Formal de Adultos: Comissão Europeia



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Transcrição:

BG Educação Formal de Adultos: : Políticas e Práticas na Europa Comissão Europeia

EURYDICE Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa EURYDICE A Rede de Informação sobre Educação na Europa

O presente documento é uma publicação da Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura (EACEA P9 Eurydice). Encontra-se também disponível em inglês ( Adults in Formal Education: Policies and Practice in Europe), francês (L éducation formelle des adultes en Europe: politiques et mise en œuvre) e alemão ( Formelle Erwachsenenbildung: Massnahmen und Praktiken in Europa). O presente documento encontra-se também disponível na Internet (em http://www.eurydice.org). Texto finalizado em Fevereiro de 2011. Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura, 2011. O conteúdo da presente publicação pode ser parcialmente reproduzido, excepto se a reprodução se destinar a fins comerciais, e na condição de que o excerto reproduzido é precedido de uma referência à rede Eurydice, seguido da data de publicação do documento. Caso se pretenda reproduzir a totalidade do documento, dever-se-á solicitar a devida autorização à Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura (EACEA) P9 Eurydice. Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura P9 Eurydice Avenue du Bourget 1 (BOU2) B-1140 Brussels Tel. : +32 2 299 50 58 Fax : +32 2 292 19 71 Correio electrónico: eacea-eurydice@ec.europa.eu Sítio na Internet: http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice EURYDICE Unidade Portuguesa Av. 24 de Julho, n.º 134 1399-054 LISBOA Tel.: 213 949 200 Fax: 213 957 610 Correio electrónico: eurydice@gepe.min-edu.pt Internet: http://eurydice.gepe.min-edu.pt/index.php Editor da versão portuguesa: Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, Ministério da Educação ISBN 978-92-9201-175-8 Depósito Legal: 333 932/11 doi:10.2797/58805 Outubro 2011 Capa: PIMC, Lda., Produção de Imagem e Meios de Comunicação Tiragem: 80 exemplares Impresso em Portugal por: Editorial do Ministério da Educação

ÍNDICE Prefácio 5 Introdução 7 Capítulo 1 Indicadores no quadro da educação e formação de adultos 9 1.1. Nível de escolaridade da população adulta europeia 9 1.2. Participação de adultos em programas de aprendizagem ao longo da vida 10 1.3. Participação de adultos em programas de educação e formação formais 13 Capítulo 2 Definição do conceito de educação e formação formais para adultos 17 2.1. Definições de educação formal, não formal e informal 17 2.2. A educação formal no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos 19 Capítulo 3 Alunos adultos e qualificações até ao ensino secundário superior (nível 3 da CITE) 23 3.1. Padrões organizacionais e principais modelos de oferta 23 3.1.1. Programas até ao ensino secundário inferior (nível 2 da CITE) 23 3.1.2. Programas no ensino secundário superior (nível 3 da CITE) 27 3.1.3. Enquadramento dos vários níveis e tipos de educação 29 3.1.4. Acordos institucionais 30 3.2. Adaptação dos programas de educação e formação formais às necessidades dos alunos adultos 34 3.2.1. Modularização dos programas e aumento da flexibilidade dos percursos educativos 34 3.2.2. Reconhecimento e validação das aprendizagens no âmbito da educação não-formal e informal 36 3.2.3. Ensino aberto e a distância 40 3.2.4. Professores e formadores 41 Capítulo 4 Estudantes adultos no ensino superior 43 4.1. Políticas, estratégias e medidas para incentivar a participação dos estudantes adultos no ensino superior 43 4.2. Reconhecimento e validação das aprendizagens não-formais e informais 45 4.2.1. Enquadramento legislativo e validação das aprendizagens não-formais e informais no ensino superior 46 4.2.2. Acesso ao ensino superior via reconhecimento e validação das aprendizagens prévias 48 4.2.3. Progressão no ensino superior via reconhecimento e validação das aprendizagens prévias 50 4.3. Programas de preparação para candidatos não tradicionais ao ensino superior 51 4.4. Programas de estudo alternativos no ensino superior 52 4.4.1. Compreensão da terminologia 52 4.4.2. Participação em cursos do ensino superior a tempo parcial 53 4.4.3. Iniciativas a nível nacional que visam incentivar programas alternativos de estudo no ensino superior 55 3

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa Capítulo 5 O financiamento da educação formal para adultos e o apoio dado aos alunos 59 5.1. Fontes de financiamento da educação formal para adultos 59 5.1.1. Financiamento público 59 5.1.2. Propinas pagas pelos alunos 60 5.1.3. Financiamento por parte dos empregadores 62 5.2. Apoio financeiro dado aos alunos e licença de estudo 63 5.2.1. Apoio financeiro directo 63 5.2.2. Incentivos fiscais 66 5.2.3. Licença de estudo 67 5.2.4. Apoio específico aos alunos desempregados 68 Conclusão 71 Bibliografia 75 Glossário 79 Índice de figuras 83 Agradecimentos 85 4

PREFÁCIO Na última década, a aprendizagem ao longo da vida ocupou uma posição central na agenda da política de cooperação europeia no âmbito da educação e da formação. A educação de adultos, por sua vez, foi reconhecida como sendo uma componente importante da aprendizagem ao longo da vida. As oportunidades de aprendizagem para adultos são essenciais para garantir o progresso económico e social, bem como a realização pessoal dos indivíduos. A educação de adultos gera retorno sob a forma de uma maior participação cívica, melhor saúde e maior bem-estar dos indivíduos. Entre os benefícios públicos e privados da educação e da formação de adultos estão a maior empregabilidade e a melhor qualidade do emprego. Há cerca de dez anos, os Estados-Membros da UE comprometeram-se com cinco objectivos ou valores de referência no domínio da educação e da formação, um dos quais fixando que, em 2010, uma média de pelo menos 12,5% da população adulta devia participar na aprendizagem ao longo da vida. Em 2009, os Estados-Membros acordaram elevar este valor de referência para 15%, a alcançar até 2020, no âmbito do quadro estratégico para a cooperação no domínio da educação e da formação ( EF 2020 ) ( 1 ). Com o apoio da Comissão, os Estados- -Membros desenvolvem, presentemente, um trabalho conjunto para atingir este objectivo comum. A Comunicação Educação de adultos: nunca é tarde para aprender (Comissão Europeia, 2006) destacou o contributo essencial da educação e da formação de adultos para a competitividade, a empregabilidade e a inclusão social. A esta Comunicação seguiu-se o Plano de Acção para a Educação de Adultos Nunca é Tarde para Aprender (Comissão Europeia, 2007), que identificou cinco áreas de acção, no domínio da educação e da formação de adultos: analisar os efeitos das reformas empreendidas, nos diferentes sectores da educação e formação, ao nível da educação de adultos; melhorar a qualidade dos serviços prestados no sector da educação de adultos; aumentar as possibilidades de os adultos acederem, pelo menos, a um nível de qualificação mais elevado, relativamente ao nível de qualificação que possuem; acelerar o processo de avaliação das competências profissionais e sociais, e garantir a sua validação e reconhecimento em termos de resultados de aprendizagem; melhorar a monitorização ao nível do sector da educação de adultos. O Plano de Acção para a Educação de Adultos decorreu até ao final de 2010, sendo intenção da Comissão propor um novo plano de acção no ano de 2011. É, portanto, um momento oportuno para fazer uma retrospectiva do Plano de Acção e das suas prioridades, assim como analisar a forma como os diferentes países europeus enfrentaram os desafios que se colocam. Posto isto, é com grande satisfação que apresento o presente relatório da Eurydice sobre a educação e a formação de adultos, elaborado no quadro do Plano de Acção para a Educação de Adultos, nomeadamente com o objectivo de oferecer aos adultos oportunidades de obterem uma qualificação mais elevada e aumentarem o seu nível ( 1 ) Conselho da União Europeia, 2009. Conclusões do Conselho relativamente ao quadro estratégico para a cooperação europeia na área da educação e da formação (EF 2020), JO C 119/2 de 28.5.2009. 5

