FLG Pedologia. Mapeamento pedológico

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Transcrição:

FLG 1254 - Pedologia Mapeamento pedológico

Os mapas de solos São definidos como a aplicação sintética das informações pertinentes à formação e distribuição geográfica dos diferentes solos existentes em uma determinada localidade. Nestes mapas são colocados, além das manchas de solos, estradas, cidades e rios. Para confeccionar os mapas, os pedólogos identificam os tipos de solos de uma região e decidem como agrupar os semelhantes e separar os diferentes usando a morfologia do solo. Isso é feito com o auxílio de uma carta topográfica e de uma fotografia aérea.

Como agrupar os solos As manchas dos corpos de solos (ou unidades de mapeamento ) que aparecem nos mapas dificilmente têm limites rígidos. É comum haver uma faixa de transição entre solos ou às vezes aparecem associações de solos, pois é difícil delimitar um único tipo de solo.

Grau de detalhe Os mapas pedológicos podem ter diferentes graus de detalhe, o que depende tanto da intensidade dos trabalhos de campo como da escala de publicação. Os principais tipos são: a) detalhados; b) de reconhecimento; c) exploratórios; d) generalizados; e) esquemáticos.

Mapas detalhados Quando os solos são identificados no campo com observações feitas a intervalos regulares. Esses mapas são raros no Brasil e costumam englobar, no máximo, a área de um município. Está subdividido em: Ultradetalhado: escala > 1:10.000 Detalhado: escala 1:10.000 a 1:25.000 Semidetalhado: escala 1:25.000 a 1:100.000

Mapas de reconhecimento e exploratórios Apresentam grau de detalhe intermediário. Para sua confecção é necessário um trabalho de campo, mas diferem dos levantamentos detalhados na intensidade dos trabalhos, por se tratar de um setor menor da área percorrida. As unidades de mapeamento são reconhecidas por processos de extrapolação, a partir de poucas observações de campo. As anotações são efetuadas percorrendo somente as principais estradas e caminhos da região. A escala varia de 1:100.000 a 1:750.000 (reconhecimento) e de 1:750.000 a 1:2.500.000 (exploratórios).

Mapas generalizados e esquemáticos São mapas de escalas pequenas e de menor detalhe, sendo freqüentes as associações de solos. Neste caso não são realizados trabalhos de campo, porque as diversas unidades cartográficas são delimitadas tomando-se como base mapas mais detalhados já existentes, normalmente de escalas variadas e efetuados em diversas épocas. Nos mapas generalizados as escalas são muito variáveis. Nos mapas esquemáticos a escala é < 1:1.000.000.

Finalidades dos levantamentos de solos Mapas detalhados: como são os que contém o maior número de informações, podem servir diretamente para o planejamento de propriedades agrícolas, orientação para projetos de traçados de estradas, construção de barragens de terra e escolha de áreas para disposição e tratamento de resíduos de grandes centros urbanos (aterros sanitários etc).

Mapas exploratórios e de reconhecimento: permitem uma avaliação generalizada do potencial dos solos de uma determinada região que englobe, por exemplo, vários municípios. São úteis para dar uma visão geral no início das atividades relacionadas ao planejamento do desenvolvimento de regiões pioneiras, tais como seleção preliminar de áreas mais propícias à reorganização de assentamentos agrícolas (etapa do planejamento de reformas agrárias) ou instalação de núcleos coloniais em áreas de população escassa.

A Análise Estrutural da Cobertura Pedológica Tem como objetivo descobrir, estudar e interpretar as estruturas da cobertura pedológica. Sua primeira etapa é a descoberta e descrição das estruturas da cobertura pedológica, que vão desde as organizações elementares, passando pelos agregados, assembléias, horizontes e sistemas pedológicos.

As estruturas da cobertura pedológica as organizações elementares: São os volumes pedológicos que reúnem os constituintes. Em campo podem ser reconhecidos os agregados, os macroporos, as concentrações de constituintes (revestimentos, nódulos,...) as cores, os traços de atividades biológicas; as assembléias: caracterizamse pela presença associada de um certo número de organizações elementares; os horizontes: cada horizonte é descrito em termos de um ou mais tipos de assembléias e de suas relações; os sistemas pedológicos: são os volumes pedológicos no seio dos quais os horizontes são organizados entre si, verticalmente e lateralmente, na escala da unidade de relevo. (RUELLAN, A & DOSSO, M. 1993)

O sistema pedológico O sistema pedológico é uma porção da cobertura pedológica que, pelas estruturas e dinâmicas, constitui uma unidade. É, portanto, um volume de solo no qual os horizontes são organizados entre si vertical e lateralmente, sendo descrito, limitado e compreendido segundo suas estruturas (organizações elementares, assembléias, horizontes) e seu funcionamento. A evolução do sistema pedológico depende de fatores externos, tais como, clima, vida, rocha, relevo e de fatores internos, relacionados ao seu autodesenvolvimento. (RUELLAN E DOSSO, 1993).

Procedimento da Análise Estrutural A- Análise da Paisagem e escolha da vertente representativa. 1-Observação da paisagem, análise de mapas e cartas, percurso em campo e escolha das áreas onde se farão os estudos detalhados. 2- Escolha dos locais para a abertura de trincheiras 3-Abertura de trincheiras e descrição dos perfis.

Capacidade de uso e planejamento conservacionista das terras Deve basear-se no tipo de uso de cada terreno, de acordo com sua necessidade ou capacidade de uso, pois cada solo tem um limite máximo de possibilidade de uso, além do qual não poderá ser explorado sem riscos de erosão. Os solos com declive acentuado têm capacidade de uso, no máximo, para pastagem ou reflorestamento, sendo desaconselhável o uso com culturas anuais, que necessitam revolvimento anual com arado. Por outro lado, os solos profundos permeáveis, com declives suaves, podem ter várias utilizações, pois a suscetibilidade à erosão geralmente é pequena.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA LEPSCH, I. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. RESENDE, et al. Pedologia: base para distinção de ambientes. Viçosa: NEPUT, 1995. RUELLAN, A. & DOSSO, M. Regards sur le sol. Paris: Les Éditions Foucher, 1993.