UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU. Orientador: JEAN ALVES PEREIRA ALMEIDA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU Orientador: JEAN ALVES PEREIRA ALMEIDA Rio de Janeiro,19 de março de 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTR 2 REFORMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E SEUS REFLEXOS NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO FISCAL JULIETTE CAVALCANTE ASSIS NUNES Monografia apresentada perante a Comissão da Universidade CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE, versando sobre tema referente às recentes mudanças introduzidas no Código de Processo Civil e seus reflexos no regime jurídico da Execução Fiscal.

3 DEDICATÓRIA Dedico esta singela monografia à Rodrigo Rodrigues, meu querido filho,que apresenta grande interesse pelos estudos..

4 R E S U M O Com o advento das Leis 11.232/2005 e 11.382/2006,substanciais modificações foram introduzidas no Código de Processo Civil,sobretudo no concernente à execução dos chamados títulos judiciais e à dos títulos extrajudiciais. O presente trabalho pretende analisar singelamente essas mudanças que, cuidando de aspectos procedimentais, também se aplicam à tutela executiva cível de maneira genérica. Por outro lado faz-se igualmente uma detida análise dos reflexos que estas mudanças trouxeram ao regime jurídico da Execução Fiscal, muito embora as acima citadas Leis não tenham disciplinado expressamente a Execução Fiscal execução da Certidão da Dívida Ativa, conforme disciplina especial da Lei nº. 6.830, de 22.09.1980. Decidiu-se dar ao trabalho uma conotação técnica-jurídica, não obstante reconheça-se a importância de uma análise que contivesse, ainda que suscintamente, um teor político e histórico das razões que antecederam as mudanças ora implementadas.isto para que se pudesse melhor aquilatar a potencialidade que tais mudanças terão para mudar a difícil realidade enfrentada pelo credor, que depende do Poder Judiciário, para concretizar o seu direito. Concluindo, objetiva esse trabalho analisar de modo não exaustivo os institutos que advieram com a Lei 11.382/2006, assim como sua aplicabilidade à Lei 6.830/80, no que diz respeito às novas regras da penhora na execução fiscal, aos parcelamentos da dívida executiva fiscal, do parcelamento do valor da arrematação e aos embargos à execução fiscal.

5 S U M Á R I O INTRODUÇÃO 6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA 6 HISTÓRICO- CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 7 PROCESSO DE EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 8 UM NOVO PANORAMA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL SATISFATIVA 8 EMBARGOS DO EXECUTADO 10 Considerações Iniciais Natureza Jurídica dos Embargos 10 DO PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS 11 Legitimidade de Causa A Segurança do Juízo Desnecessidade Distribuição e Autuação Prazos 12 Rejeição Liminar 12 Efeitos não Suspensivos 13 Questões Incidentais e seus Efeitos 14 EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO, ALIENAÇÃO OU ARREMATAÇÃO 16 REFORMAS NO CPC E SEUS REFLEXOS 19 NA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL A NOVA DISCIPLINA DA FASE EXPROPRIATÓRIA DA EXECUÇÃO FISCAL 28 DOS EMBARGOS `EXECUÇÃO FISCAL 33 CONCLUSÕES 38

6 INTRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA: Diante de uma visão hodierna, verifica-se que o Processo de Execução,nos dias atuais, é objeto de uma intensa reforma não só dogmática como pragmática visando ao seu aprimoramento e tentando distanciar-se do conceito que o personificava como um veemente "ponto de estrangulamento de nosso modelo processual, pois se encontrava divorciado dos tecidos sociais e econômicos pelos quais se dá, em grande monta, a insatisfação diante do descumprimento do direito material. Como bem apregoado por Antonio Pereira Gaio Júnior : É de se depreender, notoriamente, que as reformas processuais, neste particular, envolvendo a satisfação do direito material, seja decorrente de título executivo extra judicial ou mesmo judicial, leva também em conta os reflexos aduzidos pelos princípios da especificidade e da utilidade da execução, vetorizando a efetividade, o que remete ao conceito de processo como instrumento de inserção social, econômica, mas também político e ideológico, a permitir tomar as pessoas mais felizes ou menos infelizes, sintetizando na sempre atual e eterna lição de Chiovenda: processo deve dare per quanto e possibile praticamente a chi há um diritto quelto e próprio quetio ch"egli há diritto di conseguire".( GAlO JR. Antônio Pereira. Direito Processual Civil. V 0. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.pg.204) Nesse sentido, consigne-se, o direito serve ao desenvolvimento, e o Estado, ao propugnar pela normatização da vida, deve se empenhar, virtuosamente, na segurança jurídica com avanços tais que proporcione aos seus jurisdicionados a certeza no cumprimento efetivo dos negócios jurídicos inadimplidos, tendo, por isso, o Poder Judiciário como artífice deste processo, responsabilidade ímpar na aplicabilidade do ordenamento dentro das expectativas por ele induzidas e na sociedade sentidas.

