Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil Novembro

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Transcrição:

Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil 99 Novembro

Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa SEEG 99 O SEEG Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa é uma inciativa do Observatório do Clima que compreende a realização de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, documentos analíticos sobre a evolução das emissões e um portal na internet para disponibilização de forma simples e clara sobre métodos e dados gerados no sistema. As Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa são realizadas segundo as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com base nos dados do Segundo Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e em dados obtidos junto a relatórios governamentais, institutos, centros de pesquisa, entidades setoriais e organizações não governamentais. Cinco setores foram avaliados Agropecuária, Energia, Mudanças de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos com dados anuais para o período 99. A partir desta publicação, o SEEG será atualizado anualmente. Todos os dados contidos neste relatório e as notas metodológicas completas estarão disponíveis no site www.seeg.observatoriodoclima.eco.br. Coordenação Geral Tasso Rezende de Azevedo Coordenação SEEG no Observatório do Clima Carlos Rittl Coordenação Técnica dos setores de Energia e Processos Industriais Instituto de Energia e Meio Ambiente IEMA André Luis Ferreira, Clauber Leite, David Shilling Tsai, Marcelo dos Santos Cremer e Roberto Kishinami Coordenação Técnica dos setores de Agropecuária e Resíduos Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola IMAFLORA Alessandro Rodrigues, Camila Barbosa, Luis Fernando Guedes Pinto, Marina Piatto, Renato Pellegrini Morgado, Tharic Galuchi Coordenação Técnica do setor de Mudanças de Uso da Terra Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia IMAZON Amintas Brandão Junior, Carlos Souza Junior e Marcio Sales Suporte Organizacional Fundação Avina Paula Ellinger e Glaucia Barros Fundação Getúlio Vargas Ricardo Barretto São Paulo Novembro de

Ficha Técnica Observatório do Clima Organização Tasso Azevedo Produção Editorial Ricardo Barretto Edição de Conteúdo Liana John Edição de Arte Estúdio Cardume Infográficos Eduardo Asta Financiadores Fundação OAK Iniciativa Clima América Latina ICAL Climate and Land Use Alliance CLUA Fundação Avina

Sumário Introdução Metodologia Estimativas Energia Mudanças de uso da terra Agropecuária Processo industriais Resíduos 6 9 6 6 8 Anexos Tabela de Analise da Qualidade dos Dados Tabelas completas de emissões 99 4 Links 48

FIGURAS Gráfico : Evolução das Emissões de GEE no Brasil de 99 a (t CO e) Gráfico : Evolução das Emissões de GEE por Setor entre 99 e (milhões de t CO e) Gráfico : Participação dos diferentes setores nas emissões de CO, e N em (t) Infográfico Energia Infográfico Uso da Terra Infográfico Agropecuária Infográfico Processo industriais Infográfico Resíduos 5 6 6 8 TABELAS Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por setor (tco e) Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t) Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t CO e) Tabela 4: Emissões de GEE em distribuídas pelos principais setores econômicos (tco e) Tabela 5: Emissões Brutas de GEE no Setor de Energia (t) Tabela 6: Emissões brutas de GEE no Setor de Energia (t CO e) Tabela 7: Emissões brutas de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (tco e) Tabela 8: Emissões totais de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (t) Tabela 9: Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário por gás (t) Tabela : Emissões brutas de GEE do Setor Agropecuário (tco e) Tabela : Emissões brutas de GEE por atividade no setor agropecuário (tco e) Tabela : Emissões brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (tcoe) Tabela : Emissões Brutas de GEE no Setor de Processos Industriais (t) Tabela 4: Emissões brutas de GEE por gás no Setor de Resíduos (t) Tabela 5: Emissões brutas de GEE no Setor de Resíduos (tcoe) 4 4 5 8 8 8 8 9 4 4 9 4

Introdução 6 As emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEE) somavam cerca de 5 bilhões de toneladas de carbono equivalente (Gt CO e) em, segundo estimativas com base no Banco de Dados de Emissões para a Pesquisa do Atmosférica Global (Emission Database for Global Atmospheric Research ou EDGAR) da Comissão Européia. No mesmo ano, o Brasil contribuiu com,49 Gt COe, ou,86%. Esta participação vem caindo desde 4, quando atingiu 6%. A contribuição do Brasil nas emissões globais de GEE é relativamente pequena, considerando a extensão do território nacional (5% da superfície terrestre). No entanto, é condizente com a população brasileira (,8% da população mundial) ou o Produto Interno Bruto (,89% do PIB Global). Apesar dos avanços recentes, ainda estamos longe de ser uma Economia de Baixo Carbono. As emissoes brasileiras representam cerca de % do orçamento médio anual de emissões globais até o final do século. Segundo o 5º relatório de avaliação do IPCC (IPCCAR5) até o final do século devem se limitar a GtCO de média anual para termos razoavel chance (66%) de limitar o aumento da temperatura média do planeta em ºC. Os últimos relatórios, divulgados em pelo IPCC (AR5) e pelo Painel Brasileiro sobre Mudanças Climáticas (PBMC RAN), indicam que as mudanças verificadas no clima são reais e têm sua principal causa na alteração do balanço energético do Planeta, causada em especial pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa. As consequências destas mudanças no clima terão profundo impacto no Brasil, sobretudo para a agricultura, a segurança energética, a saúde e a habitação, visto que os cenários estudados apontam a possibilidade de aumento da temperatura média em até 5ºC, em algumas regiões do país, e aumento da intensidade, duração e frequência dos eventos extremos de seca e precipitações. O Brasil possui uma Politica Nacional sobre Mudança Clima com uma meta de redução de emissões de 6,% frente a uma projeção de emissões para. Uma série de ações está em curso para o país atingir essas metas, incluindo um conjunto de planos setoriais em áreas como agricultura, combate ao desmatamento, indústria, energia, transportes e mineração. O acompanhamento das emissões brasileiras de GEE é fundamental para que se possa avaliar o alcance da implementação da Política Nacional de Mudanças Climáticas, além de delinear tendências e detectar eventuais desvios de rumo a tempo de realizar as correções e adaptações necessárias. O Brasil não é obrigado a fazer inventários e comunicações anuais de suas emissões à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) por não constar da lista de países do Anexo I, que abrange os países desenvolvidos e as chamadas economias em transição, como os países do Leste Europeu. Apesar disso, o Brasil já produziu inventários (publicados em 5 e ) e uma atualização de dados ou estimativas (em, com dados até ). Como ocorre com os demais países que não constam do Anexo I, os inventários brasileiros não têm periodicidade definida e os dados não são submetidos à revisão de uma equipe internacional.

