Torque muscular de flexores e extensores de joelho de mulheres idosas com osteoporose

Documentos relacionados
& ANÁLISE DO DÉFICIT DE TORQUE MUSCULAR DE FLEXORES E EXTENSORES DE JOELHO DE MULHERES IDOSAS COM OSTEOPOROSE

joelho em indivíduos idosos socialmente ativos.

PICO E DÉFICIT DE TORQUE MUSCULAR DE FLEXORES E EXTENSORES DE JOELHO DE MULHERES IDOSAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

Mestrando em Ciências da Reabilitação, pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFCSPA, Rio Grande do Sul.

RBCS ARTIGOS ORIGINAIS RESUMO ABSTRACT

EFEITO DO TREINAMENTO DE EXERCÍCIOS DE FLEXIBILIDADE SOBRE A MARCHA DE IDOSAS

Correlação entre força muscular (torque muscular) de flexores e extensores de joelho e risco de quedas em idosos

INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NA FORÇA MUSCULAR DE TRONCO DE MULHERES

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda

IMPACTO DA ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PORTADORES DE ARTROSE INCAPACITANTE.

Viscoelasticidade dos flexores plantares, salto vertical e envelhecimento

EXERCÍCIO PARA IDOSOS

Avaliação isocinética. "Análise do desempenho muscular de flexores e extensores de joelho em jovens desportistas praticantes de voleibal"

Descrição da avaliação de força muscular em idosas praticantes de atividades físicas

DISFUNÇÕES HORMONAIS: OSTEOARTROSE

Práticas e programas de musculação para a população acima de sessenta anos

EFEITO DA PRÁTICA DE JIU-JITSU NA DENSIDADE ÓSSEA DO SEGUNDO METACARPO

A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO NA OSTEOPOROSE: UM ESTUDO DE CASO

16 de Setembro de V. Pinheira 1,2 ; A. Pinto 3 ; A. Almeida 3.

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

Prevenção da Artrose e Osteoporose. Prof. Avelino Buongermino CREFITO-3/6853-F

CONSUMO ALIMENTAR DAS MULHERES DO CENTRO DE MELHOR IDADE E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (OSTEOPOROSE)

COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM IDOSAS ATIVAS E SEDENTÁRIAS

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

TÍTULO: FORÇA MUSCULAR E FUNÇÃO PULMONAR EM NADADORES DE AGUAS ABERTAS

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

DANILO LUIZ FAMBRINI DEFICIT BILATERAL: COMPARAÇÃO ENTRE INDIVIDUOS TREINADOS E NÃO TREINADOS EM UM PROGRAMA DE TREINAMENTO COM PESOS

28/07/2014. Efeitos Fisiológicos do Treinamento de Força. Fatores Neurais. Mecanismos Fisiológicos que causam aumento da força

Depto de Ciências do Esporte da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Resumo

DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA ARTROSE Diagnóstico- Prevenção - Tratamento

O Impacto de uma pesquisa de hidroginástica na captação de novos clientes Condicionamento cardiorrespiratório

TÍTULO: ALTERAÇÕES MORFOFUNCIONAIS DECORRENTE DE DOIS MÉTODOS DE TREINAMENTO DE FORÇA

Por que devemos avaliar a força muscular?

27/5/2011. Arquitetura Muscular & Envelhecimento. Envelhecimento: Associado à idade cronológica. Evento multideterminado (difícil determinação)

INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NOS PARÂMETROS DE FORÇA MUSCULAR DA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO DE MULHERES

Por que devemos avaliar a força muscular?

Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DE FLEXORES E EXTENSORES DE JOELHO EM ATLETAS JUVENIS FEMININAS DE FUTEBOL

Capacidade Funcional e Bomba Muscular Venosa na Doença Venosa Crónica

BIOMECÂNICA NO ENVELHECIMENTO

NUT-154 NUTRIÇÃO NORMAL III. Thiago Onofre Freire

A INTERVENSÃO FISIOTEPÁPICA NA OSTEOPOROSE

Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes

Alterações no sistema músculo esquelético com o envelhecimento. Prof. Dra. Bruna Oneda

AVALIAÇÃO DOS TORQUES ISOMÉTRICOS DO QUADRIL E JOELHO EM ATLETAS DE CORRIDA DE AVENTURA QUE APRESENTAM SÍNDROME DO TRATO ILIOTIBIAL

TÍTULO: O IMPACTO DO AQUECIMENTO E DO ALONGAMENTO NO DESEMPENHO DE FORC A

Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos. Prof. Dr. Matheus M. Gomes

CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO TORQUE MUSCULAR DOS MÚSCULOS ADUTORES E ABDUTORES DO QUADRIL

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GERIATIA E GERONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA

Pico de torque e relação isquiotibiais/quadríceps de idosas praticantes de ginástica em dois grupos de convivência no contexto Passo Fundo - RS

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: ( X ) Resumo ( ) Relato de Caso

ANÁLISE DA EFICACIA DO USO DA CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO DE LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR ESTUDO DE CASO

Título do Trabalho: Aplicação Da Kinesio Taping Na Correção Funcional Da Marcha

CUIDADOS COM A MOBILIDADE Da infância à terceira idade

IDENTIFICAR AS PATOLOGIAS OSTEOMUSCULARES DE MAIORES PREVALÊNCIAS NO GRUPO DE ATIVIDADE FÍSICA DO NASF DE APUCARANA-PR

COMPORTAMENTO DO PICO DE TORQUE EM UM TREINAMENTO AQUÁTICO FRENTE A DIFERENTES VELOCIDADES DE EXECUÇÃO RESUMO

O IMPACTO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO FÍSICO NA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Resultados Sensíveis aos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação na Artroplastia Total do Joelho

AVALIAÇÃO DE FORÇA DE PREENSÃO MANUAL EM IDOSOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO Flávia Gomes de Melo Coelho Bruno Teodoro Gonzaga Geni de Araújo Costa

Nutrição e suplementação no idoso para bons resultados na prescrição do exercício. Bianca Ramallo Dias

VICTOR DA SILVA MARANHO EFEITO CRÔNICO DO ALONGAMENTO ESTATICO ATIVO SOBRE A FORÇA E A FLEXIBILIDADE: UM ESTUDO DE CASO

Isocinética. Prof Dr Marcelo Riberto. Conceitos iniciais

EXERCÍCIO RESISTIDO PARA A TERCEIRA IDADE COMO MELHORIA DO BEM ESTAR E DA QUALIDADE DE VIDA

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

REVISTA ELETRÔNICA DE TRABALHOS ACADÊMICOS - UNIVERSO/GOIÂNIA ANO 3 / N. 5 / PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS - MULTIDISCIPLINAR

ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE LESÕES ARTICULARES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO DAS CIDADES DE PITANGUEIRAS E GUAÍRA-SP

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

CORRELAÇÃO ENTRE OS COMPONENTES DA FORÇA MUSCULAR E A FUNCIONALIDADE DE IDOSOS TREINADOS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Ciências da Reabilitação

TÍTULO: EFEITO DA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA SEMANAL NO TREINAMENTO DE FORÇA NO DESEMPENHO DA POTÊNCIA

DEPARTAMENTO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CENTRO DE TRAUMATOLOGIA DE ESPORTE

O que você precisa saber antes de treinar seu novo cliente. P r o f ª M s. A n a C a r i n a N a l d i n o C a s s o u

Programas de Treinamento com Pesos

AVALIAÇÃO DA FORÇA DO MEMBRO INFERIOR POR MEIO DO PICO DE TORQUE

VI Congresso Internacional de Corrida- 2015

ANÁLISE DA FORÇA DE PREENSÃO DE MULHERES IDOSAS Estudo Comparativo entre Faixas Etárias

AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR (TORQUE MUSCULAR) DE FLEXORES E EXTENSORES DE JOELHO EM INDIVIDUOS IDOSOS SOCIALMENTE ATIVOS

AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DOS MÚSCULOS EXTENSORES E FLEXORES DE JOELHO EM PRATICANTES DE CICLISMO INDOOR

VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA EM IDOSOS: UM ESTUDO DE ASSOCIAÇÃO PRIMEIRO LUGAR MODALIDADE PÔSTER

CREF13/BA MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS

MANUSCRITO ACEITO Acta Fisiatr. 2018;25(4)

AVERIGUAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL NO REPOUSO E APÓS ATIVIDADE FÍSICA EM ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA

Informação sobre diretrizes do curso, princípios da reabilitação esportiva.

IMPACTOS DA GINÁSTICA FUNCIONAL NA AUTOESTIMA DE IDOSOS NA MAIOR IDADE

PROGRAMA DE EXERCÍCIO FÍSICO COMO AUXÍLIO NA MELHORIA DA AUTONOMIA FUNCIONAL DA TERCEIRA IDADE 1

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG

GLÚTEO MÉDIO E ALTERAÇÕES BIOMECÂNICAS DO MEMBRO INFERIOR

TREINAMENTO RESISTIDO EM IDOSOS: UMA REVISÃO SOBRE A INTENSIDADE DE TREINO

Logo do Setor. Prof. André L. Estrela

Efeito das variações de técnicas no agachamento e no leg press na biomecânica do joelho Escamilla et al. (2000)

Análise da força e autonomia de idosas: relação entre idade e performance musculoesquelética

Central de Cursos. Prof. Msc Fabrizio Di Masi

A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA ENTRE IDOSO DO DISTRITO DE MORORÓ

AUTOR(ES): BRUNO SANTORO FERNANDES, BRUNO LUIGI MANTOVANI, EDSON BARBOZA, MAYARA CRISTINA BAHIA DE SOUZA, RICARDO DOS SANTOS DINIZ

ALUNAS: MARIA VITÓRIA SILVA GOMES JULIANA FERREIRA WHIRILENE CASSIANO GINOELY SHIRLEY G. GÁRCIA

Evaluation of Isokinetic Muscular Strength of Brazilian Paralympic Athletes

Otávio Silva da Mata. Thiago Campos Saraiva Araújo Bitencourt

Prevalência de Doenças Cardiovasculares e Respiratórias em Idosos da Comunidade

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS

Transcrição:

Torque muscular de flexores e extensores de joelho de mulheres idosas com osteoporose Lia Mara Wibelinger *, Aline Tonial **, Gisele de Oliveira ** Resumo A osteoporose é uma doença sistêmica que resulta em redução da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando à perda da força muscular, com consequente predisposição a fraturas com trauma mínimo, atingindo a todos, em especial a mulheres após a menopausa. Com o envelhecimento populacional, sua frequência aumenta de maneira explosiva, atingindo uma legião de pessoas e tornando-se um sério problema de saúde pública. A avaliação isocinética permite o estudo da função dinâmica dos músculos pela avaliação quantitativa do arco de movimento, da força e de variáveis do desempenho muscular. O presente estudo teve como objetivo avaliar o pico de torque muscular de flexores e extensores de joelho de mulheres idosas com osteoporose nas seguintes velocidades angulares de 120, 180 e 240 o /s. Concluiu-se que os músculos extensores dos joelhos são mais fortes do que os flexores e que a musculatura flexora não apresentou relação entre as velocidades e o pico de torque mus cular. Além disso, o exercício físico é de fundamental importância para a manutenção da massa muscular e, consequentemente, no torque (força) muscular de mulheres idosas com osteoporose. Palavras-chave: Torque. Dinamômetro de força muscular. Osteoporose. Envelhecimento. Mulheres. Introdução O envelhecimento é responsável por algumas alterações fisiológicas no sistema neuromuscular que levam a um decréscimo de força muscular (FM), com consequente decréscimo da função muscular, aumentando, assim, a perda da densidade óssea mineral e o número de quedas e fraturas ósseas. (LIDLE et al., 1997). A Organização Mundial da Saúde classificou a osteoporose como uma doença esquelética sistêmica caracte- * Fisioterapeuta. Mestra e Doutoranda em Gerontologia Biomédica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Docente da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Endereço para correspondência: Rua Uruguai, 2200, Passo Fundo - RS, CEP 99010-112. E-mail: liafisio@ upf.br. ** Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Recebido em janeiro de 2009 - Avaliado em setembro de 2009. doi:10.5335/rbceh.2009.034 353

