Redalyc. Sistema de Informação Científica. Calixto de Carvalho, Ayla Maria; Evangelista de Araújo, Telma Maria

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Transcrição:

Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina o Caribe, a Espanha e Portugal Calixto de Carvalho, Ayla Maria; Evangelista de Araújo, Telma Maria Análise da produção científica sobre Hepatite B na pós-graduação de Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 61, núm. 4, julio-agosto, 2008, pp. 518-522 Associação Brasileira de Enfermagem Brasília, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/src/inicio/artpdfred.jsp?icve=267019605020 Revista Brasileira de Enfermagem ISSN (Versão impressa): 0034-7167 reben@abennacional.org.br Associação Brasileira de Enfermagem Brasil Como citar este artigo Número completo Mais informações do artigo Site da revista www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

Revista Brasileira de Enfermagem REBEn REVISÃO Análise da produção científica sobre Hepatite B na pós-graduação de Analysis of the scientific production on Hepatitis B in post-graduate nursing Análisis de la producción cientifica sobre Hepatitis B en el post-grado de enfermería Ayla yla Maria Calixto de Carvalho I, Telma Maria Evangelista de Araújo II I Universidade Federal do Piauí. Teresina, PI Submissão: 13/03/2008 Aprovação: 31/07/2008 RESUMO Pesquisa bibliográfica, com enfoque na hepatite B, com o objetivo de identificar onde estão sendo realizadas estas pesquisas; qual a natureza, o tipo e a ênfase de estudo. Pesquisou-se na base de dados CEPEn e Banco de Teses da CAPES, no período de 2000 a 2006, utilizando os descritores: hepatite B e vacina contra hepatite B. Encontrou-se 21 pesquisas, dois centros de pesquisa concentram os estudos, Universidade de São Paulo (47,6%) e Universidade Federal de (23,8%). Os estudos foram desenvolvidos em curso de s (95,2 %) e doutorado (4,8%), a maioria deles é de natureza quantitativa (95,2%). Quanto à ênfase do estudo, 61,9 % são relacionados a acidente ocupacional e 19,0 % a estudos com soroprevalência da hepatite B. Descritores: Hepatite B; Enfermagem; Epidemiologia; Vacina. ABSTRACT A bibliographic study focusing on Hepatitis B, aiming to identify where the studies are taking place, their nature, type and the emphasis of the studies was undertaken. Research was done through the CEPEn Thesis Bank for the period of 2000 through 2006,using the descriptors: Hepatitis B and Hepatitis B Vaccine. Twenty-one (21) studies were found concentrated in two centers of study: University of São Paulo (47.6%) and Federal University of (23,8%). The studies were developed as master s(95.2%) and doctorate (4.8%) works, the majority (95,2%) being quantitative in nature. Of the studies found, 61.9% are related to occupational accidentsand19.0% refer to the seroprevalence of Hepatitis B. Descriptors: Hepatitis B; Nursing; Epidemiology; Vaccine. RESUMEN Investigación bibliográfica, con enfoque en la hepatitis B, con el objetivo de identificar dónde están siendo realizadas estas investigaciones; cuál es la naturaleza, el tipo y el énfasis del estudio. Se investigó en la base de datos CEPEn y Banco de Tesis de la CAPES, en el período de 2000 a 2006, utilizando las palabras clave: hepatitis B y vacuna contra hepatitis B. Se encontró 21 investigaciones, dos centros de investigación concentran los estudios, Universidad de San Paulo (47,6%) y Universidad Federal de (23,8%). Los estudios desarrollados en el curso de maestría (95,2%) y doctorado (4,8%), la mayoría de ellos son de naturaleza cuantitativa (95,2%). En cuanto el énfasis del estudio, 61,9% son relacionados a accidente ocupacional y 19,0% a estudios con soroprevalência de la hepatitis B. Descriptores: Hepatitis B; Enfermería; Epidemiología; Vacuna. Correspondência: respondência: Ayla Maria Calixto de Carvalho. Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga - CEP: 64.049-550. Teresina, PI. 518 Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; ; 61(4): : 518-22.

