gweb! Um sistema para gerenciamento de conteúdo em websites



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Transcrição:

gweb! Um sistema para gerenciamento de conteúdo em websites Leandro Vettorazzi Gabrieli (LOPP/PPGEP/UFRGS) gabriell@producao.ufrgs.br Marcelo Nogueira Cortimiglia (LOPP/PPGEP/UFRGS) cortimiglia@producao.ufrgs.br José Luis Duarte Ribeiro (LOPP/PPGEP/UFRGS) ribeiro@producao.ufrgs.br Resumo A Internet tem revolucionado os mais diversos processos organizacionais, sobretudo aqueles relacionados com a gestão do conhecimento. Nesse contexto, a problemática do gerenciamento de conteúdos pode ser identificada como desafio crucial, o qual tem sido abordado tanto no cenário acadêmico quanto no cenário empresarial. Assim, o desenvolvimento de meios e métodos para operacionalização do gerenciamento de conteúdos é tema deste artigo, que objetiva apresentar a descrição funcional do gweb!, um sistema modular para gerenciamento de conteúdo em ambiente web. Também são discutidos aspectos relacionados com a aplicação prática do sistema em diferentes websites. Palavras-chave: Internet, Sistemas de Informação Web, Gestão de Conteúdo. 1. Introdução As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tornaram-se um fator importante na gestão empresarial moderna, assumindo papel cada vez mais estratégico nas organizações. Sua utilização atinge praticamente todos os setores das empresas e vem difundindo-se rapidamente em organizações de todo o mundo (LAUDON; LAUDON, 2000; O BRIEN, 2003). A Internet tem sido apontada como o expoente das novas TIC. Seus inúmeros recursos vêm modificando o cotidiano da vida humana: pessoas se conectam à rede para desfrutar da facilidade de se comunicar com outros indivíduos no mundo, para formar grupos de trabalho, para se divertir, comprar produtos e para realizar pesquisas científicas. As transformações provocadas pela Internet na sociedade global foram tão profundas e marcantes que geraram todo um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), práticas, atitudes, modos de pensamento e valores, o qual Lévy (1999) denomina de cibercultura. Da mesma forma, a Internet surge como solução para diminuir a distância geográfica entre empresas e seus parceiros comerciais (LAUDON; LAUDON, 2000). Serviços de atendimento a clientes e comércio eletrônico são apenas algumas das aplicações disponíveis na Internet, as quais atualmente englobam transações com transmissão de dados para atividades de compra e venda de bens e serviços. Neste contexto, ainda estão incluídas aplicações como gestão de relacionamento com clientes e fornecedores; divulgação de informações sobre produtos e serviços; segmentação de clientes e redução de custos operacionais com reengenharia de processos de negócios (PORTER, 1998; CRUZ, 2002; INAN, 2002; O BRIEN, 2003). Assim, a Internet tornou-se uma das mídias mais atraentes para comunicações empresariais. Através de um website, imagens, sons, vídeos, documentos e textos podem ser acessados a partir de qualquer computador conectado à rede. Segundo Moratelli e Valdamari (2002), os websites são o coração de muitas operações de uma organização e, como parte de uma estratégia de e-business, podem ajudar uma companhia a atingir importantes objetivos, tais como: (i) proporcionar o marketing cliente a cliente (SHARMA; SHETH, 2004); (ii) conquistar e manter consumidores; (iii) conduzir pesquisas de mercado; (iv) educar consumidores; (v) proporcionar uma melhor comunicação com seus empregados; (vi) oferecer serviços aos clientes; (vii) comunicar-se e integrar processos em sua cadeia produtiva (SAYAH; ZHANG, 2005); e (viii) gerar liderança de vendas. Kotorov e Hsu (2001), por sua vez, mencionam a ENEGEP 2005 ABEPRO 4972