Lia Mara Wibelinger, Aline Tonial, Gisele de Oliveira rizada por diminuição da massa óssea e deteriorização microarquitetural do tecido ósseo, com conseqüente aumento da fragilidade óssea e susceptibilidade à fratura. (RENNÓ et al., 2004). A mulher é especialmente vulnerável, em decorrência a redução progressiva da função ovariana. Esse processo se inicia a partir dos 35 anos, quando começa a redução da massa óssea, acentuando-se depois dos cinquenta, momento em que comumente ocorre a menopausa. (MONTILLA; ALDRIGHI; MARUCCI, 2004). Após a menopausa, os ovários tornam-se inativos e ocorre mínima ou nenhuma liberação de estrógeno, coincidindo com a redução da absorção de cálcio pelo intestino, em virtude da baixa produção de calcitonina, que inibe a desmineralização óssea. A quantidade diminuída de estrógeno é um determinante importante na perda óssea durante a menopausa e, quando precoce, o risco é muito maior. (LANZILLOTTI et al., 2003). O aparelho isocinético é um recurso que permite ao fisioterapeuta mensurar de forma precisa, por exemplo, a força muscular, em comparação com outros métodos, como o teste manual de força. Conhecer a capacidade real, por meio da dinamometria isocinética, permite que os indivíduos sejam mais bem atendidos. (HAMILL; KNUTZEN, 1999). O pico de torque é a maior força muscular gerada em determinado momento durante uma repetição, sendo indicativo da capacidade de força muscular. (AS- TRAND, 1992). Também denominado momento máximo de resistência, corresponde ao pico da curva registrada. É o valor estudado e utilizado com mais frequência, tanto para os estudos como para determinar uma porcentagem de carga para o fortalecimento. (CHATRE- NET; KERKOUR, 2002). Diante disso, este estudo avaliou o torque muscular (força muscular) de flexores e extensores de joelhos por meio do dinamômetro isocinético computadorizado Biodex TM Multi Joint System 3 Pro, nas velocidades angulares de 120, 180 e 240 o /s, em mulheres idosas socialmente ativas com osteoporose. Metodologia O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Passo Fundo, sob n o (034/2008), conforme determina a resolução CNS 196/96. A população foi composta por cem idosas socialmente ativas, com idade acima de sessenta anos, que participavam regularmente de programas de atividades físicas no Creati (Centro Regional de Estudos Sobre a Terceira Idade) da cidade de Passo Fundo - RS. A avaliação isocinética ocorreu no Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelas idosas concordando em participar do estudo. Inicialmente foi aplicado um questionário, composto pelos seguintes dados: prática ou não de atividade física e frequência da mesma, se faziam uso de algum medicamento e qual, presença ou não de dor articular, patologias presentes, como artrose, osteoporose, hipertensão arterial sistêmica e outros. 354

