do em mais do que, ocorre uma incorreção gramatical mas o sentido não se altera. b) As expressões: "escrever bonito e difícil" e "escrever bem" revelam estilos de textos de diferentes épocas. c) A presença do SE, em Houve um tempo em que se comunicar, significa que alguém está comunicando consigo mesmo. d) Não, na realidade a afirmação do item anterior está incorreta, porque o referido SE imprime à oração o sentido de que alguém vai escrever para outra pessoa. e) A presença do SE nas orações: se comunicar e pensa-se registra a indeterminação do sujeito. 08- a) Temos um quadrinho ilustrativo do texto, no qual aparece uma mensagem sobre a campanha de vacinação: Criança vacinada criança feliz. Só o texto, por si mesmo, já transmitiria o sentido pretendido, sem a imagem das crianças. b) O sentido do quadrinho, só com a imagem das crianças na fila, já seria suficiente para transmitir a mensagem positiva sobre a vacinação. c) As crianças chorando e a mensagem positiva na frase não combinam porque passam uma imagem negativa, para uma campanha positiva sobre a vacinação. d) As imagens das carinhas redondas das crianças sorrindo, dentro do cartaz, ficariam mais coerentes se elas estivessem chorando, para combinar com a imagem das crianças na fila. e) Se o texto da mensagem é dirigido aos pais, é perfeitamente coerente que ele mostre as crianças insatisfeitas com a injeção, mas ao mesmo tempo livres da doença. 09- a) A palavra porque, no texto, 2 a linha do 5 o parágrafo, confere um sentido de explicação à oração da qual ele faz parte. b) A palavra SÓ, na oração seguinte, tem o sentido de inclusão, confira: É só aprender a gostar de ler (4 a e 5 a linhas, 5 o parágrafo). c) Temos na oração a seguir a partícula É QUE. Trata-se de uma partícula da realce, veja e confira: Em geral as pessoas dedicadas é que são bem sucedidas (6 a e 7 a linhas, 5 o parágrafo). d) A palavra ATÉ, na oração seguinte, tem o sentido de em direção a, confirme: É até meio estranho alguém dizer (7 a linhas, 5 o parágrafo). e) A ambigüidade do sentido da oração da 10 a linha do 5 o parágrafo: "Não gostar de português" consiste no fato desta oração referir-se à Língua Portuguesa e à Matemática. 10- a) O período em negrito, a seguir (1 a e 2 a linhas do 5 o parágrafo) é composto por coordenação com duas orações coordenadas assindéticas e uma sindética aditiva, confirme: Aprenda a gostar de Gramática, é muito bom escrever com segurança e "melhorar seu próprio texto". b) Em:... é muito bom escrever com segurança temos duas orações e a segunda subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. c) No período: Você conhece alguém que tenha obtido prejuízo com a leitura e o estudo? (5 a e 6 a linhas do 5 o parágrafo) temos duas orações e a segunda é subordinada adjetiva. d) Na 8 a linha do 5 o parágrafo temos uma oração subordinada substantiva objetiva direta:...que se aprende desde o útero materno. e) O sentido da oração:...provavelmente transportará as intenções das nossas últimas palavras (9 a e 10 a linhas do 5 o parágrafo) faz referência à morte como a última oportunidade para se usar a própria Língua.
GABARITO 01- ITEM A. CORRETA ITEM E. ERRADA 02- ITEM A. CORRETA ITEM D CORRETA 03- ITEM A. CORRETA ITEM C. ERRADA ITEM D CORRETA 04- ITEM D. CORRETA 05- ITEM C CORRETA ITEM D ERRADA ITEM E. ERRADA 06- ITEM D. CORRETA ITEM E. ERRADA 07- ITEM C. ERRADA ITEM D. CORRETA
08- ITEM C. ERRADA 09- ITEM C CORRETA ITEM E ERRADA 10- ITEM E CORRETTA