Encontro 3 Nomenclatura e Classificação das Mercadorias
ENCONTRO 3 Nomenclatura e Classificação das Mercadorias TÓPICO 1: Contextualizando o encontro Olá! No segundo encontro, você conheceu um pouco do Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX. Compreendeu a importância do exportador estar inserido dentro do sistema informatizado de controle aduaneiro e administrativo das exportações brasileiras. Neste encontro, falaremos sobre a Nomenclatura e Classificação das Mercadorias. O movimento de mercadorias entre os países deve ser controlado e fiscalizado pelas aduanas. Assim, é necessário um sistema que unifique esta tarefa, razão pela qual foi implantado um número classificatório para cada mercadoria, que permite identificar facilmente o nome e as características do produto. Este sistema foi adotado não somente pelas aduanas, mas também por governos e empresas. Lembre-se de que você estará na companhia dos colegas de curso e do professor Rômulo. Bom estudo! Competências a serem desenvolvidas Conhecer o funcionamento do sistema mundial de classificação das mercadorias a serem exportadas e importadas, seguindo as normas internacionalmente aceitas e adotadas pelo Brasil. Descrever como o SH - Sistema de Harmonização - está estruturado. Identificar a necessidade de classificar mercadorias. Tomar consciência sobre a necessidade de estabelecer uma nomenclatura aduaneira uniforme. 45
TÓPICO 2: Desafio do encontro Estamos iniciando mais um encontro. E então, preparado para mais um desafio? Desafio do encontro 1) O que é o Sistema Harmonizado (SH)? 2) Qual a nomenclatura adotada pelo Brasil? Lembre-se de que você pode utilizar a ferramenta bloco de notas para fazer seus registros. Para acessar, utilize o menu meu espaço. Reflexão Agora pense! Você respondeu com segurança? Caso a sua resposta tenha sido não ou fiquei em dúvida, certamente este encontro vai ser importante para você! Aproveite! Leia atentamente o conteúdo e, sempre que surgirem dúvidas, entre em contato com o tutor pelo tira-dúvidas e troque ideias com os seus colegas pelo ambiente. Bom estudo! 46
TÓPICO 3: Uma palavra inicial Antes de o grupo de amigos ir para o encontro, eles passam no café do clube e trocam algumas ideias. Renato: Olá, pessoal! Prontos para irmos ao encontro? Cecílio: Sim, estamos prontos. Aliás, vocês sabem o assunto do encontro de hoje? Flávia: Eu sei. É sobre a nomenclatura e classificação das mercadorias. Rodolfo: Puxa, este encontro será importantíssimo para compreendermos o funcionamento do sistema mundial de classificação das mercadorias a serem exportadas e importadas. Cecílio: Você tem toda a razão, Rodolfo. Flávia: Vamos para o encontro, então? TÓPICO 4:Surgimento de uma nomenclatura aduaneira uniforme Antes de começarmos a discutir sobre a Nomenclatura e Classificação das Mercadorias, veja a breve apresentação sobre a necessidade de estabelecer uma nomenclatura aduaneira uniforme. 47
1 2 A movimentação de mercadorias pelas aduanas do mundo, seja pela exportação ou importação, ou qualquer outra operação específica que implique a entrada ou saída de mercadorias de um país para outro, leva necessariamente ao controle aduaneiro e, a partir daí, aos apontamentos decorrentes do ponto de vista administrativo e cambial. Pela variedade e características das mercadorias, é óbvio que essa fiscalização não poderia ser feita pelo simples nome do produto, até porque pode haver similares ou idênticos, embora originários de diferentes países. 3 Por outro lado, os acordos que os países assinam, favorecendo o comércio bilateral, multilateral ou, mais especificamente, o mercado comum existente, também não poderiam ser firmados simplesmente pelo nome das mercadorias. 4 Assim, as estatísticas aduaneiras, cambiais e administrativas que qualquer país mantém nunca poderiam ser levantadas mediante o nome das mercadorias que, muitas vezes, corresponde à marca e não ao produto em si. 5 Diante dessa necessidade, surgiu a nomenclatura para classificação das mercadorias, sistema que, com um número de 6 dígitos, identifica mundialmente as mercadorias que circulam nas aduanas. Bem... agora teremos um pequeno intervalo. Aproveite para se esticar um pouco. 48
