PITAIA (H. costaricensis): UM FRUTO COM CARACTERÍSTICAS ATRATIVAS PARA A INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE DUAS ESPÉCIES DE PITAIA

QUALIDADE E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE FRUTOS DE CAJAZEIRAS (Spondias mombin L.) ORIUNDOS DA REGIÃO MEIO-NORTE DO BRASIL

AVALIAÇÃO DE POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS PRODUZIDAS NO MACIÇO DE BATURITÉ

Obtenção e avaliação de parâmetros físico-químicos da polpa de goiaba (Psidium guajava L.), cultivar Paluma

CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda) EM TEMPERATURA AMBIENTE

Área de Publicação: Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos / Físico-química de Alimentos

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO DE CAJU. Iwalisson Nicolau de Araújo 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba.

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE FÍSICO- QUÍMICOS DE SUCOS TROPICAIS

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CINCO CULTIVARES DE MARACUJÁ AMARELO NA REGIÃO SUL DE MINAS GERAIS

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DE NOVOS HÍBRIDOS DE MARACUJÁ AMARELO

ALTERNATIVA PARA CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda)

Congresso Brasileiro de Fruticultura Natal/RN 17 a 22 de Outubro de 2010

CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE ACEROLEIRA COM BASE EM DESCRITORES DO FRUTO MATERIAL E MÉTODOS

Efeito da Embalagem e Corte na Manutenção da Qualidade Química de Mamão Formosa Minimamente Processado e Armazenado à 8 C

EVOLUÇÃO DE ALGUNS PARÂMTEROS FÍSICO-QUÍMICOS DURANTE O DESENVOLVIMENTO DE DUAS CULTIVARES DE MAÇÃ PRODUZIDAS NO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO - SAFRA 2011

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE DEZ ACESSOS DE

Universidade Federal do Ceará, Dra. Engenharia Química

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BLEND À BASE DE ACEROLA (Malpighia emarginata) E GOIABA (Psidium guajava)

ELABORAÇÃO DE DOCE EM PASTA DO TIPO EM MASSA A PARTIR DE FRUTAS DO SEMIÁRIDO

Palavras-chave: Fitotecnia, fruticultura, qualidade de frutos.

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

TÍTULO: AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPAS DE FRUTAS COMERCIALIZADAS EM MONTES CLAROS-MG

Termos para indexação: maracujazeiro, polpa, minerais, físico-química

Efeito da temperatura de armazenamento na pós colheita da cagaita(eugenia dysenterica)

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DE UM GENÓTIPO

Caracterização física e físico-química da polpa da manga cv. Haden integral

AVALIAÇÃO DE VITAMINA C, ACIDEZ E ph EM POLPAS DE ACEROLA, CAJÁ E GOIABA DE UMA MARCA COMERCIALIZADA EM MACEIÓ - ALAGOAS

Características Químicas de Néctar e Suco de Mirtilo Obtido pelo Método de Arraste de Vapor

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE VINTE E SEIS GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO-AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL

CARACTERIZAÇÃO DE ACEROLA ORGÂNICA EM DOIS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO. Apresentação: Pôster

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA DA POLPA E CASCA DE FRUTOS DO MANDACARÚ (Cereus jamacaru)

MELO, Christiane de Oliveira 1 ; NAVES, Ronaldo Veloso 2. Palavras-chave: maracujá amarelo, irrigação.

ATRIBUTOS FÍSICOS DE VARIEDADES DE LARANJA DA MICRORREGIÃO DA BORBOREMA

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO SUCO DE AMORA-PRETA (Rubus sp.) PASTEURIZADO

Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em frutas nativas brasileiras

TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DE DIFERENTES VARIEDADES DE BANANA EM TRÊS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

Características físicas e físico-químicas de cultivares de milho-verde produzidos em sistemas de cultivo orgânico e convencional.

COMPARAÇÃO DAS QUALIDADES FÍSICO-QUIMICAS DA MAÇÃ ARGENTINA RED COM A MAÇÃ NACIONAL FUJI

CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO DE BANANA RESISTENTE À SIGATOKA NEGRA VARIEDADE CAIPIRA

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DAS POLPAS DE AÇAÍ COMERCIALIZADAS NAS FEIRAS LIVRES DE SÃO LUÍS-MA.

