Apuração do Resultado. Apuração de Resultado e Regimes de Contabilidade. A cada exercício social (normalmente, um ano) a empresa deve apurar o resultado dos seus negócios. Para saber se obteve lucro ou prejuízo, a contabilidade confronta a receita (vendas) com as despesas. Se a receita foi maior que a despesa, a empresa teve lucro. Se a receita foi menor que a despesa, teve prejuízo. Conceito: Receita e Despesa. Receitas: Vendas de Produtos, Mercadorias ou Serviços A vista entrada de dinheiro em Caixa A prazo entrada de direitos a receber Aumentam o Ativo Nem todo aumento de Ativo significa Receita Empréstimos Financiamentos Compras a prazo Despesas: Todo sacrifício, esforço para obter Receita Matéria-Prima; Mão-de-Obra; Consumo de bens (Depreciação); Serviços Podem ocorrer à vista ou a prazo A vista saída de dinheiro do Caixa A prazo aumento das Obrigações... Confronto entre Receitas e Despesas Receitas > Despesas Lucro Receitas < Despesas Prejuízo Outras considerações: Caixa Perdas Entrada de dinheiro Encaixe Saída de dinheiro Desencaixe Variações anormais, inesperadas ou involuntárias no ativo: incêndio, roubo, inundações... Regimes de Apuração do Resultado: Regime de Competência: Regime universalmente adotado Critério aceito e recomendado pelo Imposto de Renda Receitas Contabilizada no período em foi gerada (à vista ou a prazo) Despesas Contabilizada no período em que foi consumida, independentemente do pagamento ter sido, ou não, realizado. Regime de Caixa: Aplicação restrita (entidades sem fins lucrativos) Receitas: Contabilizada no momento do recebimento do dinheiro. Despesas: Contabilizada no momento do pagamento. Exemplo de Regime de Caixa e Competência (Comparativo) D.R.E. Competência Caixa Receitas 20.000 12.000 Despesas (16.000) (10.000) Resultado 4.000 2.000
DEMO STRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE). Introdução. É por meio da DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) que se consegue evidenciar os componentes que provocam alterações no patrimônio líquido das empresas. A apresentação desse relatório é analítico e estruturado, demonstrando o resultado líquido de uma empresa lucro ou prejuízo em um determinado período, mediante a comparação das receitas com os custos e as despesas, reconhecidos e apropriados no período de apuração, tendo como base o regime de competência. Conceito. O resultado obtido pela DRE poderá ser positivo (receitas maiores que os custos e despesas), evidenciando o lucro do período; negativo (custos e despesas maiores que as receitas), apresentando o prejuízo do período; ou nulo (receitas iguais aos custos e despesas), o que raramente acontece nas empresas. A DRE possibilita que os usuários da contabilidade utilizem esse demonstrativo como uma fonte valiosa de informações para a tomada de decisão. O regime contábil adotado para a elaboração da DRE é o de competência: receitas e despesas são apropriadas ao período de apuração, em função de sua incorrência (fato gerador) e independentemente de seu reflexo financeiro, ou seja, se foram recebidas (receitas) ou pagas (despesas) dentro do período de apuração. A demonstração do resultado do exercício é, portanto, uma peça de caráter econômico (relacionado à riqueza) e não financeiro (relacionado a dinheiro). Legislação Aplicada à DRE. Quanto à legislação que se aplica à DRE, alguns aspectos merecem ser evidenciados: A obrigatoriedade a elaboração da demonstração do resultado do exercício das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real está prevista no RIR/99. As normas de elaboração das demonstrações financeiras constam da Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº. 6.404/76), contudo seus conceitos aplicam-se aos demais tipos de sociedade. De acordo com o art. 187 da citada lei, a apresentação da demonstração do resultado do exercício deverá ser na forma dedutiva com os detalhamentos das receitas, despesas, custos, receitas e despesas nãooperacionais, definindo claramente o lucro ou o prejuízo do exercício. A elaboração da demonstração do resultado do exercício também está disciplinada pela Norma Brasileira da Contabilidade (NBC) T 3.3, aprovada pela Resolução nº. 686/90 do conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Estrutura