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Transcrição:

EFEITOS DA POSSE

Ações Possessórias Interdito Proibitório. A ação de interdito proibitório é uma medida preventiva de defesa contra violência iminente, ajuizada ante a ameaça de turbação ou esbulho na posse. Tem legitimidade para propor a ação qualquer possuidor, o possuidor direto e o indireto, pessoa física ou jurídica. Exige-se posse, daí por que não pode dela se valer o detentor. Legitimado passivo é o autor da ameaça, pessoa física ou jurídica. Os requisitos para a propositura dessa ação estão previstos no art. 932, CPC. Deve, assim, o autor da ação estar possuindo a coisa e ter justo receio de que se concretize a ameaça de turbação ou esbulho.

A pedido do autor, o juiz imporá ao réu uma sanção pecuniária, caso concretize a ameaça de turbação ou esbulho, ou seja, transgrida o preceito do mandato proibitório. Suponha-se que funcionários de uma fábrica, filiados a determinado sindicato, decidam, por assembleia, iniciar uma greve e ameacem impedir o normal funcionamento da empresa onde trabalham. Ante o justo receio de que seja molestada a integridade da posse em face da ameaça de invasão, pode a empresa ajuizar a ação de interdito proibitório contra o sindicato, requerendo ao juiz que fixe uma pena pecuniária para o caso de a invasão se consolidar.

Manutenção de Posse. É a ação ajuizada no caso de turbação da posse. Não há perda da posse pelo possuidor, mas um incômodo ou embaraço a sua posse. Para que se possa intentar a ação de manutenção de posse, é necessário o preenchimento de alguns requisitos exigidos pelo art. 927 CPC. Desta forma, incumbe ao autor provar: sua posse, a turbação, a data da turbação e a continuação da posse, embora turbada. Como se vê, o possuidor deve estar possuindo para que se valha da ação de manutenção. A liminar poderá ser requerida se a turbação à posse datar de menos de um ano e um dia, a teor do art. 929, CPC. Se o réu for pessoa jurídica de direito público, não será deferida a liminar sem prévia audiência dos representantes judiciais, conforme parágrafo único do art. 928 do citado diploma legal.

No exemplo mencionado anteriormente, com relação ao interdito proibitório, comporta adaptação à manutenção de posse. Dessa forma, se houver efetiva invasão da fábrica, mas nela permanecendo pelo menos alguns representantes, como os diretores ou outros funcionários não grevistas, percebe-se que não haverá perda da posse, porque na fábrica poderão circular seus representantes. Sobreveio, então, com a ocupação, turbação da posse de modo a atrapalhar o bom funcionamento da fábrica. Nesse caso, a ação a ser ajuizada em face do sindicato será a de manutenção de posse.

Reintegração de Posse. Essa ação exige a perda da posse. Os requisitos para o seu ajuizamento estão enumerados no art. 927 do CPC, a saber: a posse, o esbulho praticado pelo réu, a data do esbulho e a perda da posse. Dizse que a posse foi esbulhada quando o possuidor está impedido de utilizar a coisa. Comporta o pedido de liminar, todavia, se o réu for pessoa jurídica de direito público, não será deferida sem prévia audiência dos representantes judiciais, consoante determina o parágrafo único do art. 928 do CPC. O esbulho ocorre não só com a perda da posse por outrem, mas também nos casos em que há recusa em se restituir algo, como o ex-comodatário que permanece com a coisa emprestada, após a extinção do contrato. Não a devolvendo, comete o excomodatário esbulho, dando ensejo ao ajuizamento da ação de reintegração de posse.

Como outros exemplos, percebe-se cotidianamente as invasões de terras perpetradas por pessoas que expulsam os que lá já estavam, impedindo que seu proprietário exerça a posse. Quando o proprietário é alijado só lhe resta a reintegração de posse. O proprietário fazendeiro não deixa de ser proprietário, mas deixa de ser possuidor.