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa de escolaridade. O relatório não incide apenas sobre as oportunidades dadas aos adultos pouco qualificados, com vista à obtenção de uma qualificação formal. Abrange, também, as políticas e as medidas destinadas a aumentar a participação no ensino superior, de adultos que regressam ao ensino. Todos estes aspectos são ilustrados com um vasto conjunto de exemplos concretos. É minha convicção que este relatório constitui um inventário valioso das iniciativas e medidas em curso no domínio da educação e da formação de adultos, e que será de grande interesse para decisores políticos, profissionais e todos os interessados em conhecer abordagens eficazes e eficientes em matéria de educação de adultos. Androulla Vassiliou Comissária responsável pela Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude 6

INTRODUÇÃO O presente relatório foi elaborado como resposta directa ao Plano de Acção para a Educação de Adultos Nunca é Tarde para Aprender (Comissão Europeia, 2007), mais especificamente ao objectivo definido tendo em vista o aumento das oportunidades de os adultos acederem pelo menos a um nível de qualificação mais elevado do que o detido anteriormente. Este documento centra-se nas oportunidades concedidas aos adultos pouco qualificados para concluírem o ensino básico ou conseguirem uma habilitação ao nível do ensino secundário, incluindo ainda as medidas passíveis de contribuir para a expansão do acesso ao ensino superior dos adultos que regressem ao sistema de educação formal. Âmbito do relatório O documento inclui uma análise de dados estatísticos referentes ao nível de escolaridade da população europeia e à participação de adultos na educação e na formação. De igual modo, clarifica o conceito de educação e formação de adultos formal. No entanto, o relatório foca-se principalmente numa síntese comparativa das políticas e medidas adoptadas pelos países europeus com vista a dar oportunidades aos adultos de aumentarem as suas qualificações. Para efeitos de comparabilidade, o relatório não compreende a totalidade dos programas e/ou qualificações de educação e formação para os adultos que podem estar a ser ministrados nos vários países europeus. Incide sobretudo em programas relacionados com as principais qualificações nacionais, nomeadamente as tradicionalmente associadas à educação e à formação inicial, e analisa como obtê-las numa fase posterior da vida. Sempre que isso for pertinente e adequado, o documento aborda também outras qualificações reconhecidas a nível nacional. Além dos programas de educação e de formação formais propriamente ditos, o relatório analisa até que ponto os resultados da aprendizagem adquiridos em contextos não formais e informais são reconhecidos e acreditados com vista à obtenção de qualificações formais. Estrutura O presente relatório está estruturado em cinco capítulos. O Capítulo 1 apresenta uma série de indicadores sobre a educação de adultos, definindo o contexto para uma análise mais aprofundada das oportunidades de educação formal para adultos na Europa. Inclui dados sobre o desenvolvimento dos recursos humanos na Europa e a participação dos adultos na aprendizagem ao longo da vida, focando especificamente a educação e a formação formais. O Capítulo 2 explana as abordagens teóricas do conceito de educação formal de adultos. Analisa e compara as diferentes definições de educação formal, não formal e informal, aplicadas ao domínio da educação e da formação na Europa, dando especial atenção ao conceito de educação formal de adultos, no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos (Adult Education Survey, AES). O Capítulo 3 faz um levantamento dos programas dirigidos a alunos adultos, e que sejam conducentes a qualificações que, em termos de perspectivas de progressão, podem ser equivalentes às qualificações até ao ensino secundário superior (nível 3 da CITE) regular. Descreve a organização destes programas de segunda oportunidade e a forma como eles se adaptam às necessidades dos alunos adultos. 7

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa O Capítulo 4 descreve as medidas que visam promover a participação dos adultos que regressam ao ensino superior. Apresenta políticas explicitamente direccionadas para alunos adultos, bem como medidas destinadas a melhorar o acesso ao ensino superior de alunos não tradicionais, incluindo os alunos adultos. Por fim, o Capítulo 5 fornece informações sobre os modelos de financiamento utilizados a nível da educação e da formação formais, assim como descreve os vários tipos de apoios passíveis de facilitar a participação dos adultos na educação formal. Os Capítulos 3, 4 e 5 incluem um vasto número de exemplos concretos e ilustrativos dos aspectos gerais apresentados no texto, e fornecem informações mais pormenorizadas sobre os vários programas, medidas e políticas actualmente em curso na Europa. Estes exemplos distinguem-se do texto principal empregando um tipo de letra diferente. Metodologia Este documento baseia-se sobretudo em informações recolhidas pela Rede Eurydice e extraídas da sua base de dados descritivos Eurybase ( 1 ). Isto aplica-se especificamente aos Capítulos 3, 4 e 5 do presente relatório. Em casos específicos, a informação disponível na base de dados Eurybase foi complementada com dados de outras fontes, na sua maioria dados recolhidos no âmbito dos estudos Ensino Superior na Europa 2009: Evolução do processo de Bolonha (Eurydice, 2009) e The Modernisation of Higher Education (A Modernização do Ensino Superior) (Eurydice, a publicar), a par de descrições dos sistemas nacionais de ensino e formação profissional, apresentadas pela rede ReferNet ( 2 ) do Cedefop. O Capítulo 1 do presente relatório baseia-se em dados do Eurostat provenientes do Inquérito às Forças de Trabalho da UE (IFT UE) e do Inquérito sobre a Educação de Adultos (AES). Embora a classificação CITE 97 constitua o principal ponto de referência desta análise comparativa, o documento tem, também, em conta a evolução do Quadro Europeu de Qualificações (QEQ) e dos Quadros Nacionais de Qualificações (QNQ). A referência a estes últimos respeita, em especial, aos países que já adoptaram oficialmente um Quadro Nacional de Qualificações ( 3 ). A elaboração e a redacção do relatório foram coordenadas pela Unidade Eurydice da Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura (EACEA), tendo a versão do projecto do relatório sido submetida às Unidades Nacionais para apresentação de comentários e validação. O relatório reflecte a situação a partir de Novembro de 2010. Todos os que para ele contribuíram são mencionados no final do documento. ( 1 ) http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/eurybase_en.php ( 2 ) http://www.cedefop.europa.eu/en/information-services/browse-national-vet-systems.aspx ( 3 ) Em Maio de 2010, havia quadros nacionais de qualificações instituídos na Bélgica (Comunidade Flamenga), Estónia, França, Irlanda, Malta, Portugal e Reino Unido (Cedefop e Comissão Europeia, 2010). 8

