Avaliação da qualidade de mudas de alface produzidas em bandejas de poliestireno e de polietileno com diferentes números de células. Arthur C. Spelling 1 ; Jairo A. C. de Araújo 1 ; Carlos E. J. Sanches 1 ; Luiz V. E. Villela Junior 1 ; Haroldo X. L. Volpe 1 1 FCAV/UNESP Campus de Jaboticabal Departamento de Engenharia Rural, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, CEP: 1884-900, Jaboticabal SP. Email: arthurcs1@terra.com.br RESUMO Este trabalho objetivou a produção de mudas de alface do grupo americana em Jaboticabal SP Brasil. O experimento foi conduzido em ambiente protegido coberto com filme polietileno sendo a semeadura realizada no dia 10/01/2004. Foram avaliados dois tipos de bandejas (poliestireno e polietileno), e dois tamanhos com 200 e 288 células. O substrato utilizado foi o Mecplant com adubo. As mudas produzidas em bandejas com 200 células apresentaram valores médios superiores, significativamente, com relação a fresca e seca da raiz e da parte aérea. Para os tipos de bandejas observou-se diferenças significativas em seca de raiz, sendo os maiores valores médios obtidos nas bandejas de polietileno. Palavras-chave: Lactuca sativa L., produção vegetal. ABSTRACT Valuation of Lettuce seedling quality using Polyethylene and Polystyrene trays with different cell numbers. This work had its major aim the production of seedling in Jaboticabal SP Brasil. The experiment was conducted at greenhouse and the seedling was done on 10 January 2004. Two kinds of tray (Polyethylene and Polystyrene) and two sizes of 200 and 288 cells were evaluated. The substract used was manured Mecplant. The seedling produced in trays of 200 cells presented significative higher medium values, related to rott and shoot dry weights. Significative differences were observed for root dry weights and higher medium values were obtained at polyethylene trays. Keywords: Lactuca sativa L., crop production INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças folhosas mais consumidas no Brasil, sendo São Paulo o estado com maior produção desta hortaliça, onde são exploradas cultivares de inverno e verão em diferentes épocas sob condições de irrigação (Andrade Junior et al.,1992)
A alface do tipo americana se diferencia dos demais grupos, por apresentar folhas externas de coloração verde-escura, folhas internas de coloração amarela ou branca, imbricadas, semelhantes ao repolho e crocantes. Apresenta também maior vida póscolheita, possibilitando o transporte a longas distâncias, e elevados teores de vitaminas e sais minerais, além de baixo teor calórico. A produção de mudas, em canteiros abertos e campo aberto, é um sistema pouco eficiente quanto ao aspecto fitossanitário. As sementes ficam em condições desuniformes de solo, chuva, temperaturas, e conseqüentemente a germinação, emergência e crescimento das plântulas também são irregulares, levando à obtenção de estandes falhos e desuniformes (Minami, 1995). A produção de mudas de hortaliças constitui-se numa das etapas mais importantes do sistema produtivo (Silva Júnior et al., 1995), uma vez que dela depende o desempenho final das plantas nos canteiros de produção, tanto do ponto de vista nutricional, quanto do tempo necessário para a colheita e conseqüentemente, do número de ciclos por ano. O problema agronômico original de produção de mudas em recipiente é o de assegurar o crescimento e produção de biomassa aérea com volume limitado de solo (Sancho, 1988) assim, quanto menor for o espaço disponível às raízes, mais difícil será o suprimento de fatores de produção que garantam o crescimento otimizado e desenvolvimento normal da muda. No mercado há diversos modelos de bandejas com diferentes números de células individuais; profundidade e volume diversos; tipos de materiais, como poliestireno e polietileno; também com formatos variáveis, podendo ser redondas, piramidais, cilíndricas e com possibilidade de reutilização. Objetivou-se neste trabalho a avaliação do desenvolvimento de mudas de alface americana variedade Lorca, produzidas no sistema de bandejas de poliestireno e polietileno com diferentes números de célula por bandeja (200 e 288 células). MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido durante o período de 09/01/2004 a 17/02/2004 no Setor de Plasticultura do Departamento de Engenharia Rural da FCAV UNESP/Campus de Jaboticabal, localizado à latitude 21 15 15 S, longitude 48 18 09 W e altitude média de 595m. As mudas foram formadas em casa-de-vegetação do tipo capela com 10m de largura, 28m de comprimento e 4m de pé direito, coberta com filme de polietileno de baixa densidade transparente, com espessura de 0,150mm. Foram utilizadas bandejas de poliestireno polietileno e com 200 e 288 células, sendo estas preenchidas com um substrato comercial (Mecplant com adubo). A semeadura foi