importância dos portais corporativos na coleta e organização de recursos de conhecimento organizacional internos e externos. Em suma, muitos são os motivos que levam as organizações à Internet (NIELSEN, 2000). Porém, a exploração do cenário virtual pelas organizações traz não apenas oportunidades, mas também desafios. Entre eles, destaca-se a questão do gerenciamento de conteúdo. Nunca se produziu tanto conteúdo como hoje, e esse volume só tende a aumentar à medida que os custos de publicação eletrônica contiuam diminuindo. Portanto, é essencial utilizar meios simples e ágeis para armazenar, produzir e disponibilizar informações. Para isso, o uso de aplicativos de gerenciamento de conteúdo contribui significativamente para agilizar o processo de publicação e atualização de informações, sem necessidade do apoio permanente de um especialista em programação. Neste contexto, este artigo apresenta a descrição funcional do gweb!, um sistema modular de gerenciamento de conteúdo para ambiente web. A aplicação do sistema é ilustrada através da apresentação de diversos websites que a empregam na tarefa de gerenciamento do conteúdo. Este artigo se divide em seis partes. Na seção 1, o tema geral é apresentado e contextualizado. A seguir, na seção 2, procede-se com uma revisão da literatura de referência sobre o tema Gerenciamento de Conteúdo Web, a qual inclui como ilustração do estado da arte uma breve apresentação de aplicativos de Gerenciamento de Conteúdo Web relevantes. A seguir, na seção 3, são traçadas considerações a respeito da metodologia utilizada na pesquisa. Na seção 4, é apresentada a descrição funcional do sistema gweb!, cuja aplicação prática em diferentes websites é ilustrada na seção seguinte. Finalmente, a seção 6 apresenta conclusões e discute implicações práticas resultantes da presente pesquisa. 2. Gerenciamento do Conteúdo O conteúdo de um website é um conjunto de informações, mas não de qualquer tipo de informação. Tanaka, Ito e Kurosaki (2004) sugerem o termo recurso intelectual para incluir no conceito de conteúdo não apenas hipertextos e documentos multimídia, mas também ferramentas, aplicativos e serviços oferecidos através da Internet. O conteúdo deve ser completo, porém não excessivamente abundante (NIELSEN, 2000; ROSEN; PURINTON, 2004). Ao mesmo tempo, conforme Bhatt (2004), o conteúdo deve permitir imersão, interatividade e conectividade, desde que alinhado aos objetivos de negócio da organização. Conteúdo possui, via de regra, juízo de valor embutido, ou seja, significa que a informação que o website oferece tem coerência e fundamentação, representa o esforço intelectual e operacional dos profissionais que nele trabalharam e que agregaram algum tipo de valor à informação. A informação só tem valor quando é relevante, ou seja, quando seu público pode acessá-la, entendê-la e utilizá-la de acordo com seus objetivos. Além da relevância imediata, Pace (2004) aponta a congurência com interesses pessoais e a novidade como fatores decisivos para a percepção de um conteúdo como interessante e atrativo. O mesmo autor menciona que propriedades como credibilidade, correção, facilidade de entendimento, raridade, impacto emocional e apelo estético tendem a influenciar, sob determinadas circunstâncias, a atenção dispensada a um conteúdo. Manter o foco nas pessoas que interagem com o conteúdo é um dos pontos críticos do sucesso: ao mesmo tempo em que a informação precisa ser vista pelo público para ter valor, ela perde significado quando não existe envolvimento ativo entre ela e seus criadores, ficando desatualizada e imprecisa (ROCHA, 2005). Desta forma, as pessoas que contribuem com conteúdo de um website não necessitam ser profissionais de áreas técnicas, pelo contrário: um editor de conteúdo deve entender muito mais sobre o assunto que está publicando do que ter conhecimento técnico especializado em informática. Jornais e revistas foram pioneiros na utilização de métodos, modelos e ENEGEP 2005 ABEPRO 4973