Regras que se aplicam ao interdito proibitório, manutenção de posse e reintegração de posse. Aplica-se às ações tipicamente possessórias: interdito proibitório, ação de manutenção de posse e ação de reintegração de posse o princípio da fungibilidade das ações possessórias, previsto no art. 920 do CPC, segundo o qual o ajuizamento de uma ação possessória por outra não impede ao juiz que confira a proteção legal correspondente à situação fática estabelecida. Com efeito, se for ajuizada ação de interdito proibitório, porque só havia ameaça de turbação ou esbulho, essa ação pode transmudar-se para manutenção ou reintegração de posse, caso se consume a turbação ou o esbulho. É o próprio juiz que, diante dos fatos levados a seu conhecimento, determina que se corrija a autuação, fazendo constar, então a ação correspondente à situação consolidada.

Já o caráter dúplice da ação possessória (art. 922, CPC) significa que o réu, justificando que foi ofendido em sua posse, pode, articulado na própria contestação, pleitear a proteção possessória e a indenização decorrente da turbação ou esbulho praticado pelo autor. As partes agem, simultaneamente, como autor e réu. Um exemplo interessante: suponha que A tenha ocupado e guarnecido com móveis uma casa de veraneio, que reputava abandonada, mas que pertence a B. B ignorando a situação criada por A, ingressa no imóvel e fica na posse. A então, acreditando-se esbulhado, propõe ação de reintegração de posse em face de B. B, em contestação à ação movida, pede seja-lhe concedida a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes do esbulho cometido pelo autor da ação A.

Frise-se ainda, que é lícito ao autor cumular o pedido possessório com condenação em perdas e danos, cominação de pena para o caso de nova turbação ou esbulho e retirada de construções ou plantações eventualmente existentes (art. 921, CPC). Em pleito possessório só se discute posse e não domínio. Este fica restrito ao âmbito do juízo petitório, por meio da ação reivindicatória. Daí por que constar do art. 1210, 2º do CC, que não impede a manutenção ou a reintegração de posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. A decisão do magistrado será conforme a posse e não o domínio. Se o autor restar vencido na ação possessória, poderá intentar ação reivindicatória.

Outras Ações relacionadas à Posse. As ações tipicamente possessórias encerram como substrato ou essência a posse e são elas: interdito proibitório, manutenção de posse e reintegração de posse. As ações relacionadas à posse não têm, necessariamente, como base, fundamento ou suporte a posse. Assim, o proprietário possuidor pode, em face da invasão à sua propriedade, mover ação de reintegração de posse ou reivindicatória; já o proprietário não possuidor somente poderá ajuizar ação reivindicatória. Tanto o proprietário possuidor quanto o proprietário não possuidor podem ajuizar ação de nunciação de obra nova.

Ação de nunciação de obra nova. Regem a matéria os arts. 934 a 940 do CPC. É a ação ajuizada com a finalidade de impedir a continuação da construção de obra nova em imóvel vizinho que possa causar os prejuízos a outro imóvel estabelecido nas cercanias. Quer dizer com isso que os imóveis não precisam necessariamente ser contíguos ou confrontantes. Imóveis próximos podem ser prejudicados com a construção iniciada em imóvel localizado nas adjacências. Todavia, imprescindível é para a propositura dessa ação que a obra seja nova, isto é, inacabada ou em vias de construção. Estando concluída a edificação ou faltando apenas alguns detalhes finais, não se revela apropriada a ação nunciatória, cabendo ao vizinho prejudicado o manejo da ação demolitória. Nesse sentido: A não utilização da ação de nunciação de obra nova, durante a construção não impede o prejudicado de valer-se da ação demolitória. Têm legitimidade para propor a ação conforme prevê o art. 934 do CPC: o proprietário, o possuidor, o condômino, para impedir que o coproprietário realize obra em prejuízo da coisa comum e o Município, para coibir que o particular construa em desacordo com a lei, regulamento ou postura municipal.