7 HISTÓRICO- Código de Processo Civil de 1973 Os fatos jurídicos, ocasionados pelas ácidas e constantes críticas formuladas pela doutrina e pela enxurrada de leis extravagantes que ocasionaram um caos nesse diploma processual, impuseram a reformulação do Código de Processo Civil de 1939. O governo Federal, premido pelos fatos criou uma comissão de notáveis incumbida de elaborar um anteprojeto, que submetido ao Congresso Nacional foi aprovado e promulgado pela Lei 5.869/73, surgindo assim o novo Código de Processo Civil atualmente em vigor. Ao longo do tempo inúmeras alterações foram realizadas desde que se tornou vigente o código de 1973 buscando sempre à simplificação dos atos em geral, pelo que enumeramos as mais importantes, tais como : I - Lei 7.347/85 (Ação Civil Pública); II - Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do imóvel residencial do executado bem de família); III - Lei 8.078/90 (Código de defesa do Consumidor); IV - Lei 8.952/94 (disciplina a tutela antecipada e a tutela específica das obrigações de fazer e não fazer); V - Lei 9.079/95 (Processo monitório); VI - Lei 9.099/95 (derroga a antiga Lei de Pequenas Causas e disciplina os Juizados Especiais); VII - Lei 9.245/95 (altera significativamente o procedimento sumário); VIII - Lei 9.307/96 (Lei da arbitragem); IX - Lei 9.868/99 (disciplinou o processo de ação direta de constitucionalidade ou de constitucionalidade); X - Lei 10.444/02 (alterações relativas à tutela antecipada, ao procedimento sumário, à execução forçada) e ainda as Leis 11.262/2005 e 11.382/2006 (alterando o processo de execução ). Contudo, mister se faz dizer, as reformas introduzidas nem sempre culminaram pelo bom rendimento das pretensões dos juridicionados, pois a celeridade processual não foi atingida como era de se desejar. Aguarda-se que as inovações trazidas pelas últimas alterações sejam significativas e delas se obtenham um resultado positivo, uma vez que estas modificações vêm