Análise da produção científica sobre Hepatite B na pós-graduação de INTRODUÇÃO As hepatites virais se constituem em um grave problema de saúde pública no mundo e no Brasil. A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é uma das principais causas de doença aguda e crônica do fígado, podendo evoluir ainda para cirrose e carcinoma hepatocelular. Acredita-se que existam mais de 350 milhões de portadores crônicos do VHB, e que mais de 500 mil morram, anualmente, vítimas desta enfermidade. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 15% da população já foram expostos ao vírus da hepatite B, e que 1% sofra de hepatite B crônica (1). De acordo com o Ministério da Saúde (2) as hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo tecido hepático, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, porém, com importantes particularidades. A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude dos diferentes tipos varia de região para região. No Brasil, também há grande variação regional na prevalência de cada um dos agentes etiológicos. As hepatites virais têm grande importância pelo número de indivíduos atingidos e pela possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas. Estudo realizado antes da política de vacinação contra a hepatite B, apontava três padrões de distribuição da hepatite B no Brasil: alta endemicidade presente na região amazônica, parte do Espírito Santo e oeste de Santa Catarina; endemicidade intermediária, nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e baixa endemicidade, na região Sul do país. No entanto, esse padrão vem se modificando após a introdução da vacina contra hepatite B, estudos mais recentes classificam a região Norte como de baixa ou moderada endemicidade, permanecendo com alta endemicidade a região sudeste do Pará (2). Nas demais regiões, a situação encontrada é de moderada endemicidade na região sul, sendo registrado alta endemicidade no oeste do Paraná. A região Sudeste apresenta baixa endemicidade, exceto o sul do Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais, que apresenta alta prevalência. A região Centro-Oeste é baixa endemicidade, exceto o norte de Mato-Grosso, que apresentam prevalência moderada. O Nordeste está em situação de baixa endemicidade (2). A transmissão do vírus da hepatite B (HBV) se faz por via parenteral, e pela via sexual, sendo considerada uma doença sexualmente transmissível. A transmissão vertical (materno-infantil) também é causa freqüente de disseminação do HBV, geralmente a transmissão ocorre no momento do parto, por meio do contato com sangue, líquido amniótico ou secreções maternas, sendo rara a transmissão via transplacentária, leite materno ou após o nascimento (3). De maneira semelhante às outras hepatites, as infecções causadas pelo HBV são habitualmente anictéricas. Apenas 30% dos indivíduos apresentam a forma ictérica da doença, reconhecida clinicamente. Aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos adultos infectados cronificam. Cerca de 70 a 90% das infecções ocorridas em menores de 5 anos cronificam e 20 a 25% dos casos crônicos com evidências de replicação viral evoluem para doença hepática avançada (cirrose e hepatocarcinoma) (2). A vacina contra o VHB é a forma mais eficaz para a prevenção da hepatite B e tem proporcionado grande avanço no controle desta enfermidade. Assim, desde 1998, o PNI recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B e mais de uma centena de países já incluíram esta vacina em seus programas de imunização. No Brasil, a mesma tem sido oferecida gratuitamente a grupos de risco desde o início da década de 90 e, mais recentemente, a partir de 2001 foi estendida a indivíduos com idade até 19 anos em todas as regiões (4). Entretanto, de acordo com o Programa Nacional de Imunização - PNI, para que a doença se mantenha sob controle se faz necessária uma cobertura vacinal mínima de 95%. Cobertura vacinal pode ser entendida como a proporção da população que recebeu o número completo de doses de uma vacina em relação à população existente em um determinado local (5,6). Neste sentido, face às considerações levantadas, a gravidade da doença, a dificuldade do tratamento e a disponibilidade de uma vacina que tem eficácia comprovada para prevenir este agravo, sentiu-se a necessidade de levantar como esta temática vem sendo trabalhada por pesquisadores enfermeiros, com objetivo de identificar onde estão sendo realizadas estas pesquisas; qual a natureza, o tipo e a ênfase de estudo. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, constituída a partir de pesquisas com enfoque na temática da hepatite B e realizadas por enfermeiros. A procura pelo material bibliográfico para análise foi realizada na língua portuguesa, na base de dados CEPEn (Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem) e Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), no período de 2000 a 2006, utilizando os descritores: hepatite B e vacina contra hepatite B, Foram encontrados 21 referências, assim distribuídas 6 (CEPEn); 15 (CAPES). Obteve-se os resumos das dissertações e teses, que após leitura criteriosa nos permitiu identificar as pesquisas quanto ao local e período onde foram analisadas; a natureza, o tipo e a ênfase de cada estudo. Na análise estatística, calculou-se as freqüências e percentuais. RESULTADOS e DISCUSSÃO No período analisado, de 2000 a 2006, foram realizadas 21 pesquisas com a temática da hepatite B, dois centros de pesquisa concentram a maior parte destes estudos, quais sejam: Universidade de São Paulo (47,6%) e Universidade Federal de (23,8%). Os estudos foram desenvolvidos em curso de s (95,2 %) e doutorado (4,8%), a maioria deles é de natureza quantitativa (95,2%). Quanto a ênfase do estudo, grande parte deles está voltado para o risco de hepatite B, relacionado a acidente ocupacional (61,9%) e estudos com soroprevalência da hepatite B (19,0%). A seguir apresenta-se um quadro com a síntese dos principais trabalhos realizados com enfoque na hepatite B, levantados nesta pesquisa. Dentre as pesquisas com ênfase para o risco de infecção por hepatite B, em decorrência de acidentes de trabalho, estudo sobre os fatores que interferem na adesão dos trabalhadores de ao esquema de vacina contra a Hepatite B, comprovadamente uma medida eficaz de proteção, destaca que os trabalhadores citaram como fatores que mais interferem na adesão à vacina a falta de informação sobre a Hepatite B e os riscos causados por ela (32,34% das respostas) e a falta de tempo para procurar uma unidade de saúde Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; 61(4): : 518-22. 519

Carvalho AMC, Araújo TME. 2000 Universidade de São Ribeirão Preto Retrospectiva de Situação de risco para transmissão de patógenos veiculados pelo sangue entre a equipe de no 2001 Universidade de São 2001 Universidade de São 2001 Universidade de São 2001 Universidade Federal de transversal de ensaio Tese de Doutorado em em microbiologia ambiente hospitalar. Coinfecção HIV, sífilis,hepatite B e C em travestis (trabalhadores do sexo). Vacinação de crianças menores de um ano: Conhecimento e ação dos enfermeiros. Recomendações para a vacinação de trabalhadores da saúde contra a hepatite B e avaliação da soroproteção. Soroprevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em pacientes de instituições psiquiátricas e em indivíduos com síndrome de Down. Quadro 1 Sistematização das pesquisas de com a temática hepatite B, no período de 2000 a 2001. 2002 Universidade de São de 2002 Universidade Católica de Petropólis/ 2002 Universidade Estadual de Londrina 2003 Universidade de São 2003 Universidade de São 2003 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/ 2003 Universidade Estadual de Campinas/ Escola de Enfermagem Pesquisa Ação epidemiológico de transversal e retrospectivo epidemiológica, analítica, com desenho transversal não controlado Qualitativo, fenomenologia social epidemiológico de em educação em em Acidente de trabalho com exposição aos líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde. Ação educativa do enfermeiro junto aos auxiliares de para promoção do controle da hepatite B e