CAPÍTULO1: INDICADORES NO QUADRO DA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS O presente capítulo apresenta um conjunto de indicadores que define o contexto do presente estudo sobre as oportunidades de educação formal para adultos, na Europa. A primeira secção centra-se nos dados relativos ao desenvolvimento dos recursos humanos na Europa. A segunda apresenta dados gerais sobre a participação de adultos na aprendizagem ao longo da vida, e a última secção do capítulo analisa os dados relativos à educação e à formação formais de adultos. O Inquérito às Forças de Trabalho da UE (IFT UE) e o Inquérito sobre a Educação de Adultos (AES), constituíram as principais fontes de informação utilizadas. 1.1. Nível de escolaridade de população adulta europeia Normalmente, o nível de escolaridade da população adulta é utilizado como indicador dos conhecimentos e competências disponíveis na economia, sendo identificado através do nível de educação formal atingido pela população adulta. Segundo o Inquérito às Forças de Trabalho da UE, cerca de 70% dos adultos (25-64 anos) europeus concluíram pelo menos o ensino secundário superior (nível 3 da CITE), pelo que os adultos com baixo nível de escolaridade (ou seja, inferior ao ensino secundário inferior nível 2 da CITE) representam menos de um terço da população adulta europeia. Porém, este valor corresponde a cerca de 76 milhões de adultos na UE. Figura 1.1: População adulta da Europa com um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário superior (CITE 3), 25-64 anos (%), 2009 % % 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 : 0 EU-26 BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 28,0 29,4 22,1 8,6 23,7 14,5 11,1 28,5 38,8 48,5 29,6 45,7 27,6 13,2 8,7 22,7 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 19,4 72,3 26,6 18,1 12,0 70,1 25,3 16,7 9,1 18,0 19,3 25,4 34,1 : 19,5 71,8 Fonte: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho da UE (dados extraídos em Janeiro de 2011). Analisando individualmente os países, observam-se variações significativas na Europa: na República Checa, Alemanha, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e Eslováquia, a proporção da população adulta sem ensino secundário superior (nível 3 da CITE) concluído é relativamente baixa (entre 9% e 15%). Na Hungria, Áustria, Eslovénia, Finlândia, Suécia e Noruega, não vai além dos 20%. Em contrapartida, os adultos sem ensino secundário superior concluído representam quase 50% da população entre os 25-64 anos em Espanha e Itália, e cerca de 70% em Malta, Portugal e Turquia. 9

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa Os dados disponíveis do IFT UE indicam também que, em comparação com a população mais idosa, a probabilidade dos jovens adultos terem pelo menos o ensino secundário superior é muito superior: a percentagem dos que atingiram pelo menos o ensino secundário superior é quase 20 pontos percentuais mais elevada no grupo etário dos 25-34 anos, do que no grupo dos 55-64 anos. Importa também referir que a categoria dos adultos com baixo nível de escolaridade inclui, também, as pessoas que abandonaram o ensino inicial antes da conclusão do ensino secundário inferior (nível 2 da CITE). Este baixo nível de escolaridade corresponde a cerca de 8% dos adultos na União Europeia, ou seja, cerca de 23 milhões de pessoas. Na República Checa, Dinamarca, Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Áustria, Polónia, Eslovénia, Eslováquia, Reino Unido e Islândia, a percentagem de população adulta sem o ensino secundário inferior atinge os 2%. Na Alemanha, Bulgária, Roménia e Suécia, é ainda relativamente baixa, entre 3 % e 5 %. No outro extremo do espectro encontram-se a Grécia, Espanha, Malta, Portugal e Turquia. Nos três primeiros países, os adultos que não concluíram o ensino secundário inferior representam entre 20% e 25% da população adulta, enquanto que, em Portugal, representam pouco mais de 50% e, na Turquia, cerca de 62% das pessoas com 25-64 anos. Figura 1.2: População adulta da Europa com um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário inferior (CITE 2), 25-64 anos (%), 2009 % 80 % 80 70 60 50 40 30 20 10 0 : : EU-27 BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 70 60 50 40 30 20 10 0 UE-27 BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 8,4 12,7 4,0 0,2 0,5 3,3 1,0 12,5 24,6 20,4 11,7 12,6 16,1 0,7 1,1 8,9 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 1,5 23,6 7,2 1,1 0,5 50,8 4,9 1,8 0,7 8,3 4,9 0,3 1,7 : : 62,3 Fonte: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho da UE (dados extraídos em Outubro de 2010). 1.2. Participação de adultos em programas de aprendizagem ao longo da vida A nível europeu, existem três inquéritos cujos dados permitem avaliar a participação de adultos na educação e formação: o Inquérito às Forças de Trabalho da UE (IFT UE), o Inquérito sobre a Educação de Adultos (AES) e o Inquérito sobre a Formação Profissional Contínua (Continuing Vocational Training Survey, CVTS). Enquanto este último inquérito incide especificamente sobre o ensino e a formação profissional, os primeiros dois apresentam dados mais gerais sobre a participação de adultos em programas de aprendizagem ao longo da vida. O Inquérito às Forças de Trabalho da UE é uma fonte de informação para o indicador de referência da UE relativo à participação de adultos em programas de aprendizagem ao longo da vida. O valor de referência, fixado em 15%, deverá ser atingido até 2020 ( 1 ). Segundo os resultados do inquérito, em 2009, quase 10% da popu- ( 1 ) Conselho da União Europeia, 2009. Conclusões do Conselho sobre um quadro estratégico para a cooperação europeia no domínio da educação e da formação (EF 2020), JO C 119/2 de 28.5.2009. 10

