Qual a acurácia das medidas ultrassonográficas fetais na predição da data do parto em gatas mesaticefálicas e braquicefálicas?*

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Acta Scientiae Veterinariae, 2013. 41: 1127. RESEARCH ARTICLE Pub. 1127 ISSN 1679-9216 Qual a acurácia das medidas ultrassonográficas fetais na predição da data do parto em gatas mesaticefálicas e braquicefálicas?* What is the Accuracy of the Ultrasonographic Fetal Measures in the Prediction of Parturition in Mesaticephalic and Brachycephalic Cats? Cynthia Levi Baratta Monteiro 1, Victor Leão Hitzschky Madeira 2, Herlon Victor Rodrigues Silva 1, Luma Morena Passos Freire 1, José Nicodemos Pinto 1, Tilde Rodrigues Froes 3, Barbara Sucupira Pereira 4 & Lúcia Daniel Machado da Silva 1 ABSTRACT Background: Ultrasound is commonly used in queens for diagnosis and monitoring of pregnancy and may also be used to estimate the date of birth in cats with unknown date of mating, representing a valuable aid in clinical practice and in reproductive programs. The determination of gestational age can be made based on sonographic fetal measurements. In bitches, the conformation of the cranium should be considered in proportional variations in measurements because it interferes with predicting parturition date. Although domestic cats do not show a large variation in terms of size, they present variation in the cranial conformation. So far, there is no study that has produced mathematical equations for determination of gestational age in cats considering these differences. Thus, there is a widespread use of these equations that can lead to mistakes in this estimation. This study aimed to verify the accuracy of prediction of delivery date in cats of different cranial conformation through mathematical equations enshrined in clinical practice, using different sonographic measurements and verify the effect of litter size on the accuracy of determination of days to delivery. Materials, Methods & Results: Sonographic examinations were performed on pregnant brachycephalic and mesaticephalic cats. Biparietal and abdominal diameters and depth of the fetal diencephalo-telencephalic vesicle were measured. The average value of each structure was calculated and ultrasound prediction of days before delivery was obtained by applying equations derived from growth curves that have been already published. All mathematical equations used in predicting the date for delivery showed lower percentage of success, regardless of the type of the parameter and cranial ultrasound used. The biparietal diameter was the most reliable measure for estimating the date of delivery. The litter size did not influence the accuracy of determining the date of delivery. Discussion: Although queens have ovulation induced by copulation and date of birth would be more easily predicted than in bitches, with a good accuracy and subsequent birth date, it is extremely important to be able to plan clinical delivery assistance or a c-section. In this study, the application of the equations derived from the growth curves of biparietal and abdominal diameter and depth of the fetal diencephalo-telencephalic vesicle resulted in little accurate predictions of delivery date for the three and sonographic parameters for both types cranial. The generalization use of these equations for cats may lead to errors in the estimation of gestational age. Although the equations used in this study are old, we opted for their use in this work, because they are still widely used in ultrasound practice, still being cited in recent publications on this subject. Studies that performed the ultrasound monitoring of pregnancy in cats and dogs show that the fetus ordinary course follows a well-defined development with particular characteristics of development at specific times