8 incidir sobre vários pontos da execução que vinham emperrando a sua celeridade processual, com alongamento da duração das ações executivas. Processo de Execução e Cumprimento da Sentença Com o intuito de se localizar o conteúdo ao qual incidirá a possibilidade de manejo dos Embargos do Executado, fundamental se faz analisar, preambularmente, o desenho das vias executivas moldadas pela Lei n. 11.232/2005, diante das quais teremos que para a fase incidental ao processo de cognição, esta denominada "Cumprimento da Sentença", respectivos títulos bem como a defesa do devedorexecutado (Impugnação) receberá tratamento diferenciado, se comparada à necessidade de satisfação do direito material através de outros títulos executivos, estes que, necessariamente, enfrentarão o. Processo de Execução autônomo, incluso no Livro n do CPC e ainda, para o executado, abrir-se-á a oportunidade de contrapor à execução através dos Embargos, nosso objeto de análise, justificando, assim, a necessária abordagem abaixo, a fim de iluminar os caminhos pelos quais, certamente, o processo de execução irá trilhar, dando ensejo ao correto manuseio dos Embargos do Executado. Um novo panorama na prestação jurisdicional satisfativa: É contemplada pelo ordenamento processual civil pátrio uma variedade de procedimentos no âmbito do Processo de Execução, tais como Execução por Quantia Certa contra devedor solvente e insolvente; Execução de Obrigação de Fazer e NãoFazer; Execução para Entrega de Coisa; Execução contra a Fazenda Pública; Execução para Prestação de Alimentos; Execução Fiscal etc, ficando _bém a cargo de legislações extravagantes outras matérias específicas com suas devidas particularidades, como no caso da Falência, a qual contempla execução coletiva e universal relativa ao patrimônio do devedor comerciante insolvente, através da Lei n. 11.101/2005; Execução Fiscal regulada pela Lei n. 6.830, de 22/09/1980; Execução de Créditos resultantes de financiamentos de bens móveis junto ao Sistema Fínánceiro de Habitação com previsão na Lei n. 5.741, de 01/12/1971; Execução de Cédulas Hipotecárias, regulada pelo Decreto-Lei n. 70, de 21/11/1966, assim como a Execução de Títulos de. Crédito Rural ou Industrial prevista nos Decretos-Leis n. 167, de 14/02/1967 e n. 413, de 09/01/1969. Com o advento da Lei n. 11.232, de 22/12/2005, alterou-se, substancialmente, a sistemática da execução dos títulos

executivos judiciais com a instituição de um procedimento denominado cumprimento de sentença. 9 Teremos que, para as execuções de títulos judiciais, regra geral, não haverá necessidade da promoção de um processo autônomo - no caso, Processo de Execução para satisfação do direito. Certo é que a sentença proferida em, processo de conhecimento será satisfeita dentro deste, portanto, em uma mesma relação jurídica processual, através de uma fase de execução (Cumprimento da Sentença) posterior àquela de cognição. (GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil brasileiro. Vol.II 18ª ed. São Paulo:Saraiva, 2006.pg 68 ) Por tudo, dentro da. sistemática processual civil brasileira, no que tange à atividade jurisdicional executiva, tem-se o seguinte quadro.a partir da Lei n. 11.232/2005: 1) Os títulos executivos extra judiciais de obrigações de pagar quantia certa, fazer, não-fazer e entregar coisa serão executados em processo executivo autônomo, regulados pelo Livro II do CPC; 2) a sentença condenatória ao pagamento de quantia proferida em processo judicial civil (título executivo judicial) será executada dentro do próprio processo em que foi proferida mediante uma fase posterior à cognitiva, sendo a aludida fase denominada "Cumprimento da Sentença", possuindo procedimentos específicos, mas no que refure a atos expropriatórios, caso necessários, aplicar-se-ão, subsidiariamente, as disposições do Livro II pertinentes à execução por quantia certa 3) os títulos executivos judiciais que tenham por objeto obrigação de pagamento de quantia cuja execução se dá por regras específicas, tais como Execução por quantia certa contra a Fazenda Pública (arts. 730-731 do CPC), Execução de Alimentos (arts.732-735 do CPC), Execução Fiscal (Lei n.6830/1980), continuam submetendo-se às regras especificas de seus respectivos processos. além daquelas subsidiárias acostadas no Livro li, Capítulo IV do CPC; 4) as sentenças prolatadas em processo judicial civil que imponham o cumprimento do dever de fazer, não-fazer ou entregar coisa, por não possuírem somente eficácia condenatória, mas ainda e efetivamente eficácias executiva e/ou mandamental, serão satisfeitas por meio dos regramentos expressos nos arts. 461 (Obrigações de Fazer e Não-Fazer) e 461-A (Execução para a Entrega de Coisa), sendo, portanto, realizadas por um modelo próprio, aplicando-se, subsidiariamente, o Livro TI do CPC (Art. 475 5) a sentença estrangeira, sentença arbitra!, os acordos extrajudiciais homologados judicialmente etc (considerados títulos executivos judiciais pelo art. 475N) que contenham por objeto obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, para uma parte da doutrina, estarão submetidos ao Processo de Execução de