da DRE. Demonstração do Resultado do Exercício. Empresa:. Receita Operacional Bruta Receita Bruta de Vendas Receita Bruta da Prestação de Serviços (-) Deduções da Receita Bruta Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos sobre Vendas (=) Receitas Operacionais Líquidas (-) CMV/CSP/CPV (=) Lucro Bruto/Resultado Bruto (-) Despesas com Vendas (-) Despesas Financeiras (-) Despesas Gerais e Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (=) Lucro ou Prejuízo Operacional (+) Outras Receitas (-) Outras Despesas Exercício Financeiro de. (=) Resultado do Exercício Antes do Imposto Sobre a Renda (-) Provisão Para Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) (-) Provisão Para Contribuição Social s/ Lucro Líquido (CSLL) (=) Resultado do Exercício Depois do Imposto de Renda e da CSLL (ou Prejuízo) (-) Participações (-) Contribuições (=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício (Resultado Líquido) (=) Lucro Por Ação Receita Operacional Bruta. O momento do reconhecimento da receita de vendas é o fato gerador, normalmente caracterizado pela saída (entrega) dos bens adquiridos ao comprador, no caso das empresas comerciais e industriais. No caso de serviços prestados, as receitas serão reconhecidas no período em que efetivamente os serviços foram executados. Basicamente, receita bruta é a somatória de todas as notas fiscais emitidas no período, ou seja, o faturamento da empresa. Deduções da Receita Bruta As deduções da receita bruta são representadas por contas de devoluções (vendas canceladas), abatimentos e impostos incidentes sobre vendas ou serviços, que não podem ser consideradas receitas efetivas para efeito de análise: - Devoluções ou vendas canceladas: correspondem à anulação de valores registrados como receita, decorrentes do cancelamento de vendas, com devolução total ou parcial, por quebras ou avarias na mercadoria vendida, pela não caracterização da entrega dos produtos ou pela má qualidade na prestação de serviços. - Abatimentos: são descontos concedidos ao cliente após a entrega do produto, por defeitos de qualidade apresentados (quebras, avarias etc.). Não constituem descontos financeiros, tampouco descontos de preço de venda (promoções).
- Impostos incidentes sobre vendas e prestação de serviços: também devem ser excluídos da receita bruta, pois são os que guardam proporcionalidade com o preço de venda efetuada ou do serviço prestado. São exemplos de impostos incidentes sobre o faturamento: a) ICMS: imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transportes interestadual e intermunicipal, de comunicação e de energia elétrica; b) IPI: imposto sobre produtos industrializados; c) ISSQ : imposto sobre serviços de qualquer natureza; d) PIS: programa de integração social; e) Cofins: contribuição para financiamento da seguridade social. Receita Operacional Líquida Evidencia o valor de venda líquida de bens e serviços oriundos da atividade da empresa, subtraindo as deduções incidentes sobre a receita bruta (faturamento). É considerada a base para análise das receitas efetivamente realizadas pela empresa no período. Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos Serviços Prestados (CSP) ou Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Os custos a serem atribuídos como CMV, CSP ou CPV no exercício devem ser correspondentes às receitas de vendas dos produtos e serviços reconhecidos como tal no mesmo período, obedecendo ao princípio da Competência. Veja, a seguir, o cálculo do CMV. CMV = EI + C EF Custo das mercadorias vendida = Estoque inicial de mercadorias + Compras líquidas no período (*) Estoque final de mercadorias no período (*) Compras deduzidas dos impostos, das devoluções de compras e abatimentos Lucro Bruto ou Resultado Bruto. De acordo com o art. 187, item II, da lei nº. 6.404/76, deve ser computado na DRE o custo de mercadorias e serviços vendidos no exterior, que, deduzido das receitas correspondentes, gera o lucro bruto. Despesas Operacionais. Segundo a Lei das sociedades Anônimas, as despesas operacionais correspondem ao esforço financeiro necessário para que a empresa possa funcionar, ou seja, financiar suas atividades de vendas, produção e prestação de serviços. O art. 187 da Lei