Capítulo 1 Indicadores no quadro da educação e formação de adultos lação adulta europeia participou, nas quatro semanas anteriores ao inquérito, em acções de educação e formação, formais ou não formais. A nível nacional, a situação mostra que os países Nórdicos, os Países Baixos e o Reino Unido já atingiram o objectivo europeu estabelecido para 2020, ao passo que a Áustria e a Eslovénia estão perto de o alcançar. No entanto, a participação de adultos em programas de educação e formação está muito aquém do valor de referência da UE na Bulgária e na Roménia (onde participam menos de 2% dos adultos), assim como na Grécia, Hungria, Eslováquia e Turquia (onde a percentagem é inferior a 4%). Figura 1.3: Participação de adultos em programas de educação e formação, nas quatro semanas anteriores ao inquérito (IFT UE), 25-64 anos (%), 2009 % 35 % 35 30 25 20 15 10 5 0 : EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 30 25 20 15 10 5 0 UE BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 9,3 6,8 1,4 6,8 31,6 7,8 10,5 6,3 3,3 10,4 6,0 6,0 7,8 5,3 4,5 13,4 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 2,7 5,8 17,0 13,8 4,7 6,5 1,5 14,6 2,8 22,1 22,2 20,1 25,1 : 18,1 2,3 Fonte: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho da UE (dados extraídos em Janeiro de 2011). Nota explicativa Este indicador inclui a participação em programas de educação e formação formais e não formais. O Inquérito sobre a Educação de Adultos é um novo componente das estatísticas da UE em matéria de educação e aprendizagem ao longo da vida. Será realizado pela primeira vez, por toda a Europa, em 2011-2012. No entanto, entre 2005 e 2008, foi efectuado um inquérito AES-piloto, com base numa participação voluntária, envolvendo 29 países da UE, EFTA e países candidatos ( 2 ). Ao contrário do Inquérito às Forças de Trabalho da UE, o Inquérito sobre a Educação de Adultos tem como fim específico avaliar a participação de adultos em programas de educação e formação, fornecendo ainda informações mais pormenorizadas sobre as actividades e os programas de aprendizagem em que os adultos participam. Comparando os resultados do Inquérito às Forças de Trabalho da UE com os do Inquérito sobre a Educação de Adultos, as diferenças poderão parecer, à primeira vista, algo surpreendentes. De acordo com o Inquérito às Forças de Trabalho, menos de 10 % dos adultos participam em programas de aprendizagem ao longo da vida, enquanto que os resultados do Inquérito sobre a Educação de Adultos indicam que cerca de 35 % da população adulta europeia participa em programas de educação e formação, formais ou não formais. ( 2 ) Países participantes: Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido. 11

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa Contudo, esta diferença significativa entre os resultados dos dois inquéritos deve-se, em parte, ao facto de, o período de referência do IFT UE se restringir apenas às quatro semanas anteriores ao inquérito, enquanto que o período de referência do AES é de 12 meses. Isto significa que os adultos que não participem em programas de educação nas quatro semanas anteriores ao IFT UE (sendo, portanto, considerados «não-alunos») poderão participar em programas de educação e formação num período mais prolongado (por exemplo, 12 meses). Tal como refere Rosenbladt (2009), a duração do período de referência é importante, designadamente no que toca à participação de adultos em programas de educação e formação não-formais, pois as actividades de educação não formais caracterizam-se por uma duração bastante curta e, muitas vezes, distribuem-se ao longo do tempo. Segundo os resultados do Inquérito sobre a Educação de Adultos, os países com as taxas mais elevadas de participação de adultos em programas de educação e formação são a Suécia (73%), Finlândia (55%), Noruega (55%) e Reino Unido (49%). Estes países registam também taxas de participação muito elevadas no âmbito do Inquérito às Forças de Trabalho da UE. Pelo contrário, o Inquérito sobre a Educação de Adultos revela taxas de participação relativamente baixas na Roménia (7%), Hungria (9%), Turquia (14%) e Grécia (15%), que são confirmadas por resultados análogos no IFT UE. Figura 1.4: Participação de adultos em programas de educação e formação, nos 12 meses anteriores ao inquérito (AES), 25-64 anos (%), 2007 % 80 % 80 70 60 50 40 30 20 10 0 EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 70 60 50 40 30 20 10 0 não participou no inquérito-piloto UE BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 34,9 40,5 36,4 37,6 44,5 45,4 42,1 14,5 30,9 35,1 22,2 40,6 32,7 33,9 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 9,0 33,7 44,6 41,9 21,8 26,4 7,4 40,6 44,0 55,0 73,4 49,3 54,6 14,1 Fonte: Eurostat, Inquérito às Forças de Trabalho da UE (dados extraídos em Janeiro de 2011). Nota explicativa Este indicador inclui a participação em programas de educação e formação formais e não formais. Embora, na maioria dos países, os padrões gerais de participação sejam bastante semelhantes em ambos os inquéritos (ou seja, o IFT UE e o AES), em casos pontuais, os resultados são muito díspares. A discrepância dos resultados é mais notória na Bulgária e na Eslováquia, onde, segundo o Inquérito às Forças de Trabalho da UE, a participação de adultos em programas de educação e formação, continua a ser bastante baixa, ao passo que, segundo o Inquérito sobre a Educação de Adultos, a participação se situa acima da média da UE. Estas disparidades entre os resultados do IFT UE e do AES ainda não foram cabalmente esclarecidas. 12