during pregnancy. This makes clear that the evaluation of these characteristics is useful for predicting the day of delivery and can also be applied in other breeds, unlike the mathematical equations that are specific to each breed standard. Thus, it is suggested that the estimate of gestational age is made in conjunction with the fetometry and observation of fetal growth and subsequent organogenesis, avoiding the use of one of the tools individually so that one has higher reliability in this prediction. Thus, it was concluded that the mathematical equations already published are not individually sufficient for accurate determination of date of birth in brachycephalic and mesaticephalic cats. Keywords: queen, parturition, cranial conformation, ultrassonography. Descritores: gata, parto, conformação cranial, ultrassonografia. Received: 12 September 2012 Accepted: 15 January 2013 Published: 28 May 2013 *Article based on a Dissertation submitted by the senior author in partial fulfillment of requirements for the Doctor s degree. Apoio financeiro da CAPES e do CNPq. 1 Laboratório de Reprodução de Carnívoros (LRC) & Programa em Pós-graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV). Faculdade de Veterinária (FAVET). Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, CE, Brazil. 2 Clínica Veterinária Santo Expedito, Fortaleza, CE. 3 Departamento de Medicina Veterinária Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brazil. 4 Faculdade Instituto Superior de Teologia Aplicada, Sobral, CE. CORRESPONDENCE: L.D.M. Silva [lucia.daniel.machado@hotmail.com - Fax: +55 (85) 31019840]. Laboratório de Reprodução de Carnívoros, Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará (UECE). Avenida Paranjana, n. 1700, Campus do Itaperi. CEP 60740-903 Fortaleza, CE, Brazil. 1

INTRODUÇÃO A ultrassonografia é comumente utilizada em gatas para diagnóstico e acompanhamento da gestação, podendo ainda ser utilizada para estimar a idade gestacional e a data do parto em gatas com cópulas múltiplas ou data de cobertura desconhecida representando uma valiosa ajuda na prática clínica e nos programas reprodutivos [19-21]. A determinação da idade gestacional pode ser feita com base em medidas ultrassonográficas, podendo ser utilizados, na segunda metade da gestação, os diâmetros biparietal e abdominal [2,4,6,19-21] ou a profundidade da vesícula diencéfalo-telencefálica [3]. A conformação do crânio deve ser considerada nas variações de medidas proporcionais, pois interferem na predição da data do parto em cães [13,16]. Em gatas, apenas um trabalho avaliou a acurácia de predição da data do parto por meio de medidas ultrassonográficas sem, contudo, considerar variações anatômicas raciais [2]. Apesar dos gatos domésticos não apresentarem uma grande variação em relação ao porte, apresentam variação quanto à conformação cranial, sendo braquicefálicos, mesaticefálicos ou dolicocefálicos [14]. Até o momento, não há trabalhos que tenham produzido equações matemáticas para determinação da idade gestacional em gatas, considerando essas diferenças. Assim, o objetivo do presente trabalho foi verificar a acurácia da predição da data do parto em gatas de diferentes tipos craniais por meio de equações matemáticas consagradas na prática clínica, utilizando diferentes medidas ultrassonográficas e ainda verificar se há influência do tamanho da ninhada sobre a acurácia da determinação dos dias para o parto. Técnica de exame A avaliação ultrassonográfica foi realizada sempre pelo mesmo avaliador com um aparelho de ultrassonografia 2, equipado com uma sonda linear multifrequencial (5-9MHz). As gatas foram posicionadas em decúbito dorsal, realizada tricotomia da região abdominal e aplicado gel para ultrassom 3 no abdômen. Foram incluídas no trabalho somente as gatas que se encontravam na segunda