Fizeram parte da amostra 21 idosas que preencheram os critérios de inclusão desta pesquisa, os quais foram: presença de osteoporose, sexo feminino, idade superior a sessenta anos, participantes de algum programa de atividade física semanal. Foram considerados como critérios de exclusão: idosos do sexo masculino, idade inferior a sessenta anos, pós-operatórios recentes de cirurgias de joelho e os que não apresentavam osteoporose. Para iniciar a avaliação isocinética eram mensuradas a pressão arterial e frequência cardíaca. Cada indivíduo era encaminhado para realizar um pré-aquecimento de 5min na bicicleta estacionária e, após, dava-se início à avaliação do torque muscular de flexores e extensores de ambos os joelhos no dinamômetro isocinético computadorizado Biodex TM Multi Joint System 3 Pro, nas velocidades angulares de 120, 180 e 240 o /s. média e desvio-padrão e realizadas as análises exploratórias, como as variações percentuais, figuras e tabelas. Dados gerais dos entrevistados A amostra foi composta por 21 mulheres com osteoporose, todas praticantes de hidroginástica Para melhor análise foram divididas em três grupos de diferentes idades: 60 a 69 anos (nove), 70 a 79 anos (dez) e mais de 80 anos (duas). A seguir analisa-se a estatística da amostra entre os grupos. Análise e discussão dos resultados Para a análise estatística foi utilizado o Windows Microsoft Excel, e o teste estatístico escolhido foi o teste t de Student, que possibilita analisar a diferença entre as médias do pico de torque entre os dois joelhos, direito JD (Nm) e esquerdo JE (Nm), nas diferentes velocidades 120, 180 e 240 o /s nas posições flexora e extensora. Foi utilizado o intervalo de confiança de 95%, admitindo-se existir diferença significativa quando o valor de p for inferior a 0,05. Também foram analisadas estatísticas descritivas como 355

Lia Mara Wibelinger, Aline Tonial, Gisele de Oliveira Tabela 1 - Osteoporose mulheres todas faixas etárias. Faixa etária Velocidade Movimento JD (Nm) JE (Nm) p-valor 120 60-69 anos 180 240 70-79 anos Mais de 80 anos * Nota: * p-valor significativo. Flexão 27,1 ± 14,0 28,6 ± 11,3 0,29 Extensão 52,6 ± 23,5 59,2 ± 21,8 0,09 Flexão 27,0 ± 11,9 25,8 ± 10,5 0,30 Extensão 44,9 ± 17,8 48,0 ± 19,8 0,19 Flexão 25,6 ± 10,3 27,3 ± 9,4 0,21 Extensão 39,7 ± 14,3 43,4 ± 17,3 0,42 120 Flexão 24,0 ± 10,3 24,5 ± 13,4 0,43 Extensão 50,9 ± 19,2 51,0 ± 25,9 0,49 180 Flexão 23,8 ± 6,6 24,0 ± 10,0 0,46 Extensão 45,4 ± 14,0 44,7 ± 15,7 0,42 240 Flexão 25,7 ± 5,5 25,7 ± 7,4 0,50 Extensão 40,4 ± 11,0 41,1 ± 13,7 0,39 120 Flexão 24,0 ± 0,2 22,4 ± 9,8 0,42 Extensão 47,4 ± 1,2 45,7 ± 10,0 0,41 180 Flexão 13,3 ± 2,5 14,4 ± 9,5 0,46 Extensão 41,3 ± 0,4 36,9 ± 7,1 0,26 240 Flexão 14,3 ± 4,7 11,8 ± 4,5 0,01* Extensão 35,6 ± 2,8 35,1 ± 0,9 0,39 Pela Tabela 1 têm-se a média do pico de torque, o desvio-padrão e o teste t da amostra, comparando os JD (Nm) e JE (Nm) nas três velocidades estudadas e nas duas posições. Pela análise gráfica pretende-se demonstrar melhor os resultados desta pesquisa e apontar suas diferenças percentuais. A Figura 1 apresenta a amostra feminina na posição de flexão e extensão nos dois joelhos (JD e JE) comparando as três velocidades. Observa-se que no movimento de extensão, conforme aumenta a velocidade, o pico de torque diminui, e que o joelho esquerdo apresenta o maior pico de torque em ambas as velocidades, ao passo que no movimento de flexão essa relação não se estabelece. 356