C. Acidente de trabalho com material biológico na equipe de de um hospital escola. Prevalência sorológica da hepatite B, toxoplasmose, rubéola e sífilis em gestante. Biossegurança, acidentes com materiais biológicos e cobertura vacinal das enfermeiras. Graduandos de e o processo de vacinação: compreendendo a tomada de decisão. Acidente de trabalho: adesão à quimioprofilaxia dos trabalhadores da saúde pós-exposição a material biológico humano. Risco HIV,hepatite B e C. Quadro 2 Sistematização das pesquisas de com a temática hepatite B, no período de 2002 a 2003. com sala de vacina (18,72%) (7). Estudo realizado com o objetivo de identificar as características dos acidentes ocupacionais, identificar a adesão à quimioprofilaxia contra o HIV e aos exames de seguimento protocolares dos trabalhadores da saúde pós exposição a fluidos orgânicos humanos, com riscos aos agentes infecciosos como o HIV e os vírus da hepatite B e C, os resultados mostraram que os acidentes aconteceram majoritariamente entre as mulheres, com 79%. A categoria profissional mais acometida foi a equipe de com 68% (em 2000) e 74% (em 2001) (8). Neste estudo a exposição percutânea representou 88% (2000) e 91% (2001). O status sorológico dos pacientes-fonte para o HIV representou mais de 70%, no entanto para os vírus da hepatite B e C foi inferior a 25%. Mais de 70% dos acidentados referiam esquema 520 Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; ; 61(4): ): 518-22.

Análise da produção científica sobre Hepatite B na pós-graduação de completo para vacina contra a hepatite B (8). Estes estudos evidenciam o interesse em se desenvolver pesquisas com ênfase nos acidentes ocupacionais, conforme constamos nesta revisão, em vista do risco que os profissionais da equipe de são submetidos nos seus locais de trabalho. Em uma pesquisa sobre vacinação, onde também se incluía a vacina contra hepatite B, realizado com o objetivo de: verificar o conhecimento dos enfermeiros sobre as vacinas, identificar as ações relacionadas à vacinação de crianças menores de um ano, e conhecer algumas percepções destes profissionais sobre os serviços primários de atendimento à saúde, que prestam assistência direta ou indireta a crianças nesta faixa etária, em instituições hospitalares, aponta que os(as) enfermeiros(as) têm conhecimento insatisfatório, ao se analisar o conjunto das seis vacinas do esquema básico de imunização, quanto à identificação destas vacinas, doenças que as mesmas previnem e via de aplicação (9). A pesquisa que buscou descrever as recomendações para a vacinação de trabalhadores da saúde contra a hepatite B e a necessidade de avaliação sorológica, avaliou o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde de 0, 1 e 6 meses. A avaliação sorológica para os marcadores anti-hbc e anti-hbs foi realizada em trabalhadores após o período mínimo de 30 dias depois de completado o esquema de três doses. Os resultados dos exames evidenciaram que 94,4% apresentaram títulos protetores de anti-hbs. O estudo recomenda a necessidade de avaliação sorológica dos trabalhadores da saúde após a vacinação contra a hepatite B, tendo em vista a sua vulnerabilidade à infecção em decorrência do trabalho (10). Entre as pesquisas com ênfase nos estudos de soroprevalência da hepatite B, um estudo transversal com 643 travestis trabalhadores do sexo, acompanhados no período de 1992-2000, que a partir de 1998 incluiu as sorologias para Hepatites B e C, aponta que a prevalência de Hepatite B subiu de 52,3% em 1998 para 63,2% em 2000. A prevalência de Hepatite C também subiu, passando de 3,9% em 1998 para 14,5% em 2000 (11). Segundo este estudo a Odds Ratio da associação HIV*HVB foi de 3,88 (p=0,0000), HIV*HVC foi de 10,3 (p=0,0000) e HVC*HVB foi de 4,37 (p=0,0136). Nenhuma covariável estudada apresentou teste de homogeneidade estatisticamente significante nas coinfecções com hepatites. Vale apenas ressaltar o grande número de casos com as três doenças simultâneas - dos dezenove casos de Hepatite C, dezesseis (84,2%) estão associados à Hepatite B, dos 2004 Universidade de São Acidente com material biológico em profissionais da área da saúde: características do acidente e avaliação da imunidade contra o vírus da 2004 Universidade de São Ribeirão Preto 2004 Universidade Estadual Paulista Júlio de M. Filho. 