ferramentas para publicação. Esta experiência, agora, é aproveitada na elaboração de modelos conceituais para gerenciamento de conteúdo em websites (KOTOROV; HSU, 2001). Contudo, conforme apontam Addey et al. (2002), a própria definição de gerenciamento de conteúdo não é consensual, uma vez que o termo tem sido usado indiscriminadamente em diferentes contextos. Os autores sugerem abordar o gerenciamento de conteúdo como um conceito amplo que abrange, de modo inclusivo, todos os aspectos envolvidos com a publicação de conteúdo informacional através de ferramentas digitais. Na acepção de Addey et al. (2002), as três principais atividades do gerenciamento de conteúdo são: (i) criação e organização (ii) transformação ou formatação; e (iii) transmissão dos elementos de conteúdo. Estas atividades são possibilitadas pela infra-estrutura técnica de ferramentas e aplicativos. A ferramenta de criação e edição de conteúdo costuma fazer uso de interfaces de navegação com funcionalidades de edição de texto e diferentes níveis de integração com outros aplicativos, como criação e edição de imagens, vídeos, sons e multimída. O conteúdo criado é armazenado em um repositório, usualmente na forma de um banco de dados, e pode ou não conter metadados associados, ou seja, informações para categorização e contextualização do conteúdo, como dados de autoria ou datas de criação e publicação. Em seguida, um mecanismo de transformação aplica formatos e estilos ao conteúdo, possibilitando a exibição do mesmo de acordo com padrões estéticos e funcionais pré-definidos. Este mecanismo geralmente se encontra associado a um gerenciador de conexões, o qual mantém a integridade das relações entre os diversos itens e elementos de conteúdo. A interface é então transmitida ao usuário final através do mecanismo de publicação. A fim de coordenar o fluxo das atividades de gerenciamento de conteúdo, podem ser disponibilizadas ainda ferramentas de workflow e controle de versões. Finalmente, administradores podem fazer uso de ferramentas de controle de acesso a fim de gerenciar os diferentes tipos de usuário. Os sistemas de gerenciamento de conteúdo (SGC) oferecem a integração destas ferramentas de modo a permitir uma abordagem sistêmica ao gerenciamento de conteúdo. A representação esquemática de um SGC pode ser vista na Figura 1. Figura 1 Representação esquemática de um SGC É importante observar que a abordagem sistêmica de gerenciamento de conteúdo permite separação total entre conteúdo e forma. Assim, é possível otimizar a alocação de recursos e competências, com especialistas em projeto de interface na programação visual e especialistas ENEGEP 2005 ABEPRO 4974

no assuntos de interesse ao público alvo do sistema na criação e editoração do conteúdo. Da mesma forma, a abordagem sistêmica permite estratégias cooperativas e interativas de gerenciamento de conteúdo (NAKANO, 2002), as quais, por sua vez, possibilitam a criação e manutenção de grandes repositórios de informação confiável e atualizada. No contexto da emergência da Internet como principal mídia informacional no cenário das TIC modernas, especial atenção tem sido dada ao desenvolvimento de SGC via web. A seguir, serão apresentados sucintamente, a título de ilustração do estado da arte, alguns destes aplicativos, os quais foram selecionados por sua relevância acadêmica ou comercial. Stellent Content Publisher: o Stellent abrange disponibilização de conteúdo (publicação), gestão do conteúdo a ser disponibilizado, personalização de conteúdo por usuário, construção dinâmica de websites, workflow, indexação automática e mecanismos de busca. Desenvolvido pela IBM, tem se destacado como um dos principais SGC em oferta no mercado internacional. Publique!: desenvolvido pela empresa Fábrica Digital em parceria com a PUC-Rio, o Publique! é um dos principais SGC comerciais brasileiros, e possibilita a criação, alteração e gerenciamento de publicações na web. Possui fucionalidades de comunicação (Enquete, Fórum, Chat e Newsletter), Integração de login, Busca integrada, Gerenciador de Solicitações, Estatísticas de acesso, Comércio eletrônico e Gerenciamento de Publicidade. Stela Publish: O Stela Publish é um sistema que possui apenas ferramentas para criação e edição de conteúdo sem oferecer outras ferramentas de gerencimento. Ele possui módulos de visualização associados a usuários designados atores na operacionalização do Sistema. Assim, o módulo Administrador Técnico é ligado a funções técnicas e administrativas do portal ou website (gerar portais e também gerenciar as demais funcionalidades do portal ou website, cadastrar autores e configurar