metade da gestação. Avaliação ultrassonográfica bidimensional Os diâmetros biparietal e abdominal e a profundidade da vesícula diencéfalo-telencefálica fetais foram mensurados em pelo menos dois fetos, sendo um do corno uterino esquerdo e outro do direito, dando-se preferência aos fetos localizados mais caudalmente e, então, calculado o valor médio de cada parâmetro ultrassonográfico. O diâmetro biparietal (DBP) foi visualizado no corte longitudinal da cabeça fetal, sendo mensurado quando os ossos parietais estavam paralelos (Figura 1). O diâmetro abdominal (DAB) foi visualizado em corte transversal do abdômen na altura da vesícula gástrica, com visualização da coluna vertebral, como um ponto hiperecoico na margem do corte, sendo determinado pela média de duas medidas feitas com ângulo de 90º entre elas (Figura 2). A vesícula diencéfalo-telencefálica (VDT), representada pelo tálamo e núcleo basal primordial, foi visualizada no corte longitudinal da cabeça fetal como uma área anecoica ovoide, com margens claramente definidas (Figura 3). MATERIAIS E MÉTODOS Animais experimentais Realizou-se um estudo prospectivo e observacional de exames ultrassonográficos em gatas com suspeita de gestação realizados de 2009 a 2011. Para todas as gatas confirmadas gestantes, mediu-se a cabeça com um paquímetro digital 1 com acurácia de 0,01 mm. As aferições realizadas foram: diâmetro biparietal e comprimento total da cabeça. Com base no índice cefálico, as gatas foram divididas em dois grupos: braquicefálicas e mesaticefálicas. Figura 1. Mensuração ultrassonográfica em corte longitudinal do diâmetro biparietal (cm) em um feto felino da raça Persa com transdutor linear multifrequencial de 5 a 9 MHz. 2

Figura 2. Mensuração ultrassonográfica em corte transversal do diâmetro abdominal (cm) de um feto felino da raça Persa com transdutor linear multifrequencial de 5 a 9 MHz. Diâmetro abdominal médio 2,44 + 2,49 / 2 = 2,46. Figura 3. Mensuração ultrassonográfica em corte longitudinal da vesícula diencéfalo-telencefálica (cm) de um feto felino SPRD com transdutor linear multifrequencial de 5 a 9 MHz. Estimativa da idade gestacional Para estimativa da idade gestacional e dias que antecedem o parto estimado, os valores médios encontrados foram aplicados nas seguintes equações: Idade gestacional = 25 x DBP + 3 [4]; Idade gestacional = 11 x DAB + 21 [4]; VTD = 10,74 + 0,22 x dias que antecedem o parto [2]. Para as duas equações de Beck et al. [4], as medidas obtidas foram utilizadas em cm e os dias que antecedem o parto (DAP) foram calculados pela equação: DAP = 64 - idade gestacional. Já para a equação de Beccaglia et al. [2], a medida obtida foi transformada em mm para aplicação na equação matemática cujo resultado já forneceu os dias que antecedem ao parto. O intervalo de dias entre a realização do exame ultrassonográfico e a data real do parto, informada pelo proprietário, foi considerado como sendo o número real de dias que antecederam ao parto (DRAP). As ninhadas foram classificadas, de acordo com seu tamanho, em pequena (até 2 filhotes), média (3 a 4 filhotes) e grande ( 5 filhotes). Para verificação da acurácia das predições dos dias para o parto, comparou-se o número de dias real que antecedeu ao parto com o número de dias estimado que antecedeu o parto obtido pelas equações. As equações matemáticas foram consideradas como tendo boa acurácia quando a diferença entre o real e o estimado foi de ± 1 ou ± 2 dias. Foi ainda comparado o poder de acurácia de cada parâmetro ultrassonográfico dentro de cada grupo. Verificou-se também a influência do tamanho da ninhada na acurácia da determinação dos dias para o parto. Análise estatística A acurácia da previsão da data do parto foi expressa em porcentagem de acerto e na proporção do número de acerto / número total de gatas. Para comparação