Coautoras: Mônica Barbosa dos Santos, graduanda de Pedagogia, UFC. Orientadora: Maria José Albuquerque da Silva, Professora Adjunta, UFC

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Transcrição:

O PIBID DE PEDAGOGIA NA UFC E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: RELATOS DE EXPERIÊNCIA NO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I Autora: Jéssica de Castro Barbosa, graduanda de Pedagogia, UFC Coautoras: Mônica Barbosa dos Santos, graduanda de Pedagogia, UFC Rita de Cássia da Silva Pereira Holanda, graduanda de Pedagogia, UFC Orientadora: Maria José Albuquerque da Silva, Professora Adjunta, UFC RESUMO O artigo é fruto de experiências educativas como bolsistas do PIBID no curso de Pedagogia/UFC, com alunos do 3 ano do ensino fundamental em escolas públicas de Fortaleza, com o objetivo de enriquecer a prática pedagógica e favorecer a nossa atuação como futuros docentes, com a prerrogativa de aliar a teoria com a prática, e valorizar o magistério. Este artigo visa compartilhar a elaboração e andamento de atividades de contação de histórias desenvolvidas com as crianças, visando despertar o interesse em aprender de forma prazerosa. A metodologia utilizada foi a leitura de livros paradidáticos com atividades lúdicas, promovendo a inserção de novas palavras no vocabulário das crianças. Os resultados revelam avanços quanto à participação ativa das crianças nas contações de histórias a partir de vários gêneros textuais, permitindo concluir que essa prática potencializa o seu aprendizado e contribui para o desenvolvimento de todos envolvidos no processo de ensinar e aprender. Palavras - chaves: Contação de histórias; Prática pedagógica; Atividades lúdicas; Desenvolvimento da criança. INTRODUÇÃO Sabemos que nem sempre o ato de contar histórias em espaços escolares é valorizado ou estimulado, principalmente no ensino fundamental. Alguns professores não tem ideia do quanto essa simples atividade é de extrema importância para a

formação de novos leitores e também no processo da aquisição da leitura e da escrita. Muitos chegam a acreditar que o ato de contar histórias para crianças é apenas um momento de descontração e lazer, deixando de lado o seu maior potencial, que é possibilitar o aprendizado da leitura de forma lúdica e agradável. Compreendemos que a criança deve ser estimulada desde pequena, pois é nessa fase que se forma o gosto pela leitura, embora isso não impeça de ser construído no decorrer da vida. A questão é que a construção desse sujeito leitor por meio das experiências vivenciadas desde a mais tenra idade serão lembradas ao longo de sua existência (FREIRE, 2005). A primeira experiência da criança com o mundo fantástico dos livros deveria de fato acontecer no seio familiar. Porém, muitas vezes, por não disporem de tempo, os pais são negligentes. Isso quando falamos de crianças cujos pais têm formação escolar, pois se não tiverem essa formação a experiência com os livros fica ainda mais difícil e distante de acontecer em casa. Diante dessa conjuntura, fica então a cargo da escola a tarefa de apresentar a criança ao mundo literário, e o professor está na linha de frente nesse processo. É ele que deve despertar o interesse dos alunos pela leitura e fazer com que ele se consolide. Não importa se a criança ainda não domina a leitura, o professor deve ler, pois assim estará sendo referência de leitura para ela. Este artigo busca destacar a importância que a contação de histórias tem para os alunos em fase de alfabetização e letramento, a partir de atividades que temos desenvolvido em salas de aulas, com sugestões e experiências bem sucedidas às quais gostaríamos de compartilhar, haja vista a sua contribuição no aprendizado das crianças e em nosso próprio aprendizado como futuras docentes interessadas na valorização do magistério e na educação pública com qualidade social. Iniciamos situando a contação de histórias desde seu surgimento, e depois apresentamos a pesquisa realizada, seus resultados e conclusão. SOBRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