Figura 1 - Média de pico de torque nas mulheres faixa etária de 60 a 69 anos. Na Figura 2 observa-se que na menor velocidade estão os maiores picos de torque. Dessa forma, quanto mais aumenta a velocidade, mais diminui o pico de torque (movimento de extensão), ao passo que no movimento de flexão os valores são muito próximos e essa relação não se estabelece. Figura 2 - Média de pico de torque nas mulheres faixa etária de 70 a 79 anos. Na Figura 3 é possível observar que existe relação entre pico de torque e velocidade no movimento de extensão e, também, que o joelho direito apresenta maior pico de torque, o que não se confirma no movimento de flexão. Figura 3 - Média de pico de torque nas mulheres faixa etária de mais de oitenta anos. Discussão Atualmente, está bem descrito na literatura que tanto a massa como a força muscular diminuem com a idade. (HUGHES et al., 2001; LARSSON et al., 1979; ROGERS et al., 1993). É consensual que esse decréscimo se torna mais evidente a partir dos sessenta anos (DOHERTY et al., 1993), além de ser mais pronunciado nas mulheres. (ROOK et al., 1992). A força muscular máxima é alcançada por volta dos trinta anos e mantémse mais ou menos estável até a quinta década, idade a partir da qual se inicia o seu declínio. (GRINBY et al., 2001; LYNCH et al., 1999; LIDLE et al., 1997; KIGLARD et al., 1990). Diferentes estudos mostram que a diminuição da força dos membros inferiores com a idade é mais acentuada do que a observada nos membros superiores. (IZQUIERDO et al., 2001; LYNCH et al., 1999; LIDLE et al., 1997; KIGLARD et al., 1990). Na comparação do pico de torque dos músculos extensores de joelho dos 357

Lia Mara Wibelinger, Aline Tonial, Gisele de Oliveira indivíduos nas diferentes faixas etárias, (nas faixas etárias de 60-69, 70-79 anos, + de 80 anos), é possível observar que os extensores apresentam relação entre aumento de velocidade e pico de torque. Por sua vez, nos flexores essa relação não se estabelece, assim como os maiores picos de torque estão nos músculos extensores na menor velocidade. A avaliação isocinética foi realizada em ambos os membros inferiores e, quando se comparou o pico de torque entre os membros inferiores direito e esquerdo, verificou-se que os valores eram muito próximos. O presente estudo está em concordância com o estudo de Aquino e Dvir. Aquino avaliou isocineticamente o torque dos músculos flexores e extensores dos joelhos de 26 mulheres idosas numa velocidade angular de 60 o /s. Os resultados demonstraram não haver diferenças entre os valores do torque máximo do joelho direito em relação ao joelho esquerdo. Esses dados foram demonstrados tanto para o movimento flexor quanto para o extensor. (AQUINO et al., 2002). Para Dvir (1995), tanto a comparação entre grupos flexores bilaterais quanto a comparação entre extensores bilaterais podem apresentar desequilíbrio tolerado, considerado normal, entre o membro dominante e o não dominante de até 10%. Infere-se que acima desse percentual, no caso de joelho, considera-se presença de défice, devendo haver correção para que alterações na artrocinemática não se perpetuem. Na amostra das mulheres com mais de oitenta anos houve resultado estatisticamente significativo na velocidade de 240º no movimento de flexão (apesar de esta amostra ser composta somente por duas mulheres), o que está de acordo com Kauffman ao afirmar que os dispositivos isocinéticos são essenciais na avaliação do torque em várias velocidades. Isso é clinicamente importante por causa da perda de fibras musculares do tipo II, de contração rápida, relacionada com a idade. (KAUFFMAN, 2001). Conforme a literatura, entre os cinquenta e os setenta anos existe uma perda de, aproximadamente, 15% por década; após, a redução da força muscular aumenta para 30% em cada dez anos. A diminuição da força é não apenas específica de cada indivíduo, mas também de cada grupo muscular e, ainda, do tipo de contração. (HUGHES et al., 2001; IZQUIERDO et al., 2001; LYNCH et al., 1999; LIDLE et al., 1997; KIGLARD et al., 1990). Também foi possível observar que houve uma manutenção do torque (força) muscular nas diferentes faixas etárias avaliadas, o que pode ser justificado pelo fato de ambos os indivíduos da amostra realizarem atividades físicas regulares (hidroginástica). Os exercícios físicos proporcionam diversos benefícios fisiológicos aos idosos que participam de programas de atividades físicas. (CAMPANELLI, 2002). A prática regular de atividades físicas beneficia pessoas idosas pela melhora da saúde e da aptidão física, do aumento de oportunidades de contato social, de ganhos na função cerebral, de menores taxas de mortalidade e redução dos anos de incapacidade nas idades mais avançadas. (ASTRAND, 1990). 358

