Construção de site e criação de podcast - comunicação virtual em espaço interativo Leandro POVINELLI (Acadêmico) 1 Jamile SANTINELLO (Orientadora IC) 2 Universidade Estadual do Centro-Oeste - Guarapuava/PR RESUMO A presente Pesquisa está em caráter inicial, isto é, em andamento para estudos no Programa de Iniciação Científica, com vínculo Voluntário 2010/2011, e propõe a contextualização e a criação de um site voltado ao público cujo interesse cultural (principalmente nas áreas de cinema e literatura) tenha relações com o gênero do terror. O objetivo é delimitar o processo comunicativo na construção de um espaço de interação por meio de um podcast semanal, levando informações sobre as mais diversas produções audiovisuais e literárias do gênero. Para isso, utiliza-se o estudo de alguns teóricos do Jornalismo Online, além dos esclarecimentos sobre uma maior valorização para as produções cinematográficas, a sociedade, e seus meios de interação no âmbito digital. PALAVRAS-CHAVE: site; interação; podcast; cinema; terror. Introdução Tomando por base a carência nacional no quesito da cultura cinematográfica, a proposta será criar um site que visará a divulgação e a interação com as pessoas de um nicho específico: os apreciadores do cinema de horror, terror e ficção científica. Em uma breve pesquisa nas redes sociais mais populares - Orkut e Twitter - fica fácil perceber o quão alta é a demanda para tal assunto. Já em uma busca mais abrangente na Internet, poucos são os sites nacionais que fazem uma cobertura completa, específica e interativa sobre o gênero. Sem mencionar a inexistência de um Podcast, também nacional, que trate sobre o assunto. Tendo em vista que um conteúdo original é necessário quando se busca uma audiência significativa para o produto (FERRARI, 2009, p.52), a proposta da criação do site, no entanto, não visará apenas a emissão das informações. Inclusive, conteúdo tornou-se a palavra da moda nos tempos da proliferação de sites. E não foi à toa: é em busca de conteúdo [...] que as pessoas acessam a maioria dos sites (Ibid, 2009, p.39). Um dos principais objetivos do podcast será a troca de conhecimentos e a interação com os amantes desse gênero que foi um tanto quanto esquecido no Brasil por, pro- 1 Acadêmico do terceiro ano de Comunicação Social Jornalismo na UNICENTRO/PR. 2 Professora Orientadora, Departamento de Pedagogia/UNICENTRO-PR 1
vavelmente, apresentar [...] elementos transgressores por irem de encontro às estruturas sociais, políticas ou religiosas vigentes [ ]. Assim, observados com mais atenção, não é raro encontrar rasgos de conservadorismo ou preconceitos neles inseridos. De qualquer modo, estabelecem um vínculo com a platéia mostrando o que só é possível dentro de um esquema marginal. Seus padrões estéticos e narrativos fogem daqueles estabelecidos pelas principais correntes do cinema convencional e, por estarem distante dos grandes estúdios, gozam de uma certa liberdade criadora (PIEDADE, 2002, p.07). Além disso, muitas produções cinematográficas nacionais sobre o gênero não ganham o merecido espaço na mídia, permanecendo em um cenário mais underground, sem muitas visualizações e reconhecimentos, inclusive, é curioso notarmos que nem sempre, qualidade e horror caminharam juntos na boca dos críticos, trazendo para seus fãs um estigma cruel que se mostra duradouro: o de que os filmes de terror não podem ser considerados cinema de verdade, de arte (CARUSO, 2010, p.01). Tal caso não ocorrerá no site, pois, caso seja do interesse do produtor/diretor do filme, bastará entrar em contato com o portal para que a equipe faça uma divulgação durante o programa e, quem sabe, até mesmo um episódio inteiro sobre o novo lançamento do terror nacional, que, como bem explica Cánepa (2002, p.31), não é apenas representado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão: [...] pouco se comenta, no nível do grande público, a inventividade do cinema de horror preconizado por Mojica em seus primeiros anos de atividade, já que sua persona midiática, por vezes (auto)ridicularizada, ofusca sua obra cinematográfica. Muito menos é comentada a existência de precursores e sucessores do diretor no cinema brasileiro, a expressividade cultural de alguns de seus trabalhos, a forma como dialogaram com a tradição nacional das histórias em quadrinhos, das novelas de rádio, dos programas de televisão e da literatura popular. Para tanto, na realização do programa, a maior parte das informações virá, via de regra, da bagagem cultural dos apresentadores, podendo ocorrer, caso seja necessário, algumas pesquisas em sites especializados sobre o gênero para que possam, de forma clara e informativa, analisar os aspectos visuais e técnicos de uma produção cinematográfica pré-determinada antes da realização de uma gravação e posterior divulgação, até porque, [...] é preciso ter background cultural para conseguir contextualizar a informação e empacotá-la de um jeito diferente a cada necessidade editorial (FERRARI, 2009, 2
p.42). Objetivos Desenvolver um site com um conteúdo interativo, disponibilizando online, semanalmente, episódios de um programa cultural em áudio (.mp3) com uma temática que trata sobre o cinema de terror, horror, ficção científica, etc, além de esclarecer algumas dúvidas dos ouvintes e publicar, no próprio site, contos e histórias de terror - previamente analisadas - enviadas pelo público por meio de um e-mail específico. Como oferecer algo mais para o leitor? [...] Se os fornecedores de conteúdo são os mesmos, como criar a fidelidade do internauta? Não tenho a menor dúvida de que é pela informação bem trabalhada, explorando ao máximo os recursos de hipermídia. Não existe segredo: o leitor percebe quando encontra uma página completa ou outra rasa (FERRARI, 2009, p.47). E aqui, a ideia será transmitir a informação de uma forma descontraída e informal, porém, clara e com bastante conteúdo a respeito dos temas discutidos durante o programa, sendo possível a interação dos ouvintes por meio de e-mails, comentários, anúncios e divulgações. Além disso, um dos principais objetivos será a valorização e a representatividade do cenário cultural do cinema de horror (tanto nacional quanto internacional), já que, o conjunto de blogs na web, concretizou uma mudança profunda na comunicação ao transformar o cidadão comum em produtor de informações (FOSCHINI; TADDEI, 2010, p.09). O site O site será criado por meio da plataforma de blogs WordPress e registrado em um domínio.com. Terá um layout simples e objetivo, com um menu superior e centralizado para a navegação por meio das páginas; haverá, também, uma coluna de navegação na parte direita da página, com um player dos episódios já lançados, além de contar com um arquivo de postagens e um blogroll, popularmente chamado de parcerias, tudo para facilitar o acesso de todas as pessoas, pois, se um site for bem construído e fácil de ser usado, então os usuários vão clicar menos para achar o que procuram (FERRARI, 2009, p.64). 3
O podcast Podcast, nada mais é do que um sistema de produção e difusão de arquivos sonoros que guardam similitudes com o formato dos programas de rádio. É um neologismo para a junção de ipod - ou de Personal On Demand (numa tradução literal, algo pessoal e sob demanda) - e broadcast (transmissão), um meio veloz de distribuir sons pela internet (FOSCHINI; TADDEI, 2010, p.09). Porém, o termo não parece ser muito bom, já que não é necessário um ipod [...] e não se trata de broadcast, mas do que podemos chamar de webcast (LEMOS, 2010, p.01). A proposta do portal será criar um podcast gravado e editado pela equipe do site. Os episódios serão lançados semanalmente, terão a duração média de uma hora e serão disponibilizados por download (em.mp3 no próprio site) ou por uma assinatura de feed via itunes. Com um podcast você pode transformar-se em um produtor e formador de opinião, experimentar o universo do jornalista, do locutor, do agitador cultural e abandonar o anonimato. Com um pouco de conhecimento, passa a ser dono de um veículo de comunicação. Tudo depende do uso que fizer dele e de sua criatividade (FOSCHINI; TAD- DEI, 2010, p.09). O programa será divido em quatro blocos: leitura de e-mails e comentários, cujo foco principal será a interação com o público que enviou sua opinião a respeito do programa anterior ao da leitura; a discussão sobre o filme em pauta, que, como o próprio nome diz, será uma conversa informal sobre um longa pré-determinado, debatendo suas curiosidades, aspectos técnicos, ligações com outros filmes e, ao final, a produção receberá uma nota de 0 a 5 de cada participante, seguida por uma breve justificativa; Videoteca do Horror, um bloco em que cada participante escolherá um filme relacionado ao tema do programa e fará uma indicação ao ouvinte, também dando uma breve justificativa sobre sua escolha; e, por fim, o bloco Que filme é esse?, que existirá somente com a colaboração/interação dos ouvintes que enviarem suas dúvidas sobre um filme que não lembrarem o nome, para que a equipe responsável pelo site faça uma busca e revele no próximo programa. A escolha dos filmes 4
Cada filme será escolhido de acordo com alguma data ou lançamento específicos, e por indicações e pedidos de ouvintes. Por exemplo, caso naquela semana algum filme do gênero esteja fazendo aniversário, ele será previamente avaliado e, possivelmente, escolhido. Outro critério, o de lançamento, ocorrerá quando alguma produção, também do gênero, for estrear nos cinemas durante aquela semana. O último critério, a escolha por indicações e pedidos, será, também, previamente analisada e, caso o filme não possua nenhum conteúdo impróprio, a equipe do site poderá optar por utilizar a dica do ouvinte para gravar o programa. A interação A interação ocorrerá de várias formas dentro do site e no podcast, já que, a publicação online pode abrir novas possibilidades na disseminação de informações e estabelecer um relacionamento mais dinâmico com o leitor (WARD, 2006, p.21). Pelo site, as pessoas poderão ler e enviar seus contos de terror para serem publicados, poderão ouvir os episódios já lançados até a data de acesso, poderão conferir uma lista de perguntas frequentes - F.A.Q. - com alguns esclarecimentos sobre o portal e, caso ainda reste alguma dúvida, bastará enviar um e-mail por meio de um formulário de contato. A interação no podcast ocorrerá apenas por duas maneiras: uma na leitura de e- mails, comentários, anúncios e divulgações, e a outra no quadro Que filme é esse? - ambas categorias já explicadas anteriormente. Entretanto, o site sempre estará aberto a propostas, críticas e sugestões enviadas pelos ouvintes/leitores, até porque, as redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas de canais de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela (CASTELLS, 1999, p.22). Por fim, vale a pena ressaltar [...] que os jornalistas do nosso tempo têm se desenvolvido em uma espécie de ambiente de docência. Isto é, o jornalista vê tudo, sabe tudo e diz tudo... e os demais deveriam sentar-se, calar a boca e escutar. Mas o que podemos ter agora é uma troca de idéias. E isso deveria vir acompanhado do reconhecimento de que nós, como jornalistas, não vemos tudo e definitivamente não sabemos tudo. (WARD, 2006, p.26) REFERÊNCIAS 5
CÁNEPA, Laura Loguercio. Medo de quê? Uma história do horror nos filmes brasileiros. Campinas: UNICAMP. 2002. CARUSO, Octávio. A História do Cinema de Horror. Disponível em: <http://www.cinema.com.br/blogs/a-historia-do-cinema-de-horror/pdf.html>. Último acesso em: 29/04/2010. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2009. FOSCHINI, Ana Carmen; TADDEI, Roberto Romano. Podcast. Coleção Conquiste a Rede. Disponível em: <http://www.terra.com.br/informatica/pdfs/conquiste_a_rede_podcast.pdf>. Último acesso em: 29/04/2010.. Blog. Coleção Conquiste a Rede. Disponível em: <http://www.terra.com.br/informatica/pdfs/conquiste_a_rede_blog.pdf>. Último acesso em: 29/04/2010. Podcast. Emissão sonora, futuro do rádio e cibercultura. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404notf0und/404_46.htm>. Último acesso em: 29/04/2010. WARD, Mike. Jornalismo Online. São Paulo: Roca, 2006. 6