As comunicações nacionais são compromisso de todos os países signatários da UNFCCC, além de incluir os inventários nacionais e remoções antropogênicas de gases de efeito estufa, relatam os esforços feitos para mitigar as causas e atenuar os impactos de suas emissões. A elaboração da comunicação brasileira está ao encargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ministério também responsável pela implementação da Convenção de Mudanças Climáticas no país, desde sua assinatura, em 99. A Primeira Comunicação Nacional à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi entregue ao secretariado da Convenção em 5 e incluiu os dados do primeiro Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, contemplando o período 99 a 994. Em, o MCTI organizou o segundo inventário de emissões, com revisões e novos cálculos referentes ao período 99 a 5. O documento fez parte da Segunda Comunicação Nacional à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Em linhas gerais, no período contemplado, o país aumentou suas emissões em 6%, passando de um total de,9 Gt CO e para,9 Gt CO e. A principal causa desta variação foi o desmatamento da Amazônia, cujo setor (Mudanças do Uso da Terra) então respondia por 6% das emissões nacionais, contra 9% da Agropecuária; 5% da Energia; % de Processos Industriais e % de Resíduos. Desde 5, porém, com a implementação de programas e iniciativas que reduziram as emissões por desmatamento, houve grande alteração na composição das emissões brasileiras. Estas novas tendências serão captadas no º inventário de emissões, em inicio de elaboração. Em, quando da regulamentação dapolitica Nacional sobre Mudança Clima, o Decreto 7.9 determinou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação produzisse estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa. Em junho de, atendendo a esta determinação, o MCTI publicou a referida atualização das emissões brasileiras com estimativas até o ano de. A defasagem entre a publicação dos dados e o período coberto é um problema, pois demora a captar a evolução das emissões (atualmente a defasagem é de anos). Outra dificuldade é a forma de apresentação das estimativas oficiais, que limita as possiblidades de uso dos dados. As tabelas impressas são complexas e de difícil utilização, e praticamente inviabilizam o acesso às fontes dos dados. Diante da necessidade de obter dados atualizados sobre as emissões de gases do efeito estufa, ao longo dos últimos anos surgiram algumas iniciativas independentes de cálculo de emissões. Em 9, o engenheiro agrônomo e doutor em Geociências, Carlos Clemente Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), fez estimativas para 99 a 5 (o segundo inventário ainda não havia sido divulgado), e fez atualizações até 8. Em seguida, publicou diversos artigos com sugestões de mitigação de emissões e alternativas de baixo carbono para a agricultura e a pecuária, inclusive com ajustes setoriais e regionais. 7

Em novembro de, outro conjunto de estimativas independentes foi publicado pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo, como parte da preparação de subsídios para participação do Brasil na 8ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP 8), realizada em Doha. As estimativas de emissões de GEE cobriram o período de 5 a, completando os dados disponíveis do período 99 a 5. A metodologia utilizada se baseou no º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI e na atualização dos dados então disponíveis de forma acessível na internet. Tais iniciativas serviram de inspiração e embrião do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa SEEG, que o Observatório do Clima (OC) ora coloca à disposição da sociedade brasileira para o período 99 a. O estudo cobre os cinco setores Agropecuária, Energia, Mudanças do Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos e todos os gases previstos na metodologia do inventário nacional. O compromisso do Observatório do Clima, a partir desta publicação, é preparar estimativas e análises anuais com um interstício máximo de um ano e tornar acessíveis todos os dados, métodos e planilhas, para que todos os interessados possam se qualificar para o debate sobre as políticas de alguma forma relacionadas às mudanças climáticas no Brasil. Estas estimativas atualizadas, embora com as limitações das circunstâncias em que foram produzidas, permitem perceber tendências e favorecem análises e correções em tempo de orientar a adoção de políticas públicas adequadas. A construção de uma Economia de Baixo Carbono eficiente, depende da tomada de decisões mais informadas, no planejamento e na implementação de políticas públicas e na promoção de iniciativas governamentais, não governamentais e do setor privado. Gases do Efeito Estufa São os gases que potencializam o efeito estufa e devem ter suas emissões reduzidas, conforme o Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO ), metano ( ), óxido nitroso (N O), hidrofluorcarbonetos (HFCs), perfluorcarbonetos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF 6 ). Outros três gases incluídos neste levantamento monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis nãometano (COVNM) não são gases de efeito estufa propriamente ditos, mas têm efeito sobre suas concentrações ao contribuir com os processos físicoquímicos que regulam seus níveis de produção ou dissipação. Por isso são chamados de precursores ou indiretos. Carbono Equivalente Cada gás de efeito estufa tem um potencial diferente de contribuição para a equação do clima. Para permitir comparar as emissões de diferentes setores com diferentes gases, os volumes de cada gás e seu potencial de contribuição são convertidos em uma medida comum, o carbono equivalente. A base de comparação é a molécula de dióxido de carbono, daí a sigla CO eq ou CO e 8

Como foram feitas as estimativas de emissões Estas estimativas abrangem as emissões de GEE no período de 99 a. Para o período 99 a 5 foram tomados como base os dados do º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, publicado em. Como os dados do inventário se concentram apenas nos anos de 99, 995, e 5, foram realizadas estimativas para completar as séries históricas com todos os anos. Para o período 6 a, as estimativas foram calculadas especificamente para este estudo. As estimativas incluem as emissões de todos os gases previstos nos Inventários, porém com foco principal em dióxido de carbono (CO ), metano ( ) e óxido nitroso (N O), que respondem por mais de 99% das emissões em carbono equivalente (CO e). Referências Metodológicas Estas estimativas tiveram como ponto de partida a metodologia de dois documentos principais: o Guia do IPCC 6 para Inventários Nacionais de GEE e o º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de GEE (). Sem o º inventário de emissões e respectivos relatórios de referência não seria possível executar este estudo, pois a grande maioria dos fatores de emissão específicos foram calculados no processo de elaboração do inventário por equipes de dezenas de instituições e envolvendo centenas de pesquisadores e especialistas. Elaboração das estimativas passo a passo O SEEG foi executado por cinco equipes de três instituições. Cada equipe passou pelos seguintes passos básicos:. Revisão da Metodologia IPCC e do º Inventário, incluindo a leitura de todos os relatórios de referência preparados para o º inventário. 9

