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O Sr(a) foi contratado(a) pela reclamante, para defender seus direitos. Os pedidos foram rejeitados na origem e mantidos pelo TRT da 9ª Região.

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TRT-2 não terá expediente nos dias 26 e 27 de maio

Transcrição:

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.1 EMENTA: CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL. TRABALHADORES ASSOCIADOS E NÃO-ASSOCIADOS. Na expressão do art. 513, e, da CLT, os sindicatos podem "impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas". A obrigatoriedade da contribuição assistencial se justifica e é razoável na medida em que todos os trabalhadores, sem distinção, são contemplados pelos benefícios e garantias previstos no acordo coletivo de trabalho trazido à colação, o qual é resultado da atuação do sindicato representativo. Direito de oposição não exercido pela via própria. Provimento negado. VISTOS e relatados estes autos de RECURSO ORDINÁRIO interposto de sentença proferida pelo MM. Juiz da 1ª Vara do Trabalho de Pelotas, sendo recorrentes SINDICATO DOS EMPREGADOS DOS AGENTES AUTÔNOMOS NO COMÉRCIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E CENTRO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES DRIVE CAR LTDA. e recorridos OS MESMOS. Inconformadas com a sentença de procedência parcial da ação das fls. 183-4, complementada pela sentença de embargos de declaração das fls. 193, as partes recorrem. O reclamante apresenta recurso ordinário às fls. 196-9. Pretende a reforma da sentença quanto aos honorários advocatícios. O reclamado recorre às fls. 200-8. Requer a nulidade da sentença por julgamento ultra petita. Pugna pela reforma do julgado em relação ao pagamento da contribuição sindical do ano de 2003, à multa relativa à contribuição sindical do ano de 2003, contribuição assistencial dos anos de 2004 e 2005 e multa relativa à contribuição assistencial.

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.2 Com contra-razões do reclamante às fls. 216-22, os autos são remetidos a este Tribunal. É o relatório. ISSO POSTO: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO 1 NULIDADE DA SENTENÇA. JULGAMENTO ULTRA PETITA O reclamado argúi a nulidade da sentença por julgamento ultra petita. Afirma que pelo que se depreende do pedido a pretensão do autor é relativa às contribuições do ano de 2007. Defende que qualquer outra interpretação caracteriza julgamento ultra petita, devendo ser anulada a sentença. Ressalta que instado o juízo por meio de embargos de declaração, houve manifestação no sentido ratificar a sentença. Embora efetivamente no pedido da inicial o reclamante tenha referido somente as guias de recolhimento das contribuições sindicais do ano de 2007, está claro tratar-se de erro material. Salienta-se que toda a fundamentação refere as contribuições dos anos de 2003 a 2006. Tanto assim, que a reclamada, com a contestação, apresentou a documentação referente a tal período. Não há nulidade a ser declarada. Nega-se provimento. 2 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL DO ANO DE 2003 A sentença condenou o reclamado ao pagamento da contribuição sindical do ano de 2003, com os acréscimos do art. 600 da CLT. Fundamenta que a reclamada não comprovou o recolhimento da contribuição, sendo a mesma devida nos termos do art. 582 da CLT, com os acréscimos do art. 600, também da CLT. O reclamado discorda. Alega que efetuou corretamente o pagamento, e que isso se depreende dos documentos acostados com a contestação. Ao exame dos documentos juntados, verifica-se que há comprovante de recolhimento da contribuição sindical dos anos de 2004 (fl. 93), 2005 (fl. 95),

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.3 2006 (fl. 97) e 2007 (fl. 98). Logo, é devida a contribuição relativa ao ano de 2003, pois não comprovado o seu recolhimento. Além disso, observa-se que o recurso é meramente procrastinatório, já que o reclamado parece que não se deu ao trabalho de examinar os documentos por ele mesmo juntados. É devida multa de 1% sobre o valor da causa (art. 17, VII c/c art. 18 do CPC). Nega-se provimento e condena-se o reclamado à multa de 1% do valor atualizado da causa. 3 CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS O juízo de origem condenou o reclamado ao pagamento da contribuição assistencial dos anos de 2004 e 2005. Fundamenta que não foi comprovado nos autos o recolhimento da contribuição, prevista em normas coletivas, para os anos de 2004 e 2005. Esclarece que a contribuição assistencial não se confunde com a contribuição confederativa. Ressalta que não é necessária a condição de filiado ao sindicato para que seja realizado o desconto, previsto em norma coletiva. Salienta que a oposição ao desconto tem sua validade condicionada à apresentação direta ao sindicato, dentro do prazo assinado na norma coletiva, não tendo validade se não comprovado que se deu desse modo. O reclamado recorre. Alega que nenhum valor é devido, pois os seus empregados não são filiados ao sindicato-autor. Aduz que o desconto assistencial previsto nos arts. 512, e, 545 e 548 da CLT deve ser cobrado somente dos empregados associados ao sindicato, sob pena de violação ao princípio da livre associação sindical. Salienta que o reclamante não trouxe aos autos a prova de filiação de seus empregados. Invoca o Precedente Normativo 119 do TST, a Súmula 666 do STF e as Convenções 87 e 98 da OIT. Ressalta que o art. 545 da CLT autoriza o desconto pelo empregador na folha de pagamento dos empregados desde que precedido de autorização. Como se observa, a hipótese em tela versa sobre a denominada contribuição assistencial, geralmente inserida em acordos e convenções coletivas, ou mesmo em sentenças normativas. Encontra fundamento legal no art. 513,