TÓPICO 5: Conversa no intervalo Rodolfo: Professor, quando comecei a exportar, as primeiras classificações de mercadorias eram em forma de listas bem simplificadas. Prof. Rômulo: Isso mesmo, Rodolfo. Depois foram substituídas por listas alfabéticas de mercadorias com os correspondentes tributos de importação. Rodolfo: Um tempo depois, elas ficaram mais amplas. Puxa! Facilitou bastante. Prof. Rômulo: Essa mudança se deve à evolução do comércio internacional e à necessidade de tributar as mercadorias com níveis diferentes para cada tipo de classificação. Rodolfo: As classificações, de tão simples que eram, muitas vezes, causavam transtornos, pois, em certos casos, não permitiam definições exatas. Prof. Rômulo: Realmente, isso era comum ocorrer, pois dentro de um mesmo território, onde todos falavam a mesma língua, muitas vezes essas listas não atendiam aos interesses das empresas e autoridades envolvidas. Mas voltemos ao nosso encontro, para que eu possa explicar melhor. 49
TÓPICO 6: Motivos para uma nomenclatura aduaneira uniforme Veja a explicação do Professor Rômulo! O problema agravou-se ainda mais quando se tratava de comercialização em nível internacional, pois entre os diferentes interessados dentro de cada território, falava-se linguagem distinta a respeito das mercadorias, uma vez que, ao terem como objeto a tributação, as listagens eram estabelecidas de acordo com os interesses de cada país. Assim, no decorrer do tempo, era grande a necessidade de se estabelecerem nomenclaturas aduaneiras uniformes, que pudessem garantir, entre outras coisas: 1. A criação de uma classificação internacional uniforme que atendesse aos interesses dos países. 2. Adoção de uma linguagem aduaneira comum aceita em nível internacional. 3. Uma nomenclatura que facilitasse as análises e a comprovação de estatísticas do comércio internacional. 50
TÓPICO 7: Alguns comentários práticos Hum! Estava indo tão bem até aqui... Sabia que ia complicar... Cecílio, fique tranquilo, pois o sistema harmonizado de designação e codificação de mercadorias é fácil de manusear. Se você também está pensando como o Cecílio, pode relaxar... Dica Você não precisa ser especialista em classificar mercadorias, isso é feito por uma técnica avançada. Alguns profissionais se aprimoraram, observando minuciosamente as características genéricas dos produtos e, a partir disso, chegaram ao detalhe específico que permite uma correta classificação. Exemplo Por exemplo, se a sua empresa exportar um único produto, a classificação será feita uma única vez e de forma definitiva. Agora, se você é uma comercial exportadora e trabalha com diversos produtos, obviamente haverá a necessidade de fazer a classificação de cada mercadoria a exportar ou importar. Os despachantes aduaneiros prestam este serviço, já incluído nos honorários que cobram para emitir o Registro de Exportação. Vamos em frente! 51
TÓPICO 8: Características das nomenclaturas Prof. Rômulo: Existem diversas definições de Nomenclatura. Alguém poderia dizer uma delas? Flávia: Eu posso! Penso que nomenclatura é uma linguagem estabelecida pelo homem para identificação de mercadorias no comércio internacional, listando os produtos de acordo com critérios lógicos. Prof. Rômulo: Muito bem, Flávia! Alguém mais? Rodolfo: Professor, sei que a necessidade dessa linguagem deu-se em razão das diversas situações decorrentes da comercialização externa de mercadorias entre países de língua e culturas diferentes. Prof. Rômulo: Muito bem, Rodolfo. No Brasil, podem ser encontrados produtos idênticos ou semelhantes com denominações diferentes. Como exemplo, a tangerina e a mexerica. Cecílio: Nas negociações internacionais normalmente participam pessoas de línguas diferentes? Flávia: Isso mesmo, Cecílio! Mesmo quando se considera o inglês como idioma comercial internacional, surgem dúvidas naturais para se identificar e designar com precisão as mercadorias que estão sendo negociadas. Cecílio: Hum...Daí a necessidade de criar uma linguagem adequada para identificar, em seus mínimos detalhes, a mercadoria a ser negociada. Prof. Rômulo: Exatamente, Cecílio. Diante dessa necessidade, foi implantado o Sistema Harmonizado (SH). Conheça mais sobre ele no próximo tópico. 52