perfis, dar permissão a autores e perfis, cadastrar seções de conteúdo do site ou portal, criar e personalizar formulários de cadastro). Da mesma forma, o módulo Editor está relacionado a funções de publicação e edição de conteúdo no portal ou website (cadastrar documentos, validar e publicar os conteúdos do portal ou website). Finalmente, o módulo Autor está ligado à criação e publicação de documentos. O Stela Publish foi desenvolvido pelo Grupo Stela da Universidade Federal de Santa Catarina, e lidera o cenário acadêmico de desenvolvimento de SGC. 3. Metodologia Esta pesquisa empregou a metodologia de pesquisa conhecida como pesquisa-ação, a qual, segundo Thiollent (2003), trata-se de um método de pesquisa que contempla diferentes ferramentas de pesquisa social a fim de estabelecer uma estrutura coletiva, participativa e ativa. O uso desta metodologia no presente trabalho fundamenta-se na participação atuante dos pesquisadores junto ao objeto de estudo. Da mesma forma, o emprego da pesquisa-ação se justifica também em função do caráter prático associado ao objetivo de pesquisa, bem como pela aplicação na área de desenvolvimento de Sistemas de Informação, que Thiollent menciona como ideal para emprego da pesquisa-ação. De modo geral, a participação dos pesquisadores incluiu registro, observação e atuação direta no desenvolvimento do modelo conceitual do sistema, bem como em suas distintas oportunidades de implementação. A pesquisa desdobrou-se em cinco grandes etapas, a saber: (i) levantamento de informações, incluindo pesquisa de referencial teórico e entrevistas junto a desenvolvedores e usuários de websites; (ii) desenvolvimento do modelo conceitual do sistema; (iii) desenvolvimento do protótipo do sistema; (iv) aplicação do protótipo em diferentes tipos de websites; e (v) análise crítica de resultados. Convém ressaltar que as etapas de pesquisa não seguiram uma ordem cronológica rígida. Ao contrário, ao longo do processo de pesquisa os objetos estudados foram continuamente redefinidos, sobretudo em função da ENEGEP 2005 ABEPRO 4975

análise crítica de resultados de implantação do sistema em diferentes websites. 4. Descrição Funcional do gweb! O conceito do sistema de gerenciamento de conteúdo gweb! segue, em linhas gerais, o modelo de Addey et al. (2002), o qual foi apresentado na seção 2 deste trabalho. No gweb!, o conteúdo informacional é diferenciado em tipos básicos, chamados elementos, cada qual associado a uma ferramenta distinta. Da mesma forma, os elementos são compostos por conteúdos individualizados, chamados de itens. Para um mesmo conteúdo informativo, diferentes arranjos na posição e forma de apresentação de elementos podem resultar em percepções e atitudes diferenciadas por parte de um visitante de website, como sugere a pesquisa de Hong, Thong e Tam (2004) junto a websites de comércio eletrônico. Por isso, o mecanismo básico de funcionamento do gweb! permite gerenciar a disposição dos elementos na interface a ser acessada pelo visitante, conforme ilustrado na Figura 2. Figura 2 Representação esquemática do gerenciamento de layout do gweb! O gweb! baseia-se no em programação dinâmica web e tecnologias de bases de dados relacionais. O desenvolvimento do sistema fez uso, em termos de software, do sistema operacional Windows, do sistema de gerenciamento de base de dados relacional Microsoft Access (embora a implementação do sistema nos websites permita o uso de Microsoft SQL Server, em suas diferentes versões), interpretadores de linguagem de programação ASP (Active Server Pages) e JavaScript, editores de programação e navegadores de Internet. Privilegiou-se, como principal requisito de projeto, a modularização das ferramentas, ou seja, a capacidade de implementação independente de cada uma delas. A seguir, serão descritas os módulos constituintes do gweb!. Módulo de Conteúdo: Permite a criação e edição de elementos básicos de conteúdo, em formato HTML, a serem exibidos pelo sistema. Os itens de conteúdo, ou páginas, são manuseados pelos administradores através de uma funcionalidade de edição de documentos HTML baseada no conceito