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DIVULGAÇÃO DE PARECER DO CONSELHO CONSULTIVO N.º 51/ CC /2016 N/Referência: P.º C.Bm. 12/2016 STJ-CC Data de homologação: 14-09-2016 Consulente: Setor Técnico-Jurídico dos Serviços de Registo (STJSR). Assunto: Palavras-chave: Pedido de informação relativo à identificação do promotor de registo automóvel online Pedido cancelado por falta de pagamento. Automóvel online Pagamento Cancelamento Certidão Informação. PARECER Relatório Na sequência de pedido de informação, dirigido ao e-mail do RNPC-DUA, disponível no sítio http://www.automovelonline.mj.pt/, tendente ao conhecimento do promotor de registo automóvel online com certo número de pedido, cancelado por falta de pagamento, e sobre veículo concretamente identificado pela indicação da matrícula, foi colocada a reserva que se expõe: [...] atendendo a que a legislação em vigor, sobre registo de veículos, não define as condições de acesso/fornecimento deste tipo de informação constante da base de dados e como está em causa o acesso a dados pessoais como seja o nome do requerente de um pedido de ato de registo que nem sequer chegou a ter existência jurídica, porque cancelado por falta de pagamento, bem como se colocará a dúvida quanto ao pagamento pelo fornecimento da informação. Considerando estar em causa matéria de acesso à informação foi solicitado superiormente a apreciação das seguintes questões: Quanto à existência ou não de fundamento legal para a transmissão dos dados pessoais do requerente, na medida em que o seu contacto com o sistema não chegou a gerar uma relação com o registo; e Quanto ao eventual enquadramento emolumentar aplicável. 1/7

Pronúncia 1 1. Apresentando-se o registo de veículos com a finalidade essencial de dar publicidade à situação jurídica dos veículos a motor e respetivos reboques, tendo em vista a segurança do comércio jurídico, nos termos do disposto nos artigos 1.º, n.º 1, e 27.º, n.º 2 do Registo da Propriedade Automóvel (RPA) 2, numa formulação geral, qualquer pessoa pode obter certidões ou cópias não certificadas dos atos de registo e dos documentos arquivados [artigo 53.º do Regulamento do Registo de Automóveis (RRA) 3 e artigo 27.º-D, n.º 2, a) do RPA], bem como ter acesso à informação sobre caraterísticas dos veículos (artigo 27.º-D, n.º 1 do RPA). Vejamos se o pedido em apreciação se poderá inserir na legislação própria do registo de veículos. 2. O artigo 53.º do RRA preceitua que as certidões e as cópias não certificadas dos atos de registo e dos documentos arquivados podem ser requeridos por qualquer pessoa, prescindindo o artigo 12.º do mesmo Regulamento de reconhecimento da assinatura do requerente. 2.1. Adaptando a disposição relativa ao registo predial compatível com o registo de veículos (cf. artigo 29.º do RPA), isto é, o artigo 111.º, n.º 4 do Código do Registo Predial (CRP), o pedido de certidão, efetuado por escrito, deve conter a identificação do requerente, a indicação da matrícula do veículo, bem como a informação acerca dos atos de registo ou dos documentos arquivados cuja certificação se requer. 2.2. Da conjugação do artigo 6.º com o artigo 53.º do RRA, os documentos de que pode ser emitida certidão ou cópia não certificada são os que ficam arquivados, isto é, os requerimentos e documentos que tenham servido de base a atos de registo ou à emissão de segundas vias de certificado de matrícula. Com efeito, é só a esses requerimentos e documentos a que alude o artigo 6.º do RRA ao determinar o arquivamento de documentos. 2.3. As certidões são emitidas em suporte de papel ou por via eletrónica, prevendo o n.º 2 do artigo 55.º do RRA a designada certidão online de registo de veículos, a qual se encontra regulamentada na Portaria n.