10 Obrigação de Fazer, Não-Fazer e Entrega da Coisa, exatamente conforme o regulado no Livro II. EMBARGOS DO EXECUTADO Considerações iniciais Não obstante, notadamente, objetivar o estudo em tela, a análise de itens considerados relevantes por nós, diante da reforma introduzida pela Lei n 11.382/2006 e mesmo sem a pretensão de exaurir a temática, fundamental, ainda que de início e em síntese apertada, traçar, de forma propedêutica, conteúdo relativo à natureza jurídica dos Embargos, para, então, debruçarmos com maior solidez na reforma acima operada. Pelo menos, preambuiarmente, já insta dizer que o procedimento dos Embargos, indubitavelmente, como se verá, passou por importantes e necessárias modificações, estas norteadas pelo escopo que visa impedir que o exercício do supracitado instrumento jurisdicional do executado sirva de empeçilho ao desenvolvimento regular da relação processual juris-satisfativa. ( ABELHA, Marcelo. Manual de Execução Civil. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,2007.pg.206) ). Natureza Jurídica dos Embargos Possuem os embargos natureza jurídica de ação, decorrendo de seu exercício um processo incidente de conhecimento, sendo segura a doutrina a este respeito. Tipicamente, constitui em uma ação incidental cognitiva, constitutiva negativa, objetivando desconstituir o título executivo ou mesmo declarar sua nulidade ou inexistência, em oposição à pretensão executória articulada em sede de processo de execução. O embargante na verdade,assume posição ativa exercitando o seu direito de ação contra o credor em busa de uma sentença que venha possibilitar conforme já dito, extinguir o processo de execução,seja desconstituindo o título executivo ou mesmo declarando sua nulidade ou inexistência.

11 Por tudo, os embargos têm a função de preservar o direito de defesa, sendo tal estrutura a escolhida pelo legislador, ou seja, oposição mediante ação própria, geradora de um processo de conhecimento incidental ao de execução, onde o executado, de maneira autônoma, se defende, propondo nova demanda em face do credor. ( ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução. 11 ed. São Paulo: RT,2007.pg 126) DO PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS. Legitimidade para embargar Como legitimado natural para tal ação incidental de embargos, será sempre o executado (art.763), no entanto não se pode olvidar daquelas pessoas que, de forma legitima, podem usufruir de tal instrumento processual, tais como o terceiro que garante a obrigação de outrem, sendo, por isso, atingido pela penhora. Ainda assim, deve ser apto a embargar a execução o cônjuge não devedor, mas que, diante da penhora atingindo bem imóvel do casal, toma-se litisconsorte na actio. A segurança do juízo - desnecessidade Observava-se no regramento anterior à Lei n.l1.382/2006 a exigência de segurança do juizo que ocorria pela penhora na execução por quantia certa ou pelo depósito na execução para entrega de coisa, sendo, portanto, indispensável para a correta admissão dos embargos. A Lei n. 11.38212006, ao que se vê, tentando propiciar ao executado uma ampla defesa na execução, através a propositura da ação de embargos, alterou a redação do artigo 736 do Código de Processo Civil, prevendo agora que "o executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio de embargos.'" Distribuição dos embargos e sua autuação A distribuição dos embargos do devedor continua sendo por dependência junto ao juízo da execução, notoriamente, motivada pela conhecida relação de conexão por prejudicialidade que mantém com o processo de execução. No que se refere à autuação dos embargos, disciplina o CPC em seu art. 736, parágrafo único, que os mesmos serão autuados em apartado e instruídos com