Ação de Dano Infecto. A ação de dano infecto ou caução de dano iminente constitui-se numa medida preventiva contra dano futuro. Está prevista no CPC, nos arts. 826 a 838, dentre os procedimentos cautelares específicos. Quem tiver justo receio de sofrer dano proveniente da ruína da casa vizinha de obras pode pedir que o proprietário dê caução para garantia de indenização, da realização do reparo necessário, ou da demolição. A caução pode ser em dinheiro ou fiança. Como o pedido na ação de dano infecto é o de que o réu preste uma caução, em essência, como afirma Orlando Gomes, deve ser incluída dentre as ações cominatórias. Todavia, como pode ser ajuizada por qualquer possuidor, não está de todo afastada sua colocação dentre as ações que se relacionam à posse.

Ação de Imissão de Posse. É uma ação que se funda no direito à posse, lastreada em título dominial preexistente. É ajuizada contra o alienante ou terceiro que tenha a posse dele decorrente. Busca o autor da ação conquistar a posse que nunca teve, mediante apresentação do título. Exemplo: se A compra um imóvel de B e este se recusa a permitir o ingresso de A, deverá A propor em face de B, a competente ação de imissão de posse, para que possa utilizar-se da coisa, já que, ao adquirir a propriedade, tem direito à posse. Mas como não teve posse anterior, não pode requerer a reintegração de posse.

Direito do Possuidor à indenização pelas benfeitorias O possuidor de boa fé (art. 1219, CC) tem direito de ser indenizado pelos gastos havidos com as benfeitorias necessárias, realizadas com a finalidade de conservar a coisa ou evitar que ela se deteriore. Exs: substituição de canos de vazamento. Também terá direito à indenização pelas benfeitorias úteis (que aumentam ou facilitam o uso), como por exemplo, a pavimentação de acesso a edifício, aumento de sua área de estacionamento e manobras, pintura que evita oxidação, etc. Terá ainda, direito de retenção, até que seja indenizado pelas mesmas. Quanto às benfeitorias voluptuárias, podem ser levadas desde que não prejudique a coisa. O art. 1220, CC credita ao possuidor de má fé o direito de ser ressarcido do quanto gastou executar a benfeitoria necessária. Mas sobre ela não tem direito à retenção, nem poderá levantar as benfeitorias úteis e voluptuárias.

Percepção de Frutos Consoante art. 1214 e parágrafo único, CC o possuidor de boa fé terá direito aos frutos naturais percebidos (aqueles que ele colheu). Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa fé devem ser restituídos, com a dedução das despesas de produção e custeio. Deve restituir os frutos colhidos com antecipação também. Lembrando que os frutos industriais (produtos manufaturados) e os naturais consideram-se colhidos tão logo sejam separados; os civis (aluguéis e juros) reputam-se percebidos dia por dia (art. 1215, CC). O possuidor de má fé não ignora que esteja prejudicando direito alheio. Por isso o legislador não pode ser complacente com quem, voluntariamente, prejudica outrem. Nessas condições, o art. 1216, CC responsabiliza o possuidor de má fé por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como os que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu a má fé. É garantido ao possuidor de má fé, entretanto, o direito de indenização pelas despesas com custeio e produção.

Responsabilidade pela Deterioração da Coisa O possuidor de boa fé não é responsável pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa (art. 1217, CC). Havendo boa fé do possuidor, quer porque tenha sido autorizado pelo dono, quer porque acredite que a coisa lhe pertença, não responde por indenização decorrente de fatos que provoquem a deterioração da coisa ou sua perda, desde que não tenha havido culpa de sua parte. Ao possuidor de má fé é atribuída a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, a não ser que prove que o referido perecimento ou deterioração teria ocorrido mesmo que a coisa estivesse na posse de quem a reivindica (art. 1218, CC). Ex: raio cuja descarga elétrica tenha provocado incêndio.