º 99/2008 de 31-01, nos artigos 11.º a 16.º, permitindo a disponibilização, em suporte eletrónico e permanentemente 1 Bibliografia maioritariamente utilizada no presente estudo: MARIA JOSÉ MAGALHÃES DA SILVA, Registo da Propriedade de Veículos, Legislação e Notas Práticas, Lisboa: Quid Juris, 2016; e ALEXANDRE SOUSA PINHEIRO, Privacy e protecção de dados pessoais: a construção dogmática do direito à identidade informacional, Lisboa: AAFDL, 2015. 2 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 54/75, de 12-02, com as alterações introduzidas pelos Decretos-Lei n.º 31/78, de 09-02; n.º 242/82, de 22-06; n.º 461/82, de 26-11; n.º 217/83, de 25-05; n.º 54/85, de 04-03; n.º 403/88, de 09-11; n.º 182/2002, de 20-08; n.º 178-A/2005, de 28-10; n.º 85/2006, de 23-05; n.º 20/2008, de 31-01 e Lei n.º 39/2008, de 11-08. 3 Aprovado pelo Decreto n.º 55/75, de 12-02, com as alterações introduzidas pelos Decreto Regulamentar n.º 36/82, de 22-06; Decreto n.º 130/82, de 27-11; Decretos-Lei n.º 226/84, de 06-07; n.º 323/2001, de 17-12; n.º 178-A/2005, de 28-10; n.º 85/2006, de 23-05; n.º 20/2008, de 31-01; Lei n.º 39/2008, de 11-08; Decretos-Lei n.º 185/2009, 12-08; n.º 177/2014, de 15-12 e n.º 201/2015, de 17-09. 2/7

atualizada, da reprodução dos registos respeitantes ao veículo, bem como da menção das apresentações e dos pedidos de registo pendentes. 2.3.1. Contudo, como se extrai do artigo 11.º da citada Portaria, as certidões online reproduzem unicamente os registos em vigor sobre o veículo, pelo que se o requerente pretender certidões de registos de propriedade anteriores ou de documentos arquivados que tenham servido de base a algum ou alguns registos, terão de ser requeridas presencialmente ou pelo correio e emitidas em suporte de papel. 2.4. Em extrema síntese, provando para todos os efeitos legais e perante qualquer autoridade pública ou entidade privada a informação constante da certidão emitida em suporte de papel ou por via eletrónica (artigo 55.º, n.º 1 e 2 do RRA), as certidões (ou cópias não certificadas) só podem englobar o conteúdo dos atos de registo e dos documentos que lhes tenham servido de base, nos termos expostos, não devendo conter quaisquer documentos ou menções não previstas na lei 4-5. 2.5. Por fim, preceitua o artigo 57.º do RRA sobre a necessidade de os requerimentos destinados a obter certidões ou documentos análogos se fazerem acompanhar da totalidade dos emolumentos devidos, sob pena de rejeição. O valor emolumentar está previsto no artigo 25.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN), mais precisamente nos nºs 2.1, 2.2 e 2.4. 3. O normativo específico de acesso e comunicação de dados pessoais encontra-se previsto nos artigos 27.º a 27.º-I do RPA, tendo sido introduzido pelo Decreto-lei n.º 182/2002, de 20-08, de forma a compatibilizá-lo com as disposições contidas na Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro, isto é, com a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LPDP) 6. 3.1. Reunindo-se o registo de veículos num ficheiro central informatizado (artigo 1.º, n.º 2 e 27.º, n.º 1 do RPA), esta base de dados tem por finalidade organizar e manter atualizada a informação respeitante à situação jurídica desses bens, com vista à segurança do comércio jurídico, não podendo ser utilizada para qualquer outra finalidade com aquela incompatível (artigo 27.º, n.º 2 do RPA). 4 Designadamente menções que restrinjam a sua validade ou utilização. Nesse sentido vide a Orientação Validade das certidões emitidas pelos serviços de registo para efeitos de inspeção periódica obrigatória aposição de menções não previstas na lei, do Departamento de Gestão e Apoio Técnico Jurídico aos Serviços de Registo, de 25/09/2012. 5 Dispõe o artigo 55.º, n.º 3 do RRA que, para além da informação sobre os atos de registo e dos documentos arquivados, a certidão poderá conter a informação relativa ao seguro do veículo, mas esta menção no conteúdo das certidões ainda não se encontra regulamentada por Portaria. 6 Aprovado, então, pela Lei n.º 67/98, de 26-10, com as alterações introduzidas pela Declaração de Retificação n.º 22/98, de 28-11 e pela Lei n.º 103/2015, de 24-08. 3/7