. Recomposição das tabelas de cálculo do º Inventário para compreender e testar a forma de aplicação dos fatores de emissão. No processo foram refeitas as planilhas e os sistemas de cálculo, usando os dadosbase do º inventário, com o objetivo de replicar os dados de acordo com a descrição metodológica dos relatórios de referência. Identificação de lacunas de dados e definição de fórmulas auxiliares de cálculo para preenchimento das lacunas. Onde faltaram os dados necessários para utilizar o fator de emissão no formato original, foram utilizados fatores de emissão auxiliares, geralmente por meio de análise de correlação de emissões e nível de atividade, tendo como base os dados do º inventário.. Levantamento de dados de atividade e de componentes de atualização para os fatores de emissão. O objetivo foi levantar as informações atualizadas, sempre que possível, junto às mesmas fontes do º inventário, desde que os dados estivessem disponíveis gratuitamente. 4. Identificação de lacunas de dados e definição de fórmulas auxiliares de cálculo para preenchimento das lacunas. Onde faltaram os dados necessários para utilizar o fator de emissão no formato original, foram utilizados fatores de emissão auxiliares, geralmente por meio de análise de correlação de emissões e nível de atividade, tendo como base os dados do º inventário. 5. Apresentação e validação da metodologia e dos dados, em três seminários técnicos, realizados com os especialistas e os técnicos das instituiçõesmembros do Observatório do Clima, com objetivo de revisar as diferentes etapas do estudo. 6. Revisão e análise da qualidade dos dados. Ao final, todos os dados foram avaliados segundo a qualidade dos fatores de emissão e dos dados de atividade utilizados. Foram identificados alguns pontos que devem se melhorados em futuros levantamentos. Neste primeiro ano de implantação do SEEG não foi possível, por exemplo, realizar a atividade de peer review (revisão de pares), o que deve acontecer a partir de 4. Para assegurar a possibilidade de repetição das estimativas calculadas por qualquer interessado, só foram utilizados dados obtidos de forma pública e gratuita, incluindo dados disponíveis através da internet ou em bibliotecas de acesso público. No primeiro ano do SEEG as estimativas tratam apenas do nível nacional, contudo diversos testes de obtenção de informações com desagregação por estados foram realizados e os mais promissores serão desenvolvidos nos próximos anos. Com os dados disponíveis, já seria possível fazer a desagregação no caso de Agropecuária e Resíduos. Para os dados de Mudanças de Uso da Terra e Processos Industriais ainda precisa ser desenvolvido um método auxiliar. E para Energia é preciso interagir com a equipe do Balanço Energético Nacional (BEN) para avaliar as possiblidades de desagregação da informação. A desagregação por município, porém, demandaria outra metodologia e não se aplica a esta base de dados. A partir da publicação deste estudo, a descrição detalhada da metodologia será publicada no portal do SEEG (http://seeg. observatoriodoclima.eco.br) juntamente com toda a base de dados obtida e desenvolvida pela equipe. Quanto mais amplo for o debate decorrente desta iniciativa, tanto maiores serão as oportunidades de promover as necessárias mudanças nos setores econômicos aqui retratados. Emissões por diferentes arranjos setoriais As emissões totais de gases do efeito estufa são computadas neste estudo nos cinco setores definidos pelas diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para inventários nacionais. Com o objetivo de obter um retrato mais fiel e completo da representatividade de determinados setores da economia foi realizado um piloto de organização das informações das emissões para os alguns dos principais setores econômicos nacionais: industrial, agronegócio e transportes. Neste rearranjo as emissões de energia, por exemplo, são desagregadas entre estes setores.

GWP ou GTP? Emissões Brutas ou Líquidas Existem duas abordagens principais para determinação do carbono equivalente: o GWP (Global Warming Potential) e o GTP (Global Temperature Change Potential). O primeiro considera a influência dos gases na alteração do balanço energético da Terra e, o segundo, a influência no aumento de temperatura. Ambos são medidos para um prazo de anos, sendo mais comumente utilizado o GWP. Por exemplo, tonelada de metano ( ) corresponde a toneladas de carbono equivalente (CO e) GWP ou 5 toneladas de CO e GTP. A tabela abaixo mostra as equivalências para os gases de efeito estufa incluídos nas estimativas deste estudo. Equivalência GWP e GTP Gás CO N O HFC5 HFC4a HFC4a HFC5a CF 4 C F 6 GTP 5 7. 55 4.88.5.468 GWP.8..8 4 6.5 9. As estimativas de emissões brutas de gases do efeito estufa não consideram a remoção de dióxido de carbono pelas mudanças de uso do solo, isto é, a quantidade de gases de carbono fixados pelo crescimento da vegetação. Quando há desconto das remoções, as estimativas são de emissões líquidas (emissões menos remoções). O Guia do IPCC prevê a contabilização, para fins de inventário, das emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa. No segundo inventário brasileiro, lançado em, foram considerados como remoção antrópica os aumentos de estoques de carbono em florestas naturais quando localizadas em unidades de conservação ou terras indígenas. Esta remoção representou 9% dos totais contabilizados no inventário e nas estimativas de, publicadas em. Na realidade, florestas não protegidas podem capturar CO, se estiverem em processo de renovação natural, assim como florestas dentro de áreas protegidas podem emitir CO, se estiverem em processo de degradação. Pelo enorme volume que pode representar mais de milhões de toneladas de CO ou % das emissões atuais esta definição gera uma distorção nos dados de emissões. A partir de uma abordagem conservadora, a opção foi priorizar a divulgação dos dados SEEG 99 com emissões brutas. Assim, exceto quando especificamente citado, todos os dados aqui apresentados referemse às emissões brutas de gases de efeito estufa. Na plataforma SEEG na internet estão disponíveis também as estimativas de remoção segundo o critério utilizado no º inventário brasileiro de emissões. Nesta publicação também não foi incorporado o desconto pelos certificados de redução de emissões oriundos de projetos de Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL). Os totais, no Brasil, no período de 5 a, somam cerca de 75 milhões de toneladas de CO e. SF 6 4.95.9 Neste estudo, os dados são apresentados em CO e GWP. Na base de dados disponível no portal do SEEG podem ser encontrados todos os dados também em CO e GTP.

Estimativas de emissões de gases do efeito estufa do Brasil 99 O Brasil passou de um total de,9 bilhão de toneladas de carbono equivalente em emissões brutas de gases do efeito estufa, em 99, para,49 bilhão t CO e, em, um aumento de 7%. No mundo, no mesmo período, as emissões cresceram 7% e passaram de 8 para 5 bilhões t CO e. A evolução das emissões durante os anos analisados neste SEEG não foi linear. Devido aos altos e baixos verificados no setor de Mudanças de Uso da Terra, onde são computadas as emissões relativas ao desmatamento, os totais brasileiros variaram muito, tendo alcançado o seu maior pico em 4, com,9 bilhões de t CO e. Desde então os totais vêm caindo, acompanhando a expressiva redução do desmatamento da Amazônia. Gráfico :vv Evolução das Emissões de GEE no Brasil de 99 a (t CO e) milhões..5. t CO e.5. 5 99 99 99 99 994 995 996 997 998 999 4 5 6 7 8 9 Mudança de Uso da Terra Resíduos Processos Industriais Energia Agropecuaria Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por setor (tco e) EMISSÕES CO e (Mt CO e GWP) 99 995 5 Agropecuária.78.55 5.8.4 47.877.9 45.6.449 44.575.76 445.9.444 44.5.54 Energia 95..65 6.99.75 5.87.96 5..87 89.8.9 4.77.999 44.79.65 Mudança de Uso da Terra 85.84.8.9.6.4.565.89.8.484.99.5 59.5.68 577.47.6 476.547.46 Processos Industriais 5.898.85 6.576.789 7.8.7 74.7.996 76.785. 8.55.46 84..9 Resíduos 8.586. 4.9.55 8.79.575 4.44.59 45.75.7 46.675.78 46.86.79 TOTAL.94.49.9.858.67.7.8.78.748.5.89.9.59.4.49.564.7.65.488.5.978