nº. 6.404/76 estabelece que, para obter-se o lucro operacional, deve-se deduzir as despesas com as vendas, as despesas financeiras (deduzidas das receitas), as despesas gerais e administrativas e outras receitas e despesas operacionais. Despesas de Vendas. Tem a função de registrar, em contas específicas, as despesas com a comercialização de produtos, mercadorias ou serviços para atender aos objetivos da empresa. Elas representam os gastos envolvidos na promoção, comercialização e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda. São exemplos de despesas com vendas: despesas com pessoal de vendas, marketing, distribuição,
administração interna de vendas, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, garantia de produtos, despesas com estimativas de perdas com duplicatas derivadas de vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos) etc. Despesas Financeiras Tem a função de registrar em contas específicas as despesas financeiras decorrentes da necessidade de capital de giro ou financiamento do ativo. São exemplos de despesas financeiras: juros pagos, descontos concedidos, despesas bancárias (IOF, entre outras) etc. neste grupo deduzem-se as receitas financeiras, que tem como função registrar em cada operação as receitas financeiras provenientes dos componentes do sistema financeiros da empresa. Por exemplo: descontos obtidos, juros recebidos, rendimento de aplicações. Despesas Administrativas. Representam o dispêndio financeiro necessário para arcar com despesas para a gestão ou direção da empresa. Sua função é registrar em contas específicas as despesas com a administração do negócio para atender aos objetivos da empresa. Entre as despesas mais comuns, temos: honorários da administração, salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, material de escritório, depreciação de móveis e utensílios, seguro do escritório etc. Outras Despesas Operacionais. Nesse grupo são lançadas as outras despesas operacionais que não se enquadram nos grupos anteriormente apresentados. Resultado do exercício antes do imposto de renda. O resultado obtido após a dedução do resultado não-operacional constitui a base de cálculo à provisão para o imposto de renda (IR) e á provisão para a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Se o resultado for negativo se houver um prejuízo, não haverá incidência de IR e CSLL. O cálculo do imposto de renda a pagar tem como base o lucro tributável, denominado lucro real que, na prática, é calculado em um livro fiscal denominado LALUR livro de apuração do lucro real. Nele, registram-se os ajustes necessários (adições e exclusões ou compensações) de acordo com a legislação vigente. Participações e Contribuições. Após a apuração do lucro depois do IR e da CSLL, deve-se deduzir as participações do resultado da empresa dos empregados, de debêntures, dos administradores e das partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência dos empregados. Essas distribuições, normalmente, estão previstas no estatuto das empresa. Lucro ou Prejuízo do Exercício ou Resultado Líquido. O lucro líquido ou resultado líquido corresponde ao resultado final do exercício à disposição dos proprietários (sócios ou acionistas), que determinarão a aplicação desse resultado. O saldo remanescente integrará o patrimônio líquido da empresa na conta lucros ou prejuízos acumulados que, por sua natureza, pertence aos acionistas e será distribuído como dividendos. Se o resultado do período for prejuízo, ele também deverá compor o balanço patrimonial na conta lucros ou prejuízos acumulados, porém reduzindo o patrimônio líquido da empresa. Lucro por Ação. Há, na Lei das Sociedades Anônimas, uma prerrogativa para apresentar, após a apuração do resultado líquido do exercício (lucro ou prejuízo), se houve ou não valorização de suas ações. Uma das funções de obter o lucro por ação é a de orientar os acionistas principalmente no caso de empresas de capital aberto e os investidores quanto à evolução do desempenho operacional que a empresa sofre ao