TÓPICO 9: Criação do Sistema Harmonizado (SH) Leia sobre o que é o Sistema Harmonizado (SH) e o histórico de sua implantação no livro a seguir. O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou, simplesmente SH, foi implantado com a finalidade de compatibilizar as nomenclaturas aduaneiras e estatísticas de comércio. O SH foi implantado, em 1970, pelo Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA) de Bruxelas. Em 1983, o Brasil tornou-se signatário do Sistema Harmonizado, junto com mais de 150 países que adotaram o mesmo sistema. É uma nomenclatura internacional de produtos, de responsabilidade da OMA (Organização Mundial de Alfândegas), que abrange em torno de 5.000 grupos de produtos, cada um identificado por 6 dígitos. O SH possui uma estrutura lógica, em que os 6 dígitos estão dispostos em 21 seções, 96 capítulos, 1.241 posições (subdivididas em subposições), amparada em 6 regras gerais de interpretação, contando ainda com uma publicação complementar denominada Notas Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH. Isso foi feito para garantir a classificação uniforme em todos os países que utilizam o SH para suas tarifas aduaneiras e estatísticas de comércio. O SH é adaptado de acordo com as necessidades de cada um dos tratados comerciais (como a Nafta ou o Mercosul), ou seja, cada tratado tem sua própria nomenclatura, com base no SH. 53
TÓPICO 10: Jogo Propomos aqui um jogo, para você descontrair um pouco. Para jogar, utilize o ambiente virtual do curso. Complete a lacuna da seguinte frase: O é uma nomenclatura internacional de produtos, de responsabilidade da OMA (Organização Mundial de Alfândegas) que abrange em torno de 5.000 grupos de produtos, cada um identificado por 6 dígitos. No próximo tópico, trataremos da nomenclatura comum do Mercosul. Não perca! TÓPICO 11: Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Neste tópico, veremos como o SH foi estruturado para atender às necessidades e especificidades do Mercosul. Pessoal, trouxe um material muito interessante para leitura. Alguém gostaria de ler? Flávia se prontificou a ler. 54
A nomenclatura adotada para o Mercosul é chamada de Nomenclatura Comum do Mercosul. Ela foi estruturada com base no Sistema Harmonizado. Foram feitas as adaptações necessárias, inclusive com a introdução de subdivisões em nível de itens e subitens após o código numérico de seis dígitos do SH. Essa adaptação se deu com a finalidade de obter melhor detalhamento das mercadorias e respectivas classificações. TÓPICO 12:Código da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Veja, no exemplo, a composição detalhada de cada um dos 8 dígitos. Exemplo: 8517.19.10 interfones, onde: 85 corresponde ao capítulo onde se encontra a posição. 17 indica a décima sétima posição do capítulo 85. 1 assinala a primeira sub-posição. 9 assinala a nona sub-posição. 1 indica o primeiro item. 0 corresponde ao segundo item. O exemplo apresentado é denominado Classificação de Mercadorias. A partir dos seus elementos, é possível determinar o código que lhe corresponde na Nomenclatura, buscando estabelecer uma única descrição para cada código numérico. 55
TÓPICO 13: Necessidade de classificar mercadorias A necessidade de classificar as mercadorias surge de duas situações. Veja quais são: As especificações das mercadorias são conhecidas, porém falta identificar seu código de classificação. Tanto o código de classificação, quanto as especificações das mercadorias são conhecidas. Porém, faz-se necessária uma verificação para saber se a mesma está correta. Importante Assim, para uma correta classificação, é importante conhecer a mercadoria com todos os elementos que possam identificá-la e demonstrar que ela está identificada pelo código indicado. Caso contrário, corre-se o risco de se fazer uma classificação errada. Veja no próximo tópico um material que o Prof. Rômulo trouxe para leitura. TÓPICO 14: Importância da classificação Veja este material que trouxe para leitura. É muito importante que você, empresário, perceba a importância da classificação correta da mercadoria. 56
O Brasil conseguiu uma vitória importante na Organização Mundial de Aduanas (OMA) sobre a União Européia, em uma questão que ficou conhecida como disputa do frango salgado. Na verdade, houve uma verdadeira batalha técnica na OMA, relativa à classificação do frango. Se o frango exportado do Brasil fosse classificado como frango salgado, a tarifa européia aplicável era de 15,4%; mas se fosse classificado como frango congelado, a tarifa era de 70%! O Brasil já havia ganho uma batalha anterior na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2005, quando este organismo determinou que a UE deveria aplicar a tarifa de frango salgado, mas a UE não se conformou, e apelou para a OMA, que é quem faz a classificação para imposição de tarifas. E o Brasil novamente ganhou, graças a uma atuação competente, baseada em considerações técnicas. Ganhou o Brasil e ganharam os exportadores. Agora leia e reflita sobre as questões a seguir: Questionamento 1. Que significa NCM? 2. Qual é a estrutura da NCM / SH? 3. Qual é o requisito principal para fazer uma classificação correta? Lembre-se de que você pode utilizar a ferramenta bloco de notas para fazer seus registros. Para acessar, utilize o menu meu espaço. TÓPICO 15: Curiosidade Curiosidade 57
A utilidade das nomenclaturas pode ser evidenciada num caso recente de sobretaxa imposta pelo governo brasileiro aos calçados chineses. O governo brasileiro vinha sendo pressionado pelos fabricantes brasileiros para aumentar a tarifa sobre a importação de calçados chineses, acusados de preços artificialmente baixos e competição desleal no mercado interno (o que é conhecido no comércio internacional pelo termo dumping). A decisão, tomada no início de março de 2010, fez com que os calçados chineses sofressem uma sobretaxa de U$$13,85 por par em seu ingresso no Brasil. A sobretaxa só se aplica aos calçados classificados na NCM como 6402 a 6405. Assim, foram excluídos os calçados para prática de esportes, sandálias de praia, pantufas, chinelos de couro, sapatilhas para dança e calçados descartáveis, entre outros. TÓPICO 16: Saiba Mais Para obter mais informações sobre este assunto, recomendamos os seguintes livros: DALSTON, Cesar Olivier. Dicionário de Classificação de Mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2009. DALSTON, Cesar Olivier. Classificando mercadorias: uma abordagem didática da ciência da classificação de mercadorias. São Paulo: Aduaneiras, 2005. Acesse, também, o site: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior: http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/index.html TÓPICO 17: Resumo Neste encontro, você conheceu o problema da classificação de mercadorias e como funcionam os sistemas adotados na maioria dos países do mundo, o Sistema Harmonizado (SH), e suas variantes. Você aprendeu como é feita a classificação das mercadorias. O domínio desta técnica é mais útil para empresas de despacho aduaneiro, consultorias ou governo. Para um exportador, conhecer os alcances da nomenclatura e classificação das mercadorias significa mais um passo para o aperfeiçoamento que a atividade exportadora exige. Concluímos, assim, o terceiro encontro do curso. Utilize estas orientações quantas vezes forem necessárias. Leia, releia, não fique com dúvidas. E não se esqueça de realizar os exercícios de fixação de aprendizagem propostos. Aguardo você no encontro 4! Sucesso! 58
Exercícios de Fixação de Aprendizagem É importante que você realize todas as atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 1. Sobre a Nomenclatura para Classificação de Mercadorias, indique qual a alternativa correta: a. ( ) É uma codificação de serviços a serem exportados. b. ( ) Trata-se de um sistema de classificação de mercadorias brasileiras c. ( ) É um sistema de codificação e nomenclatura de mercadorias para fins aduaneiros, administrativos e estatísticos. d. ( ) É um conjunto de normas tributárias utilizadas nas aduanas. e. ( ) Classifica mercadorias para venda no mercado interno. 2. Com relação ao uso da Nomenclatura de Classificação de Mercadorias, indique quais das seguintes afirmativas são verdadeiras (V) e quais são falsas (F): a. ( ) Somente com uma nomenclatura comum a vários países, torna-se possível compilar estatísticas internacionais de movimento de mercadorias. b. ( ) Nomenclatura é uma linguagem estabelecida para identificação de mercadorias no comércio internacional, listando os produtos de acordo com critérios lógicos. c. ( ) O Sistema Harmonizado (SH) é uma nomenclatura internacional de produtos. d. ( ) O Brasil não é signatário do Sistema Harmonizado (SH). 3. Quanto à importância da nomenclatura para classificação de mercadorias, indique quais das seguintes alternativas são verdadeiras (V) e quais são falsas (F): a. ( ) Trata-se apenas de uma exigência burocrática para dificultar ainda mais a vida dos exportadores. b. ( ) É um requisito importante para que os governos possam controlar a entrada e saída de mercadorias do país. c. ( ) A nomenclatura acaba por facilitar a exportação, uma vez que o exportador fica sabendo exatamente quais as taxas e tributos que irão incidir sobre aquela mercadoria. d. ( ) A nomenclatura é totalmente desnecessária e deveria ser abolida, pois se constitui em um entrave ao comércio internacional. 59