CONTRIBUIÇÃO DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO NA INTERAÇÃO ENTRE A CRIANÇA, A FAMÍLIA E A EQUIPE DE ENFERMAGEM

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Transcrição:

1343 CONTRIBUIÇÃO DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO NA INTERAÇÃO ENTRE A CRIANÇA, A FAMÍLIA E A EQUIPE DE ENFERMAGEM CONTRIBUTION OF THE INTERACTION BETWEEN THERAPEUTIC TOY CHILD, FAMILY AND NURSING TEAM Amanda Santos Gomes Enfermeira. Graduada pela Faculdade Dom Pedro II, Salvador-Ba, Brasil. amandagomes2@hotmail.com Genivaldo Pereira Ribeiro Enfermeiro. Graduado pela Faculdade Dom Pedro II, Salvador-Ba, Brasil. genepribeiro@hotmail.com Leidiane Silva Lima Enfermeira. Graduada pela Faculdade Dom Pedro II, Salvador-Ba, Brasil. leidianesilvalima@yahoo.com.br Edvana dos Santos Ferreira Mestre em Patologia Humana. Área de Concentração Imunorregulação e Microbiologia Fiocruz/UFBA. Docente Faculdade Dom Pedro II Disciplina TCCIII. Coordenadora geral Pós Graduação Faculdade Maurício de Nassau. edvanaferreira.8@gmail.com RESUMO A utilização do brinquedo terapêutico na rotina diária dos profissionais de pediatria traz grandes benefícios, não só para o tratamento da criança hospitalizada como para a melhoria na assistência prestada pelo profissional de enfermagem. Desse modo esse artigo tem por objetivo compreender de que forma o brinquedo terapêutico pode contribuir para a melhora no tratamento da criança hospitalizada e na interação entre a criança, a equipe e a família, através de uma revisão sistemática de literatura. A pesquisa foi realizada por meio das bases de dados eletrônicas LILACS e SCIELO. A seleção dos artigos baseou-se nos critérios de inclusão: texto (na íntegra), idioma (português), tipo de documento (artigo) e ano de publicação (2008-2013). Todas as publicações selecionadas demonstraram melhora no tratamento das hospitalizadas. A utilização do brinquedo terapêutico leva a criança a exteriorizar seus sentimentos, diminuindo seus medos e ansiedades, levando a uma melhor aceitação na realização dos procedimentos, melhora no apetite, diminuição no tempo de hospitalização e uma maior interação entre a criança e o profissional. Por meio dos resultados obtidos foi possível constatar que o brinquedo terapêutico traz diversos efeitos positivos para a criança hospitalizada e que esta prática deveria ser introduzida nos cursos de graduação da área de saúde. PALAVRAS-CHAVE: Criança hospitalizada. Ludoterapia. Hospitalização. ABSTRACT The use of therapeutic play in the daily routine of pediatric professionals brings great benefits, not only for the treatment of hospitalized children and for improving the care provided by the nursing professional. Thus this article aims to understand how the therapeutic play can contribute to the improvement in the treatment of hospitalized children and the interaction between the child, the team and the family, through a systematic literature review. The survey was conducted through electronic databases LILACS and SciELO. The selection of items was based on the inclusion criteria: text (in

1344 full), language (Portuguese), document type (article) and year of publication (2008-2013). All selected publications showed improvement in the treatment of hospitalized children. The use of therapeutic play leads the child to externalize their feelings, decreasing their fears and anxieties, leading to better acceptance in the procedures, improvement in appetite, decreased hospitalization time and greater interaction between the child and the professional. Through the results it was found that the therapeutic play brings many positive effects for hospitalized children and that this practice should be introduced in undergraduate healthcare. KEY WORDS: Hospitalized children. Play therapy. Hospitalization. INTRODUÇÃO Segundo Maia, Ribeiro e Borba (2008), o brincar tem a finalidade de atuar como um fator estimulante das relações sociais e, ao ser transferido para a criança hospitalizada, torna-se essencial para se manter um laço saudável e seguro, já que esta perde suas referências por está em outro ambiente diferente do seu habitat e de sua rotina diária. No processo de hospitalização, a criança passa a conviver em um ambiente hostil, com pessoas desconhecidas, estando sujeita a vários tipos de tratamentos, muitos deles invasivos, dolorosos e angustiantes. Elas passam a ter horários e restrições, tornando-se agressivas, estressadas, apáticas e ansiosas o que compromete o seu desenvolvimento psicomotor, social e emocional. Nesse momento exige-se maior atenção e cuidados, pois qualquer desestruturação nessa fase influencia na qualidade de vida e em seu desenvolvimento (BRITO et al., 2009). A preocupação com as consequências decorrentes do contexto ambiental sobre o desenvolvimento psíquico, físico e intelectual da criança vem ganhando ênfase ao longo dos tempos. Dentre os vários contextos que têm sido objetos de estudos encontra-se o contexto hospitalar. Nele a criança costuma experimentar sentimentos de insegurança, desconforto e sofrimento psíquico decorrente do afastamento dos pais, dos amigos, da escola, de sua residência, de seus brinquedos, pela submissão à passividade, pela restrição ao leito, pela obediência aos procedimentos que é submetida e pelo perigo real da morte (PARCIANELLO; FELIN, 2008). Nesse sentido, é necessário criar estratégias para promover um cuidado mais humanizado e individualizado, o brinquedo terapêutico aparece então como uma ferramenta estabelecendo uma forte influência transformadora na manutenção da saúde (SILVA; SILVA, 2012). As brincadeiras auxiliam o desenvolvimento infantil e quando se trata dessa interatividade no ambiente hospitalar, ela assume uma denotação especial para a criança, no sentido de contribuir para aquisição da sua autoestima, valorizando a vida e criando uma expectativa de poder retornar suas atividades cotidianas. Além disso, promove o bem- estar assumindo uma sensação de prazer e alegria, tornando o ambiente hospitalar um local mais aconchegante e agradável (BORGES; NASCIMENTO; SILVA, 2008). Segundo Casara, Generosi e Sgarbi (2007, apud PICHETTI; SANTINI; TRENTIN, 2011), na hospitalização infantil, é de grande importância proporcionar situações que faça a criança relembrar sua vida saudável, incentivando sua vitalidade, criatividade, o seu desejo de viver, enfim trazer de volta sentimentos que

1345 são percebidos em momentos de diversão. Quando o brinquedo terapêutico é aplicado em hospitalizadas ajudam no tratamento obtendo assim resultados satisfatórios. O brincar tem como objetivo desenvolver a expressão da criança, pois é através das brincadeiras que as manifestam seus anseios e conflitos buscando lidar melhor com esses sentimentos (BORGES; NASCIMENTO; SILVA, 2008). A utilização do brinquedo terapêutico auxilia a criança a compreender a situação em que está vivenciando, ajuda a se preparar para procedimentos aos quais será submetida, permitindo que ela exponha seus medos, temores e angústias, promovendo seu bem-estar psicofisiológico. Seu uso na assistência de enfermagem leva a criança a interagir com o ambiente e dessa forma a se desenvolverem socialmente, permitindo uma melhor interação entre a criança, a família e a equipe (SOUZA et al., 2012). A prática de desenvolvimento de atividades lúdicas em hospitais vem ganhando espaço e se tornando uma terapia de grande importância, pois essa ação possibilita uma melhor afetividade entre o paciente e a equipe de enfermagem, minimizando as alterações de comportamento da criança causado pelos procedimentos a que são submetidas, além disso, o ato de brincar é um direito que assiste a todas as e que está assegurado legalmente através da Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990 que dispões sobre o Estatuto de Criança e do Adolescente. No entanto a utilização do brinquedo terapêutico ainda é muito restrita nas instituições brasileiras (BRASIL, 2013). Nesse contexto o objetivo primordial desse trabalho é compreender de que forma o brinquedo terapêutico contribui para uma melhoria no tratamento de hospitalizadas. Dessa forma uma vez entendido os benefícios dessa ferramenta na qualidade de vida das, será possível não só identificar as possíveis contribuições do brinquedo terapêutico para uma maior interação entre o profissional-paciente-família, assim como também verificar de que maneira o brinquedo terapêutico possibilita um ambiente hospitalar agradável, acolhedor, alegre e mais próximo do cotidiano da criança. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e descritivo que consiste em uma revisão sistemática da literatura, sobre a contribuição do brinquedo terapêutico na interação entre a criança, a família e a equipe de enfermagem. A pesquisa foi realizada de julho de 2013 a novembro de 2014, utilizando as bases de dados eletrônicas, nacionais e internacionais, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), através da consulta pelos seguintes descritores: hospitalização, criança hospitalizada e ludoterapia, considerando o período de publicação de 2008 a 2013. Foi encontrado um universo de 250 artigos publicados na base de dados LILACS e SciELO. Utilizando a palavra-chave ludoterapia, foram encontradas nove publicações na base SciELO e 63 na base LILACS. Com a palavra-chave criança hospitalizada foram localizadas 85 artigos na base SciELO e 61 na LILACS.

1346 Utilizando a palavra-chave hospitalização, foram encontrados 21 artigos na base SciELO e 11 na LILACS. Após avaliação criteriosa, supressão das duplicatas e das publicações cuja temática não contemplava a abordagem desse estudo, permaneceram seis artigos. Os artigos identificados pela estratégia de busca foram avaliados, obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão: texto na íntegra, tempo de busca de (2008 a 2013), população alvo (criança), intervenções (assistência de enfermagem), tipo de estudo (descritivo) e idioma (português). Foram excluídos os estudos que não obedeceram aos critérios de inclusão supracitados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os estudos selecionados foram realizados em diferentes cidades do Brasil três em São Paulo (SP), um em Porto Alegre (RS), um em Cascavel (PR) e um em Campo Grande (PB). Com relação ao ano de publicação, esses se encontram no intervalo de 2008 a 2012. Quanto ao público alvo, todos os artigos utilizaram como amostra de ambos os sexos. Todos os artigos são estudos epidemiológicos, descritivos, com abordagem quanti-qualitativa. Das seis publicações, todas foram realizadas em hospitais. Para facilitar a análise e apresentação dos resultados, elaborou-se a TAB. 1 com dados sobre autor e ano de publicação, objetivo, amostra e resultados. TABELA 1 Benefícios na Utilização do Brinquedo Terapêutico (CONTINUA) Autor e ano de Publicação Mussa; Malerbi (2008). Objetivo Amostra Resultados Avaliar o impacto da atividade lúdica desenvolvida por um grupo de contadores de histórias sobre o estado emocional e as queixas de dor de hospitalizadas. 15 com idade entre 5 e 10 anos. A maioria das aumentou a interação após a visita dos contadores, diminuíram as queixas de dor, ficaram mais calmas durante os procedimentos médicos, aumentaram as movimentações pela enfermaria do hospital, além de apresentarem maior aceitação dos alimentos. Azevedo et al. (2008). Investigar o nível de aceitação de atividades voluntárias direcionadas a hospitalizadas e avaliar a eficácia destas atividades perante a evolução clínica das, na opinião dos acompanhantes. 16 acompan hantes de hospitaliz adas do gênero feminino. Dentre os 16 participantes, 93,75% afirmaram que o trabalho consegue diminuir o período de internação das, que a aceitação aos procedimentos clínicos é 100% favorecida, que as brincadeiras conseguem distrair também os acompanhantes e familiares. O simples ato de brincar representa um recurso para a criança entender o mundo que a cerca e o que acontece com ela, possibilitando a elaboração de conflitos, frustrações e traumas.

1347 TABELA 1 Benefícios na Utilização do Brinquedo Terapêutico (CONTINUAÇÃO) Autor e ano de Publicação Objetivo Amostra Resultados Fontes et Utilizar o brinquedo como al. (2010). recurso terapêutico no alívio das tensões reais e inconscientes da criança em relação a hospitalização. 44 com idade média de 9 anos sendo 54,5% do sexo masculino e 45,5% do sexo feminino. O brinquedo foi um efetivo instrumento de comunicação, por meio dos quais as podem ouvir explicações dos profissionais e retirar dúvidas quanto aos procedimentos, proporcionando assim, segurança e conforto. Proporcionou oportunidades para elas exteriorizarem emoções e conflitos sobre a realidade concreta. A familiarização com os objetos diminui a sensação de estranhamento, temor ocorrendo uma desmistificação desses objetos. Demonstrou que a criança utiliza sua imaginação, criatividade e percepção e através deste consegue representar seus medos, fantasias e anseios das circunstancias vivenciadas. Estabeleceu interação com outras favorecendo as relações interpessoais. Castro et al. (2010). Jasen; Santos; Favero (2010). Analisar de forma qualiquantitativa os benefícios do Brincar como Instrumento Terapêutico em hospitalizadas. Verificar os benefícios da utilização do brinquedo durante o cuidado de enfermagem a criança hospitalizada. Crianças de ambos os gêneros e 14 sujeitos pai (5), mãe (5) e tia (4). 10 sujeitos: 3 acima de 5 anos e 7 mães de hospitaliz adas). 14 (100%) dos sujeitos mencionaram melhora no humor dos filhos. 13 (93%) tiveram aumento da disposição. 12 (86%) apresentaram-se menos ansiosos. 11 (78%) apresentaram diminuição do choro. 10 (71%) aumentaram o apetite. 10 (71%) mostraram-se menos irritados. 3 (21%) aderiram melhor ao tratamento. A utilização do brinquedo é excelente recurso para a enfermagem no atendimento às hospitalizadas. As características do brinquedo facilitaram a comunicação, participação, aceitação de procedimentos e motivação da criança, o que possibilitou manutenção da individualidade, diminuição do estresse e possibilidade de implementação de um cuidado menos traumático à criança e sua família. Zanella (2012) Reduzir os sentimentos da internação hospitalar em por meio da utilização da brinquedoterapia. FONTE: Dados da pesquisa Cinco na faixa etária de 2 a 12 anos. A aplicação da brinquedoterapia em hospitalizadas traz diversas vantagens, pois possibilita que as mesmas reconheçam o que lhe ocorre, diminui os medos, angústias, auxilia no desenvolvimento psicomotor, social, proporcionando momentos de descontração, diversão e espontaneidade.

1348 Os autores dos estudos demonstraram que a utilização do brinquedo terapêutico trouxe benefícios significativos para o tratamento das hospitalizadas, afirmando que a utilização da brinquedoterapia leva a criança a exteriorizar seus sentimentos permitindo que expressem seus medos e angústias, apresentando diminuição do choro, do estresse, das queixas de dor e da ansiedade, minimizando assim seus anseios causados pelas circunstâncias vivenciadas. Com relação ao período de internação hospitalar apenas o estudo de Azevedo et al. (2008) evidenciou a diminuição no tempo de hospitalização. Quanto à participação na realização dos procedimentos os estudos de Mussa; Malerbi (2008), Castro et al. (2010), Jasen; Santos e Favero (2010), Azevedo et al. (2008), conseguiram demonstrar que após as atividades as passaram a aceitar e aderir melhor aos procedimentos a que eram submetidas, pois se sentiram mais confortáveis e seguras nas mãos dos profissionais. Mussa; Malerbi (2008) e Castro et al. (2010) demonstraram que após a realização da brinquedo terapia as apresentaram uma melhora no estado emocional, pois ficaram mais alegres, o que contribuiu para uma maior disposição e movimentação, além disso a atividade proporcionou uma maior aceitação dos alimentos devido a diminuição do estresse, a melhor compreensão da realidade vivida e a manutenção da individualidade causada pelas brincadeiras. Quanto as relações interpessoais os estudos de Jasen; Santos e Favero (2010), Fontes et al. (2010), Mussa; Malerbi (2008) comprovaram que após as brincadeiras houve melhora na comunicação e interação entre a criança e a equipe favorecendo seu tratamento e facilitando a assistência prestada. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo constatou os efeitos positivos do brinquedo terapêutico realizado com dentro do ambiente hospitalar, tendo como característica principal divertir, distrair, amenizar possíveis traumas decorrentes de sua internação. Além disso, a brinquedoterapia proporciona uma troca de experiência entre paciente, equipe e família estimulando a sociabilidade de todos que estão inseridos no processo de cuidar. Dessa forma, entende-se que um bom relacionamento entre a equipe e o paciente pode estimular e melhorar a aceitação do tratamento, bem como a continuidade do seu internamento. Apesar da eficácia deste instrumento, os estudos analisados demonstram que o brinquedo terapêutico é pouco utilizado nas instituições hospitalares, devido a falta de capacitação profissional, a falta de tempo ou de estímulo, o que contribui para a não utilização desta ferramenta que promove um efeito benéfico aos pacientes que necessitam de cuidados especiais para promover a melhora do seu quadro. Portanto, torna-se imprescindível a inserção de práticas do brincar na estrutura curricular das graduações na área de saúde que estão inseridos nesse contexto, com o intuito de possibilitar a capacitação para desenvolver habilidades necessárias para o uso do brinquedo terapêutico, pois a brinquedoterapia é um dos meios mais eficientes de assistir hospitalizadas. REFERÊNCIAS

1349 AZEVEDO, D. M. et al. O brincar enquanto instrumento terapêutico: opinião dos acompanhantes. Revista Eletrônica de Enfermagem, [S.l.], v. 10, n. 1, out. 2008. BORGES, E. P.; NASCIMENTO M. D. S. B.; SILVA, S. M. M. Benefícios das atividades lúdicas na recuperação de com câncer. Boletim Academia Paulista de Psicologia, n. 02/08, p. 211-221, 2008. BRASIL. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade. Brasília, 13 de julho de 1990. BRITO T. R. P. et al. As práticas lúdicas no cotidiano do cuidar em enfermagem pediátrica. Esc. Anna Nery Rev. Enfermagem, v. 13, n. 4, p. 802-808, 2009. CASTRO, D. P. et al. Brincar como instrumento terapêutico. Pediatria, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 246-254, 2010. FONTES, C. M. B. et al. Utilização do brinquedo terapêutico na assistência à criança hospitalizada. Rev. Brasileira, Marília, v. 16, n. 1, p. 95-106. Jan./abr. 2010. JASEN, M. F.; SANTOS, R. M.; FAVERO, L. Benefícios da utilização do brinquedo durante o cuidado de enfermagem prestado à criança hospitalizada. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 247-253, jun. 2010. MAIA, E. B. S.; RIBEIRO, C. A.; BORBA, Regina Issuzu Hirooka de. Brinquedo Terapêutico: benefícios vivenciados por enfermeiros na prática assistencial à criança e família. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 29, n. 1, p. 39-46, mar. 2008. MUSSA, C.; MALERBI, F. E. K. O impacto da atividade lúdica sobre o bem-estar de hospitalizadas. Psicologia: Teoria e Pratica. São Paulo (SP); 10 (2): 83-93. 2008. PARCIANELLO, A. T.; FELIN, R. B. E agora doutor, onde vou brincar? Considerações sobre a hospitalização infantil. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 28, Jan/Jun. 2008. PICHETTI, S. A.; SANTINI, H.; TRETIN, D. T. Recreação terapêutica: visão da equipe multidisciplinar da unidade de pediatria de um hospital da Serra gaúcha. Do Corpo: Ciências e Artes, Caxias do Sul, v. 1, n. 1, jul./dez. 2011. SILVA, A. C. M.; SILVA, M. A. As Contribuições da Arte Lúdica do Restabelecimento da Saúde Humana. Goiânia, 39, n. 4, p. 469-480, out./dez. 2012. SOUZA, L. P. et al. O brinquedo terapêutico e o lúdico na visão da equipe de enfermagem. J Health Sci Inst. v. 30, n. 4, p. 354-358,2012.

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