Quando consideradas as remoções por mudança de uso do solo, a curva de emissões tem uma redução de 4 a 7 milhões de t CO e por ano. As remoções começaram a ser calculadas a partir do º inventário e incluem processos como crescimento de floresta, transformação de pastagens em atividades agrícolas perenes e aumento de estoque de CO em florestas naturais. Quando considerada a evolução de cada um dos cinco setores separadamente, porém, verifica se queda de emissões (de 4% entre 99 e ) apenas no setor de Mudanças de Uso da Terra, enquanto nos demais setores há uma tendência nítida de aumento das emissões, com forte pressão do setor de Energia, cujo incremento no período chegou a 6%. Nos setores de Processos Industriais e Resíduos, as emissões aumentaram respectivamente 65% e 64% e, no setor Agropecuário, a alta registrada foi de 45%. Gráfico : Evolução das Emissões de GEE por Setor entre 99 e (milhões de t CO e) 99 99 994 996 998 4 6 8 Agropecuária 5 4 Energia 5 4 Processos Industriais 8 6 Resíduos 5 4 Mudança de Uso da Terra 5 5 5

Em todo o período 99 a, somente em 9 houve redução das emissões somadas de todos os setores (exceto Mudanças de Uso da Terra) como consequência da crise econômica global, deflagrada no segundo semestre de 8. Mas já em, as emissões subiram a um patamar superior ao de 8 e seguiram nesta tendência crescente até. Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t) 99 995 5 C F 6 (ton) 6 6 9 9 9 CF 4 (ton) 6 47 4 (ton).94.4 6.65.47 5.89.4 7.9.98 6.485.85 6.79.787 6.5.58 CO (ton) 4.94..586.489..846.976.8.8.4.49.876.65.77 CO (ton) 99.49.87.67.96.88.85.55.59.8.459.48.4.5.7.6.78.5 958.967.56 N O (ton) 77.959 446.646 46.66 55.64 567.578 59.67 588.7 NMVOC (ton).6.64.6.7.57.497.8. 9.58 9.7 884.87 NOx (ton).89.5..9.54.85.666.7.95.67.989.99..5 HFC 5 (ton) 7 5 46 7 94 HFC 4a (ton) 7 9 97 6 5 HFC 5a (ton) 75 4 46 56 HFC (ton) 5 HFC 4a (ton) 4 7 55 684 784 TOTAL.5.78.885.4..79.88.66.889.87.645.94.47.447.499.59.44.9 99.99.754 Tabela : Evolução das emissões brutas de GEE no Brasil por tipo de gás (t CO e) CO e (GWP) 99 995 5 CO (ton) 8.8.67 49.7.978.79.67 76.5.68 46.86.79 5.95.57 4.44.88 (ton) 99.49.87.67.96.88.85.55.59.8.459.48.4.5.7.6.78.5 958.967.56 N O (ton) 7.67. 8.46. 4.4.86 7.698.68 75.949.69 8.48.5 8.8.47 Outros.6.6..67.4.46.979.56..857.65.4.55.87 TOTAL.94.49.9.858.67.7.8.78.748.5.89.9.59.4.49.564.7.65.488.5.978 CO e (GTP) 99 995 5 CO (ton) 66.97.65 8.65. 79.457.49 89.559.97 8.45.47 8.548.9 8.767.688 (ton) 99.49.87.67.96.88.85.55.59.8.459.48.4.5.7.6.78.5 958.967.56 N (ton).48.965.594.455 4.757.755 48.67.47 5.45.96 59.75.468 58.848.8 Outros.69.544.668.46.78....465.95.47.8.6.49 TOTAL.66.4.86.575.489.49.56.5.4.4.7.494.5.89.996.7.59.9..84.76 Três gases dióxido de carbono (CO ), metano ( ) e óxido nitroso (N O) perfazem 99,8% das emissões brasileiras em CO e. O CO representa 64,4% das emissões totais e tem como principais fontes a queima de combustíveis fósseis e as mudanças de uso do solo. Já o CH4 representa,% das emissões totais em CO e e tem como principais fontes a produção pecuária (79,8%) e o tratamento de resíduos (,%). Observase também que é nas emissões de que faz mais diferença o uso de diferentes padrões de conversão em carbono equivalente, sendo que o GTP resulta em uma emissão significativamente menor. Isso explica porque países com grandes rebanhos, como Brasil e Austrália, preferem a utilização do padrão GTP, embora mundialmente o padrão GWP seja mais utilizado. 4

Gráfico : Participação dos diferentes setores nas emissões de CO, e N em (t) CO N.57.956 4.55.747 458..77 56.47 497.55 79.9.4.99.649 79.98.87 4.975 7.48 5.479.568 5.659 Agropecuaria Energia Mudança de Uso da Terra Processos Industriais Resíduos O N O tem como principal fonte de emissão (9%) a adubação de solo tanto com dejetos animais como por fertilizantes nitrogenados. Para entendimento de algumas atividades, de forma integrada, é possível fazer três cortes importantes a partir dos dados levantados, considerando as emissões decorrentes das atividades agropecuárias, industriais e de transportes. Nestes cortes somamse as emissões consideradas separadamente nos cinco setores, por questões de metodologia do estudo. Tabela 4: Emissões de GEE em distribuídas pelos principais setores econômicos (tco e) SETOR total Indústria Agropecuária Transportes Outros Agropecuária 44.5.54 44.5.54 Energia 44.79.65 9.7. 7.9.465 4..758 6.878.7 Mudança de Uso da Terra 476.547.46 44.49.98.86.59 Processos Industriais 84..9 84..9 Resíduos 46.86.79.998.55.9.79 4.96.88 TOTAL GERAL.488.5.978 79.48.487 884.75.9 4..758.7.67 O setor do agronegócio representa, nesta abordagem, 59% das emissões totais do Brasil. São incluídas, neste corte, as emissões dos processos de produção agropecuária, queima de combustíveis fósseis para energia no setor e boa parte das emissões por mudança de uso do solo. O setor industrial, se incorporadas as emissões para geração de energia e resíduos, chega a % do total das emissões brasileiras, contra 5,4%, quando se consideram apenas os processos industriais específicos. Já o setor de transportes, sozinho, representa em torno de 4% do total de emissões, ainda que parte do setor de transporte atenda as demandas da agropecuária e da indústria. A maioria das emissões do setor de transportes decorre do uso de diesel no transporte de carga. A seguir são apresentadas as emissões de cada um dos cinco setores, a partir do qual são organizadas as estimativas e, em anexo, encontramse as tabelas completas de emissões para o período 99. No portal do SEEG (http://seeg. observatoriodoclima.eco.br) estão disponíveis todas as tabelas de dados que embasam este estudo, além das notas metodológicas que detalham como foram feitas as estimativas. 5