Os indivíduos fisicamente ativos também são mais flexíveis do que os inativos, especialmente em relação à amplitude de movimento articular do quadril, da coluna vertebral, dos tornozelos e dos joelhos. (VOORIPS et al., 1992). Klitergaard et al. (1990b) demonstraram a importância do treino da força como parte integrante de um programa de atividade física para idosos. Estudos têm demonstrado que os idosos podem aumentar sua força por meio do treinamento de fortalecimento muscular. Num estudo submetido ao controle, relatado por Frontera et al. (2000), mulheres idosas com idade variando entre 60 a 72 anos, aumentaram significativamente a força e a massa muscular do quadríceps após um programa de exercícios físicos. Similarmente, Fiatarone et al. (1990) relataram que, após um treinamento de resistência, houve um aumento significativo da força e da massa muscular de mulheres idosas. Conclusão O estudo avaliou o torque muscular (força muscular) dos músculos flexores e extensores de joelhos em mulheres idosas com osteoporose pertencentes ao Centro Regional de Estudos sobre a Terceira Idade, no município de Passo Fundo - RS. Diante da avaliação da musculatura flexora e extensora de joelho, foi possível concluir que os músculos extensores do joelho são mais fortes do que os flexores; a musculatura flexora não apresentou relação entre as velocidades e o pico de torque muscular e a prática regular de exercício físico proporciona a manutenção do torque muscular. Sugerem-se outros estudos que visem comparar o pico de torque muscular de um grupo de idosas ativas com um grupo de sedentárias, ambas com presença de osteoporose. Evaluation of muscle moment in flexions with knee extensors in elderly women with osteoporosis Abstract Osteoporosis is a systemic disease that results in reduced bone mass and deterioration of the micro-architecture of the bone tissue, leading to loss of muscle strength and the consequent predisposition fractures with minor trauma, reaching everyone, especially women after menopause. With the ageing of the population, its frequency increases explosively reaching a legion of people, becoming a serious problem of public health. The isokinetic evaluation allows the study of the dynamic function of the muscles through a quantitative evaluation of the arc of motion, the strength and variables of muscle performance. This study was to assess the object of muscle peak moment flexion of knees expanders in women of 120, 180 and 240 º/s. The conclusion is that the knees sports expanders are stronger than the flexor, and that the flexor muscles presented no relationship between speed and peak of muscle moment, moreover, physical exercise is of fundamental importance in maintaining muscle mass and consequently the torque (power) muscle of older women with osteoporosis. Key words: Torque. Muscle Strength Dynamometer. Osteoporosis. Aging. Woman. 359