da acurácia entre os grupos dentro de um mesmo parâmetro ultrassonográfico utilizou-se o teste do quiquadrado de Pearson. Para comparação da acurácia dos parâmetros ultrassonográficos dentro se um mesmo tipo cranial foi utilizado teste exato de Fisher. As médias dos erros em dias da acurácia dentro de um mesmo parâmetro ultrassonográfico e dentro de um mesmo tipo cranial foram comparadas utilizando-se, respectivamente, o teste de Mann-Whitney e o teste de Kruskal-Wallis. Os dados foram analisados por programas específicos 4. Para todas as análises considerou-se o nível de significância de 5% com um intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS Durante três anos, 101 avaliações ultrassonográficas foram realizadas em 101 gatas, sendo 47 braquicefálicas (Persas e Exóticos) e 54 mesaticefálicas (sem padrão de raça definido). As braquicefálicas apresentaram diâmetro biparietal significativamente maior (7,04 ± 0.25) que as mesaticefálicas (6,42 ± 0.29). Por outro lado, o comprimento da cabeça em braquicefalicas foi significativamente menor (6,97 ± 0.27) do que nas mesaticefálicas (9,20 ± 0.31). Na previsão da data para o parto, os resultados indicam que todas as equações matemáticas utilizadas apresentaram baixos percentuais de acerto quando considerado ± 1 e ± 2 dias na predição do dia do parto, independente do tipo cranial e do parâmetro ultrassonográfico utilizado (Tabelas 1 e 2). 3

Tabela 1. Predição da data do parto (porcentagem de acerto e número de acertos sobre o total de gestações) com uma acurácia de ±1 dia, obtida por equações matemáticas utilizando diferentes parâmetros ultrassonográficos: diâmetro biparietal (DBP), diâmetro abdominal (DAB) e vesícula diencéfalo-telencefálica (VDT) em gatas braquicefálicas (BRAQ) e mesaticefálicas (MESA). TIPO CRANIAL BRAQ MESA ± 1 DIA DBP DAB VDT 29,8% aa (14/47) 46,3% aa (25/54) 8,5% ab (4/47) 9,3% ac (5/54) 17,0% ab (8/47) 22,2% ab (12/54) a: Letras minúsculas iguais representam ausência de diferenças significativas entre as linhas (P > 0,05). A,B,C: Letras maiúsculas distintas representam diferenças significativas entre as colunas (P < 0,05). Tabela 2. Predição da data do parto (porcentagem de acerto e número de acertos sobre o total de gestações) com uma acurácia de ± 2 dias, obtida por equações matemáticas utilizando diferentes parâmetros ultrassonográficos: diâmetro biparietal (DBP), diâmetro abdominal (DAB) e vesícula diencéfalo-telencefálica (VDT) em gatas braquicefálicas (BRAQ) e mesaticefálicas (MESA). TIPO CRANIAL BRAQ MESA ± 2 DIAS DBP DAB VDT 51,1% ba (24/47) 59,3% aa (32/54) 12,8% bb (6/47) 29,6% ab (16/54) a,b: Letras minúsculas distintas representam diferenças significativas entre as linhas (P < 0,05). A,B: Letras maiúsculas distintas representam diferenças significativas entre as colunas (P < 0,05). 34,0% ab (16/47) 42,6% ab (23/54) As porcentagens de acerto, considerando-se uma acurácia de ± 1 dia, em braquicefálicas, foram 29,8%, 8,5% e 17% para diâmetro biparietal, abdominal e profundidade da vesícula diencefálica-telencefálica, respectivamente, enquanto que em mesaticefálicas foram 46,3%, 9,3% e 22,2% para diâmetro biparietal, abdominal e profundidade da vesícula diencefálicatelencefálica, respectivamente, não havendo diferença entre os grupos. Para uma acurácia de ± 2 dias, as porcentagens de acerto em braquicefálicas variaram de 12,8% a 50,1% para diâmetro abdominal e biparietal, respectivamente, e em mesaticefálicas variaram de 29,6% a 59,3% para diâmetro abdominal e biparietal, respectivamente. Quando utilizada a equação dos diâmetros biparietal e abdominal, a porcentagem de acerto é siginificativamente menor em braquicefálicas. O diâmetro biparietal é a medida mais confiável para estimar a data do parto (Tabela 3) visto que apresenta a menor média de erro em ambos os grupos. Nas