Contexto Estimativa de de emissões totais totais de gases de gases estufa estufa em em de cada de cada setor, setor, em em CO CO e (GWP) e (GWP) TOTAL: TOTAL:,488,488 milhões milhões de toneladas de toneladas (Mt) (Mt),% RESÍDUOS,% RESÍDUOS 5,6% INDÚSTRIA 5,6% INDÚSTRIA 9,6% 9,6% AGROPECUÁRIA % MUDANÇA % MUDANÇA DO USO DO DA USO TERRA DA TERRA ENERGIA 9,6%(44,4Mt) Emissões pela produção e consumo de energia e de combustíveis Emissões pela produção e consumo de energia e de combustíveis Quais processos emitem mais gases? Estimativa Estimativa de, de, em CO em eco e CO CO NO X NO X Gases Gases emitidos emitidos por setor por setor N O N O NMVOC NMVOC CO CO 46,4% Transportes Consumo Consumo de de combustíveis em em atividades atividades de transporte de transporte em diversos em diversos modais modais Aéreo Aéreo 5,6% 5,6% Rodoviário Rodoviário 9,5% 9,5% % % Consumo Consumo final não final não energético energético NMVOC NMVOC e e Nox Nox CO, CO, CO CO 6,% Cimento 8,6% Cimento 6,% 8,6% Química Química 6,% 6,% Ferro e Ferro e aço aço,7% Industrial Industrial Consumo Consumo de de combustíveis fósseis fósseis em atividades em atividades produtivas produtivas % % Geração Geração de de eletricidade,%,% Outros* Outros* 4,% 4,%,4%,4% Agropecuário Agropecuário Setor Setor energético energético 4,% 4,% Residencial Residencial 7% centrais elétricas de serviço público 7% centrais elétricas de serviço público 96,5% 96,5% CO NO X NO X NMVOC NMVOC Gases Gases emitidos Em COEm e CO e CO N ON O,9%,9% CH 4,6%,6% *Comercial (,5%), Público (,%) e Carvoarias (,%) Fonte: OC/SEEG/ Para obter dados e nota metodológica acessoe seeg.observatoriodoclima.eco.br N O N OCO, CH CO 4 e, CH N 4 e N CO CO são os são gases os gases de de efeito efeito estufa estufa diretos, diretos, os demais demais são são precursores precursores *Comercial (,5%), Público (,%) e Carvoarias (,%) Fonte: OC/SEEG/ Para obter dados e nota metodológica acessoe seeg.observatoriodoclima.eco.br Evolução dos dos processos Em Mt Em COMt e CO e 4, 4, (+44%) (+44%) Transportes Transportes 8,9 8,9 49,6 49,6 9,6 9,6 9,4 9,4 99 99 96, (+94%) 96, (+94%) Outros Outros 9, (+%) 9, (+%) Industrial Industrial 48,5 (+44%) 48,5 (+44%) Geração Geração de eletricidade de eletricidade Ranking de de emissões Em COEm e CO e º Inglaterra º Inglaterra,5%,5% º China º China º EUAº EUA,%,% 7º Japão 7º Japão 7,8% 7,8%,5%,5% WRI/CAIT. WRI/CAIT. e e OC/SEEG OC/SEEG 9 9 9º Brasil 9º Brasil,%,% 5º Austrália 5º Austrália,4%,4% 6

Tomando como referência o ano de, as principais fontes primárias de energia utilizadas no Brasil são petróleo (9,%), canadeaçúcar (5,4%), hidráulica (,8%), gás natural (,5%) e lenha (9,%). As demais fontes representaram, no conjunto, apenas %. Apesar da predominância do petróleo e do crescente uso do gás natural, a matriz energética brasileira ainda apresenta uma elevada participação de fontes renováveis (4,4%), se comparada com a média mundial, que é de aproximadamente 6%. Em relação à matriz de geração elétrica, a participação de fontes renováveis é ainda mais acentuada, representando 84,6% da oferta interna de eletricidade em, distribuída entre hidráulica (76,9%), biomassa (6,8%) e eólica (.9%). A matriz fortemente renovável garante ao país uma posição confortável perante as nações desenvolvidas quando estão em pauta as emissões de gases do efeito estufa do setor de Energia. A análise da evolução das emissões, no entanto, pede mais atenção, caso o comportamento observado nos últimos anos se consolide, indicando uma redução dessa zona de conforto. No subsetor de transportes, a curva de consumo de combustíveis fósseis puxada pelo diesel e, mais recentemente, também pela gasolina é francamente ascendente, apesar da importância da produção de etanol e de biodiesel. Entre 99 e, as emissões de COe cresceram em números absolutos (4%) e em participação (de 4,4% para 46,8%). No que se refere à geração de eletricidade, a participação de fontes não renováveis também tem crescido de modo significativo, representando, em, 6,7% do total gerado, contra,9% em, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN). 7