longo dos exercícios financeiros. O cálculo do lucro por ação é feito de maneira bastante simples: basta dividir o lucro líquido do exercício pelo número de ações em circulação do capital social. Lucro por ação = lucro líquido do exercício número de ações Para o cálculo dos dividendos, deve-se estabelecer certas distinções, pois as ações preferenciais conferem, conforme a legislação das sociedades por ações, vantagens a seus titulares. Lucros e Dividendos De acordo com a Bovespa3, ações são títulos nominativos negociáveis que representam, para quem as possui, uma fração do capital social de uma empresa. É um pedacinho da empresa. Com um ou mais pedacinhos da empresa, você se torna sócio dela. As ações podem ser ordinárias ou preferenciais. - Ordinárias (O ): concedem àqueles que as possuem o poder de voto nas assembléias deliberativas da companhia; - Preferenciais (P ): oferecem preferência na distribuição de resultados ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia, não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o. Os dividendos correspondem à parcela de lucro líquido distribuída aos acionistas ao fim de cada exercício social, na proporção da quantidade de ações detida. A companhia deve distribuir, no mínimo, 2,5% de seu lucro líquido ajustado. Resumo. A demonstração do resultado do exercício (DRE) é apresentada como um resumo ordenado dos componentes que provocam alterações no patrimônio líquido de uma empresa. Esses componentes são essenciais para a obtenção do resultado do período apurado (lucro ou prejuízo) e estão divididos em três grandes grupos: as receitas de vendas e serviços, os custos e as despesas. Atividades Práticas. 1) (Exame de Suficiência 02/2001) Com base nas informações abaixo e no Princípio da Competência, a alternativa que demonstra corretamente o valor do Resultado do Exercício é: Despesas Incorridas e Pagas Despesas Não-Incorridas e Pagas Despesas Incorridas e Não-Pagas Receitas Recebidas e Não-Realizadas Receitas Realizadas e Recebidas Receitas Realizadas e Não-Recebidas Saldos (R$) 45.000,00 150.000,00 30.000,00 50.000,00 75.000,00 100.000,00 a) Prejuízo de R$ 55.000,00 b) Nem Lucro nem Prejuízo c) Lucro de R$ 100.000,00 d) Lucro de R$ 150.000,00
2) (Exame de Suficiência 02/2003) O encerramento das contas de resultado, arroladas dentre as contas relacionadas abaixo, evidencia: Banco Conta Movimento Caixa Capital Social Despesas Antecipadas de Juros Despesas com Energia Elétrica Despesas com Material de Escritório Despesas com Publicidade Despesas com Salários Despesas de Seguros Duplicatas a Pagar Duplicatas a Receber Impostos Instalações Lucros Acumulados Móveis e Utensílios Receitas de Serviços a Prestar Receitas de Serviços Prestados Receitas Financeiras Salários a Pagar Saldos (R$) 800,00 350,00 1.600,00 1.800,00 60,00 120,00 250,00 100,00 600,00 230,00 1.000,00 1.200,00 1.650,00 400,00 a) R$ 80,00 de Prejuízo b) R$ 120,00 de Lucro c) R$ 520,00 de Lucro d) R$ 750,00 de Lucro 3) (Exame de Suficiência 02/2003, adaptado) Considerando os saldos apresentados abaixo e sabendo-se que o Estoque Final de Mercadorias em 31/12/2007 era de R$ 1.800,00, podemos afirmar que o Custo de Mercadorias Vendidas e o Resultado Líquido do Exercício são respectivamente: Caixa Capital Social Clientes Compras de Mercadorias para Revenda Depreciação Acumulada de Móveis e Utensílios Despesas com Alugueis Despesas com Depreciação Despesas com Salários Despesas com Viagens Estoque Inicial de Mercadorias para Revenda Fornecedores Móveis e Utensílios Venda de Mercadorias Saldos (R$) 1. 15.000,00 12.000,00 5.100,00 900,00 600,00 900,00 1.800,00 900,00 3.750,00 4.200,00 7.950,00 14.400,00 a) R$ 3.300,00 e R$ 4.050,00 b) R$ 7.050,00 e R$ 3.150,00 c) R$ 8.850,00 e R$ 7.350,00 d) R$ 8.850,00 e R$ 4.950,00 4) (Provão 2002 Prova 1) Para a apuração do resultado da Companhia Mar Ltda., em 31/12/2001, o Contador levantou os seguintes dados que estavam registrados na contabilidade: Compras de mercadorias no período Mercadorias em 31/12 /2000 Receita de Vendas em 31/12/2001 Saldos (R$) R$ 1.200,00 R$ 360,00 R$ 2.600,00 Considerando-se que o estoque existente em 31/12/2001 é de R$ 480,00, pode-se afirmar que: a) O lucro bruto do período foi de R$ 1.520,00 b) O lucro bruto do período foi de R$ 1.080,00 c) O prejuízo no período foi de R$ 1.080,00 d) O custo das mercadorias vendidas foi de R$ 1.400,00 e) O custo das mercadorias vendidas foi de R$ 2.600,00