Capítulo 1 Indicadores no quadro da educação e formação de adultos 1.3. Participação de adultos em programas de educação e formação formais Quer os resultados do Inquérito às Forças de Trabalho, quer do Inquérito sobre a Educação de Adultos mostram que a proporção de adultos que participam em programas de educação e formação formais (ou seja, a educação ministrada no sistema de ensino, nas universidades ou noutras instituições de educação e formação formais; para saber mais pormenores, ver o Capítulo 2) é bastante menor do que a proporção dos que participam em programas de educação não formal (ou seja, programas de ensino organizados e contínuos, que não correspondem exactamente à definição supra de educação formal; para saber mais pormenores, ver o Capítulo 2). Segundo os dados do Inquérito sobre a Educação de Adultos, na UE, a taxa de participação média de adultos, em programas de educação ou formação formais, é de 6%. Analisando individualmente os países europeus, a taxa varia entre menos de 3% na Bulgária, Grécia, França, Chipre, Hungria e Turquia e mais de 10% na Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Suécia e Reino Unido. A taxa de participação do Reino Unido, a rondar os 15%, representa o valor mais elevado da Europa a nível nacional. Nos países onde a proporção da população adulta pouco qualificada é relativamente elevada (para saber mais informação, ver o ponto 1.1), as taxas de participação de adultos em programas de educação ou formação formais são os seguintes: 7% em Portugal, 6% em Espanha, 5% em Malta, 4% em Itália e 2% na Grécia e na Turquia. Figura 1.5: Participação de adultos em programas de educação e formação formais e não formais, nos 12 meses anteriores ao inquérito (AES), 25-64 anos (%), 2007 70 60 50 40 30 20 10 0 % % EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 70 60 50 40 30 20 10 0 Educação e formação formais Educação e formação não formais não participou no inquérito-piloto UE BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 6,2 12,5 2,7 3,9 10,1 5,2 5,0 2,3 5,9 1,7 4,4 2,9 5,4 6,3 31,5 33,5 35,2 35,4 37,6 43,1 40,2 12,7 27,2 34,1 20,2 39,5 30,7 30,9 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 2,5 5,2 6,8 4,2 5,5 6,5 3,3 8,7 6,1 10,2 12,7 15,1 9,9 2,3 6,8 31,3 42,1 39,8 18,6 22,5 4,7 36,1 41,2 51,2 69,4 40,3 50,6 12,8 Fonte: Eurostat, Inquérito sobre a Educação de Adultos (dados extraídos em Janeiro de 2011). De igual modo, interessa referir que, embora na maioria dos países, a participação em programas de educação e formação não formais seja pelo menos cinco vezes superior do que nos programas de educaação formal, há países onde a diferença é menos acentuada. É o que sucede na Bélgica, Hungria, Roménia e Reino Unido. 13

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa A estrutura etária da participação de adultos em programas de educação e formação formais mostra que os jovens adultos (25-34 anos) são mais propensos a participar em programas formais do que as faixas mais velhas da população. Em média, na UE, 13% dos indivíduos com idades entre os 25 e os 34 anos participam em programas de educação formal, ao passo que, nos grupos etários dos 35-54 e 55-64 anos, apenas 5% e 2%, respectivamente, o fazem. No entanto, uma análise da situação nos diferentes países permite constatar algumas diferenças significativas nas taxas de participação dos diferentes grupos etários. Na Finlândia, por exemplo, a taxa de participação do grupo etário dos 25-34 anos é relativamente elevada (24%), mas a dos grupos etários dos 35-54 e 55-64 anos é de apenas 9% e 1%, respectivamente. A situação é ligeiramente diferente em países como o Reino Unido e Bélgica. No Reino Unido, a taxa de participação é de 23% no grupo etário dos 25-34 anos, mas continua a ser relativamente elevada nos grupos etários dos 35-54 e 55-64 anos (15% e 8%, respectivamente). Observa-se uma situação semelhante na Bélgica (22%, 11% e 7%, respectivamente, nos três grupos etários). Tal como sugere Rosenbladt (2009), a análise por grupo etário pode ser vista como um meio de identificar os países onde a educação formal se cinge à infância e ao início da idade adulta, e aqueles em que a educação formal parece ser uma opção em termos de aprendizagem ao longo da vida. Figura 1.6: Participação de adultos em programas de educação e formação formais, nos 12 meses anteriores ao inquérito (AES) por grupo etário, 25-64 anos (%), 2007 % 30 % 30 25 25 20 20 15 15 10 10 5 5 0 EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 0 25-34 anos 35-54 anos 55-64 anos não participou no inquérito-piloto UE BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 13,4 21,8 7,4 9,8 28,0 14,8 11,3 5,8 11,8 5,4 12,5 7,8 10,8 16,4 4,5 11,2 1,5 2,6 7,0 2,8 3,5 1,4 4,1 0,6 2,6 1,2 4,7 3,5 2,0 7,4 0,1 0,3 2,1 1,8 0,6 0,1 1,8 0,2 0,7 0,1 1,3 0,3 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 7,2 10,0 15,2 11,4 13,4 13,9 8,7 22,3 12,7 24,0 26,5 23,1 20,8 5,5 1,5 4,9 5,1 2,4 3,2 4,8 2,4 5,5 4,5 8,5 11,4 14,1 8,2 0,5 0,0 1,2 2,4 0,4 0,1 1,2 0,1 0,5 0,1 1,3 2,7 7,7 2,3 0,1 Fonte: Eurostat, Inquérito sobre a Educação de Adultos (dados extraídos em Janeiro de 2011). Em alguns dos países com uma maior taxa de participação de jovens adultos (25-34 anos) na educação formal, os números podem estar distorcidos pelo facto de o ensino, ou a formação inicial ( 3 ), ser mais prolongado nestes países do que nos outros. Assim, nos inquéritos, os jovens adultos que participam em programas de educação ( 3 ) O ensino ou formação inicial é definido como o ensino geral ou formação profissional que se desenrola no âmbito do sistema de ensino ou formação inicial, em princípio antes da entrada na vida activa (Cedefop, 2008). 14

Capítulo 1 Indicadores no quadro da educação e formação de adultos formal podem, na realidade, ser alunos do ensino superior que ainda não concluíram os seus estudos iniciais, e não adultos que voltaram ao sistema de educação e formação formais. Tal pode acontecer nos países onde a idade mais comum para se iniciar o 1.º ciclo do ensino superior é depois dos 20 anos (por exemplo, Dinamarca, Lituânia, Suécia e Finlândia (Eurydice, 2010)), bem como nos países onde o pico de participação no ensino superior se verifica apenas aos 22 anos (Finlândia, Suécia, Islândia e Noruega (Eurydice, 2007a)) ou aos 24 anos (Dinamarca e Liechtenstein (Eurydice, 2007a)). Contudo, o Inquérito sobre a Educação de Adultos não permite distinguir entre os jovens adultos ainda com a sua educação formal inicial por concluir e os que voltaram ao sistema de educação formal após um determinado período de ausência. Em relação aos dados sobre a participação de adultos em programas de educação formal, de acordo com o mais alto nível de escolaridade atingido, é possível observar que em todos os países europeus os indivíduos com um menor nível de escolaridade (ou seja, que concluíram no máximo o ensino básico) são os que registam menores taxas de participação. Em média, na UE, apenas cerca de 2% dos adultos pouco qualificados participam em programas de educação e formação formais. A taxa de participação é de 6% entre os adultos que concluíram o ensino secundário e de 12% entre os que fizeram o ensino superior. Figura 1.7: Participação de adultos em programas de educação e formação formais, nos 12 meses anteriores ao inquérito (AES), e em função do nível mais elevado de escolaridade atingido, 25-64 anos (%), 2007 % 25 % 25 20 20 15 15 10 10 5 5 0 : : EU BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 0 CITE 0-2 CITE 3-4 CITE 5-6 não participou no inquérito-piloto UE BE BG CZ DK DE EE IE EL ES FR IT CY LV LT LU 2,4 6,6 0,2 0,7 7,4 2,5 1,3 0,4 1,7 0,4 0,6 : 0,3 2,0 5,6 11,8 2,5 3,2 9,6 5,2 3,6 2,5 6,6 1,3 6,1 1,0 2,8 3,9 12,1 19,0 6,0 9,7 13,4 7,1 8,5 5,2 12,6 4,0 13,8 7,8 14,7 12,6 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK IS LI NO TR 0,4 2,1 3,6 1,0 0,7 3,6 0,2 2,1 : 3,7 6,3 7,8 5,6 0,6 2,5 6,6 5,6 4,1 3,4 14,1 3,5 8,9 4,9 11,7 8,8 17,2 7,5 6,2 5,5 18,1 11,3 8,1 16,1 14,7 8,4 13,6 11,2 12,7 24,8 20,6 17,0 7,8 Fonte: Eurostat, Inquérito sobre a Educação de Adultos (dados extraídos em Janeiro de 2011). A análise a nível nacional mostra que, em certos países europeus, a participação de adultos pouco qualificados em programas de educação formal é claramente superior à média da UE. Por exemplo, é de quase 6% na Noruega e entre 6% e 8% na Bélgica, Dinamarca, Suécia e Reino Unido. Assim, parece que estes países são ligeiramente mais bem sucedidos no que concerne a atrair adultos pouco qualificados para programas da educação e formação formais. A Dinamarca é o país que apresenta as taxas de participação mais equilibradas entre os três níveis de escolaridade. O Inquérito sobre a Educação de Adultos adianta igualmente dados interessantes sobre as características dos programas em que os adultos participam. Uma delas é o total de horas dos programas referidas pelos partici- 15

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa pantes. Segundo os dados disponíveis, os programas formais são, em média, significativamente mais prolongados do que os programas de educação não formal: na educação formal a média, tendo como base de cálculo o número de horas referido por participante, é de 383 horas, ficando-se pelas 71 horas em programas de educação e formação não formais. Porém, observam-se variações significativas ao nível dos países. O número de horas mais elevado em programas de educação e formação formais é, de longe, o da Alemanha (905 horas), sendo também consideravelmente superior à média da UE na Bulgária (609 horas), Letónia (572 horas), Portugal (543 horas), Áustria (532 horas) ou Suécia (515 horas). Ao mesmo tempo, no Reino Unido, os programas de educação formal caracterizam-se por terem uma duração relativamente curta (121 horas em média). Isto significa que, neste país, a duração média dos programas de educação formal é praticamente igual à dos programas de educação não formal na Dinamarca, Bélgica, Espanha e Hungria, países onde os programas não formais duram em média entre 111 e 121 horas. Este facto pode decorrer de determinadas diferenças conceptuais, abordadas no Capítulo 2 (ponto 2.2) deste relatório. Por fim, interessa igualmente referir que o Inquérito sobre a Educação de Adultos apresenta alguns detalhes sobre os encargos financeiros tidos com os alunos adultos que participam em programas de educação e formação formais. Os custos incluem propinas e taxas de inscrição, bem como materiais escolares. De acordo com os dados disponíveis, em todos os países europeus, a participação em programas de educação formal de adultos exige um investimento financeiro privado superior ao dos programas de educação não formal: os adultos que participaram em programas de educação formal gastaram em média 603 euros, ao passo que a média do investimento privado exigido em programas de educação e formação não formais não foi além dos 145 euros. A despesa média por participante em programas de educação e formação formais varia de país para país. Assim, na Bélgica, República Checa, Letónia, Países Baixos, Roménia, Finlândia, Suécia e Turquia, os adultos que participam em programas de educação formal não gastaram, em média, mais do que 400 euros. Já os alunos de outros países europeus indicaram valores de investimento financeiro privado muito superiores (ver a Figura 1.8). Figura 1.8: Despesa média por participante, em programas de educação e formação formais, nos 12 meses anteriores ao inquérito (AES), 25-64 anos (euros), 2007 UE BE BG CZ DK DE EE EL ES FR IT CY LV LT 603 226 462 368 739 1 025 565 1 308 703 : : 3 336 397 531 HU MT NL AT PL PT RO SI SK FI SE UK NO TR 431 1 061 336 1 454 681 1 120 294 1 015 407 153 393 438 1 136 359 Fonte: Eurostat, Inquérito sobre a Educação de Adultos (dados extraídos em Janeiro de 2011). Porém, importa ressalvar que, nos países onde o investimento médio privado por participante é relativamente elevado, certos tipos de programas formais são cobertos por fundos públicos e/ou é prestado um apoio financeiro específico a determinados grupos-alvo. O Capítulo 5 deste relatório apresenta mais pormenores sobre o financiamento de programas de educação e formação formais para adultos. 16

Capítulo 2: DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO FORMAIS PARA ADULTOS Por regra, educação formal de adultos é entendida como consistindo em programas que permitem obter diplomas e certificados equivalentes aos que podem ser obtidos no sistema educativo ou no ensino superior. Embora estes programas sejam o tema central dos Capítulos 3 e 4 deste relatório, importa ter presente que o termo educação formal de adultos pode abarcar um conjunto de programas mais vasto. O presente capítulo visa apresentar as bases teóricas em torno do conceito de educação formal de adultos. O capítulo divide-se em duas secções, a primeira descreve as principais definições de educação formal, não formal e informal utilizadas no domínio da educação e da formação na Europa, e a segunda foca-se no conceito de educação formal de adultos, no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos (AES). 2.1. Definições de educação formal, não formal e informal A nível europeu, existem actualmente duas obras de referência terminológica fundamentais que abrangem a educação formal, não formal e informal: as duas edições de um glossário elaborado pelo Cedefop (Cedefop, 2004 e 2008) e o manual Classificação das Actividades de Aprendizagem ( Classification of Learning Activities, CLA) elaborado pelo Eurostat (Eurostat, 2006). As definições do último documento baseiam-se no glossário da Classificação Internacional do Tipo de Educação CITE 1997 (UNESCO, 1997). Para além disso, existe ainda um glossário elaborado no âmbito da iniciativa da Comissão Europeia, o Estudo sobre a Terminologia Europeia da Educação de Adultos para um Conhecimento e um Acompanhamento Comuns do Sector (Study on European terminology in adult education for a common understanding and monitoring of the sector, NRDC, 2010). As definições de educação formal, não formal e informal utilizadas baseiam-se nos glossários do Cedefop acima referidos. O glossário do CEDEFOP de 2008 inclui uma selecção de 100 termos utilizados no domínio da política de educação e formação na Europa. Neste glossário, a educação formal é assim definida: Educação que decorre num contexto organizado e estruturado (em estabelecimento de ensino/formação ou no local de trabalho) e explicitamente concebida como aprendizagem (em termos de objectivos, duração ou recursos). A educação formal é intencional por parte do aluno e, em geral, culmina na validação e certificação. (Cedefop 2008, p. 85). A educação não formal tem a seguinte definição: Educação integrada em actividades planificadas que não são explicitamente designadas como actividades de aprendizagem (em termos de objectivos, duração ou recursos). A educação não-formal é intencional por parte do aluno. (Ibid., p. 93). A educação informal consiste em: Educação resultante das actividades da vida quotidiana relacionadas com o trabalho, a família ou o lazer. Não se trata de uma aprendizagem organizada ou estruturada (em termos de objectivos, duração ou recursos). A educação informal possui, normalmente, um carácter não intencional por parte do aluno. (Ibid., p. 133). O manual Classificação das Actividades de Aprendizagem do Eurostat define assim a educação formal: Ensino ministrado no sistema de escolas, faculdades, universidades e outras instituições de educação formal normalmente integradas numa sequência contínua de ensino a tempo inteiro, para crianças e jovens, geralmente iniciado entre os 5 e 7 anos de idade e prosseguindo até aos 20-25 anos de idade. Em certos países, a última parte desta sequência consiste em programas organizados que combinam o emprego a tempo parcial com a frequência a tempo parcial no sistema de ensino educativo regular e no sistema universitário. Nestes países, estes programas são designados por sistema dual ou termos equivalentes (Eurostat 2006, p. 13). 17

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa A educação não formal é definida como: Qualquer actividade educativa, organizada e contínua, que não corresponda exactamente à definição supra de educação formal. A educação não formal pode, portanto, ocorrer dentro e fora das instituições educativas e acolher pessoas de todas as idades. Consoante os contextos nacionais, pode abranger programas educativos orientados para a literacia dos adultos, ensino básico para crianças que não estão frequentam a escola, competências do quotidiano, competências profissionais e cultura geral. Os programas de educação não formal não seguem necessariamente o sistema de escala, podendo ter uma duração variável (Ibid., p. 13). A educação informal é: Intencional, mas menos organizada e menos estruturada... e pode incluir, por exemplo, momentos (actividades) de aprendizagem que ocorram na vida familiar, no local de trabalho e na vida quotidiana de uma pessoa, a nível individual, familiar ou social (Ibid., p. 13). Além disso, o manual apresenta um termo suplementar aprendizagem aleatória, definida como a aprendizagem não intencional. A aprendizagem aleatória está excluída da observação estatística. Os quadros seguintes resumem as definições atrás apresentadas. Figura 2.1: Conceito de educação formal, não-formal e informal segundo o glossário Terminologia da política europeia de educação e formação profissional (Cedefop, 2008) Educação formal Educação não-formal Educação informal Ministrada num contexto organizado e estruturado Explicitamente concebida como aprendizagem Em geral, culmina na validação e certificação Intencional Integrada em actividades planificadas não explicitamente designadas como actividades de aprendizagem Intencional Não organizada ou estruturada Resultante das actividades da vida quotidiana Normalmente, não intencional Figura 2.2: Conceito de educação formal, não-formal, informal e aleatória segundo o manual Classificação das Actividades de Aprendizagem (Eurostat, 2006) Educação formal Educação não-formal Educação informal Educação aleatória Ministrada no sistema de instituições de educação formal (incluindo o sistema dual ) Constitui uma sequência contínua de educação Intencional Dentro e fora das instituições educativas Actividades organizadas e continuadas Não segue necessariamente o sistema da escala Duração variável Intencional Menos organizada e estruturada do que a educação não-formal Intencional Não intencional Excluída da observação estatística A comparação dos dois conjuntos de definições permite observar algumas diferenças conceptuais entre educação formal, não formal e informal. 18

Capítulo 2 Definição do conceito de educação e formação formais para adultos Segundo o glossário do Cedefop (Cedefop, 2008), o conceito de educação formal é relativamente amplo: a educação formal inclui actividades realizadas num contexto organizado e estruturado e explicitamente concebidas como aprendizagem. Comparativamente, a educação não formal é integrada em actividades planificadas, sendo que essas actividades não são explicitamente designadas como aprendizagem. No quadro deste conceito, tal significa que, a educação formal corresponde não apenas aos programas escolares ou académicos que permitem obter as principais qualificações nacionais (por exemplo, certificado de conclusão do ensino secundário, bacharelato, etc.), mas também a actividades de educação e formação de curto prazo conducentes a diversos tipos de certificados. A definição de educação formal constante do manual Classificação das Actividades de Aprendizagem (Eurostat, 2006) é mais restritiva. Com base nesta definição, é possível deduzir que a educação formal corresponde a programas que permitem obter as principais qualificações escolares ou académicas a nível nacional, ao passo que os cursos de educação e formação a curto prazo associados a diversos tipos de certificados se inserem no conceito de educação não formal (por exemplo, cursos de literacia para adultos). Deve-se, contudo, sublinhar que, para além das principais definições acima referidas, o Eurostat define outros critérios para diferenciar a educação formal da educação não formal, os quais estendem o conceito de educação formal a outras actividades educativas. Esses critérios são abordados no ponto 2.2 deste documento. Outra diferença entre os dois conjuntos de definições respeita à educação informal. O glossário do Cedefop define a educação informal como não intencional por parte do aluno, enquanto que o manual do Eurostat a define como intencional, mas [...] menos organizada e menos estruturada. No que toca à aprendizagem não intencional, o Eurostat introduz um termo suplementar, a aprendizagem aleatória, e exclui este tipo de ensino da observação estatística. Embora possam parecer acentuadas, as diferenças atrás mencionadas na definição de educação formal, não formal e informal decorrem, acima de tudo, do facto de cada um dos dois documentos ter sido elaborado para diferentes fins. Assim, o manual do Eurostat foi concebido para servir de instrumento para a compilação e apresentação de estatísticas e indicadores comparáveis sobre as actividades de aprendizagem (tanto no seio dos países como entre eles), enquanto que o glossário do Cedefop tinha como objectivo identificar e definir os termos essenciais à compreensão da actual política de educação e formação na Europa. Atentando à existência de diferenças conceptuais nas definições de educação formal, não formal e informal, o ponto 2.2 centra-se no conceito de educação formal no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos. 2.2. A educação formal no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos O manual Classificação das Actividades de Aprendizagem do Eurostat (Eurostat, 2006) foi elaborado para servir de base conceptual ao Inquérito sobre a Educação de Adultos. Além das definições principais de educação formal, não formal e informal (ver o ponto 2.1), o manual apresenta também pormenores sobre os critérios operacionais que permitem distinguir diferentes tipos de actividades de aprendizagem. Relativamente à educação formal, um critério fundamental distingue-a da educação não formal, ou seja, o facto de a actividade se destinar a atingir um resultado de aprendizagem que se enquadre num Quadro Nacional de Qualificações (QNQ). Este é definido como: A única entidade nacional e internacionalmente aceite através da qual todos os resultados de aprendizagem podem ser medidos e relacionados entre si de forma coerente e que define a relação entre todos os certificados de educação e formação. O manual do Eurostat prossegue explicando que: O QNQ pode assumir a forma de documento normativo que estipula as qualificações e as suas posições relativas na hierarquia dos resultados de aprendizagem, bem como os organismos que atribuem essas qualificações (organismos de certificação). [...] Um Quadro Nacional de Qualificações pode ser um mecanismo utilizado para relacionar resul- 19