ANÁLISES DE COMPONENTES PRINCIPAIS DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DE HÍBRIDOS E LINHAGENS DE MAMOEIRO

Caracterização física e química da lima ácida Tahiti 2000 sobre o porta-enxerto Índio em Petrolina, PE

COMPARAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE DOCE EM PASTA DE PITAIA COM OUTROS COMERCIAIS PHYSICALCHEMICAL COMPARISON OF SWEET PASTE OF PITAYA WITH OTHER COMMERCIALS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE DIFERENTES FORMULAÇÕES DE DOCE DE UMBU PROCESSADO EM BATEDOR DE MASSA

Tipos de TesTes 1. Cor da epiderme 2. Consistência da polpa 3. Concentração de açúcares 4. Acidez total 5. Teor de amido

Rural do Rio de Janeiro, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos RJ e orientador.

CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO DE BANANA RESISTENTE À SIGATOKA NEGRA VARIEDADE THAP MAEO

Conservação Pós-Colheita de Umbu sob Diferentes Temperaturas de Armazenamento

MUDANÇAS NOS ATRIBUTOS FÍSICOS E FÍSICO-QUÍMICOS DE LARANJA BAÍA DURANTE A MATURAÇÃO

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MANGA VISANDO O MERCADO DE CONSUMO IN NATURA LAERTE SCANAVACA JUNIOR 1 ; NELSON FONSECA 2

DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA DE TAPEREBÁ (Spondias mombin L.)

PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DE FRUTOS DE MURICI-PASSA (Byrsonima verbascifolia)

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELADO COMESTÍVEL ELABORADO COM POLPA DO FRUTO DE MANDACARU ADICIONADO DE SORO DE LEITE

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

CARACTERIZAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA DE Physalis peruviana L. NA REGIÃO DE SÃO MATEUS, ES

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO NA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DA VITAMINA C DO SUCO DE ACEROLA CLARIFICADO E CONCENTRADO DURANTE A ARMAZENAGEM.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPA DE ACEROLA IN NATURA E LIOFILIZADA PARA PREPARAÇÃO DE SORVETES

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE NOVA CRUZ-RN

FORMULAÇÃO E QUALIDADE DE NÉCTAR DE CAJÁ ADICIONADO COM LINHAÇA E EXTRATO DE SOJA

AVALIAÇÃO FISICO-QUIMICA E MEDIDAS INSTRUMENTAIS DO DOCE DE CORTE DE GOIABA E MARACUJÁ

CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE FRUTOS DE GRAVIOLA (Annona muricata L.) SOB ATMOSFERA MODIFICADA

Caracterização físico-química do fruto de ameixa selvagem (Ximenia americana L.)

Avaliação de parâmetros de qualidade de doce em massa e das matérias primas utilizadas na formulação

BLENDS OBTIDO DE JAMBO VERMELHO COM TOMATE

DIVERSIDADE GENÉTICA INTRA E INTERESPECÍFICA DE PITAYA COM BASE NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE FRUTOS 1

CARACTERIZAÇÃO DO FRUTO DE PITAIA ORGÂNICA. CHARACTERIZATION OF ORGANIC FRUIT PITAYA.

Influência de hidrocolóides na cor de estruturado de maracujá-do-mato

QUANTIFICAÇÃO DO TEOR DE VITAMINA C E ACIDEZ TITULÁVEL PRESENTES NA CASCA DE MANGAS COLETADAS NO BREJO PARAIBANO

EFEITOS DE ARMAZENAMENTO EM EMBALAGENS PLÁSTICAS LOCAL REFRIGERADO E TEMPERATURA AMBIENTE NA QUALIDADE DE TOMATE

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE ESPÉCIES DE SPONDIAS ORIUNDAS DO CARIRI CEARENSE

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

QUALIDADE DE FRUTOS DE LIMEIRA ÁCIDA TAHITI EM COMBINAÇÃO COM DIFERENTES PORTA-ENXERTOS

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

APLICAÇÃO DE RECOBRIMENTOS À BASE DE CARBOIDRATOS CONTENDO DIFERENTES FONTES LIPÍDICAS EM MANGA TOMMY ATKINS

Pesquisa em Andamento

Características físico-químicas do suco caju adicionadas de galactomananas de Adenanthera pavonina