braquicefálicas, a média de erros e os desvios padrões apresentam-se maiores nas três medidas (Tabela 3). A prolificidade média foi de quatro filhotes. Nas mesaticefálicas, 66% das ninhadas (36/54) foram de tamanho médio. Valor semelhante foi observado para as braquicefálicas (68%). O tamanho de ninhada não influenciou na acurácia da determinação da data do parto em ambos os grupos. Tabela 3. Demonstração dos valores do erro em dias da estimativa dos dias do parto (média ± desvio padrão) utilizando diferentes parâmetros ultrassonográficos: diâmetro biparietal (DBP), diâmetro abdominal (DAB) e vesícula diencéfalo-telencefálica (VDT) em gatas braquicefálicas (BRAQ) e mesaticefálicas (MESA). Parâmetro Erro ± desvio padrão (dias) ultrassonográfico Mesaticefálicas Braquicefálicas Valor de P DBP 1,93 ± 1,65 ab 3,16 ± 5,06 aa 0,031α DAB 3,65 ± 2,34 ba 5,09 ± 4,27 ba 0,068α VDT 3,43 ± 3,18 ba 4,24 ± 4,76 ba 0,230α Valor de P 0,000β 0,001β a,b: Letras minúsculas distintas representam diferenças significativas entre as linhas (P < 0,05); β Teste de Kruskal- Wallis. AB: Letras maiúsculas distintas representam diferenças significativas entre as colunas (P < 0,05). α teste de Mann-Whitney. 4

DISCUSSÃO A determinação da idade gestacional e consequente data do parto é substancialmente útil em gatas com data de cobertura desconhecida ou cópulas múltiplas. Com base na previsão da data do parto, o clínico pode planejar uma assistência ao parto ou ainda uma cesariana. A acurácia na determinação da idade gestacional é de extrema importância em casos de raças com alto índice de distocia, como é o caso de braquicefálicas, em que estão classificados os gatos Persas e Exóticos [17]. Nestas gatas, muitas vezes a espera do parto natural pode resultar em uma cesariana de emergência. Embora não se tenha dados publicados sobre a incidência de problemas durante o parto nessas raças, a cesariana eletiva pode ser importante para evitar perdas de filhotes, evitando prejuízos para o criador comercial, para tanto, tem-se a avaliação ultrassonográfica como parâmetro do amadurecimento fetal devendo este ser associado à avaliação clínica [18]. Além do mais, a determinação da idade gestacional é importante para o diagnóstico e tratamento de abortos, nascimentos prematuros ou gestação prolongada. Neste sentido, a ultrassonografia além de ser uma ferramenta útil para diagnóstico e acompanhamento da gestação, permite que se estime a idade gestacional em gatas [19-21]. Esta estimativa pode ser feita pela utilização de equações matemáticas já publicadas a partir da mensuração de estruturas embrionárias e fetais, ou ainda baseada na observação do crescimento e desenvolvimento fetal [1,2,10,19-21]. A aplicação das equações derivadas das curvas de crescimento dos diâmetros biparietal e abdominal [4] e vesícula diencéfalo-telencefálica [3] resultaram em predições pouco acuradas da data do parto para os três parâmetros ultrassonográficos e para ambos os tipos craniais. Embora as equações de Beck et al. [4] sejam antigas, optou-se por suas utilizações, pois ainda são largamente empregadas na prática ultrassonográfica [7]. O percentual de acerto para se prever com exatidão o dia do parto utilizando equações já disponíveis na literatura é baixo, sendo um pouco mais alto quando se considera ± 2 dias. Houve diferença estatística entre os grupos de gatas mesaticefálicas e braquicefálicas apenas com ± 2 dias para diâmetro biparietal e abdominal. Os valores brutos de acerto da data de parto prevista são menores com todos os parâmetros ultrassonográfico em braquicefálicas que em mesaticefálicas. Extrapolando-se esses dados para a prática clínica, comprova-se que quando observado o diâmetro biparietal dentro de ± 1 dia, há um acerto de 46,3% correspondente a 25 previsões corretas de 54 avaliações realizadas em mesaticefálicas seria mais benéfico do que 29,8% correspondente a 14 predições corretas de 47 avaliações realizadas. Dessa forma, acredita- se que esta diferença esteja no fato de essas equações matemáticas para ambos os estudos, terem sido geradas pela avaliação de gatas mesaticefálicas o que explica um maior índice de acerto nos animais do mesmo tipo cranial. Este achado corrobora com estudos realizados em cadelas, o que ratifica a importância da criação de equações matemáticas específicas levando em conta o tamanho, a raça e o tipo cranial [11,13]. Na prática clínica, há uma generalização no uso dessas equações para a espécie felina, podendo levar a erros na estimativa da idade gestacional. Talvez a baixa acurácia encontrada neste trabalho possa ser ainda explicada pelo fato de que as equações matemáticas de Beck et al. [4] e Beccaglia et al. [2] foram geradas a partir de curva de crescimento de 5 e 7 gatas, respectivamente. Isso representa um pequeno grupo amostral e, embora possuam bons coeficientes de correlação tenham limitada aplicabilidade, sendo individualmente eficientes apenas para o grupo dos estudos em questão. A acurácia da determinação do dia do parto pela ultrassonografia em cadelas pode ser afetada por diversos fatores, tais como o tamanho da raça, o padrão racial, o parâmetro ultrassonográfico utilizado, o tamanho da ninhada, a proporção do sexo fetal e ainda pela própria fisiologia da fêmea canina [1,9,12], talvez parte dessas considerações possam ocorrer também em gatas, análise essa que precisa ser melhor determinada. Estudo realizado em cadelas, utilizando raças com diferentes tipos craniais Cocker Spaniel Inglês e Chow Chow observaram que as diferenças entre as raças podem proporcionar variações de 2 até 3 dias, a cada centímetro medido, dependendo da estrutura mensurada e que portanto, as diferenças craniais devem ser consideradas ao tentar padronizar valores que caracterizem a gestação canina por meio da ultrassonografia. Segundo os autores, esta variação impossibilita a utilização indiscriminada de equações de uma raça em outras raças de portes e tipos craniais diferentes [13,16]. Tais ponderações podem ser aplicadas também em gatas, já que a acurácia dessa técnica não é 100% segura, conforme dados dessa pesquisa. 5

As diferenças raciais no que diz respeito ao tamanho fetal não são tão pronunciadas em gatos [6], no entanto, a estimativa do estágio da gestação é necessária para avaliação do desenvolvimento de várias estruturas [21]. O acompanhamento ultrassonográfico da gestação em gatas mostra que o concepto normal segue um curso de desenvolvimento bem definido com características particulares de desenvolvimento em tempos específicos [19]. Isto deixa claro que a avaliação dessas características é útil para predizer o dia do parto e pode também ser aplicada em outras raças, diferentemente das equações matemáticas que são específicas para cada tipo racial [11]. Dessa forma, sugere-se que a estimativa da idade gestacional seja feita em conjunto com a fetometria e a observação da organogênese e posterior crescimento fetal, evitando a utilização de uma das ferramentas de forma individual para que assim se tenha maior confiabilidade nesta predição [10]. O uso combinado das mudanças de desenvolvimento com as medidas fetais e extrafetais promovem uma estimativa mais acurada da idade gestacional do que o uso de apenas uma das modalidades [10]. Embora as gatas apresentem ovulação induzida pela cópula e a data de parto seja mais facilmente predita do que em cadelas, após a cópula a ovulação pode ocorrer em um intervalo de 24 a 72 h [15]. Além disso, há uma variação na duração da gestação dentro de diferentes raças apresentando intervalo de 63 a 69 dias [17]. Brito et al. [5] observaram gestações em gatas da raça Pelo Curto Brasileiro com