Tabela 5: Emissões Brutas de GEE no Setor de Energia (t) 99 995 5 (ton) CO (ton) CO (ton) N O (ton) NMCOV (ton) NOx (ton) 485.79.96.87 8.76.886.65.65.9.67.5 4.6.747.465 4.59.978..8.994.96.47 4.5 9..8 9.9.6 5.669.4.558..49 58.77.85.9 6.76.74 9.4.9.76.48.77 497.7 9.589.5 7.4.6 5.5 86..76.66 5. 9.7.4 9.8.5 5.98 84..78.8 497.55 9.56.97 4.55.747 7.48 86.7.849.79 Em relação às emissões nacionais brutas de gases do efeito estufa, o setor de Energia participou com 6,8 bilhões de toneladas de carbono equivalente (t CO e) ou 5% do total nacional de emissões computadas no período 99 a. É um porcentual relativamente baixo, porém que vem crescendo de forma acelerada. No período 99, as emissões passaram de 9, milhões de toneladas de carbono equivalente para 46,7 milhões de t CO e, um crescimento de 6%. Apenas entre e o crescimento foi de,4%. Tabela 6: Emissões brutas de GEE no Setor de Energia (t CO e) 99 995 5 Energia 95..65 6.99.75 5.87.96 5..87 89.8.9 4.77.999 44.79.65 COe (ton GWP) 95..65 6.99.75 5.87.96 5..87 89.8.9 4.77.999 44.79.65 Agropecuário.64.95.889.945 4.46.5 5.5.6 7.8. 7.54.759 7.9.465 Carvoarias.7.95.66.96.448.877..79.78.69.454.879.74.76 Comercial.5.486.67.55.5.54.97.49.48.8.49.45.7.95 Consumo Final Não Energético 6.6.494 6.9.856 8.686.64 8.57. 9.8.76 8.976.56 8.766.9 Geração de Eletricidade 9.44.6.99.795 6.98.7 9.7.468 8.456..55. 48.495.79 Industrial 9.58.645 49.89.5 7.97. 78..5 85..84 9.6.58 9.7. Público 5.56.9.795.5.5.78.54.8.5.7. 84.577 Residencial 5.8.95 7.455.687 8.66. 7.487.94 8.9.788 8.95. 9.5.454 Setor Energético.94.9.79.94.8.589 4.74.46 4.65.595 44.4.86 45.6. Transportes 8.9.75 6.7.5 7.946.658 9.98. 7.94.44 9.84.7 4..758 Total Geral 95..65 6.99.75 5.87.96 5..87 89.8.9 4.77.999 44.79.65 Quanto à indústria, as emissões aumentaram % entre 99 e, quando então atingiram 9, Mt CO e, correspondendo a,9 % do setor Energia. Em função do elevado consumo de combustíveis fósseis, destacaramse neste setor a produção de cimento (7, Mt CO e), a indústria química (4,7 Mt CO e), a produção de ferrogusa e aço (,4 Mt CO e) e a produção de não ferrosos (,7 Mt CO e). No setor de Energia estão incluídas as seguintes atividades geradoras de emissões de gases de efeito estufa (GEE): exploração e extração de fontes primárias de energia; conversão de fontes primárias em fontes secundárias (refinarias de petróleo, unidades produtoras de biocombustíveis, centrais de geração de energia elétrica, etc.) e consumo final de energia em aplicações móveis ou estacionárias. Destacase que não são contabilizadas neste setor as emissões decorrentes da utilização de carvão mineral como agente redutor (carvão metalúrgico) na indústria siderúrgica, as quais são consideradas no setor Processos Industriais. As estimativas são agrupadas em duas categorias: queima de combustíveis e emissões fugitivas na extração de carvão mineral e na indústria de petróleo e gás natural. 8

Queima de Combustíveis Fósseis Nos processos de combustão que ocorrem em caldeiras, fornos, motores de veículos, e vários outros equipamentos necessários para movimentar a frota brasileira de carga e passageiros; para gerar energia elétrica; para manter em operação os processos industriais, etc, são emitidos gases de efeito estufa diretos dióxido de carbono (CO ), metano ( ) e óxido nitroso (N O) e indiretos monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis nãometano (COVNM). No caso da queima de biomassa (lenha, carvão vegetal, resíduos vegetais, lixívia, álcool e bagaçodecana), as emissões de CO não são contabilizadas no Setor de Energia, pois se considera que elas são compensadas pela fixação de carbono durante o crescimento das culturas agroenergéticas. As eventuais emissões associadas à conversão de florestas (nativas ou plantadas) em cultivos de cana são computadas no setor de Mudanças do Uso da Terra. Convém destacar que o mesmo não se aplica aos demais gases de efeito estufa, que são contabilizados normalmente, a exemplo dos combustíveis fósseis. Emissões Fugitivas As emissões fugitivas decorrem de descargas, intencionais e não intencionais, de gases de efeito estufa metano ( ), dióxido de carbono (CO ) e óxido nitroso (N O) provenientes das etapas de extração, estocagem, processamento e transporte dos produtos. No caso do carvão mineral, o metano é resultante do processo de formação dos depósitos de combustíveis fósseis e escapa durante a mineração. Além do metano, o dióxido de carbono é emitido por conta de combustões espontâneas que ocorrem nos depósitos de carvão mineral e nas pilhas de rejeito. Quanto às emissões fugitivas da indústria de petróleo e gás natural, gás metano ( ) é emitido na extração de petróleo e gás natural (venting), durante o transporte e distribuição em dutos e navios e durante seu processamento nas refinarias. As emissões de dióxido de carbono (CO ), assim como as de óxido nitroso (N O), decorrem da queima não produtiva (flaring) de gás nas plataformas de extração de petróleo e gás natural e nas unidades de refinaria. O dióxido de carbono e o óxido nitroso derivam de queima não produtiva de gás natural em plataformas e refinarias. Sobre os cálculos No setor de Energia, os cálculos seguiram a metodologia do Painel Intergovenamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). As fontes de dados utilizadas foram: Balanço Energético Nacional (BEN) e Balanço de Energia Útil (BEU), publicados pelo Ministério das Minas e Energia (MME); Segunda Comunicação Nacional à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, organizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Inventário de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, AnoBase (MMA). 9

TOTAL: TOTAL:,488,488 milhões milhões de toneladas de toneladas (Mt) (Mt) Contexto Estimativa de de emissões totais totais de gases de gases estufa estufa em em de cada de cada setor, setor, em em CO CO e (GWP) e (GWP),% RESÍDUOS,% RESÍDUOS 5,6% INDÚSTRIA 5,6% INDÚSTRIA 9,6% 9,6% ENERGIA ENERGIA 9,6% 9,6% AGROPECUÁRIA USO DA TERRA %(476,5Mt) Emissões por mudanças de uso do solo, calagem e queima de resíduos florestais Emissões por mudanças de uso do solo, calagem e queima de resíduos florestais Quais processos emitem mais gases? Estimativa Estimativa de, de, em CO em eco e CO CO 96,% 96,% 9% do CO vem da mudancas de uso do solo 9% do CO vem da mudancas de uso do solo N ON O,4%,4% Gases Gases emitidos Em COEm e CO e CH 4,5%,5% Gases Gases emitidos emitidos por setor por setor Cerrado Cerrado 8,% 8,% Amazônia Amazônia 5% 5% CO CO 9% Mudanças Mudanças de uso de do uso solo do solo Desmatamento, degradação degradação ou ou conversão conversão de solos de solos entre entre atividades atividades rurais rurais,8%,8% Queima Queima de de resíduos resíduos florestais florestais % % Calagem Calagem N O N O Fonte: OC/SEEG/ Para obter dados e nota metodológica acessoe seeg.observatoriodoclima.eco.br Fonte: OC/SEEG/ Para obter dados e nota metodológica acessoe seeg.observatoriodoclima.eco.br Quando Quando inseridas inseridas remoções remoções o o balanço balanço liquido liquido de de emissões emissões é reduzido é reduzido em 4 em a 4 7 a Mt 7 Mt CO CO CO CO Evolução dos dos processos Em Mt Em COMt e CO e Evolução dos dos biomas biomas Em Mt Em COMt e CO e Ranking de de emissões Em COEm e CO e 76 54 76 54 44 (4%) 44 (4%) Mudanças Mudanças de uso de uso do solo do solo (6%) (6%) 99 99 Outros Outros 46 7 46 7 99 99 64 (46,4%) 64 (46,4%) Amazônia Amazônia 4 (4%) 4 (4%) Cerrado Cerrado 5,7 (,%) 5,7 (,%) Outros Outros º Nigéria º Nigéria % % º Brasil º Brasil % % º Indonésia º Indonésia 4% 4% WRI/CAIT. WRI/CAIT. e OC/SEEG e OC/SEEG 9 9