12 cópias das peças processuais que o embargante entenda sejam relevantes. Prazo Para Embargar A Lei nº11382/2006 promoveu alteração no prazo para oferta dos embargos.passou ele de dez (10) para quinze (15) dias,referência esta ditada pelo Art. 738 do CPC que diz : Art. 738- Os embargos serão apresentados no prazo de quinze (15) dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação Rejeição Liminar dos Embargos Mereceram novo tratamento as rejeições liminares dos embargos. O art. 739 foi reformado,dado que, antes da Lei 11.382/2006, dava tratamento não somente às hipóteses de rejeição,como também no que refere a questões relativas ao recebimento e processamento da ação incidental de embargos. Com nova redação,resta ao artigo em tela tratar, especificamente, das idéias relativas às possíveis rejeições liminares dos embargos do executado, cabendo tratamentos relativos ao próprio processamento bem como aos efeitos dos embargos, ao desmembrado Art. 739-A e ainda cobrança de multas e indenizações oriundas da aplicação de litigância de má-fé ao Art. 739-B.. Deve, portanto, o art. 739, em seu inciso II, ser entendido e aplicado de forma e grau mais amplos, em consonância com a regularidade e em conteúdos, ainda que formais, aptos à regularidade do sistema processual. Por sua vez, encerra o art 739 com o inciso III, este que trata da rejeição liminar dos embargos quando estes forem, manifestamente, protelatórios. Eis aqui real novidade. A despeito de certa subjetividade conceitual, deve-se, de início, pontuar a estreita ligação que tem tal inciso III com os art. 16, 17 e 18, estes que tratam da litigância de má-fé, dispostos no livro I - processo de conhecimento - bem como com o art. 600 referente aos atos atentatórios à dignidade da justiça, acostado ao Livro II - processo de execução, formando um harmônico sistema de

13 repreensão à chicana processual. Disso temos que por atos protelatórios devem ser entendidos aqueles atos praticados com o propósito único de retardar o andamento processual, tendo a nítida feição de obstaculizar a presteza da entrega satisfatória e efetiva do direito e que, por nada acrescentarem ao esclarecimento da demanda, senão ao interesse de travar a máquina jurisdicional do Estado, deve o magistrado diante de flagrante ataque ao instrumento democrático que é o processo, rechaçar, liminarmente, os embargos no exercício prático que lhe confere o presente inciso III. Efeitos não Suspensivos Conforme expressa o art. 739-A do CPC, "os embargos do executado não terão efeito suspensivo." A título de remissão ao sistema anterior à Lei n 11.382/2006 possuíam os embargos efeito suspensivo automático por força de disposição legal, configurando-se como regra geral a suspensão do processo de execução quando da interposição dos mesmos, o que, não poucas vezes, tornava-o instrumento processual meramente protelatório, obstaculizando o desenvolvimento efetivo do processo de execução. Outra realidade agora se faz presente com o advento da supracitada lei, onde o art. 739-A se encarrega de preceituar que os embargos do executado não mais terão efeito suspensivo imediato, por isso, tomando-se como regra a não suspensão do processo de execução. Otimizar a relação processual executória, ensejando a realização efetiva dos atos reais voltados à célere satisfação do direito material foi a intenção do legislador. Apenas para relembrar, releva assinalar que a impugnação apresentada na fase de execução forçada incidental (cumprimento de sentença) também não possui efeito suspensivo, como se infere do preceito incluso no art. 475-A do ordenamento processual civil pátrio, prevalecendo coerência ante situações que buscam a satisfação de obrigação inadimplida por meio da jurisdição estatal. Permanece, porém, ainda a possibilidade de ser atribuído efeito suspensivo aos embargos com a paralisação temporária do processo de execução, conforme dicção do I do art. 739-A do CPC:

14 " 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de dificil ou incerta reparação e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. " Nota-se que o magistrado poderá atribuir efeito suspensivo aos embargos apresentados, caso forem relevantes os seus fundamentos, somado ainda à possibilidade de o prosseguímento do processo de execução vir a causar grave dano de dificil ou incerta reparação ao executado. Destarte, além dos requisitos supracitados, estipulou o legislador a segurança do juizo como condição fundamental para que o juiz possa atribuir aos embargos a qualidade suspensiva da marcha executiva. Há de se afirmar que o deferimento ou não do efeito da suspensividade não situa na esfera discricionária do magistrado, não podendo, por isso, através de ato deliberado, ou seja, sem provocação do pedido suspensivo pelo executado, conceder tal efeito. Questões Incidentais e seus Efeitos no ato de Embargar Expressa o CPC em seu art. 745-A : " No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1 % (um por cento) ao mês. 1º Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. 2º O não-pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações

não pagas e vedada a oposição de embargos." 15 Observa-se a inovação da Lei 11.382/06 ao instituir, na nova redação do art. 745-A, caput, no prazo para os embargos, a possibilidade do executado reconhecer, efetivamente, o crédito do exeqüente, pleiteando como isso a concessão do prazo de 6 (seis) meses para o pagamento da divida, depositando, para tanto, de imediato, 30% (trinta por cento) do valor da dívida, mais custas e honorários advocatícios. Poderá o pagamento da quantia restante ser parcelado em até 6 (seis) parcelas mensais e consecutivas, acrescidas de correção monetária e juros de l(um) por cento ao mês, operando-se, do não-pagamento de qualquer das prestações, o vencimento antecipado das parcelas subseqüentes, com incidência de multa no importe de 10% (dez por cento), sendo vedada a interposição de embargos. Cumpre destacar aqui que vozes não faltarão a indicar o bom senso pelo qual se deve trilhar a análise detida do magistrado acerca da relevância ou não dos motivos que, possivelmente, poderão ensejar no não cumprimento pelo executado, das parcelas subseqüentes comprometidas à satisfação, dado que ao impedimento de se embargar por conta do aludido descumprimento e sendo este motivado,por exemplo, por ausência de pecúnia suficiente, agravada por um caso fortuito, ensejaria certamente a que suspeitassem de transgressão, in casu, a aspectos de significância constitucional, como a liberdade de acesso ao Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV, da CF) -princípio da inafastabilidade da jurisdição, insurgindo daí agressão ao direito de ação - no caso, de embargos do executado - defendendo tal matéria ser discutida em sede dos próprios embargos. (ALVIM, J. E Carreira; CABRAL, Luciana G. Carreira Alvim. Nova Execução de Título Extrajudicial. Curitiba: Juruá, 2007.pg. 193 ). Há de se compreender o espírito do legislador ao consentir tal faculdade ao executado que, em solicitando o respectivo. parcelamento, reconhece de pronto a dívida, por isso, acatando a pretensão do mérito, ou seja, a veracidade da obrigação acostada no título executivo, configurando-se, inequivocamente, em uma preclusão lógica. Por isso, diante do art. 745-A, que expressa e diretamente destaca: "No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente(...)"e ainda "poderá o

16 executado requerer(...)", tem-se operado tanto na autonomia da vontade do executado, que, reconhecendo o crédito e requerendo ao juiz o seu parcelamento, em caso de deferimento, implementar-se-á a sua vontade. Não se quer dizer, por outro lado, que restará imune o executado de situações que poderão, de maneira voluntária ou não, impedir-lhe o cumprimento efetivo de parcelas subseqüentes; afmal, quem não está sujeito a intempéries? Logicamente, como em qualquer execução, não se pode ter garantia de que o executado possui ou possuirá patrimônio suficiente para saldar, seja por mínimo ou por complete, a dívida contraída e devida. Ao exeqüente também se operam ricos em menor e maior grau. Em caso de deferimento do parcelamento da dívida, caso haja o não pagamento de quaisquer as parcelas, operar-se-á o vencimento das demais, sujeitando-se o executado à multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas, voltando o processo de execução ao seu andamento, ou como expressa o 2" : "com o imediato inicio dos atos executivos". Caso o pedido de parcelamento seja negado ao executado, conforme a parte final do 1 do art. em tela, dar-se-á continuidade ao processo e o depósito prévio de 30%, condicionante ao pedido de parcelamento, permanecerá nos autos, sendo defeso ao executado a devolução da quantia ora já depositada, ficando ela como garantia do juizo. Caso não haja tempo hábil para os embargos, será razoável o levantamento da quantia pelo exeqüente, a fim de se amortizar o débito, este já reconhecido pelo executado quando do pedido do parcelamento, restando ainda a este e no seu interesse manejar exceções processuais, tais como as argüições à penhora incorreta e avaliação errônea..embargos À ADJUDICAÇÃO, ALIENAÇÃO OU ARREMATAÇÃO Por derradeiro, o art. 746 acena_ para a possibilidade de o executado oferecer embargos à adjudicação, alienação ou mesmo arrematação, denominados aqui como Embargos de segunda fase. Neste sentido, orienta o art. em tela: "Art. 746. É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora,