A prática da contação de histórias surgiu na idade média. O contador de histórias era bem quisto e bem vindo em todas as partes. As crônicas atestam que na Boêmia, na Áustria e nas Ilhas Britânicas, os contadores obtinham passe livre, quando outros indivíduos não o tinham. Eram esses que, cantando, recitando, declamando, iam de palácio em palácio, de aldeia em aldeia, contando as histórias de gosto popular da época. Fazendo um breve retrospecto da história da humanidade constatamos que, a partir do século XVIII, com a consolidação de um público leitor ativo, a escola percebe a real importância da leitura ocupar o primeiro plano, em detrimento de outras modalidades de percepção e representação da realidade, vindo a funcionar como a porta de entrada do jovem ao universo do conhecimento (ZILBERMAN, 2009, p. 22). Isto porque, segundo a autora, leitura e escrita foram relevantes como meio necessário para o funcionamento da sociedade. Até os dias de hoje, contudo, há muitas crises de leitura nas escolas do Brasil, relacionadas a diversos problemas sociais, começando pela administração da educação. Zilberman (2009, p. 28) explica a alfabetização e o ato de ler nas seguintes palavras: [ ] o letramento associam-se ao ato de ler e, sendo esse resultado o produto mais importante da ação da escola nos primeiros anos de formação de uma pessoa, pode representar também a condição de rompimento não apenas do sujeito, mas também da instituição que propicia a aquisição dessa prática. A autora ainda chega a afirmar que a escola deve mudar seu ensino mecânico, entendendo o significado da leitura como um procedimento de apropriação da realidade, bem como o sentido do objeto por meio do qual ela se concretiza: a obra literária (idem, ibidem, p.30). Baseando-se em concepções e ideias como essas, o subprojeto de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e tendo como tema Alfabetizar letrando na educação infantil e ensino fundamental I: promovendo uma aprendizagem significativa com

ludicidade, busca incentivar a leitura dentro dos espaços escolares, estimulando o hábito de ler, mediante uma variedade de atividades desenvolvidas com as crianças nas escolas parceiras do Programa. O projeto tem como meta também atingir os professores da rede pública de ensino, para que estes procurem sempre inovar as suas práticas em sala de aula e ainda, alertá-los da importância e valor da contação de histórias como meio de promover a aprendizagem dos alunos. (BRASIL, 2013). As experiências relatadas a seguir foram colocadas em prática em escolas de ensino público, no município de Fortaleza CE, nas quais atuamos como bolsistas. METODOLOGIA Consideramos que este trabalho se caracteriza como uma pesquisa ação, a qual surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática, e se configura centrada diretamente numa situação ou problema coletivo no qual os participantes estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIO LLENT, 1998). Assim, os dados foram coletados por meio de observações do nosso próprio trabalho nas salas de aulas, as quais foram registradas em diário de campo, visando compreender melhor nossa atuação como bolsistas. As atividades desenvolvidas nas escolas tiveram início em abril de 2014. Cada bolsista passou a acompanhar uma turma de alunos e sua respectiva professora, duas vezes por semana. Antes da nossa inserção nas escolas foram organizadas reuniões semanais, com todo o grupo de bolsistas, supervisoras e coordenadora. Nessas reuniões, foram feitas discussões em torno de textos sobre alfabetização, consolidação da leitura e escrita, saberes docentes, entre outros temas. Os textos iniciais foram previamente escolhidos pela coordenadora e outros foram indicados pelas supervisoras ou pensados em função dos relatos das bolsistas. Nosso subprojeto abrange autores como: Emília Ferreiro, Ana Teberoski, Magda Soares

e Lev Vygostsky. Esses autores pesquisam sobre como a criança aprende e o seu desenvolvimento. É com base nos escritos na área de Psicolinguística de Emília Ferreiro e Ana Teberoski que começamos a desenvolver nossos estudos. De acordo com a teoria das autoras Ferreira e Teberosky (1999), toda criança passa por quatro níveis até sua alfabetização, tendo como características centrais: Pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada; Silábica: interpreta de sua maneira, atribuindo valor a cada sílaba; Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de cada silaba; Alfabética: identifica o valor sonoro das letras e associa a cada sílaba, dominando a leitura, faltando apenas o domínio das normas da escrita. Com base nesses conhecimentos, nossa primeira ação nas escolas foi a realização de uma sondagem da escrita e da leitura, de acordo com essas autoras, para que a partir dos resultados pudéssemos propor ações de acordo com cada nível. Após a sondagem constamos que em todas as salas do ensino fundamental I, das três escolas, apresentam crianças em todos os níveis, do Pré silábico ao Alfabético, sendo a sua maioria enquadrada nas primeiras hipóteses, embora já estejam na escola há algum tempo. A partir dos resultados das sondagens, foram propostas várias intervenções para ajudar no processo de alfabetização dessas crianças. Como o nosso projeto tem a intenção de alfabetizar e letrar de forma lúdica, foram sugeridas atividades que levassem o prazer de aprender para essas crianças. Em meio essas sugestões, a temática da leitura como fonte de prazer e aprendizagem se destacou, e o desejo de familiarizar essas crianças que já deveriam estar alfabetizadas se tornou uma das atividades mais importantes do nosso subprojeto. Todos os integrantes do projeto tiraram dúvidas e receberam orientações para a realização de uma boa contação. Foram feitas apresentações e leituras de alguns livros infantis, tudo para que os bolsistas estivessem de fato preparados para o cumprimento dessa tarefa.

A inserção da prática literária nas escolas se deu no segundo encontro, no dia 09/04/2014. A ocasião foi também um momento para a interação dos estudantes com os bolsistas. Antes da ação todos fizemos uma abordagem preliminar com os alunos, a partir de alguns questionamentos, como: Se eles gostavam de ler, se tinham livros em casa, se os pais liam para eles, quais os gêneros da literatura que mais gostavam. Percebemos as turmas bem interativas e demonstrando interesse e curiosidade pelas contações de histórias. Relatamos a seguir uma das atividades realizadas numa turma. Após esse momento preliminar, apresentamos o Chapéu do leitor, que é basicamente um tipo de acessório do qual o contador utiliza para fazer do momento de contação mais prazeroso, aguçar a imaginação das crianças e criar ocasiões em que os próprios estudantes queiram fazer a leitura. A atitude se baseia em um trecho do livro de Ligia Cademartori que diz que a leitura obrigatória compromete o desfrute de obras. Em um primeiro momento as crianças foram um pouco resistentes ao chapéu. Porém com as palavras certas, do tipo: Esse é um chapéu mágico, quem colocar ele vai ser o maior dos leitores de todo o universo. Ele deixa quem o usar poderoso (a), e com ele eu sei todas as histórias do mundo, de princesas e dragões!. Bastaram essas palavras para que todos quisessem usar o chapéu. Posteriormente a toda essa explicação do que seria o chapéu iniciamos a leitura do livro De fio a pavio: O que o trem tem? de Cláudio Martins, que é uma história em forma de versos e poesia. Em seguida foi aberto um espaço para a discussão sobre do que o livro tratava. Todos os alunos se mostraram bem interessados e participaram desse momento. A partir de então, estabeleceu- se um elo entre bolsistas e estudantes. Ficou combinado que nos dias em que os bolsistas tivessem presentes na escola haveria contação de história e que após a contação feita pelo bolsista, algum aluno faria uma leitura, de qualquer gênero literário. As atividades acontecem através de textos de

diversos gêneros, com práticas pedagógicas de leitura também diversificadas como músicas, poesias, poemas, rimas, parlendas, adivinhações, trava- línguas e charadas. Dentre as atividades com o chapéu do leitor e as demais mencionadas, foram desenvolvidas outras atividades de contações de histórias. As ações foram: contação apenas com imagens da história, utilização de painéis e aventais, dinâmicas de grupos após a contação, com fichas das perguntas referentes às leituras. RESULTADOS As atividades apresentadas neste relato ainda estão sendo realizadas. Porém, com apenas dois meses de atuação direta em sala de aula, têm-se como resultados o interesse que as crianças mostraram pelas histórias contadas; a interação social entre elas e o gosto que elas adquiriram por recontar as histórias entre si, com base nas imagens dos livros, exercitando dessa forma a imaginação. Percebemos, principalmente, que com as contações de histórias as crianças tiveram tempo para conversar, socializar suas ideias e vivências. Isso nos mostrou que é possível, por meio de estratégias de leitura, incentivar as crianças para o contato e familiarização com diversos gêneros textuais, que mediante a contação elas puderam se apropriar do mundo da palavra e do mundo que as cerca. Com essa atividade, ficou nítido que além do prazer que a leitura oferece, os alunos queriam se tornar contadores de histórias como nós. Dar voz e vez a eles também foi muito importante para desenvolver a sua autonomia e a autoconfiança. Observamos que estão lendo e escrevendo mais e melhor, o que comprova que a contação de histórias auxilia no ensino da leitura e da escrita. Por tudo isso, a contação de histórias se mostrou uma excelente ferramenta para o processo de alfabetização e um ótimo incentivo para o gosto pela leitura.

