COMENTÁRIO DA PROVA Compreensão e Produção de Texto Implantado há quinze anos, o formato atual da prova de produção de texto da UFPR tornou-se referência na busca de modelos alternativos à redação escolar tradicional. Embora com alterações (inclusive no nome da prova), a ideia básica é que o estudante desenvolva uma série de propostas breves com base em variados temas, gêneros e tipos de textos. O reconhecimento do modelo chegou mesmo ao ponto de influenciar a transformação, este ano, da prova de Redação da Unicamp, uma mais inovadoras e prestigiadas do país. Tais aspectos certamente se fazem sentir na prova deste ano, composta por um resumo, duas propostas argumentativas (uma delas, uma carta a interlocutor definido), a análise e interpretação de uma tira de quadrinhos e a de um gráfico. Embora com limitações, que comentaremos mais adiante, a seleção dos textos é, no geral, inteligente e adequada. É o caso, por exemplo, da síntese do livro de Roberto DaMatta, na questão inicial, ou da tira de Quino, que serve de base à segunda proposta. As propostas, além disso, trazem o raro mérito de dialogarem entre si. A forma de educação paterna ironizada na tira de Quino, por exemplo, poderia ser aproveitada tanto na primeira proposta (cujo texto-base também critica a educação que temos em casa ), quanto na análise do gráfico da questão quatro, que traz dados sobre excesso de peso e obesidade infantil. Os temas e as abordagens subjacentes às questões discursivas tomam por referência o debate público sobre assuntos pertinentes à construção da cidadania na sociedade brasileira, como o trânsito, a infância e a educação, as tecnologias de informação e comunicação e, mesmo, a língua portuguesa em sua relação com a cultura e a realidade do país. Ressalve-se, contudo, a completa ausência a nosso ver injustificada de qualquer menção explícita às recentes eleições e os inúmeros temas e debates por elas suscitados. A prova deste ano trouxe também inusuais problemas de revisão, inclusive com certa gravidade. Os quadrinhos de Quino apareceram sem a indicação da obra de que foram extraídos, o que compremete a menção a eles no texto do candidato. Deslize de consequências maiores, ao gráfico que serve de base à questão quatro faltam informações essenciais. Novamente, não se registra a fonte dos dados; sabe-se que foram divulgados como notícia pelo Portal UOL, mas não qual o órgão ou instituição os elaborou. Também não está clara a natureza dos indicadores antropométricos apresentados. Os números presentes no gráfico provavelmente expressam percentuais, mas essa informação não está explícita. Dada essa omissão, acreditamos que a Banca Examinadora saberá levar em consideração outras hipóteses que se apresentarem viáveis para a interpretação dos indicadores. Por fim, julgamos pertinente apontar alguns limites e contradições ainda observados na prova. Como comentamos em relação ao exame do ano passado, não nos parece pedagogicamente apropriada a prática de reduzir a cinco o número de questões discursivas apresentadas. Afinal, o mérito maior da prova de produção de texto da UFPR, que a fez reconhecida nacionalmente, assenta-se justamente na variedade e na amplitude do conjunto de propostas, prejudicadas por sua diminuição. Embora em linhas gerais adequado e bem realizado, o exame deste ano, devido ao menor número de questões, fica um pouco a dever a exames anteriores, como o realizado para o vestibular de 2007. Professores de Português do Curso Positivo. 1
COMENTÁRIO DA PROVA Comentário de Literatura Tivemos uma excelente prova de Literatura na 1ª fase. Nós, professores, e alunos estávamos confiantes numa segunda fase também excelente, que exigisse a produção de textos com base na compreensão de modalidades diversas: reportagens, artigos, infográficos, charges/tiras e textos literários. Sim, houve essa diversidade, com exceção dos textos literários, o que é absolutamente inaceitável em nossa visão. É mais um ano em que a UFPR monta uma prova de Compreensão e Produção de Textos, sem exigir produção de uma redação a partir de um texto literário; é mais um ano em que a UFPR, assim, privilegia o aluno que compreenda textos cujo habitat sejam apenas as páginas de jornais ou revistas virtuais ou não, ignorando um ecossistema tão rico como as páginas dos livros de Literatura; é mais um ano em que a UFPR evidencia desprezo pelo saber literário; é mais um ano em que a UFPR desperdiça a oportunidade de valorizar o ensino da Literatura no Ensino Médio. A disciplina de Literatura Brasileira faz parte do programa da UFPR, bem como as dez obras indicadas como leitura obrigatória. Logo, entendemos ser um paradoxo absolutamente inaceitável e revoltante aos alunos o fato de se exigir a leitura integral de dez obras literárias e reduzir o processo de avaliação a apenas seis questões da prova objetiva. Os melhores exames de vestibular no país dão destaque à Literatura Brasileira, tanto em provas objetivas como em provas discursivas. Exemplos? ENEM, FUVEST, UNICAMP, UFPE, UnB DF, UFRJ, UEM PR, UEL PR, UFPE e UNESP, para não alongarmos muito a lista. O Departamento de Literatura da UFPR, tradicionalmente constituído por professores brilhantes, precisa apresentar questões condizentes com a capacidade intelectual e a seriedade de seus professores. É possível, sim, fazer excelentes questões de Compreensão e Produção de Textos envolvendo a interpretação de textos literários, e a própria UFPR já mostrou isso em anos anteriores (1999, 2002, 2003, 2007 e 2009). A UFPR, em seu processo de avaliação, deve privilegiar o aluno que é capaz de interpretar charges, tiras, infográficos, reportagens artigos e, também, textos literários. Professores de Português do Curso Positivo. 2
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