17 aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo. 1º Oferecidos embargos, poderá o adquírente desistir da aquisição. 2º No caso do 1º deste artigo, o juiz deferirá de plano o requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo adquirente (art. 694 1º, incisoiv ) 3º Caso os embargos sejam declarados manifestamente protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a 20 % (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem desistiu da aquisição." A Lei n.11.382/2006 refletiu em mudanças nos denominados "embargos de segunda fase", tanto suprimindo o seu efeito de suspensividade automática quanto no que se refere ao prazo para sua interposição antes, 10 (dez)dias; agora, 5 (cinco) dias, a contar as adjudicação, alienação ou arrematação (art. 746). No que toca às matérias ensejadoras a possibilitar ou mesmo justificar impetração do presente instituto, não ocorreu diferenças entre os textos revogado e revogador,pois que ambos continuam a permitir que os embargos de segunda fase possam tratar de : (i) nulidade da execução, termo esse que abrange, de modo genérico, qualquer vício que venha contaminar a via executiva; (ii) causa extintiva da obrigação, sendo que, neste caso, o art. 746 ditava de maneira expressa o "pagamento, novação ou prescrição", como causas extintivas lixas, o que no novo texto legal inexiste expressamente, visto não querer o legislador correr riscos de elencar numerus ctausus de forma incompleta ou mesmo de conotação equivocada, dado que, p. ex., a referida prescrição nem mesmo se configura causa extintiva da obrigação, mas apenas de pretensão, tal qual demonstra o art. 189 do C. Civil. Igualmente ao texto legal anterior, a novata redação permaneceu autorizando expressamente o cabimento de embargos de segunda fase, desde que supervenientes à penhora. Aliás, ponto importante continua sendo este do aspecto temporal onde em entendimento jurisprudencial é pelo aceite de sua alegação, sobretudo em se tratando das nulidades elencadas no art. 618 (v.g.,,se o título executivo extra judicial não corresponde à obrigação certa, líquida e exigível; se o devedor não for regularmente citado), portanto, não se sujeitando ao caráter preclusivo da matéria.

18 Por outro lado, caso a situação ventilada disser respeito à causa extintiva da obrigação, esta ocorrida após a penhora, que terá dito argumento aptidão para fundamentar a interposição dos embargos à adjudicação, alienação ou arrematação.,em termos diretos, o 1 estabelece que, uma vez oferecidos tais embargos de segunda fase, é facultado ao adquirente desistir da aquisição, hipótese em que, na inteligência do 2, o juiz, de plano, deferirá o requerimento de desistência desse terceiro adquirente, liberando respectivo depósito por ele realizado. Importante aqui é pontuar que a desistência do adquirente independe do sucesso dos embargos de segunda fase proposto pelo executado, visto que o próprio legislador não previu qualquer espera do resultado da interposição de tais embargos, conferindo, in casu, o respectivo aceite e conseqüente ato liberatório do conteúdo depositado pelo adquirente, devolvendo-o ao mesmo. Insta relevar a possível incidência, ou seja, reconhecimento de carga protelatória ao manejo dos embargos à adjudicação, alienação ou arrematação ( 3 ). Tal questão já foi por nós debruçada nos itens 4.5 e 4.9 respectivamente, cabendo lembrar, portanto, que em outras disposições, impõe-se ao juiz, caso reconheça a existência manifestamente protelatória dos embargos, a aplicação sancionadora de multa, aqui no valor de 20% (vinte por cento) sobre o valor da execução em favor daquele terceiro desistente da aquisição. Cabe assinalar que, muito embora a parte final do 3 possa indicar que da incidência de tal multa, seja ela aproveitada a quem desistiu da aquisição de coisa expropriada, não parece razoável que a mesma pena só venha a ter incidência quando houver desistência, tendo em vista que só a grave atitude manifesta protelatória do executado-embargante já é motivo suficiente para empreender tal

