A ação de dissolução parcial de sociedades no novo CPC: aspectos materiais e processuais. Marcelo Vieira von Adamek

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Transcrição:

novo CPC: aspectos materiais e processuais Marcelo Vieira von Adamek

Introdução do tema. (i) sociedade é contrato (CC, art. 981), embora regulado no Livro II Do Direito de Empresa do CC-2002: mas é contrato plurilateral; (ii) a importância da teoria do contrato plurilateral fornece o arcabouço jurídico para explicar o fenômeno da dissolução (ou resolução) do vínculo societário que une o sócio à sociedade, sem que isso implique necessariamente na dissolução da própria sociedade; (iii) a longa, lenta e progressiva evolução da doutrina e da jurisprudência na segregação das ações conexas de dissolução e de apuração de haveres, e a lógica que inspira essa distinção.

(1) A ação de dissolução parcial de sociedade no CPC-2015 (arts. 599 a 609), dentre os procedimentos especiais. (i) a explicação para a ausência de disciplina específica no CPC/1973; (ii) o perigosíssimo retrocesso da disciplina unitária do CPC-2015, a impor a sua completa reformulação ou, alternativamente, a eliminação no período de vacatio legis ; e (iii) o problema da incidência da lei no tempo (regras de direito material no contexto do CPC).

(2) O objeto da ação de dissolução parcial no CPC (art. 599): Art.599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto I a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e II a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou III somente a resolução ou a apuração de haveres. (i) os distintos objetos (rectius, demandas): (a) resolução (= dissolução); (b) apuração de haveres; ou (c) resolução e apuração --- logo, há ação de dissolução sem dissolução; e apuração de haveres como pedido autônomo, criando dúvida se, na dissolução stricto sensu, seria consequência necessária desta ou exige pedido expresso; (ii) a resolução de sociedade resolvida (inc. I): (a) contradições lógicas e perigo de que se venha a projetar temporalmente as suas responsabilidades (CC, art. 1.032); e (b) a lacuna em relação à resolução do vínculo em relação a quem o tem para resolver (o excluendo e o retirante)...

(2) O objeto da ação de dissolução parcial no CPC (art. 599): Art.599. (...) 1º. A petição inicial será necessariamente instruída com o contrato social consolidado. 2 o. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim. (iii) o suposto documento essencial (consolidação de contrato social); (iv) a disciplina da ação de dissolução parcial de S/A fechada: (a) piso de legitimação idêntico ao da dissolução total (LSA, art. 206); (b) tentativa de delimitação do motivo que a enseja (= apenas esta causa de dissolução total?); e (c) movimento pendular está correto: a radical restrição também é boa?

(3) A legitimação ativa (art. 600): impossibilidade lógica de disciplinar unitariamente a legitimação ativa para a ação de dissolução parcial propriamente dita (demanda constitutivo-negativa) e para a apuração de haveres (condenatória). Art. 600. A ação pode ser proposta: I pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade; II pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; III pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social; (i) os equívocos da nova disciplina: (a) espólio: legitimidade para ação de apuração de haveres sempre existe, e só; (b) sucessores: só para a apuração de haveres, e nunca para dissolução; (c) sociedade: não tem sequer interesse processual para dissolver ou apurar haveres (bastaria a consignação em pagamento).

(3) A legitimação ativa (art. 600): Art. 600. A ação pode ser proposta: (...) IV pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos dez dias do exercício do direito; V pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou VI pelo sócio excluído. Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade. Os haveres assim apurados serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio. (ii) ainda os equívocos da nova disciplina: (d) retirante: para a resolução, basta averbação (e o perigo de projeção temporal) e, se for para apurar os haveres, o condicionante é despropositado; (e) excluído: só para a apuração; e (f) cônjuge: liquidação da quota, caso tenha sido aquinhoada (alteração do art. 1.027 do CC).

(5) A legitimação passiva (art. 601): grave equívoco da disciplina unitária da legitimação passiva para a ação de dissolução parcial propriamente dita (demanda constitutivo-negativa) e para a apuração de haveres (condenatória). Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de quinze dias, concordarem com o pedido ou apresentarem contestação. Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. (i) o absurdo da disciplina unitária: transformar os sócios em partes em ação de apuração de haveres, apenas porque sócios são; (ii) a aparente dispensa de citação da sociedade: (a) regra de sanação imperfeita (citação como garantia elementar do processo); e (b) perigo para o tráfego negocial e à posição dos terceiros (fraude à execução etc.), se for genericamente dispensada.

(6) O incentivo à litigiosidade (art. 602): a antítese da rápida solução do litígio. Art. 602. A sociedade poderá formular pedido de indenização compensável com o valor dos haveres a apurar. (i) a ampliação do objeto litigioso para permitir a compensação de pretensões ilíquidas com créditos certos e exigíveis em parte, essa possibilidade já se fazia presente sob a égide do CPC/1973; mas (ii) a necessária observância de regras próprias (LSA, art. 159: prévia deliberação assemblear para a propositura da ação de responsabilidade civil contra administrador de sociedade).

(7) Aquiescência e resistência (art. 603). Art. 603. Havendo manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de liquidação. 1 o Na hipótese prevista no caput, não haverá condenação em honorários advocatícios de nenhuma das partes, e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social. 2 o Havendo contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a liquidação da sentença seguirá o disposto neste Capítulo. (i) aquiescência com o pedido de dissolução: só a expressa? E se não for unânime, mas de maioria qualificada? Não sendo unânime, quem responde pelos ônus da sucumbência? (ii) resistência e procedimento a observar.

(8) Elementos essenciais da sentença (art. 604). Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: I - fixará a data da resolução da sociedade; II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social; e III - nomeará o perito. 1 º. O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos. 2 º. O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucessores. 3 º. Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa. (i) critérios de apuração de haveres: convencional e dispositivo; (ii) adiantamento da parcela incontroversa; (iii) critério convencional de apuração de haveres.

(9) Data de referência em cada hipótese de resolução (art. 605). Art. 605. A data da resolução da sociedade será: I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito; II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante; III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio dissidente; IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que dissolver a sociedade; e V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de sócios que a tiver deliberado. (i) data de referência e a sua importância; e (ii) outras hipóteses não disciplinadas (p. ex., liquidação da quota e dissolução parcial alternativa à total).

(9) Critérios de apuração de haveres (art. 606). Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma. Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades. (i) critério supletivo de apuração de haveres: regra errada; (ii) perícia de avaliação.

(10) O menosprezo à coisa julgada e o incentivo à multiplicação de incidentes na fase de liquidação: insegurança jurídica e eternização do litígio (art. 607). Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: I fixará a data da resolução da sociedade; (...) Art. 607. A data da resolução e o critério de apuração de haveres podem ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo antes do início da perícia. (i) os elementos essenciais da sentença passíveis de revisão na fase de liquidação.

(11) Verbas devidas na apuração de haveres (art. 608). Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade e, se for o caso, a remuneração como administrador. Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais. (i) quinhão de liquidação, acrescido de saldo de lucros e, se o caso, pró-labore; (ii) acessórios incidentes sobre os haveres (correção monetária e juros).

(12) Pagamento dos haveres (art. 609). Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos conforme disciplinar o contrato social e, no silêncio deste, nos termos do 2. do art. 1.031 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). (i) forma de pagamento: disciplina expletiva (a regra do Código Civil já prescreve a observância da regra contratual; logo, a alternativa não existe).

Marcelo Vieira von Adamek Muito obrigado pela atenção!