O setor de Mudanças de Uso da Terra emitiu 8,4 bilhões de toneladas de carbono equivalente (t CO e) ou 6,% do total nacional de emissões computadas entre 99 e. No mesmo período, o setor apresentou a mais importante redução de emissões do Brasil, graças a um conjunto de medidas de contenção do desmatamento, principalmente na Amazônia. A redução nos anos compreendidos entre 99 e foi de 4%. Em 99, as emissões brutas GWP correspondiam a,8 bilhões de toneladas de CO e e em 4 atingiram um pico de bilhões de t CO e. Nos anos seguintes, iniciouse um processo de redução do desmatamento que reduziu as emissões pela metade em 7, atingindo,6 bilhões t CO e. O processo de declínio continuou e, em, as emissões por mudanças de uso do solo atingiram o seu menor nível, com,48 bilhões de t CO e.

Tabela 7: Emissões brutas de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (tco e) 99 995 5 Mudança de Uso da Terra 76.9..85.4..486.56..4.69. 559.976.8 54.6.7 44.75.87 Amazonia 46.5..66.4..7.55..5.. 86.97. 54.79.47 5.689.58 Caatinga 7.96. 4.98. 4.98....98..98.4.98.4 Cerrado.. 7.8. 7.8. 96.. 5.9. 5.9.65 5.9.65 Mata Atlantica.7. 9.. 9.. 5.9. 5.86.8 4.95.68 7.65.6 Pampa. 9. 9. 6.8. 5.. 5.. 5.. Pantanal 7.8. 7.. 7...6..4. 8.55.59 8.55.59 Queima de Resíduos Florestais 49.4.8.4.4 7.9.8 64.759.5.69.5.94.54 8.6.75 Amazonia.85.7 77.5. 47.48.7 48..6 5.5. 4.9.588.5.658 Caatinga.76..79..7. 84. 54. 54.84 54. Cerrado.567. 5.8. 5.56..588. 5.54. 5.54.48 5.54. Mata Atlantica.456. 4.7. 4.78.7 74. 46..9 59.677 Pampa 69. 567. 567. 567. Pantanal.7.8 89.4 89.4 577.7 8.4 768.7 8.4 Calagem 5.. 5.4. 8.7. 7.47..4..94.88 4.94.9 TOTAL GERAL 85.84.8.9.6.4.565.89.8.484.99.5 59.5.68 577.47.6 476.547.46 Mudanças do Uso da Terra é o mais dinâmico dos setores incluídos nas estimativas de emissões deste estudo, dadas as características de ocupação de solo do Brasil. Além de ter várias regiões de fronteira agrícola e econômica, nos diferentes biomas, o país apresenta alta rotatividade de tipos de atividade agropecuária, da qual resultam tanto a emissão como a remoção ou fixação de gases do efeito estufa. Se uma floresta é convertida em pastagem, por exemplo, ocorrem emissões de carbono e os totais devem ser adicionados. Se a pastagem é abandonada e volta a crescer uma floresta secundária, o carbono é fixado e, portanto, deve ser subtraído dos cálculos. O mesmo acontece, em menor escala, com conversões de lavouras perenes em anuais (emissão) e culturas anuais em perenes ou reflorestamentos (fixação), mudanças de uso da terra igualmente computadas no SEEG. Os cálculos das diferentes áreas convertidas, ano a ano, também inclui um fator de emissão diferente para cada bioma brasileiro, pois a quantidade de biomassa (e, portanto, de carbono) varia muito entre os tipos de floresta e da floresta para os vários tipos de vegetação aberta. Os fatores de emissão foram estimados para este estudo com base em dados conhecidos de fisionomia vegetal de cada bioma e representam um ajuste importante em relação aos inventários nacionais.

Tabela 8: Emissões totais de GEE no Setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas (t) 99 995 5 (ton).8. 4.4....87. 977. 947.458 79.9 CO (ton) 766.49..9.8..495.8..4.6. 57.96.8 555.548.6 458..77 N O (ton) 4.8.44.58 8.75 6.75 6.54 5.479 Em área, o bioma Amazônia é o maior, representa 49% da área do país (4, milhões de km). Em seguida vem o Cerrado (4%) e a Mata Atlântica (%). Os biomas Caatinga, Pampa e Pantanal, somados, ocupam os 4% restantes. A Amazônia também apresenta os maiores estoques de carbono oriundos de biomassa florestal. As pressões de desmatamento estão associadas à expansão da pecuária e da agricultura, sobretudo para o cultivo de soja. Até, mais de 7 mil km² de floresta ou cerca de % do bioma Amazônia foram desmatados. A partir de 4, várias iniciativas lideradas pelo Governo Federal e governos estaduais combatem o desmatamento e efetivamente reduziram as emissões do setor. Políticas de incentivo à agropecuária de baixo carbono nas áreas já convertidas e medidas que desatrelem o desenvolvimento econômico dos desmatamentos, adequadas à realidade regional, poderiam consolidar tais reduções. Segundo maior em área ( milhões de km), o Cerrado é o bioma sob pior pressão humana, relacionada às atividades rurais, com o objetivo de aumentar a produção de carne e grãos para exportação. Além disso, cresce também a pressão para produção de carvão vegetal. Até 9, quase metade do Cerrado já estava desmatado e as mudanças no uso da terra nas fronteiras agrícolas do bioma continuam aceleradas. Com. milhão de km², o bioma Mata Atlântica só mantém % de cobertura florestal (primária e secundária). É de extrema prioridade para a conservação da biodiversidade, mas já abriga mais de milhões de habitantes, que respondem por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A pressão humana está associada à ampliação de zonas urbanas e de infraestrutura e a processos industriais. Representando % do território nacional, com 844 mil km, a Caatinga é o bioma mais carente, do ponto de vista social. São 7 milhões de habitantes, muitos vivendo na chamada linha de pobreza. A pressão humana está associada a atividades agrossilvopastoris e industriais. A produção de carvão vegetal também é uma tendência crescente e merece atenção. O bioma Pampa tem 76 mil km² e representa somente % da área brasileira. No entanto, restringese aos limites do estado do Rio Grande do Sul e neste, representa 6% da área. Além disso, abrange parte importante de um dos maiores aquíferos da América do Sul, o aquífero Guarani. A pecuária extensiva é a principal atividade da região. Já o Pantanal, com 5 mil km², é a maior extensão úmida contínua do Planeta e é o bioma mais preservado do país, com 86% da sua cobertura florestal nativa ainda em bom estado. A pressão humana predominante está relacionada à atividade agropecuária, especialmente no planalto, onde estão as cabeceiras dos rios pantaneiros. Além das várias mudanças de uso da terra analisadas, ainda foi considerada neste trabalho