realizada no dia 10/01/04 com semente peletizada de alface americana variedade Lorca, na profundidade de 5mm e utilizando-se uma semente por célula. O delineamento estatístico foi fatorial 2X2, com 3 repetições, sendo avaliados 30 plantas por bandejas, sendo que cada bandeja constitui uma unidade experimental. Estas bandejas permaneceram em ambiente protegido, sob uma bancada metálica de 1,2m de altura até as mudas atingirem de 5 a 6 folhas definitivas que é o ponto de ideal de transplante, segundo Goto (1998). As irrigações foram feitas de duas a três vezes por dia. As avaliações foram feitas no ponto ideal de transplante, medindo-se a altura das mudas, pesando a fresca e seca dos sistemas aéreos e radiculares. Para a obtenção destas avaliações as mudas foram retiradas das bandejas, levadas ao laboratório e lavadas em água corrente para a retirada do substrato aderente. A altura das mudas foi obtida com o auxilio de uma régua graduada em milímetros. O peso da fresca da parte aérea foi feito retirando-se da muda o sistema radicular e pesando separadamente as partes aéreas e radiculares, das 30 amostras, posteriormente as amostras foram colocadas em sacos de papeis etiquetados e levadas para a estufa a 65º C com fluxo forçado de ar para se obter o peso da seca. RESULTADO E DISCUSSÃO Pela Tabela 1 pode-se observar que para as bandejas de 200 e 288 células as médias da altura e do peso da fresca da parte aérea não apresentaram diferenças significativas, porém para as médias do peso da fresca e seca da raiz, e o peso da seca da parte aérea houve diferenças significativas. Estas diferenças podem ter ocorrido em virtude de um maior volume de substrato nas bandejas de 200 células, concordando com resultados já verificados em testes de bandejas de poliestireno em outras culturas como o maracujá (Oliveira et al., 1993), e quiabo (Modolo & Tessarioli Neto, 1999) onde as maiores médias foram obtidas nas células com maior volume. Para os tipos de bandejas de polietileno e de poliestireno não houve diferenças significativas para as médias de altura de planta, peso da fitomasa fresca da raiz e peso da fresca e seca da parte aérea. No entanto houve diferenças significativas para o peso da seca da raiz sendo que as mudas produzidas nas bandejas de polietileno apresentaram os maiores valores médios. Esta diferença talvez esteja relacionada com a diferença de temperatura do substrato, nos diferentes tipos de materiais constituintes das bandejas. Tabela 1. Valores médios da altura (cm), peso fresco da da parte aérea por planta (g), peso fresco da da raiz por planta (g), peso seco da da raiz de 30 plantas (g) e peso seco da da parte aérea de 30 plantas(g).
Altura fresca da raiz fresca da parte aérea seca da raiz seca da parte aérea Numero de células (N) Bandejas com 200 células 7,5123 A 0,8527 A 1,7227 A 2,6800 A 5,5033 A Bandejas com 288 células 6,9175 A 0,6602 B 1,3577 A 2,0133 B 4,1883 B Teste F para N 1,1104 ns 8,4994* 3,4028 ns 13,2868** 8,6035* Tipos de bandejas (T) Bandejas de polietileno 6,9422 A 0,8277 A 1,5765 A 2,5933 A 5,1717 A Bandejas de poliestireno 7,4877 A 0,6852 A 1,5038 A 2,1000 B 4,5200 A Teste F pata T 0,9338 ns 4,6575 ns 0,1349 ns 7,2759* 2,1129 ns Teste F para a interação N X V 0,1790 ns 0,3341 ns 0,0230 ns 0,2990 ns 0,2670 ns DMS (5%) 1,3013 0,1522 0,4561 0,4216 1,0335 CV 13,5517 15,1195 22,2521 13,4992 16,0244 Médias seguidas por letras distintas na coluna, diferem entre si pelo teste de tukey a 5% ** Significativo pelo teste F ao nível de 1% de probabilidade. NS Não significativo pelo teste F. Desta forma, para a produção de mudas de alface pode ser recomendado o uso de bandejas de 200 células, a qual possibilita a obtenção das melhores mudas. Para os tipos de bandeja estudada poliestireno e polietileno, não houve diferenças significativas entre a maioria das variáveis avaliadas. LITERATURA CITADA ANDRADE JÚNIOR, A.S.; DUARTE, R.L.R.; RIBEIRO, V.Q. Resposta de cultivares de alface a diferentes níveis de irrigação. Horticultura Brasileira, v.10, n.2, p. 95-97, 1992. GOTO, R. A cultura da alface. In.: GOTO, R., TIVELLI, S. W. (org.). Produção de hortaliças em ambiente protegido: condições subtropicais. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 137-159. MINAMI, K produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T.A. Queiroz, 1995. 135p. MODOLO,V.A.; TESSRIOLI NETO, J. Desenvolvimento de mudas de quiabeiro [ Abelmosschus esculentus (L). Moench] em diferentes tipos de bandeja e substrato. Scientia Agrícola, v.56, n.2 p. 377-381,1999. OLIVEIRA, R.P.; SCIVITTARO, W.B.; VASCONSELLOS, L.A.B.C. Avaliação de mudas de maracujazeiro em função do substrato e do tipo de bandeja. Scientia agrícola, v. 50, n. 2, p. 261-266, 1993 SANCHO, J.F.A. The present status of the substrate as ecosystem component and its function and importance in crop productivity. Acta Horticulturae, v. 221, p. 53-74, 1988.
SILVA JÚNIOR, A.A.; MACEDO, S.G.; SLUKER, H. Utilização de esterco de peru na produção de mudas de tomateiro. Florianópolis: EPAGRI, 1995 28p. (Boletim técnico, 73).