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.4 alínea "e", da CLT, o qual relaciona as prerrogativas dos sindicatos. Na expressão desse dispositivo, os sindicatos podem "impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas". No caso dos empregados representados pela entidade sindical da categoria, associados ou não, estes estão obrigados ao pagamento da contribuição assistencial pela normatização constante do acordo coletivo do trabalho. Aqui a obrigatoriedade da contribuição assistencial se justifica, e é razoável, na medida em que todos os trabalhadores, sem distinção, são contemplados pelos benefícios e garantias previstos no acordo coletivo de trabalho, o qual é resultado da atuação do sindicato representativo. Trata-se de cota de solidariedade. Ainda assim, tem-se admitido a oposição justificada de trabalhadores que não queiram pagar dita contribuição. No caso em comento, a norma coletiva (cláusula 44, 2º, fls. 42, 52 e cláusula 42, 2º, fls. 64 e 74) prevê a possibilidade de oposição do empregado ao desconto, prerrogativa que deveria ter sido exercida junto ao sindicato representativo da sua categoria profissional. Assim, não socorrem a tese da defesa os documentos juntados às fls. 136-77, uma vez que a oposição foi manifestada diretamente à empregadora, e não junto ao sindicato, conforme disposto nas referidas normas. Invoca-se o direito fundamental social consistente no reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (art. 7º, XXVI, da CF), fonte formal de direito que obriga a todos os integrantes da categoria profissional envolvida. Assim, mantém-se a sentença que condenou a reclamada ao recolhimento da contribuição assistencial relativa aos anos de 2004 e 2005 e 2006, acrescida da multa prevista no art. 600 da CLT. Provimento negado. 4 MULTA DO ART. 600 DA CLT A sentença condenou o reclamado ao pagamento da multa prevista no art. 600 da CLT.

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.5 O reclamado alega que havendo a incidência da multa do art. 600 da CLT deve ser observado o disposto no art. 412 do Código Civil, não podendo a multa exceder o valor da obrigação principal. Com razão. Aplicável a multa do art. 600 da CLT, não pode a mesma exceder o valor da obrigação principal, conforme dispõe o art. 412 do Código Civil, bem como o entendimento contido na OJ 54 da SDI-I do TST. Dá-se provimento ao recurso do reclamado para limitar a multa do art. 600 da CLT ao valor da obrigação principal. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS A sentença dos embargos de declaração (fl. 193) excluiu da condenação os honorários advocatícios, adequando a fundamentação da sentença da fl. 183-4, pois o reclamante está agindo em causa própria e não preenche os requisitos para a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita. O reclamante discorda. Alega que são devidos os honorários em razão da sucumbência. O pedido de concessão da assistência judiciária ao sindicato-autor não procede porque se trata de pessoa jurídica que não carece de recursos financeiros. Com relação aos honorários com fundamento no art. 20 do CPC, são incabíveis no processo do trabalho nas lides decorrentes de relação de emprego, conforme já decidido por esta Turma Julgadora em caso análogo, nos autos do processo 00713-2006-751-04-00-5, tendo como relatora a Exma. Juíza Ione Salin Gonçalves: A jurisprudência majoritária tem entendido que o artigo 133 da Lei Maior não extinguiu o jus postulandi na Justiça do Trabalho e com ele não é incompatível. O princípio da gratuidade que informa o processo trabalhista impede a aplicação subsidiária do artigo 20 do CPC ao processo do trabalho. Não tem cabimento, assim, a pretensão de condenação ao pagamento de honorários de sucumbência. Nega-se provimento.

00232-2007-101-04-00-5 RO Fl.6 Salienta-se que embora a Instrução Normativa 27 do TST admita honorários sucumbenciais em lides não decorrentes de relação de emprego, não é o caso dos autos. A presente lide existe justamente porque seu fundamento é o inadimplemento de parcela fundada na existência de relações de emprego. Nega-se provimento. Ante o exposto, ACORDAM os Juízes da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: Por maioria de votos, vencida em parte a Exma. Juíza Revisora, dar provimento parcial ao recurso do reclamado para limitar a multa do art. 600 da CLT ao valor da obrigação principal. À unanimidade de votos, negar provimento ao recurso do reclamante. Condenase o reclamado à multa de 1% do valor atualizado da causa pela interposição de recurso protelatório no tocante à contribuição sindical do ano de 2003. Valor da condenação inalterado. Intimem-se. Porto Alegre, 19 de junho de 2008 (quinta-feira). JOSÉ FELIPE LEDUR RELATOR