WYSIWYG (What You See Is What You Get). Esta funcionalidade permite trabalhar com os conteúdos em aplicativos comuns, como editores de texto, e posteriormente proceder com a conversão para o formato HTML. A funcionalidade de edição possui, ainda, capacidade de trabalhar com formatos pré-definidos, de modo a padronizar a apresentação visual dos itens produzidos. Um mecanismo de publicação permite o agendamento da publicação e expiração dos itens, a fim de automatizar as atividades de publicação. Módulo de Navegação: Este módulo permite a organização e estruturação dos itens de conteúdo através da criação de menus de navegação. É possível associar, ainda, sub-menus e níveis de hierarquia aos itens de menu, bem como apontar atalhos para websites externos. Módulo de Propaganda: Através deste módulo, é possível administrar banners, ou itens de ENEGEP 2005 ABEPRO 4976

propaganda. Os banners funcionam, basicamente, como anúncios publicitários contendo uma imagem ou animação associada a um endereço web externo ao website. A ferramenta é composta por funcionalidades que permitem agendar a publicação de banners, controlar o número de visualizações de cada banner ou o número de acessos aos endereços associados. Módulo de Avisos: A ferramenta permite administrar janelas do tipo pop-up, ou seja, novas interfaces do programa de navegação ativadas pelo acesso a determinadas partes do website, as quais podem ser usadas para propaganda e oferta de produtos, de modo similar aos banners, ou para avisos automáticos importantes. Além de permitir a configuração do conteúdo das janelas de avisos, o módulo também conta com a funcionalidade de agendamento de publicação. Módulo de Banco de Imagens: Com esta ferramenta, pode-se criar e gerenciar uma área de arquivo de imagens no website. As imagens podem ser agrupadas em conjuntos de imagens afins, chamados álbuns. Cada imagem pode conter uma descrição de exibição, e a ferramenta permite ainda monitorar os acessos a cada imagem. Módulo de Boletim Eletrônico: Este módulo permite criar e enviar boletins via correio eletrônico. O conteúdo dos boletins pode ser criado com a própria Ferramenta de Conteúdo e, com funcionalidades específicas, pode-se monitorar o andamento do envio, identificando o número de mensagens enviadas, retornadas, recebidas, visualizadas e respondidas. Módulo de Catálogo de Produtos: A ferramenta possibilita a administração de um conjunto de itens categorizados, tal qual um catálogo de produtos para um website de comércio eletrônico. O mecanismo permite a disponibilização de um formulário eletrônico de busca, o qual pode ser customizado de acordo com as necessidades do website cujo conteúdo será gerenciado. Módulo de Enquetes: Possibilita a criação e administração de um mecanismo de votação no website. É composta por funcionalidades para criação de perguntas e alternativas de resposta, relatórios de resultado e opção de restrição a fim de não permitir mais de um voto por visitante. Módulo de Estatísticas de Visitação: A estrutura do sistema permite que as visitas a cada setor do website sejam registradas. É possível visualizar relatórios de visitação detalhados, mostrando dados como número médio de visitas por período (hora, dia, dia de semana, mês), conteúdos mais acessados, número médio de conteúdos acessados por visitante e informações sobre o sistema operacional, configuração de vídeo e programa de navegação usados por cada visitante. Módulo de Arquivos: Permite a disponibilização de arquivos de diferentes tipos para o acesso dos visitantes. Esta ferramenta pode ser integrada à Ferramenta de Conteúdos, de modo a permitir a inserção de atalhos para arquivos nos itens de conteúdo criados. Módulo de Fórum: Esta ferramenta é voltada para a comunicação assíncrona entre os visitantes do website. Ela permite a criação de fóruns específicos para discussão de temas de interesse relativos ao website. O acesso à ferramenta é restrito a visitantes registrados através de um mecanismo de identificação, e os fóruns contam com funcionalidades para controle de novas mensagens e moderação de mensagens impróprias por parte dos administradores. Módulo de Bate-Papo: Possibilita a criação e administração de salas de bate-papo em tempo real. A ferramenta conta com uma funcionalidade de registro integral das sessões de batepapo, as quais podem suportar até 30 usuários simultâneos cada. 5. Aplicação do gweb! Atualmente, o gweb! está sendo utilizado em diversos tipos de websites: portais de informação, websites corporativos, websites de comércio on-line, comunidades e websites pessoais. A seguir, serão apresentados alguns casos relevantes de aplicação do sistema. Assintecal: A ASSINTECAL (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, ENEGEP 2005 ABEPRO 4977

Calçados e Artefatos) é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo a integração das empresas brasileiras de componentes e garantir ações que beneficiem toda a cadeia calçadista. O website da organização é um portal que contém volume intenso de conteúdo informacional, utilizado como principal canal de comunicação com seus associados. Desta forma, observou-se que a principal necessidade estava relacionada com a disponibilização freqüente de novas informações. A implementação do gweb! se deu em Fevereiro de 2004, com os módulos de Conteúdo, Navegação, Propaganda, Banco de Imagens, Arquivos, Boletim Eletrônico e Controle de Visitação, os quais passaram a ser administrados por uma equipe interna de três pessoas responsáveis pelo gerenciamento do conteúdo. O portal de informações da ASSINTECAL pode ser acessado pelo endereço http://www.assintecal.com.br. Maisbetel: No mercado há 28 anos, a Livraria BETEL optou, em meados de 2004, pela modernização de sua loja física e pelo investimento no mercado virtual. Para isso, a direção da empresa optou pelo desenvolvimento de um website que, além de divulgar informações, permitisse a realização de vendas pela Internet. Identificou-se, também, a necessidade de divulgação semanal de novos conteúdos informativos de interesse dos clientes, como lançamentos de livros e ofertas, bem como o envio de promoções e divulgações eletrônicas para clientes através de um mecanismo de boletim eletrônico. Para atender esta demanda, foi o gweb! foi implementado em Agosto de 2004 com os módulos de Catálogo de Produtos, Conteúdos, Navegação, Arquivos, Boletim Eletrônico, Propaganda e Enquetes. O website da livraria pode ser acessado via o endereço http://www.maisbetel.com.br Equipe de Vela Minuano Veleiros do Sul: Trata-se de um projeto de educação através do esporte cujo objetivo é formar atletas e cidadãos. A equipe possui um website corporativo voltado ao público interessado em atividades de vela e participantes da equipe. Suas necessidades principais envolviam a divulgação de notícias atualizadas sobre o projeto, resultados de competições e informações de interesse da equipe, como calendários e regulamentos. O gweb! foi implementado em Julho de 2004 com os módulos de Conteúdo, Navegação, Enquetes, Boletim Eletrônico, Arquivos, Banco de Imagens e Controle de Visitação, situado em http://www.veleirosdosul.com/vela/equipe. Blog Barbaridade: Trata-se de um website comunitário mantido por um grupo de amigos que consiste em um registro periodicamente atualizado de crôncias, opiniões, notícias, imagens ou qualquer outro tipo de conteúdo que os autores tenham interesse em disponibilizar. Inicialmente, todos os textos eram direcionados a um integrante do grupo responsável pela publicação, o qual detinha conhecimento técnico apropriado, para que o mesmo publicasse-os no website. Em Janeiro de 2005, procedeu-se com a implementação do gweb! com os Módulos de Conteúdo, Navegação, Enquetes, Arquivos, Banco de Imagens e Controle de Visitação, o que permitiu que os diversos autores envolvidos pudessem publicar seus textos de maneira simples e sem necessitar de conhecimento especializado em informática. O website da comunidade pode ser acessado em http://isystems.locaweb.com.br/bah. 6. Conclusões A Internet tem revolucionado os mais diversos processos organizacionais, sobretudo aqueles relacionados com a gestão do conhecimento. Neste contexto, a problemática do gerenciamento de conteúdos pode ser identificada como desafio crucial, o qual tem sido abordado tanto no cenário acadêmico quanto no cenário empresarial. Neste contexto, este artigo apresentou a descrição funcional do gweb!, um sistema modular para gerenciamento de conteúdo em ambiente web. Foram discutidos aspectos específicos de cada ferramenta integrante do sistema. A fim de demonstrar a flexibilidade e viabilidade do gweb!, procedeu-se com a apresentação sucinta de alguns websites que fazem uso do sistema para o gerenciamento de seus conteúdos informacionais. Os websites escolhidos ilustram ENEGEP 2005 ABEPRO 4978

