TÍTULO: OCORRÊNCIA DE FELINOS DOMÉSTICOS (FELIS CATUS) NATURALMENTE INFECTADOS COM GIARDIA SP NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, SP, BRASIL

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Transcrição:

16 TÍTULO: OCORRÊNCIA DE FELINOS DOMÉSTICOS (FELIS CATUS) NATURALMENTE INFECTADOS COM GIARDIA SP NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, SP, BRASIL CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA VETERINÁRIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS AUTOR(ES): CÉLIO RAMOS FRANCO ORIENTADOR(ES): ARNALDO ROCHA

INTRODUÇÃO O primeiro relato de Giardia spp. foi em 1681 por Anton Van Leeuwenhoek, e a partir do século XX, tal protozoário foi reconhecido como de importância para a saúde pública (ANJOS, BABO-TERRA e BORGES, 2013). Trata-se de um protozoário que pode ser encontrado no trato intestinal de vários vertebrados, assim sendo listado como um patógeno importante. No intestino delgado dos animais parasitados estão presentes na forma trofozoíta, aderidos à mucosa, e eliminados nas fezes dos animais infectados encontram-se sob a forma de cistos (MENDES-DE-ALMEIDA, SILVA e LABARTHE, 2007). O cisto é uma adaptação para a sobrevivência do protozoário fora do hospedeiro. O encistamento ocorre quando o parasita se dobra sobre si mesmo e forma uma camada protetora ao redor das suas camadas internas, assim podendo sobreviver em ambiente externo. (ANJOS, BABO-TERRA e BORGES, 2013). Existem várias espécies de Giardia, com grau variado de patogenicidade. (MUDIM, SOUZA, HORTÊNCIO e CURRY, 2003). As infecções por Giardia spp muitas vezes permanecem assintomáticas, de modo que o desenvolvimento de sintomatologia pelo indivíduo infectado dependerá de fatores como a idade, estresse, resposta imunológica e seu estado nutricional. (ANJOS, BABO-TERRA e BORGES, 2013). Os sinais clínicos mais frequentes de Giardia são percebidos no intestino, podemos observar eliminação de fezes mais pastosas ou/e líquidas com odor fétido, emêse, dor abdominal (MENDES-DE-ALMEIDA, SILVA e LABARTHE, 2007). Por muitos anos o diagnóstico parasitológico direto, realizado através de microscopia óptica convencional de amostras de fezes e água, foi o método de escolha para abordagem diagnóstica da giardíase, porém recentemente, FAUST e colaboradores propuseram a técnica para isolamento de Giardia empregando-se sulfato de zinco a 33%, e mais recente ainda temos os testes com antígenos fecais (ensaio imunoenzimático / ELISA) e teste de imunofluorescência vem sendo mais empregados por apresentarem maior sensibilidade (ANJOS, BABO-TERRA e BORGES, 2013). O tratamento medicamentoso para giardíase tem sido feito com metronidazol, fenbendazol, albendazol e nitazoxanida.

Infecções prévias não garantem imunidade permanente para a Giardia sp, gatos mesmo depois de infectados e tratados continuam sendo sucetíveis a novas infecções (ANJOS, BABO-TERRA e BORGES, 2013). Para evitarmos uma reinfecção devemos também manter a higienização do local com soluções a base de amônia quaternéria, água sempre limpa e portável e vermifugação (CAVALINI e ZAPPA, 2011). OBJETIVO O presente estudo tem por objetivo determinar a frequência de ocorrência de infecções por Giardia sp em felinos domésticos atendidos num hospital veterinário de capital privado do município de São Paulo, SP, Brasil, no período de abril de 2011 a março de 2016. METODOLOGIA O termo de consentimento livre e esclarecido e de coparticipação do responsável pelo hospital participante foi solicitado, obtido e arquivado antes do início da consulta ao banco de dados. O critério de inclusão para os prontuários foi ter registro de solicitação de exames complementares para diagnóstico de giardíase e seus resultados, sendo, portanto a amostra considerada por conveniência. Os prontuários de todos os felinos que passaram em consulta no período de 15/04/2011 a 14/03/2016 foram analisados e selecionados os que tinham registros de exames complementares para diagnóstico de giardíase. Os resultados foram analisados por estatística descritiva quanto à ocorrência de positivos para a presença de Giardia sp em exames complementares de diagnóstico (coproparasitológico Faust e Willis ou Snap Giardia IDEXX ), manifestações clínicas apresentadas por ocasião da admissão e correlações desses resultados com raça, idade, sexo e recidivas da doença. No referido hospital os clínicos têm duas opções de exames complementares para diagnóstico de giardíase, o sorológico, Snap Giardia IDEXX, que é um teste tipo ELISA, ou os parasitológicos pelas técnicas de Faust e Willis realizados juntos.