19 comportamento impositivo do magistrado na aplicação da necessária sanção. pelo executado-embargante, com endereço certo em favor do exeqüente. REFORMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ( LEI Nº 11.382 DE 06.12.2006 ) E SEUS REFLEXOS NA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS Entre meados de 2006 e o início de 2007, as modificações sistemáticas que vêm atingindo, desde o início dos anos 90, o Código de Processo Civil, alcançaram a tutela executiva. A Lei n. 11.232, de 22.12.2005 (em vigor desde 23.06.2006) e a Lei n. 11.382, de 06.12.06 (em vigor desde 20.01.2007) trataram de fazê-lo de modo muito profundo, cuidando a primeira da execução dos chamados títulos judiciais e a segunda, por sua vez, trazendo mudanças que tiveram por destinatária, especialmente, a ação de execução de títulos executivos judiciais, mas cuidando de aspectos procedimentais que se aplicam, em verdade, à tutela executiva cível de maneira genérica. Muito embora as mencionadas Leis não tenham disciplinado expressamente a Execução Fiscal execução da Certidão da Dívida Ativa, conforme disciplina especial da Lei n. 6.830, de 22.09.1980 a interpretação sistemática do novo panorama legislativo, no entanto, conduz à conclusão de que tal procedimento especial de execução de pagar quantia certa, manejada exclusivamente pelo Estado, não atravessou incólume as mudanças, especialmente aquelas introduzidas pela Lei n. 11.382/2006 que resultaram, também, em mudanças no procedimento adotado pelo Estado para a execução de sua Dívida Ativa. ( PACHECO, José da Silva. Comentário à Lei de Execução Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2006 ) A extensão das modificações resultantes da Lei n. 11.382/06 está a exigir corte metodológico que torne factível e suficientemente acurada a tarefa interpretativa que ora se propõe, mais uma vez considerando a limitada dimensão do presente trabalho. Eis a razão para que sejam estabelecidas outras fronteiras para a pesquisa, cuja delimitação se curvou a critérios como a extensão das mudanças do instituto ou fase procedimental, o potencial de divergência doutrinária de sua interpretação e a importância de sua repercussão para os resultados concretos que são a razão da tutela jurisdicional que ora se analisa.

20 Em vista de tais considerações, a presente monografia cuidará, especificamente, de três pontos dentro do universo acima proposto: 1) A garantia da execução; 2) Fase de expropriação ; 3) Os embargos à execução fiscal. Breves Considerações Mesmo antes da vigência do Código de Processo Civil de 1973, a distinção de tratamento para a execução de créditos da Fazenda Pública foi marca do direito positivo brasileiro. Ao lado do procedimento para execução de títulos extrajudiciais do Código de Processo Civil de 1939 (arts. 298 a 300), vigiam as disposições do Decreto-lei n. 960, de 17.12.1938, que disciplinavam distintamente o então chamado executivo fiscal. O Código de Processo Civil de 1973, então, veio unificar o procedimento da tutela executiva, tornando-a indistinta a despeito da natureza extrajudicial ou judicial do título executivo. Mencionada unificação resultou na revogação do Decreto-lei 960/38, com o conseqüente fim do processo executivo fiscal. Como que denunciando uma essencial predisposição política e jurídica para a especialização procedimental da tutela executiva sob análise, já em 1976 os Ministérios da Fazenda e da Justiça instituíram conjuntamente grupo de trabalho para e elaboração de nova lei especial, que veio a resultar, finalmente, na vigente Lei de Execuções Fiscais, a Lei n. 6.830, de 22.09.1980. A unidade procedimental entre execução cível comum e a execução fiscal, portanto, sobreviveu apenas por breves sete anos. Os trabalhos da comissão interministerial declaradamente optaram pela elaboração de lei especial, no lugar da alteração do Código de Processo Civil, pois a par de não revogar as linhas gerais e a filosofia do Código, disciplinaria a matéria no essencial, para assegurar não só os privilégios e garantias da Fazenda Pública, como também a agilização e racionalização da cobrança da Dívida Ativa. Desde a sua gestação, portanto, a Lei n. 6.830/80 foi pensada como disciplina especial, não exaustiva, que tem no Código de Processo Civil, ao mesmo tempo, o seu parâmetro interpretativo e a sua complementaridade. Não é por outra razão que, já no seu artigo 1º, a Lei de Execuções Fiscais estabelece: