Destino Rio 2016 UMA DESPEDIDA OLÍMPICA EM CASA Marílson Gomes
Falta cada vez menos para que comecem os Jogos Olímpicos do Rio 2016, o ano entra em sua reta final e a tocha já aparece no horizonte. Destino Rio: Quando o assunto é Olimpíada, um dos grandes momentos do evento é, sem dúvidas, a maratona masculina, a prova mais tradicional da história e que acontece no último dia, para encerrar em grande estilo essa maravilhosa festa do esporte. Nessa modalidade, a esperança brasileira para terminar os Jogos com uma grande alegria nos 42 km chama-se Marílson Gomes dos Santos: o corredor, quinto colocado em Londres 2012 e um dos grandes candidatos brasileiros a conquistar medalha, fará sua despedida das provas no Rio de Janeiro... e por que não sonhar em terminar da melhor maneira, subindo no degrau mais alto do pódio... Darei o máximo de mim, avisa Marílson, um grande atleta que venceu a Maratona de- Nova Iorque em 2006 e 2008, foi tricampeão da tradicional São Silvestre e ostenta o recorde sul-americano nas provas de 5.000 metros, 10.000 metros e meia maratona. Sem dúvidas uma verdadeira máquina de corrida que respondeu as perguntas da revista assim:
02. 01. A primeira pergunta é quase óbvia: falando de resultados, quais são as suas expectativas para a maratona do Rio 2016? Já se imaginou ganhando a medalha de ouro? Eu espero fazer um bom resultado, dar o máximo de mim, poder fazer a minha melhor participação em Olimpíada - eu fui quinto colocado em Londres. Sei que essa vai ser a minha última Olimpíada, então eu espero o melhor. Com certeza o objetivo é brigar por uma medalha. Se eu tiver essa chance, vou tentar conquistá-la com todas as forças. Falando também dos Jogos, e sem pensar no resultado, como você imagina o momento de correr pelo Rio, tantos lugares que são parte da sua vida, mas dessa vez numa Olimpíada e sentindo o apoio do seu povo a cada passo? Na Olimpíada de Londres eu me senti muitas vezes em casa porque eram muitos os brasileiros durante o percurso torcendo, consegui observar isso. Então lá mesmo eu comecei a imaginar como seria no Brasil, principalmente se eu estiver brigando por uma medalha. Competir em casa vai ser um incentivo a mais, uma força extra. Tenho quechegar bem na prova para poder contar com essa torcida. Os brasileiros, em geral, são bastante patriotas. Eu já corri no Rio algumas vezes - a Meia Maratona do Rio, algumas provas mais curtas - e é nítido o apoio da torcida.
04. O que você vai pensando nos 42 km da maratona? A sua cabeça está sempre focada no percurso, na estratégia, ou às vezes relaxa? Eu tenho todos esses pensamentos. Tem hora em que estou pensando na prova, outra hora penso no percurso, nos adversários, na chegada. Tem hora que tenho pensamentos mais dispersos, penso em casa, no filho, na esposa, na família. A maratona é uma prova muito longa, então acredito que essa mudança de pensamentos acontece com todos os atletas. Dificilmente alguém vai ficar com a atenção o tempo todo na prova por mais de duas horas. Muitas vezes eu passo por pontos turísticos nos meus 06. Como você imagina a convivência na Vila Olímpica, com pessoas do mundo inteiro no Rio de Janeiro? Nesse sentido, você tem alguma história boa que sempre se lembra de Pequim ou de Londres? Acredito que a vila olímpica do Brasil vai ser muito boa, como foram as das Olimpíadas que eu participei. É sempre um padrão, mas acho que aqui vamos ter um tempero mais brasileiro nas comidas dos restaurantes. Isso me anima. A vila é o momento que todo atleta quer viver. A gente leva para a história conviver com atletas de outras modalidades, cruzar com atletas que nunca imaginava que iria encontrar. É uma coisa sensacional. Como a maratona é a última prova da Olim-
09. Grande momento na carreira: As vitórias na Maratona de Nova York Uma música: Nem um Dia, Djavan Um filme: Menina de Ouro Um livro: Vencendo Aflições, Alcançando Milagres, Márcio Mendes Um ídolo no atletismo: A minha esposa, Juliana dos Santos, também fundista da BM&FBOVESPA Um ídolo na vida: Ayrton Senna Time de futebol: Vasco da Gama Falando do atletismo geral, não só de maratona, você acha que o Brasil tem chance de fazer grandes performances nos Jogos? Eu acho que sim. O Brasil pode manter a média de conquistas que vem tendo na Olimpíada, com uma ou duas medalhas, e podemos manter esse padrão. A concorrência no atletismo é maior a cada ano que passa, o esporte está mais globalizado e mais países estão se preparando. Isso diminui a chance de medalha de todos. 10. Você já falou que o final da sua trajetória como atleta está perto. Como você gostaria de ser lembrado ao final da sua carreira? Marílson Gomes dos Santos foi... Acho que falar isso... Não cabe a mim. É difícil de dizer. Acho que vou deixar para as outras pessoas, para que elas lembrem de mim do jeito que quiserem. Eu fiz muito mais coisas que eu poderia imaginar que faria na minha carreira. Então, as pessoas que puderam me acompanhar, que me viram ganhar a Corrida Internacional de São Silvestre, a Maratona de Nova York, vão lembrar desses momentos. Só peço que lembrem de coisas boas, dessas chegadas, desses momentos marcantes que eu tive como atleta.
Segundo explica o perfil realizado pela BM&FBOVESPA, sua equipe, Marílson Gomes dos Santos tem um altíssimo índice de retenção de oxigênio durante os exercícios e taxa de gordura corporal de apenas 4%, que somados aos seus 1,74 m de altura e 58 kg, fazem dele um personagem raro dentro do grupo dos atletas de elite. No entanto, apesar dessas características corporais não tão comuns, sua carreira está carregada de conquistas: foi o primeiro sul-americano na história a vencer a Maratona de Nova York, uma das mais concorridas e prestigiadas do mundo (2006 e 2008) e também foi o primeiro do continente a correr os 10.000 m abaixo dos 28 minutos (2007, atual recorde da América do Sul). O atleta começou a correr aos 12 anos e aos 15 mudou-se para São Paulo para treinar no SESI paulista. Entrou para a equipe BM&F em 2000, treinando sob a supervisão de Adauto Domingues. Ao ser perguntado sobre sua vida esportiva e também fora das pistas, isso é o que Marílson respondeu na página de sua equipe: SUAS CONQUISTAS: Maratona Bicampeão da Maratona de Nova York, em 2006 e 2008 5o lugar na Olimpíada de Londres/2012 (2h11min10) Meia Maratona Recorde sul-americano, com 59min33 (Udine/2007) Campeão da Meia Maratona do Rio de Janeiro/2008 Bicampeão mundial universitário, na Itália/1997 e em Palma de Maiorca/1999 10.000 m. Recorde sul-americano, com 27min28s12 (Neerpelt/2007) Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara/2011 (29min00s64) Tetracampeão do Troféu