Educação Formal de Adultos: Políticas e Práticas na Europa tados de aprendizagem entre si e comunicá-los a um público amplo e/ou um dispositivo regulamentar, por exemplo, para estabelecer normas gerais em matéria de qualificações (Ibid., pp. 15-16) ( 1 ). Com base nesta definição, é evidente que, no âmbito do Inquérito sobre a Educação de Adultos, o conceito de educação formal engloba tanto as actividades que permitem obter as qualificações tradicionais do sistema educativo e do ensino superior, como todas as actividades de aprendizagem conducentes a qualificações/certificados incluídas num Quadro Nacional de Qualificações. Este aspecto tem de ser tido em conta ao analisar os resultados do Inquérito sobre a Educação de Adultos, nomeadamente, a participação dos adultos na educação formal. Importa referir que um quadro nacional de qualificações é uma estrutura definida a nível nacional e não universal, pelo que o seu âmbito pode variar consoante o país, facto patente em vários exemplos concretos. Os cursos de competências essenciais, por exemplo, são actividades de aprendizagem que compreendem as competências essenciais da literacia, da numeracia e das TIC, sendo muitas vezes vistos como um exemplo típico da educação não-formal de adultos. As descrições dos sistemas educativos nacionais da Eurydice incluem vários exemplos de diversos programas de competências essenciais. Embora possam levar à atribuição de vários certificados, os cursos de competências essencias não são, em geral, tidos como qualificações reconhecidas a nível nacional. Deste modo, é válido considerar os programas de competências essências como um exemplo típico de educação não-formal de adultos. Contudo, em certos países, a situação pode ser diferente. Por exemplo, as directrizes para as entrevistas do Inquérito Nacional sobre Aprendizagem de Adultos (National Adult Learning Survey, NALS) ( 2 ) no Reino Unido, incluem nas potenciais actividades de educação formal as que permitem obter qualificações associadas a competências-chave ou competências essenciais (NatCen 2005, p. 38). Isto reflecte o facto de, no Reino Unido (Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte), estas actividades de aprendizagem permitirem a obtenção de qualificações certificadas a nível nacional e acreditadas no Quadro Nacional de Qualificações (QNQ). Estas qualificações podem ter títulos diferentes, tais como competências essenciais, literacia de adultos, numeracia de adultos, competências-chave e competências funcionais. Resulta daí que, segundo o manual Classificação das Actividades de Aprendizagem (Eurostat, 2006), os programas que desenvolvem as competências essenciais em matéria de literacia e numeracia no Reino Unido inserem-se na educação formal, quando, em muitos outros países, actividades de aprendizagem semelhantes não permitem obter uma qualificação acreditada e, portanto, pertencem à educação não formal. De igual modo, na Comunidade flamenga da Bélgica, uma qualificação de literacia pode situar-se no Nível 2 da Estrutura de Qualificações flamenga. Na Suécia, as directrizes para as entrevistas do inquérito AES englobam também algumas actividades de aprendizagem passíveis de ser classificadas de forma diferente noutros países (Löfgren e Svenning, 2009; Rosenbladt, 2009). Por exemplo, estas directrizes incluem nas potenciais actividades de educação formal os programas intitulados Sueco para estrangeiros, quando, em muitos países, os cursos de línguas para falantes de outras línguas seriam classificados na categoria da educação não-formal. Outro elemento diferenciador da classificação das actividades de aprendizagem na Europa podem ser os programas intitulados Formação para o mercado de trabalho através do gabinete do serviço de emprego, classificados na Suécia como educação formal (Löfgren e Svenning, 2009; Rosenbladt, 2009). ( 1 ) Esta definição aproxima-se do conceito de Quadro Nacional de Qualificações (QNQ) inscrito na Recomendação relativa à instituição do Quadro Europeu de Qualificações, na qual um QNQ é definido como um instrumento concebido para a classificação de qualificações segundo um conjunto de critérios para a obtenção de níveis específicos de aprendizagem, que visa integrar e coordenar os subsistemas nacionais de qualificações e melhorar a transparência, o acesso, a progressão e a qualidade das qualificações em relação ao mercado de trabalho e à sociedade civil. (Conselho da União Europeia, Parlamento Europeu, 2008. Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril de 2008, relativa à instituição do Quadro Europeu de Qualificações para a aprendizagem ao longo da vida. JO C 111/1 de 6.05.2008). ( 2 ) O questionário do Inquérito Nacional sobre a Educação de Adultos (NALS) 2005 inclui perguntas dos inquéritos NALS anteriores (2001 e 2002), do Inquérito sobre a Educação de Adultos da UE e do Inquérito às Forças de Trabalho da UE. O questionário contém uma parte específica para as qualificações de Inglaterra e do País de Gales e outra para as da Escócia. O texto refere-se à parte relativa a Inglaterra e ao País de Gales. 20