peculiares e distintas necessidades por gestão de informação: portais com intensos volumes de informação e serviços, websites de negócios com integração de comércio virtual, websites corporativos para divulgação de informações de ordem profissional ou pessoal e websites comunitários. A observação do uso do sistema em websites representativos destes tipos de necessidade de informação tem revelado níveis de satisfação significativos, tanto por parte dos visitantes quanto por parte dos administradores. Enquanto continuidade dos trabalhos, recomenda-se estender a pesquisa com o uso de técnicas formais de avaliação de necessidades e satisfação. Isso pode ajudar para validar o projeto gweb! e, simultaneamente, gerar subsídios para a melhoria contínua dos sistemas de gestão de conteúdo. Referências ADDEY, D.; ELLIS, J.; SUH, P.; THIEMECKE, D. (2002) Content Management Systems, Birmingham: Glasshaus. BHATT, G. (2004) Bringing virtual reality for commercial Web sites. International Journal of Human- Computer Studies, Vol. 60, No. 1, p. 1-15. CRUZ, T. (2002) Gerência do Conhecimento, Brasil: Marcos Cobra. 167 p. HONG, W.; THONG, J.Y.L.; TAM, K. Y. (2004) Designing product listing pages on e-commerce websites: an examination of presentation mode and information format. International Journal of Human-Computer Studies, Vol. 61, No. 4, p. 481-503. INAN, H. (2002) Measuring the success of your website: customer-centric approach to website management. Frenchs Forest, NSW [Australia]: Pearson Education Australia. KOTOROV, R.; HSU, E. (2001) A model for enterprise portal management. Journal of Knowledge Management. Vol. 5, No. 1, p. 86-93. LAUDON, K.C.; LAUDON, P.J. (2000) Management Information Systems: Organization and Technology in the Networked Enterprise. 6º edição. New Jersey: Prentice-Hall. LÉVY, P. (1999) Cibercultura. São Paulo: Ed. 34. MORATELLI, A.S.; VALDAMARI A.D. (2002) Sistema de Gerenciamento de Conteúdo para Ambiente Web. IN: XI SEMINCO - Seminário de computação. Anais do XI SEMINCO. Brasília, pag. 53-64. NAKANO, R. (2002) Web content management: a collaborative approach. Boston [MA]: Addison-Wesley. NIELSEN, J. (2000) Projetando websites. Rio de Janeiro: Campus. O'BRIEN, J. A. (2003) Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. São Paulo: Saraiva. PACE, S. (2004) A grounded theory of the flow experiences of Web users. International Journal of Human- Computer Studies, Vol. 60, No. 3, p. 327-363. PORTER, M. (1998) Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance, Nova Iorque: The Free Press, 557 p. ROCHA, R.S. (2005) Estudos, tendências e opiniões sobre os temas relacionados ao nosso mercado de atuação. Disponível em http://www.dynamix.com.br/a04001.html, último acesso 15/05/2005. ROSEN, D.E.; PURINTON, E. (2004) Website design: Viewing the web as a cognitive landscape. Journal of Business Research, Vol. 57, No. 7, p. 787-794. SAYAH, J.Y.; ZHANG, L. (2005) On-demand business collaboration enablement with web services. Decision Support Systems, Vol. 40, No. 1, p. 107-127. SHARMA, A.; SHETH, J.N. (2004) Web-based marketing: the coming revolution in marketing thought and strategy. Journal of Business Research, Vol. 57, No. 1, p. 696-702. TANAKA, Y.; ITO, K.; KUROSAKI, D. (2004) Meme media architectures for re-editing and redistributing intellectual assets over the Web. International Journal of Human-Computer Studies, Vol. 60, No. 4, p. 489-526. THIOLLENT, M. (2003) Metodologia da Pesquisa-Ação, 12º Edição. São Paulo: Cortez. ENEGEP 2005 ABEPRO 4979