Contudo, infelizmente as escolas fazem pouco uso dessa ferramenta para o letramento. Elas não valorizam efetivamente a leitura, pois os poucos espaços de leitura nas escolas são realizados no intuito de responder apenas questões de interpretação, as quais não contemplam a leitura individual de cada aluno. Para concretizar o letramento literário na escola, os autores Paulino e Cosson (2009, p. 75), explicam ser necessário o contato direto e constante com o texto literário e enfatizam que há outras manifestações que podem ser abordadas, como os textos de tradições orais, dos meios de comunicação em massa, de eventos artísticos, mostrando como a literatura participa deles e eles participam da literatura. Gostaríamos de ressaltar, que embora nosso subprojeto ainda esteja em fase inicial, já percebemos alguns resultados diante das dificuldades de aprendizagem dos educandos. Dentre essas podemos citar: capacidade de sequenciar e ordenar identificando a ordem de acontecimentos e espaço de textos; melhoria na capacidade de interpretar; avanços no gosto pela leitura e na memorização, a evolução de uma hipótese para outra do nível de escrita dos alunos, o notório aumento do interesse pela leitura e a melhor socialização das turmas. CONCLUSÃO Com as experiências de contação de histórias desenvolvidas nas escolas públicas através do PIBID e os estudos feitos sobre essa prática, podemos afirmar que a arte do professor como contador influencia e se destaca no desenvolvimento da criança, incrementando na aprendizagem da escrita e da leitura, estimulando a imaginação e a criatividade. A contação de histórias auxilia no desenvolvimento da oralidade e proporciona um ambiente lúdico de aprendizagem. Após essas experiências com a contação de histórias no ambiente escolar, concluímos que essa arte deve ser instrumento de constantes pesquisas na busca do aperfeiçoamento e de novas técnicas, e principalmente, que essa prática de ler para as

crianças se torne uma rotina nos espaços escolares. Contudo, desejamos que por se tornar rotineira, não se torne mecanizada, mas que os professores como protagonistas desse processo procurem sempre se atualizarem em tal prática. Quando se trata da iniciação à leitura, pode-se dizer que um dos primeiros passos para que o aluno se interesse pelo ato de ler é a contação de histórias, já que é através destes momentos lúdicos que a criança vivencia o prazer e o entretenimento que uma boa história pode proporcionar. Nos momentos das intervenções dos bolsistas no programa foi possível visualizar as expectativas e a entrega das crianças perante a contação e as atividades realizadas conseguintes. A cada nova história a plateia demonstrava uma motivação cada vez maior. O que mais ficou marcado desses dois breves meses foi, com certeza, a emoção expressada a cada palavra escutada, a surpresa, a alegria e a satisfação estampado em cada rostinho. Enfim, as ver embarcando em cada história contada faz com que pensemos em nossas atitudes enquanto docentes, reafirmando nossa responsabilidade e compromisso com o desenvolvimento dos alunos como sujeitos ativos e interativos do ato de aprender. REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria da CAPES nº 96, de 18/07/2013, institui o Regulamento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Brasília/DF: Ministério da Educação/CAPES, 2013. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/portaria_096_18jul13_a provaregulamentopibid.pdf>. Acesso em 13 nov 2013. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Artmed Editora. Porto Alegre. 1999. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2005. PAULINO, Graça; COSSON, Rildo. Letramento literário: para viver a literatura dentro e fora da escola. In: RÖSING, Tânia M.K; ZILBERNAM, Regina (orgs.). Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998. ZILBERMAN, Regina. A escola e a leitura de literatura. In: RÖSING, Tânia M.K; ZILBERNAM, Regina (orgs.). Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.