a somatória das áreas agrícolas com correção da acidez do solo por meio de calagem (adição de calcário). O processo é importante para aumento da produtividade, porém libera dióxido de carbono. Outro aspecto importante no setor, a ser levado em conta nas próximas estimativas, é a emissão de metano nos reservatórios de usinas hidrelétricas. A vegetação inundada para a formação dos reservatórios se decompõe em condições anaeróbicas e emite metano durante muitos anos. Um exercício realizado com dados parciais neste SEEG mostrou a viabilidade e a importância de incluir este cálculo nas emissões, principalmente para o bioma Amazônia. Estimativas realizadas com acesso a dados mais robustos, nos próximos anos, podem contribuir para a discussão de alternativas de baixo carbono também neste tipo de mudança do uso da terra. Desmatamento Mudanças de Uso da Terra As emissões mais importantes são de dióxido de carbono (CO ), resultantes da transformação de florestas em áreas agrícolas ou pastagens. O cálculo das estimativas se baseia em mapas com a delimitação de áreas convertidas multiplicadas por um fator de emissão médio para cada bioma brasileiro: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa. Os mapas derivam de imagens de satélite e a Amazônia onde as emissões são mais significativas tem os dados mais frequentes e detalhados. Os fatores de emissão usados foram calculados com base na metodologia publicada pelo MCTI em que estimou as emissões de gases de efeito estufa do Brasil para o período de 99 a. Além do desmatamento, outras mudanças de uso da terra foram consideradas, seja quanto à emissão ou quanto à fixação de dióxido de carbono (CO ). Na conversão de culturas perenes ou reflorestamentos em culturas anuais ou pastagens ocorrem emissões, enquanto na conversão de culturas anuais ou pastagens em floresta secundária ou agroflorestal ou reflorestamentos há fixação de carbono. Calagem O uso de calcário para a correção de solos agrícolas (calagem) implica em emissões de dióxido de carbono (CO ) decorrentes de volatilização após a aplicação. As estimativas se baseiam na área total de calagem estimada para o Brasil, multiplicada por um fator de,44 tonelada de CO por tonelada de carbonato de cálcio (CaCO ) publicado no relatório do MCTI de. 4

Sobre os cálculos Nas estimativas de emissões do setor Mudanças de Uso da Terra, os dados precisam ser geocodificados, visto que faz diferença em qual bioma acontecem as conversões. Na base destes dados, então, estão imagens de satélites ambientais, tratadas para evidenciar os diferentes tipos de cobertura do solo. Ao sobrepor as imagens de um ano sobre o anterior, é possível reconhecer os locais onde o tipo de vegetação permaneceu igual e onde houve mudanças. Além disso, dá para identificar que tipo de mudança foi feita: floresta para pastagem, floresta para lavoura, pastagem para lavoura, pastagem para floresta secundária, um tipo de lavoura para outro e assim por diante. A partir das informações geocodificadas são obtidos os totais de áreas convertidas e, então, se aplica um fator de emissão diferenciado, conforme o bioma. Os estoques médios de carbono da biomassa florestal derivam dos inventários florestais do RADAMBRASIL cruzados com o mapa de classificação de fisionomias vegetais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A disparidade entre os dados geocodificados disponíveis para cada bioma, entretanto, dificultou a uniformização dos resultados para todo o território nacional. Para o bioma Amazônia, havia dados detalhados e anuais do projeto de monitoramento coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Prodes/INPE). Para a Mata Atlântica, os dados também são detalhados e frequentes, porém não para todos os anos. As informações são do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica com imagens do INPE. Para os demais biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa os dados são do MMA, porém levantados de forma mais esporádica. No cálculo das estimativas das emissões dos anos de 6 a, foi utilizada a metodologia proposta pelo MCTI e publicada em. O método consistiu em primeiro organizar a base de dados de desmatamento disponível anualmente para cada um dos biomas brasileiros, conforme as etapas descritas a seguir. Primeiro calculouse a relação entre o desmatamento de cada ano, entre 6 e, e a média de desmatamento publicada no º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI, para o período 994 a. Segundo multiplicouse este fator de relação pela média de emissões brutas para 994 (excluindose os valores negativos que significam reduções) publicadas no º Inventário Brasileiro de Emissões do MCTI. O resultado dessa multiplicação foi a emissão bruta estimada para os anos de 6 em toneladas de CO. Isso foi repetido para os dados de desmatamento disponíveis dos biomas. Para os biomas sem dados de desmatamento disponíveis para o período de 6, o pressuposto foi repetir a última taxa anual de desmatamento publicada. Na metodologia aplicada pelo MCTI, em, foram descontadas das emissões as remoções de carbono pela presença de florestas em áreas protegidas, conforme também aparece no º Inventário Brasileiro de Emissões (essas remoções não foram calculadas para o º Inventário). O desconto, que chega a 7 milhões de t CO para cada ano entre 5 e, acaba gerando uma distorção no entendimento dos dados de emissões uma vez que cria uma discriminação injustificada entre florestas inseridas ou não em unidades de conservação. No SEEG optouse por calcular as emissões brutas, sem estas remoções. Os cálculos das emissões resultantes de calagem levam em consideração a área total em que foi feita a correção da acidez dos solos, no país. Não há ajustes conforme o bioma. Os fatores de emissão associada à queima de resíduos florestais foram calculados com base no método proposto pelo relatório do MCTI de. Isso foi feito assumindose que metade do que foi emitido em CO referiuse à queimadas. Em seguida, aplicaramse os fatores de emissão do IPCC para queimadas (com base na tabela 5.7 do manual de referência de 996). A estimativa de foi calculada multiplicandose a quantidade de carbono por,6 e as de N por,. 5