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE 14 GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO-AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL

ESTUDO DOS FRUTOS E SEMENTES DE MANGABA (HANCORNIA SPECIOSA) DO CERRADO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E FÍSICO-QUÍMICA DE FRUTOS DA PALMA GIGANTE EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

VARIAÇÃO PARA CARACTERES DE FRUTOS DE UMA POPULAÇÃO CLONAL DE CAMUCAMUZEIRO EM BELÉM - PARÁ

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

QUALIDADE EM BLENDS DE FRUTAS TROPICAIS ADICIONADOS DE EXTRATOS VEGETAIS

Produção e estudo da aceitabilidade sensorial do licor de jambo vermelho

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, POLIFENÓIS E FLAVONOIDES AMARELOS EM FRUTOS DE ESPÉCIES DE PITAIAS COMERCIAIS E NATIVAS DO CERRADO 1

CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS DE LARANJEIRAS, CULTIVADOS NO AGRESTE MERIDIONAL DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA DE CAMU-CAMU (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh)

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA QUÍMICA DAS POLPAS DE GOIABA (PSIDIUM GUAJAVA L.), COMERCIALIZADAS EM TERESINA PI.

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELEIA DE ACEROLA E TAMARINDO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES

Vitória da Conquista, 10 a 12 me Maio de 2017

ELABORAÇÃO DE LICOR DE FRUTAS NATIVAS E TROPICAIS

MUDANÇAS PÓS-COLHEITA E ESTABILIDADE DE CAROTENÓIDES NO FIGO- DA-ÍNDIA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE BANANA PASSA ELABORADA A PARTIR DE VARIEDADES RESISTENTES À SIGATOKA-NEGRA.

Análises físico-químicas da lima ácida Tahiti 2001 sobre o porta-enxerto Índio no Semiárido nordestino

EFEITO DO PROCESSO DE BRANQUEAMENTO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS EM FRUTOS DE ACEROLA (Malpighia punicifolia DC)

218 Caracterização dos Frutos de Variedades do Banco Ativo de Germoplasma de Mangueira. da Embrapa Semi-Árido

PRODUÇÃO DE PITAYA: UM ESTUDO DE MULTICASOS NA REGIÃO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO E CATANDUVA-SP. Temática 1. Agricultura Familiar

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABÓBORA E MORANGA CRISTALIZADAS PELO PROCESSO DE AÇUCARAMENTO LENTO.

QUALIDADE DE FRUTOS VERDES E MADUROS DE SEIS CLONES DE ACEROLEIRA COLHIDOS EM DUAS ÉPOCAS 1 INTRODUÇÃO

MODELO PREDITIVO DE ACEITAÇÃO SENSORIAL E PADRÃO MÍNIMO DE QUALIDADE PARA MELANCIA CRIMSON SWEET

PERDAS E QUALIDADE PÓS-COLHEITA

Transcrição:

PITAIA (H. costaricensis): UM FRUTO COM CARACTERÍSTICAS ATRATIVAS PARA A INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO N. L. CRISTOFOLI 1, C. A. R. LIMA 1, A. M. MOTA 1, N. M. PEIXOTO 1, J. da S. S. LIMA 2, F. M. R. SILVA 2, L. B. de T. VASCONCELOS 3, R. W. de FIGUEIREDO 3 ¹Graduando pela Universidade Federal do Ceará, Departamento de Tecnologia de Alimentos 2 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará, Departamento de Tecnologia de Alimentos 3 Professor Dr. na Universidade Federal do Ceará, Departamento de Tecnologia de Alimentos E-mail: nathana.c@hotmail.com RESUMO - O mercado de frutas exóticas tem aumentado consideravelmente. A pitaia tem chamado mais atenção atualmente devido a suas características sensoriais e ao seu aspecto exótico. Neste trabalho foram realizadas as análises de sólidos solúveis, ph, acidez total titulável, açúcares totais e redutores, vitamina C, rendimento e firmeza em frutos de pitaia da espécie H. costaricensis. A pitaia é um fruto pouco ácido com valor médio de ph de 4,63. O valor de vitamina C, em 100 g, supre 60% do índice de ingestão diária (IDR), determinado segundo a legislação brasileira vigente (45mg). Este fruto apresenta características satisfatórias para industrialização, apresentando 83% no rendimento de polpa em frutos maduros. 1. INTRODUÇÃO As características físicas e físico-químicas dos frutos são de grande importância para a sua comercialização e manuseio. A aparência externa dos frutos, tais como tamanho, consistência, espessura, forma e coloração da casca são fatores importantes para a aceitabilidade pelos consumidores (COSTA et al., 2004) No Brasil, diferentes variedades frutíferas nativas ou exóticas, muitas vezes ainda pouco conhecidas, vêm sendo utilizadas pelas populações locais, em decorrência do grande potencial para exploração no mercado de consumo in natura e/ou para industrialização. No entanto, são necessárias ações que favoreçam o cultivo e a preservação dessas espécies, além de estudos diferenciados para determinação do potencial desses frutos, visando sua utilização no mercado de alimentos funcionais. Atualmente, observa-se uma maior demanda por alimentos funcionais, que além de complementar a dieta diária, propicia benefícios à saúde (LORENZI et al.,2006; SILVA et al., 2008). A pitaia é um fruto exótico conhecida mundialmente como Fruta-do-Dragão pertencente à família Cactaceae. De acordo com a espécie, seus frutos podem apresentar características diversificadas, como formato, presença de espinhos, cor da casca e da polpa, Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

refletindo em alta variabilidade genética (JUNQUEIRA et. al., 2007). São encontradas várias espécies, agrupadas em quatro gêneros principais: Stenocereus (Britton& Rose), Cereus (Mill), Selenicereus (Riccob) e Hylocereus (Britton& Rose) (MIZRAHI, et al., 1997; BRITTON e ROSE, 1963), destacando-se a Hylocereuscostaricensis (pitaia vermelha de polpa vermelha) e a Hylocereusundatus (pitaia vermelha de polpa branca). Há algumas décadas, a pitaia era desconhecida e atualmente ocupa um crescente nicho no mercado de frutas exóticas da Europa e vêm sendo consumida, não só pelo exotismo da aparência, como também por suas características como sabor doce e suave, rico potencial vitamínico, polpa firme sendo constituída entre 60-80% do fruto, podendo ser apreciada na forma in natura, de sucos, geleias, doces, sorvetes, dentre outros (LE BELLEC et al., 2006; MARQUES et al., 2011; MOREIRA et al., 2011, DAM, 2009). Informações a respeito das características físicas, físico-químicas de frutos nativos, como é o caso da pitaia, são ferramentas básicas para avaliação do consumo e formulação de novos produtos que venham atender ao mercado consumidor. No entanto, observa-se uma escassez de pesquisas relativas ao estudo deste fruto, bem como seu processamento tecnológico, o que implica no não conhecimento das potencialidades do mesmo. Portanto, a realização da presente pesquisa teve como objetivo determinar as características físicas e físico-químicas da pitaia. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados os frutos da pitaia (H. costaricensis) adquiridas no comércio varejista de Fortaleza e encaminhadas ao Laboratório de Frutos Tropicais e Hortaliças do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará. Os frutos foram lavados e sanitizados por imersão em solução de hipoclorito de sódio (200 ppm) durante 5 minutos, em seguida foram lavados em água corrente, drenados e despolpados, seguido de homogeneização da polpa em processador doméstico. As análises físicas e físico-químicas foram realizadas na polpa dos frutos. As amostras foram submetidas a avaliações físicas de diâmetro longitudinal e transversal, a análise de cor, no qual foi realizada utilizando Colorímetro Digital MINOLTA (Osaka, Japão), as leituras foram expressas no módulo L*, a* e b * de acordo com CIE (1986). O espaço colorimétrico CIELAB é definido pelas coordenadas L*, a*, b*. A coordenada L* corresponde à luminosidade, e a* e b* referem-se às coordenadas de cromaticidade verde (-) / vermelho (+) e azul (-) / amarelo (+), respectivamente. As análises físico-químicas constaram de determinação do ph em phmetro Jenway 3505 ph Meter (AOAC, 1995), sólidos solúveis totais em refratômetro digital Pocket PAL-1 ATAGO (BRASIL, 2005) e acidez titulável (BRASIL, 2005), além de ácido ascórbico (ITAL, 1990) e açúcares totais e redutores (MILLER, 1959). Todas as análises foram realizadas em triplicata. Os resultados obtidos foram expressos em média e desvio-padrão entre as amostras. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 2

Estão apresentados na Tabela 1 os valores referentes às características físicas e físicoquímicas dos frutos de pitaia comercializados na cidade de Fortaleza-CE. Tabela 1 Características físicas físico-químicas dos frutos de pitaia comercializados na cidade de Fortaleza-CE Características Físicas Pitaia Diâmetro I 1 (mm) 92,64±1,6 Diâmetro II 2 (mm) 88,39±1,04 Massa fresca (g) 3 403±12,66 Rendimento de polpa (%) 3 82,63±7,63 L* 3 33,52±0,95 a* 3 3,06±0,6 b* 3 2,44±0,22 ph 3 4,63±0,03 Sólidos solúveis totais ( Brix) 3 11,53±0,06 Acidez total titulável ácido cítrico (mg.100g -1 ) 3 0,29±0,01 Ácido ascórbico (mg.100g -1 ) 3 27,07±0,41 Açúcares totais (g 100g -1 ) 3 18,50±1,2 Açúcares redutores (g 100g -1 ) 3 2,41±0,18 1 Longitudinal, 2 Transversal 3 Análise realizada na polpa do fruto Os frutos de pitaia apresentam diâmetro médio longitudinal e transversal na ordem de 92,64 mm e 88,39 mm, respectivamente. A análise dessas variáveis, isoladamente, tem pouca importância para a caracterização dos frutos, contudo, a relação entre essas variáveis é bastante representativa, pois indica o formato do fruto, e quanto mais próximo de 1, mais redondo. Nesse sentido, essa relação foi de 1,05 entre os frutos estudados. Para o rendimento da polpa, os frutos avaliados apresentaram características satisfatórias para industrialização, na forma de polpa congelada, sucos, geléias, néctares e sorvetes, devido o aspecto percentual do rendimento de polpa, em frutos maduros, na ordem de 82,63%. Os valores médios de rendimento de polpa e diâmetro longitudinal foram superiores aos encontrados por Souza et. al. (2006), que obtiveram valores de 74,89% e 83,18mm, respectivamente. As discrepâncias entre as características físicas desses frutos podem ser atribuídas às variações do tipo de solo, das condições climáticas da região de cultivo, além dos fatores genético, fisiológico e nutricional. As coordenadas de cor obtidas para a polpa da pitaia demostram que a mesma possui luminosidade (L*) da ordem de 33,52 e os valores médios de 3,06 e 2,44 para as coordenas a* e b*, respectivamente. Os resultados obtidos evidenciam que a coloração da polpa possui tonalidade vermelha, devido a* possuir valor positivo, o qual supera o tom amarelo expresso pela coordenada b* com valor também positivo. De acordo com os valores obtidos, os frutos de pitaia apresentaram ph de 4,63, semelhante ao encontrado por Rufino et. al (2007) de 4,5. Para sólidos solúveis totais os valores obtidos (11,53 Brix) estão dentro da faixa aceitável, onde frutas maduras apresentam valores médios de sólidos entre 8 e 14% estando de acordo com Chitarra&Chitarra (2005). A acidez total titulável foi de 0,29 mg.100g -1, semelhante aos valores médios encontrado por Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 3

Abreu et. al. (2012), de 0,20 mg.100g -1 na espécie H. undatus (conhecida como pitaia branca) a 0,24 mg.100g -1 na espécie S. polyrhizus (conhecida como pitaia vermelha). A polpa apresentou concentração de ácido ascórbico (27,07 mg.100g -1 ) menor que os valores descritos por Choo e Yong (2011) e Mahattanatawee et al (2006) em pitaias de polpa vermelha, que encontraram teores médios iguais a 32,65 mg.100g -1 e 55,8 mg.100g -1, respectivamente. O valor médio obtido para açúcares totais foi 18,5 g 100g -1 e açúcares redutores de 2,41 g 100g -1. Wu et. al. (2006) encontraram valores de açúcares totais menores (10,1 g 100g -1 ) em pitaias vermelhas. De modo geral, os frutos tem aumento na concentração de açúcares, durante a maturação, o que na maioria das vezes ocorre, ainda, na planta, no entanto, após a colheita, principalmente, em frutos climatéricos pode acontecer síntese de açúcares, resultando na elevação dos açúcares totais (Chitarra e Chitarra, 2005). Os açúcares redutores atribuem sabor doce mais acentuado, portanto conferem aos frutos características interessantes para comercialização. De modo geral a polpa de pitaia apresenta valor de ph alto (4,63), baixa acidez (0,29 g.100g -1 ) comparando com outros frutos como cajá, onde Oliveira et al. (1998) encontrou valores de ph e acidez de 1,27 g.100g -1 e 2,61, respectivamente, e maracujá com valores de ph de 2,60 e acidez de 4,38 g.100g -1 (Gomes et al., 2006). Os sólidos solúveis totais na concentração de 11,53 Brix são devido principalmente à presença de açúcares e é considerado um valor elevado se comparado a demais frutos como a acerola (6,50 Brix - Oliveira et. al. 1999). Essas características tornam a polpa um meio adequado para a contaminação microbiológica, mas por outro lado, muito adequada para ser adicionado a alimentos de baixa acidez. Além disso, a baixa acidez da polpa a caracteriza como uma alternativa para a correção da acidez de outros sucos, prática comum nas indústrias de sucos de frutas. 4. CONCLUSÃO Considerando os resultados encontrados, os frutos de pitaia apresentam características satisfatórias para industrialização, devido principalmente ao elevado rendimento de polpa, sendo também importante a concentração de acido ascórbico presente no fruto, na qual o consumo de 100g da polpa vermelha supre 60% das recomendações diárias de vitamina C, segundo a legislação brasileira vigente (45mg). Este fruto também corresponde a uma alternativa em potencial para ser utilizada nas indústrias de sucos de frutas com o objetivo de corrigir a acidez de outros sucos devido a considerável concentração de sólidos solúveis totais e a baixa acidez da polpa. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, W.C.; LOPES, C. O.; PINTO, K. M.; OLIVEIRA, L. A.; CARVALHO, G. B. M.; BARCELO, M. F. P. Características físico-químicas e atividade antioxidante total de pitaias vermelha e branca. Rev Inst Adolfo Lutz. 2012; 71(4):656-61. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 4