duração média de 54 ± 3 dias. Estes dados ratificam a importância de um bom acompanhamento ultrassonográfico para se determinar com segurança a idade gestacional. Grande parte do desenvolvimento fetal em gatos acontece por um curto período [8]. É neste período que acontecem as grandes mudanças e, portanto, uma diferença de 2-3 dias pode representar importantes mudanças em relação à maturidade fetal. Nesse estudo, o tamanho da ninhada não afetou a acurácia da previsão do parto, diferentemente do anteriormente observado [1]. Os resultados do presente estudo corroboram com Kutzler et al. [9], que observaram que a acurácia da previsão da data do parto não foi afetada pelo tamanho da ninhada. Neste estudo, a prolificidade média está de acordo com o descrito na literatura [14,17]. Na previsão da data do parto dentro do erro de 1 e 2 dias, dentro de um mesmo grupo de gatas, o diâmetro biparietal apresentou melhores resultados que as demais medidas ultrassonográficas e, além disso, quando compara-se o erro médio da predição, para ambos os grupos o diâmetro biparietal apresentou os menores erros. Estes resultados mostram que, embora com porcentagens de acerto abaixo de 60%, o diâmetro biparietal é a medida mais confiável para se predizer a data do parto na segunda metade da gestação corroborando com outros autores [1,21]. Estes resultados vão de encontro ao observado por Beccaglia et al. [2] que não observaram diferenças significativas entre a predição da data do parto obtida pela vesícula diencéfalo-telencefálica e pelo diâmetro biparietal. Contudo, acredita-se que as medidas ultrassonográficas não devem ser utilizadas de forma isolada sendo, sempre associadas à organogênese e crescimento fetal [10]. É importante notar que todas as estruturas aqui mensuradas foram facilmente detectadas. Assim, o ultrassonografista pode rapidamente adquirir experiência na visualização e mensuração das mesmas. A associação desses dados, ecobiometria, curva de crescimento e maturação fetal, especificas ao tipo racial devem ser mais exploradas, principalmente em gatos. CONCLUSÃO As equações matemáticas não são individualmente suficientes para determinação acurada da data do parto em gatas braquicefálicas e mesaticefálicas, sendo o diâmetro biparietal a medida que apresenta os melhores resultados para ambos os tipos craniais. SOURCES AND MANUFACTURERS 1 0-150 mm, COSA, Vinhedo, SP, Brazil. 2 SONOACE PICO, Medison Co., Ltda, Daechi-Dong, Kangnam-ku, Cuseoul, South Korea. 3 Fort Sam Brasil, São Paulo, SP, Brazil. 4 Epi Info 6.0., São Paulo-SP, Brazil. Acknowledgements. Special thanks to João Bosco Martins from Gatil Mahavira, Maria Tereza Studart from Gatil Lakshmy and Arlindo Chaves from Gatil Thunderkeys for allow us to use their cats. Funding. This work was supported by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ethical approval. An experimental protocol number (10130624-5/30) was authorized by the Ethics Committee for Animal Use of the State University of Ceará. Declaration of interest. The authors report no conflicts of interest. The authors alone are responsible for the content and writing of the paper. 6

REFERENCES 1 Beccaglia M. & Luvoni G.C. 2006. Comparison of the accuracy of two ultrasonographic measurements in predicting the parturition date in the bitch. Journal of Small Animal Practice. 47(11): 670-673. 2 Beccaglia M., Anastasi P., Grimaldi E., Rota A., Faustini M. & Luvoni G.C. 2008. Accuracy of prediction of parturition date trough ultrasonographic measurement of fetal parameters in the queen. Veterinary Research Communications. 32(Suppl. 1): S99-S101. 3 Beccaglia M., Faustini M. & Luvoni G.C. 2008. Ultrassonographic study of deep portion of diencephalo-telencephalic vesicle for the determination of gestational age of the canine foetus. Reproduction in Domestic Animals. 