DESENVOLVIMENTO O trabalho foi todo feito no ambiente interno de um hospital veterinário do município de São Paulo, SP, Brasil, após as aprovações e autorizações dos responsáveis. Os prontuários dos felinos atendidos no período de 15/04/2011 a 14/03/2016 foram analisados e selecionados de acordo com a solicitação e realização de exames complementares de diagnóstico para giardíase. Os dados foram tabulados e analisados por estatística descritiva. RESULTADOS Do total de 2171 (100%) felinos atendidos num hospital veterinário, no munícipio de São Paulo, SP, Brasil, no período de 15/04/2011 a 14/03/2016, noventa e oito foram submetidos a exames complementares para diagnóstico de giardíase pelas técnicas parasitológicas de Faust e Willis associadas, sendo 94 (4,33%) com registros de exames positivos para Giardia sp, 4 (0,18%) negativos e 12 (0,55%) dos pacientes felinos não realizaram esse tipo de exame, optando apenas pelo método sorológico tipo ELISA. Quando considerados os animais submetidos ao exame sorológico tipo ELISA para giardíase, do mesmo total de 2171 (100%) felinos atendidos no mesmo hospital veterinário, no mesmo período supracitado, cento e dez foram submetidos a exames complementares para diagnóstico de giardíase pelo método ELISA, sendo que 88 (4,05%) resultaram positivos e 22 (1,01%) negativos. Houve concordância entre resultados positivos dos snaps Giardia ELISA e parasitológicas de Faust e Willis em 81 amostras e as técnicas parasitológicas de Faust e Willis juntas apontaram melhor capacidade diagnóstica nas condições e população estudada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ocorrência das doenças parasitárias, especialmente as zoonóticas, ajuda os profissionais da saúde em seus raciocínios diagnósticos. A giardíase tem-se revelado endêmica em diversas populações e levantamentos realizados em diversos locais e

em diferentes períodos, devendo ser lembrada nos diagnósticos diferenciais de enterites e manifestações diarreicas dos animais. Somado ao fato da giardíase ter se mostrado endêmica, é zoonose e o convívio dos gatos com seus donos pode representar risco de exposição a esses agentes infecciosos, especialmente quando os animais têm livre acesso à rua, onde podem se infectar, e depois voltam e circulam livremente nas residências, se acomodando em sofás, camas, subindo em móveis da cozinha, inclusive em mesas onde seus tutores se alimentam. Como o tratamento para giardíase é restrito a alguns princípios ativos convém ao clínico veterinário ter o diagnóstico etiológico para poder tratar de forma correta os animais infectados. Além de constatar a presença da giardíase e trata-la corretamente, os médicos veterinários têm importante papel educativo, devendo orientar seus clientes sobre profilaxia, colaborando para diminuir os casos animais e humanos de giardíase. Como esse trabalho foi realizado tomando-se como base exames complementares de diagnóstico, vale lembrar que os exames podem apresentar resultados falso positivos e falso negativos e, por isso mesmo, são considerados exames complementares de diagnóstico. Diante de forte suspeita clínica, o médico veterinário tem autonomia para, mesmo diante de resultados de exames complementares negativos, recomendar o tratamento. Terminamos as considerações finais indagando: se o diagnóstico das giardíases não é difícil de ser realizado, se há tratamento possível, por que temos ocorrência endêmica de infecções por Giardia? As respostas mais prováveis são: a existência de portadores assintomáticos e oligossintomáticos disseminando o agente no ambiente, resistência de alguns parasitas à antiparasitários, falhas nos diagnósticos, tratamentos e, especialmente, na profilaxia de novas infecções. Por fim, num contexto one health o veterinário possui importante papel no controle das parasitoses animais e humanas, devendo atentar para os parasitas com potencial zoonótico ocorrentes em sua área de atuação. FONTES CONSULTADAS ANJOS, D. S.; BABO-TERRA. V. J.; BORGES, F. A. Giardíase Felina uma zoonose? Acta Veterinaria Brasilica,Mossoró, v.7, n.2, p.81-90, 2013.

CAVALINI, P. P.; ZAPPA, V. Giardíase felina - revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, Ano IX, n. 16, p. 1-18, jan. 2011. MENDES-DE-ALMEIDA, F.; SILVA, M. M. O.; LABARTHE, N. Giardia spp. em amostras fecais de gatos domésticos do Rio de Janeiro, RJ. Acta Scientiae Veterinariae, Rio Grande do Sul, 35 (Supl. 2): s468-s469, 2007. MUNDIM, M. J. S.; SOUZA, S. Z.; HORTÊNCIO, S.M.; CURRY, M. C.; Frequência de Giárdia spp. por duas técnicas de diagnóstico em fezes de cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Uberlândia, v. 55, n.6, p. 770-773, 2003.