2004 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/ 2005 Universidade Federal de 2005 Universidade Federal de de e exploratório de de ensaio em hepatite B. Acidentes ocupacionais com material biológico entre profissionais de de ambiente hospitalar. Avaliação do risco de infecção e da resposta sorológica à vacina em funcionários da limpeza. Adesão dos trabalhadores de a vacina contra hepatite B. Situação vacinal e exposição a material biológico: o papel das instituições de ensino superior na formação de graduandos na área da saúde. Estudo soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B e avaliação de soroconversão à vacina Butang em adolescentes. Quadro 3. Sistematização das pesquisas de com a temática hepatite B, no período de 2004 a 2005. 2006 Universidade de São Ribeirão Preto Qualitativo, Análise de conteúdo de Bardin Crenças de enfermeiro gerente de um hospital universitário sobre riscos ocupacionais com material biológico. 2006 Universidade Federal de 2006 Universidade Federal de Perfil soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B em usuários de drogas ilícitas. Resíduos biológicos no IML e as implicações para os trabalhadores. Quadro 4 Sistematização das pesquisas de com a temática hepatite B, no ano de 2006. Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; 61(4): ): 518-22. 521

Carvalho AMC, Araújo TME. quais treze (68,4%) são HIV positivos. A média de soroconversão do HIV em cinco anos foi de cerca de 6,7% por ano, ou cerca de 30% no total do período (11). CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo das pesquisas desenvolvidas em cursos de s e doutorados, possibilitou descrever como a temática da hepatite B vem sendo trabalhada pelos os enfermeiros, com ênfase maior no risco de infecção associados a acidentes ocupacionais. Ao mesmo tempo permitiu a reflexão acerca da magnitude do problema e da importância de os enfermeiros que atuam na pesquisa e no serviço aprimorarem seus conhecimentos para nortear sua prática voltada para a promoção da saúde. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (BR). Hepatites Virais: o Brasil está atento. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005. 2. Ministério da Saúde (BR). Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005. 3. Arraes LC. Prevalência de hepatite B em parturientes e perfil sorológico perinatal. Rev Bras Ginecol Obstet 2003; 25(8). 4. Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Informes Técnicos Institucionais: vacina contra hepatite B. Rev Saúde Pública 2006; 40(6). 5. Ministério da Saúde (BR). Manual de Procedimentos para Vacinação. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2001. 6. Araújo TME. Vacinação Infantil: conhecimentos, atitudes e práticas da população da Área Norte/Centro de Teresina/PI [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2005. 7. Carvalho SF. Adesão dos trabalhadores de a vacina contra hepatite B [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ):, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 2004. 8. Carvalho CAFA. Acidente de trabalho: adesão a quimioprofilaxia dos trabalhadores da saúde, pós-exposição a material biológico [dissertação]. Campinas (SP): Escola de Enfermagem, Universidade Estadual de Campinas; 2003. 9. Manasia LAH. Vacinação de crianças menores de um ano: conhecimento e ações de enfermeiros(as) [dissertação]. São Paulo (SP): Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo; 2001. 10. Salgado MF. Vacinação contra hepatite B em trabalhadores da saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo; 2001. 11. Grandi JL. Coinfecção HIV, sífilis e hepatite B e C em travestis na cidade de São Paulo, 1992-2000 [tese]. São Paulo (SP): Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo; 2001. 522 Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; ; 61(4): ): 518-22.