43(3): 367-370. 4 Beck K.A., Baldwin C.J. & Bosu W.T.K. 1990. Ultrasound prediction of parturition in queens. Veterinary Radiology. 31(1): 32-35. 5 Brito A.B., Miranda S.A., Ruas M.R., Santos R.R. & Domingues S.F. 2010. Assessment of feline fetal viability by conceptus echobiometry and triplex Doppler ultrasonography of uterine and umbilical arteries. Animal Reproduction Science. 122(3-4): 276-281. 6 Davidson A.P., Nyland T.G. & Tsutsui T. 1986. Pregnancy diagnosis with ultrasound in the domestic cat. Veterinary Radiology. 27(4): 109-114. 7 Hecht S. 2011. Trato reprodutivo feminino. In: Penninck D. & D Anjou M.A. (Eds). Atlas de ultrassonografi a de pequenos animais. Cap.13. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pp.395-414. 8 Knospe C. 2002. Periods and Stages of the Prenatal Development of the Domestic Cat. Anatomy, Histology and Embryology. 31(1): 37-51. 9 Kutzler M.A., Yeager A.E., Mohammed H.O. & Meyers-Wallen V.N. 2003. Accuracy of canine parturition date prediction using fetal measurementes obtained by ultrasonography. Theriogenology. 60(7): 1309-1317. 10 Lopate C. 2008. Estimation of gestacional age and assessment of canine fetal maturation using radiology and ultrassonography: A review. Theriogenology. 70(3): 397-402. 11 Luvoni G.C. & Grioni A. 2000. Determination of gestational age in medium and small size bitches using ultrassonographic fetal measurements. Journal Small Animal Practice. 41(7): 292-294. 12 Luvoni G.C. & Beccaglia M. 2006. The prediction of parturition date in canine pregnancy. Reproduction in Domestic Animals. 41(1): 27-32. 13 Melo K.C., Souza D.M.B., Teixeira M.J.C.D.S., Amorim M.J.A.A.L. & Wischral A. 2006. Fetometria ultra-sonográfica na previsão da data do parto em cadelas das raças Cocker spaniel americano e Chow-chow. Ciência Veterinária nos Trópicos. 9(1): 23-30. 14 Monteiro C.L.B., Campos A.I.M., Madeira V.L.H., Silva H.V.R., Freire L.M.P., Pinto J.N., Souza L.P. & Silva L.D.M. 2012. Pelvic differences between brachycephalic and mesaticephalic cats and indirect pelvimetry assessment. Veterinary Record. Published Online First: 1 November 2012 doi:10.1136/vr.100859. 15 Root M.V., Johnston S.D. & Olson P.N. 1995. Estrous length, pregnancy rate, gestation and parturition lengths, litter size, and juvenile mortality in the domestic cat. Journal of American Animal Hospital Association. 31(5): 429-433. 16 Silva M.R.C., Sterman F.A. & Almeida A.H. 2007. Mensuração ultra-sonográfica das dimensões do crânio fetal em gestações normais em cadelas da raça Boxer e sua relação com a idade gestacional. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 44(Suppl. 4): 25-29. 17 Sparkes A.H., Rogers K., Henley W.E., Gunn-Moore D.A., May J.M., Gruffydd-Jones T.J. & Bessant C. 2006. A questionnaire-based study of gestation, parturition and neonatal mortality in pedigree breeding cats in the UK. Journal of Feline Medicine and Surgery. 8(3): 145-157. 18 Teixeira M.J.D. & Wischral A. 2008. Avaliação do desenvolvimento fetal e acompanhamento da gestação e parto pela ultrassonografia em cadelas. Revista Brasileira de Reprodução Animal. 32(1): 16-20. 19 Zambelli D., Caneppele B., Bassi S. & Paladini C. 2002. Ultrasound aspects of fetal and extrafetal structures in pregnancy cats. Journal of Feline Medicine and Surgery. 4(2): 95-106. 20 Zambelli D, Castagnetti C., Belluzzi S. & Bassi S. 2002. Correlation between the age of the conceptus and various ultrasonographic measurements during the first 30 days of pregnancy in domestic cats (Felis catus). Theriogenology. 57(8): 1981-1987. 21 Zambelli D, Castagnetti C., Belluzzi S. & Paladini C. 2004. Correlation between fetal age and ultrassonographic measurements during the second half of pregnancy in domestic cat (Felis catus). Theriogenology. 62(8): 1430-1437. www.ufrgs.br/actavet 1127 7