Lia Mara Wibelinger, Aline Tonial, Gisele de Oliveira Referências AQUINO, M. A. et al. Isokinetic assessment of knee flexor/extensor muscular strength in ederly women. Revista do Hospital das Clínicas, São Paulo, v. 57, n. 4, p. 131-134, 2002. ASTRAND, P. O. Why exercise. Méd. Sci. Sports Exerc., v. 24, p. 153-162, 1992. CAMPANELLI, L. C. Mobility changes in elder adults: implications for practitioners. J. Aging PHYS. ACT., v. 4, p. 105-108, 1996. CHATRENET, Y.; KERKOUR, K. Fisioterapia das lesões ligamentares do joelho no atleta. São Paulo: Manole, 2002. DOHERTY, T. J. et al. Effects of ageing on the motor unit: a brief review. Can. J. Appl. Physiol., v. 18, p. 331-358, 1993. DVIR, Z. Isokinetics: muscle testing, interpretation and clinical applications. New York: Churchill Livingstone, 1995. DVIR, Z. Isocinética: avaliações musculares, interpretações e aplicações clínicas. Barueri: Manole, 2002. FIATARONE, M. A. et al, High-intensity strength training in nonagerians: effectson skeletal muscle. Journal the American Medical Association, v. 264, n. 22, p. 3029-3034, 1990. FRONTERA, W. R. et al. Aging of skeletal muscle: a 12 yr longitudinal study. J. Appl. Physiol., v. 88, p. 1321-1326, 2000. GRINBY, G. et al. Training can improve muscle strength and endurance in 78-to 84-yr old men. J. Appl. Phusiol., v. 73, p. 2517-2523, 1992. HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manoel, 1999. HUGHES, V. A. et al. Longitudinal muscle strength changes in older adults: influence of muscle mass, physical activity and health. J. Gerontol., v. 56 A, p. 206-217, 2001. IZQUIERDO, M. et al. Effects of strength training on muscle power and serum hormones in middle-aged and older men. J. Appl. Physiol., v. 90, p. 1497-1507, 2001. KLITGAARD, H. et al. A. Function, morphology and protein expression of ageing skeletal muscle: a cross-sectional study of elderly men with difference training backgrounds. Acta. Physiol. Scand., v. 140, p. 41-44, 1990a. KLITGAARD, H. et al. Ageing alters the myosin heavy chain composition of single fibres human skeletal muscle. Acta. Physiol. Scand., v. 140, p. 55-62, 1990b. LANZILLOTTI, H. S. et al. Osteoporose em mulheres na pós-menopausa, cálcio dietético e outros fatores de risco. Revista de Nutrição, Campinas, v. 16, n. 2, p. 181-193, 2003. LARSSON, L. et al. Muscle strength and speed of movement in relation to age and muscle morfology. J. Appl. Physiol, v. 46, p. 451-456, 1979. LIDLE, R. S. et al. Age and gender comparisons of muscle strength in 654 women and men aged 20-93 yr. J. Appl. Physiol., v. 83, n. 5, p. 1581-1587, 1997. LYNCH, N. A., et al. Muscle quality 1. Ageassociated differences between arm and leg muscle groups. J. Appl. Physiol., v. 86, p. 188-194, 1999. MONTILLA, R. N. G.; ALDRIGHI, J. M.; MARUCCI, M. F. N. Relação cálcio/proteína da dieta de mulheres no climatério. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 52-54, 2004. RENNÓ, A C. M. et al. Correlação entre o grau de cifose torácica, função pulmonar e qualidade de vida em mulheres com osteoporose. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 24-31, 2004. ROGERS, M. A. et al. Changes in skeletal muscle with aging: effects of exercise training. Exercise ans Sport Science Reviews. American College of Sports Medicine Series, v. 21, p.65-102, 1993. 360

ROOK, K. M. et al. The effects of ageing on muscle strength in men and womem. J. Physiol. v. 452, p. 25, 1992. VOORIPS, L. Ê. et al. The physical condition of eldery womem differing in habitual physical activity. Med. Sci. Sports Exerc., v. 25, p. 1152-1157, 1993. 361