3.2. O Presidente do Conselho Diretivo do IRN, I.P. é, em geral, o responsável pelo tratamento da base de dados e por assegurar o direito de informação e de acesso aos dados pelos respetivos titulares, pela correção de inexatidões, complemento de informações e supressão de dados indevidamente registados, bem como velar pela legalidade da consulta ou comunicação da informação (artigo 27.º-A). 3.3. Os dados para tratamento informatizado são retirados do requerimento de registo (artigo 27.º-B, n.º 2 e artigo 11.º do RRA) e, do mesmo modo, são recolhidos os dados pessoais relativos à identificação dos sujeitos ativos e passivos dos factos sujeitos a registo (artigo 27.º-C). 3.4. Encontramos nos artigos 27.º-D a 27.º-F as permissões de consulta ou comunicação de informação. Deixando de fora da análise a faculdade de consulta por organismos e serviços do Estado, entidades judiciárias, policiais, fiscalizadoras e afins [artigo 27.º-D, n.º 2, alíneas b), c), d), e), e artigo 27.º-E], temos que: 3.4.1. A informação constante do registo automóvel, desde que respeite exclusivamente às características dos veículos e sem referência aos respetivos titulares, pode ser comunicada a quaisquer entidades, públicas ou privadas. É o que dispõe o artigo 27.º-D, n.º 1 7. Assim, são os serviços de registo competentes para emitir informação, a qualquer pessoa, sobre as características dos veículos; 3.4.2. Prescreve o artigo 27.º-D, n.º 2, alínea a), que os dados pessoais referentes à situação jurídica de qualquer veículo, constantes das bases de dados, podem ser comunicados a qualquer pessoa, nos termos previstos na legislação específica do registo de veículos, isto é, nos termos do RPA (artigos 1.º, n.º 1, e 27.º, n.º 2) e do RRA, precisamente nos artigos 53.º e seguintes suprarreferidos e de acordo com o narrado. Recordamos, as informações e certidões devem ter por base a indicação da matrícula do veículo 8-9 ; 3.4.3. Qualquer pessoa tem direito a ser informada sobre os dados pessoais que lhe respeitem e a respetiva finalidade, ao abrigo do disposto no artigo 27.º-F. Por conseguinte, é possível serem fornecidas informações aos titulares dos dados pessoais, desde que estes se identifiquem legalmente. 3.5. Logo, a comunicação ou a revelação dos dados pessoais constantes das bases de dados só pode ser efetuada nos termos descritos (artigo 27.º-I). 7 Cf. ainda o artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 178.º-A/2005, de 28-10, o qual aprovou o Documento Único Automóvel. 8 Cf. Proc. n.º R.P. 125 R.P.94 DSJ-CT, BRN 3/2002, sobre o âmbito da publicidade registal e a utilização do ficheiro pessoal. 9 Quanto ao pedido de informações verbais relativas à identificação dos titulares dos direitos ou encargos vide Proc. C.Bm. 33/2011 SJC, onde se concluiu que A publicidade da situação jurídica dos veículos, objetivo essencial do registo automóvel, na sua perspetiva da segurança do comércio jurídico, efetiva-se mediante o reconhecimento a qualquer pessoa da possibilidade de obter, além de certidões dos atos de registo e dos documentos arquivados, apenas cópias não certificadas (que consubstanciam informações dadas por escrito) do conteúdo de uns e outros, não sendo admissível a prestação de informações verbais por falta de base legal. 4/7

4. A Portaria n.º 99/2008, de 31-01, contém a regulamentação atual da apresentação por via eletrónica dos pedidos de registo de veículos 10, admitindo-se, inicialmente, a possibilidade de serem promovidos por via eletrónica a transmissão do direito de propriedade plena, com base em contrato verbal de compra e venda e a penhora promovida por solicitador de execução, tendo sido alargada a possibilidade de promoção por via eletrónica a outros atos de registo por despachos do Presidente do Conselho Diretivo do IRN, I.P. (cf. artigo 23.º) 11-12. 4.1. A promoção online dos atos de registo de veículos realiza-se através do sítio na internet com o endereço www.automovelonline.mj.pt, o qual permite, entre outros, o preenchimento eletrónico dos elementos necessários ao requerimento de registo e o pagamento dos serviços por via eletrónica (artigo 2.º). 4.1.1. Deste modo, o requerimento de registo de veículos que o utilizador preenche não é exatamente o modelo único aprovado pelo Despacho n.º 20315/2008 de 21/7 do Presidente do IRN, I.P. 13, empregue para a prática de atos de registo de veículos e respetivos reboques na via presencial ou pelo correio, mas um formulário, inteiramente eletrónico, de requerimento de registo de veículos, disponibilizado pelo sítio supracitado, após a seleção do facto ou direito que se pretende registar, de entre os admitidos. 4.1.2. Situações haverá em que apenas o referido requerimento comprovará legalmente o facto que se pretende registar, dos quais são exemplo o registo inicial de propriedade (artigo 24.º do RRA) e o registo de propriedade adquirida por contrato verbal de compra e venda, desde que o requerimento seja assinado eletronicamente por comprador e vendedor (artigo 25.º, n.º 1 do RRA), ou seja, com a designada Aprovação Online 14. Noutros casos, o requerimento deve ser acompanhado de documentos comprovativos do facto ou direito a registar, os quais deverão ser digitalizados com o pedido [artigo 2.º, n.º 2, d) e artigo 3.º, n.º 1, a) e n.º 2]. 4.1.3. Em ambas as hipóteses há que considerar o disposto no artigo 6.º do RRA, já mencionado, que determina o arquivamento dos requerimentos e documentos que servem de base principal a atos de registo ou à emissão 10 Revogou a Portaria n.º 1050-A/2007, de 31-08 e foi já objeto das alterações introduzidas pelas Portarias n.º 1536/2008, de 30-12; n.º 426/2010, de 29-06; n.º 283/2013, de 30-08; e n.º 358/2015, de 14-10. 11 Cf. Despacho n.º 78/2008, de 28-07; Despacho n.º 97/2008, de 18-09; Despacho n.º 143/2009, de 20-10; Despacho n.º 165/2009, de 02-12; Despacho n.º 03/CD/2015, de 02-03; e Despacho n.º 38/CD/2015, de 16-06. 12 Convém notar que esta é apenas mais uma via não presencial de apresentação de pedidos de registo sobre veículos, com regulamentação especial, é certo, a par da utilização dos serviços de correios para o envio de registo (artigo 40.º do RRA). Queremos com isto significar que a estes atos de registo se aplicam as disposições específicas do registo automóvel, designadamente o RPA e o RRA e a respetiva legislação subsidiária (CRP). 13 Disponível no DIÁRIO DA REPÚBLICA, 2.ª SÉRIE, n.º 148, de 01.08.2008, p. 34375. 14 Para mais exemplos cf. MARIA JOSÉ MAGALHÃES DA SILVA, Registo da Propriedade de Veículos, Legislação e Notas Práticas, cit., pp. 276-277. 5/7

de segundas vias de certificados de matrícula, o qual deve ser integrado com o Despacho n.º 68/2010, de 31-05, do Presidente do IRN, I.P sobre o arquivo eletrónico destes documentos 15, e o preceito contido no artigo 53.º do RRA que permite a certificação ou a emissão de cópias não certificadas de documentos arquivados 16. 4.2. O pedido online de atos de registo de veículos só é considerado validamente submetido após a emissão de um comprovativo eletrónico emitido pelo sítio www.automovelonline.mj.pt, que indique a hora e a data em que o pedido foi concluído (artigo 8.º). 4.3. Ora, após a submissão eletrónica do pedido é gerada, automaticamente, uma referência para pagamento dos emolumentos devidos pelo registo, os quais devem ser pagos no prazo de cinco dias após a formação daquela referência, sob pena de cancelamento do pedido de registo (artigo 9.º). 4.4. Logo, não sucedendo o pagamento no prazo disponível para o efeito, o pedido é cancelado e não será anotado (artigo 5.º), pelo que o serviço competente não irá proceder ao tratamento dos dados e dos documentos entregues, nem à apreciação do pedido (artigo 10.º). É que, além de não ter sido confirmado o pagamento e o sistema informático não poder prosseguir com o mecanismo, impõem-se todas as normas que regulam o registo de veículos e que, nomeadamente, impedem que seja lavrado um direito ou facto relativo a registo de veículos sem apresentação (artigo 31.º do RRA e 6.º do CRP) e exigem que os pedidos sejam acompanhados da totalidade dos emolumentos (artigo 28.º do RPA e artigo 34.º do RRA 17 ). 4.5. Com o que, em situações como a presente, não havendo pedido de registo de veículos, não há tratamento de dados pessoais ou arquivo de qualquer documento, isto é, qualquer requerimento ou documento que se possa considerar arquivado. ******* Em face do exposto, confrontadas as normas específicas do registo automóvel relativas à possibilidade de informações dadas por escrito referentes aos proprietários atuais ou anteriores de quaisquer veículo, à emissão de certidões ou cópias não certificadas de atos de registo e de documentos arquivados, e bem assim às normas 15 Onde se pode ler: [...]. Assim, nos termos do artigo 6.º, n.º 1, do Decreto-Lei no 55/75 de 12 de Fevereiro, na redação dada pelo artigo 16.º do Decreto-Lei no 178-A/2005, de 28 de Outubro, determino que: - A partir do dia 01 de Julho de 2010, os requerimentos e documentos que instruem pedidos de atos de registo de veículos e respetivos reboques, submetidos e recebidos via aplicação informática dos pedidos de registo automóvel online, não devem ser impressos em suporte de papel, uma vez que os mesmos permanecem arquivados na referida aplicação informática. 16 Sem esquecer que, nos termos do artigo 4.º, os advogados, os solicitadores e os notários que enviem documentos (comprovativos dos factos constantes do pedido de registo ou da sua capacidade e dos seus poderes de representação para o ato) ficam obrigados a arquivar os respetivos originais em suporte de papel. Cf. ainda o artigo 18.º, b) e o artigo 21.º da Portaria em análise. 17 Cf. ainda o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 201/2015 de 17-09, que aprovou o modelo de contabilidade dos serviços de registo do Instituto dos Registos e do Notariado, I. P. 6/7

relativas à proteção de dados pessoais, as quais admitem a informação constante do registo automóvel respeitante às características dos veículos, a informação dos dados pessoais referentes à situação jurídica de qualquer veículo, constantes das bases de dados, em face da indicação da matrícula do veículo, e a informação aos titulares dos dados pessoais, desde que estes se identifiquem legalmente, julgamos não existir fundamento legal para a informação dos dados pessoais (que não foram tratados nem tinham que o ser) de um utilizador que promoveu online um ato de registo de veículos, cujo pedido foi cancelado por falta de pagamento. Parecer aprovado em sessão do Conselho Consultivo de 8 de setembro de 2016. Blandina Maria da Silva Soares, relatora, António Manuel Fernandes Lopes, Maria Madalena Rodrigues Teixeira, Luís Manuel Nunes Martins, Carlos Manuel Santana Vidigal. Este parecer foi homologado pelo Senhor Presidente do Conselho Diretivo, em 14.09.2016. 7/7