AOAC Association of Official Analitical Chemists Official Methods of Analysis. Artlington, 1995. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Métodos Físico- Químicos para Análise de Alimentos / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 1018p. BRITTON N.L., ROSE J.N., Descriptions and illustrations of plants of the cactus family, Vol. I and II, Dover Publ., Inc., New York, USA, p. 183-195, 1963. COSTA, N. P.; LUZ, T. L. B.; BRUNO, R. L. A. Caracterização físico-química de frutos de umbuzeiro (Spondias tuberosa) colhidos em quatro estádios de maturação. Bioscience Journal (Uberlândia), v. 20, n. 2, p. 65-71, 2004. CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 2005. 785 p. Choo WS, Yong WK. Antioxidant properties of two species of Hylocereus fruits. AdvApplSci Res. 2011;2(3):418-25. DAM (Departament of Agriculture-Malaysia). A Research and Development Center for Pitaya (Dragon Fruit). Malásia. Disponível em: <http://www.dam- Departament of Agriculture-Malaysia/default.htm> Acesso em 15 de abr de 2009. GOMES, T. S.; CHIBA, H. T.; SIMIONATO, E. M. R. S.; SAMPAIO, A. C. Monitoramento da qualidade da polpa de maracujá-amarelo - seleção AFRUVEC, em função do tempo de armazenamento dos frutos. Revista Alimentos e Nutrição, Bauru, v.17, n.4, p. 401-405, 2006. ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos. Manual Técnico de Analise Química de Alimentos. Campinas, 1990. JUNQUEIRA, K. P.; FALEIRO, F, G; JUNQUEIRA, N,T,V; BELLON, G. ; FONSECA, K.G; LIMA, C.A; SANO, S.M. Diversidade genética de Pitayas nativas do cerrado com base em marcadores RAPD. In: 4º CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 4, 2007, São Lourenço- MG. Diversidade genética de Pitayas nativas do cerrado com base em marcadores RAPD, Lavras: UFLA, 2007. CD-ROM. LE BELLEC, F. et al. Pitahaya (Hylocereus spp.): a new crop, a market with a future. Fruits, v.61, n.4, p.237-250, 2006. Disponível em: <http://pdfcast.org/pdf/pitahaya-hylocereus-sppa-new-fruit-crop-a-market-with-a-future>. Acesso em: 22 abril. 2014. doi: 10.1051/fruits:2006021. LORENZI, H. et al. Frutas Brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006.672p. Mahattanatawee K, Manthey JÁ, Luizo G, Talcott ST, Goodner K, Balswin EA. Total antioxidante activity and fiber content of select Florida-grown tropical fruits. J Agric Food Chem. 2006;54(19):7355-63. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 5

MARQUES, V.B.; MOREIRA, R.A.; RAMOS, J.D; ARAÚJO, N.A.; SILVA, F.O.R. Fenologia reprodutiva de pitaia vermelha no município de Lavras, MG. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.6, p.984-987, 2011. Miller, G.L. 1959. "Use of Dinitrosalicylic Acid Reagent for Determination of Reducing Sugar." Anal. Chem. 31:426-428. Mizrahi, Y. and A. Nerd and P.S. Nobel. 1997. Cacti as crops. Hort. Rev. 18:291-319. MOREIRA, R.A; RAMOS, J.D.; MARQUES, V.B.; ARAÚJO, N.A.; MELO, P.C. Crescimento de pitaia vermelha com adubação orgânica e granulado bioclástico. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.5, p.785-788, 2011. OLIVEIRA, M. E. B.; BASTOS, N. S. R.; FEITOSA, T.; BRANCO, A. A. C.; SILVA, M. G, G. Avaliação de parâmetros de qualidade físico-químicos de polpas congeladas de acerola, cajá e caju. Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.19 n.3 Campinas Sept./Dec. 1999. OLIVEIRA, M. E. B.; FEITOSA, T.; BASTOS, M. S. R.; FREITAS, M. L.; MORAIS, A. S. Qualidade de polpas congeladas de frutas, fabricadas e comercializadas nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. B.CEPPA, v. 16, n. 1, Curitiba, p. 13-22, 1998. Rufino MSM, Alves RE, Brito ES, Morais SM, Sampaio CG, Pérez-Jiménez J, et al. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. EMBRAPA Com Técn.2007; 127:1-4. SILVA, M. R. et al. Caracterização química de frutos nativos do cerrado.cienc. Rural, Santa Maria, v. 38, n.6, p. 1790-1793, 2008. SOUZA, L. S.; JUNQUEIRA, K. P.; LIMA, C. A.; CASTIGLIONI, G. L.; VILLANOVA, A. C. C.; JUNQUEIRA, N. T. V.; SILVA, D. G. P.; FALEIRO, F. G.; SANTOS, E. C.; BELLON, G.; JUNQUEIRA, L. P. Características físico-químicas de frutos de pitaya cultivada nos cerrados. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 19., 2006, Cabo Frio. Frutas do Brasil: saúde para o mundo: palestras e resumos. Cabo Frio: SBF; UENF; UFRRJ, 2006. p. 323. Wu LC, Hsu HW, Chen YC, Chiu CC, Lin YL, Ho JÁ. Antioxidant and antiproliferative activities of red pitaya.food Chem. 2006; 95(2):319-27. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 6