O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) +55 21 3095.7200 InfoReggae - Edição 10 Denúncias de abuso sexial contra crianças e adolescentes no estado do Rio de Janeiro 13 de setembro de 2013 Coordenador Executivo José Júnior Gerência de Informação e Monitoramento Danilo Costa Thales Santos Coordenação Editorial Marcelo Garcia É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) +55 11 3249.1168 Contatos www.afroreggae.org facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae danilo.costa@afroreggae.org thales.santos@afroreggae.org
Apresentação Nesta edição do InfoReggae você vai conhecer as informações relacionadas às denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado do Rio de Janeiro, realizadas pelo Disque 100. Apresentaremos dados como, por exemplo, o perfil das vítimas e dos suspeitos. Esta síntese será uma referência importante para a equipe técnica social do AfroReggae e deve provocar debates internos e a construção de uma relação de trabalho com o CREAS Centro de Referência Especializado da Assistência Social da cidade do Rio de Janeiro e de Nova Iguaçu. O fenômeno social do abuso sexual mostra-se um enorme desafio para técnicos e trabalhadores sociais. Como estabelecer o limite entre doença e crime? Como tratar a família da vítima quando o suspeito é o provedor da família? Como proteger a criança e o adolescente da exposição que o abuso provoca nas relações familiares, comunitárias e escolares? Estas perguntas e tantas outras que a equipe do AfroReggae, devem se fazer são estratégicas para que o atendimento a vítima tenha a responsabilidade da reconstrução social, familiar e comunitária. Marcelo Garcia Consultor AfroReggae e Coordenador do Conselho Editorial 2
Dados de Atendimento no Estado do Rio de Janeiro Gráfico 1: Denúncias de Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes - Rio de Janeiro 2011/2012 5.640 2.652 2011 2012 Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos Nos anos 2011 e 2012 o Disque 100 recebeu um total de 8.292 chamadas no Rio de Janeiro. Só em 2012 foram registradas 5.640 atendimentos, uma média de 15,5 denúncias por dia. Em 2012 houve o dobro de denúncias que 2011, um aumento de 112,7%. É importante destacar que esse aumento não pode ser entendido como o aumento das ocorrências, mas sim, o aumento de denúncias telefonicas registradas. Por se tratar de um assunto delicado e que traz constrangimento para as famílias, muitas vezes as ocorrências não são denunciadas. 3
Gráfico 2: Denúncias por UF - 100 mil habitantes 2012 DF RN MS RO RJ AC BA GO AM MA PE PB RS CE AL MT ES PI SC MG PR SE PA AP TO RR SP 5,42 171,30 162,64 140,52 135,62 132,80 129,94 124,89 120,42 112,63 110,06 104,73 99,23 97,72 97,23 97,05 95,85 95,15 94,70 89,93 87,14 78,07 68,12 49,39 46,95 41,57 292,53 Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos O gráfico acima apresenta o ranking das unidades federadas (UF) em relação às denúncias realizadas no Disque 100. Verifica-se que o Distrito Federal apresentou o maior número de denúncias para cada grupo de 100 mil habitantes, ocupando o 1º lugar no ranking. O estado do Rio de Janeiro ocupa a 5ª posição. 4
Perfil da Vítima no Estado do Rio de Janeiro Gráfico 3: Perfil das Vítimas segundo Sexo 2012 13,2% 32,0% 54,8% Feminino Masculino Não informado Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos O Gráfico 3 apresenta a distribuição das vítimas segundo o sexo. Verifica-se que a maioria das vítimas, 54,8% é do sexo feminino. Os homens representam 32,0% e os casos não informados 13,2%. 10,2% Gráfico 4: Perfil das Vítimas segundo a Idade 2012 17,3% 20,9% 26,4% 15,9% 8,9% 0,0% 0,4% Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos O Gráfico 4 nos mostra que, entre as crianças e adolescentes vítimas de abuso, a faixa etária com o maior índice de crimes é a de 12 a 14 anos, com 26,4% das ocorrências, seguida pela faixa de etária dos 8 aos 11 anos, com 20,9%. 5
É importante destacar que 10,2% dos abusos ocorrem entre crianças de 0 a 3 anos e 0,4%, entre recém-nascidos. Perfil dos Suspeitos no Estado do Rio de Janeiro Gráfico 5: Perfil dos Suspeitos segundo o Sexo 2012 14,0% 48,1% 37,9% Feminino Masculino Não informado Dos suspeitos (as) de abuso sexual, 48,1% são do sexo masculino e 37,9% são do sexo feminino. Os casos não informados representam 14,0% 6
Gráfico 6: Perfil dos Suspeitos por Grupos de Idade 2012 12 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos 51 a 55 anos 56 a 60 anos 61 a 65 anos 66 a 70 anos 71 a 75 anos 76 a 80 anos 81 a 85 anos 86 a 90 anos 91 anos ou mais Não Informado 0,5% 2,5% 7,3% 12,4% 8,4% 10,8% 4,1% 5,2% 2,9% 2,9% 1,5% 0,6% 0,1% 0,2% 0,05% 0,02% 0,02% 40,7% O Gráfico 6 apresenta a distribuição dos suspeitos (as) por grupos etários. As informações nos mostram que 12,4% dos crimes de abuso são cometidos por pessoas de 25 a 30 anos. 8,4% de 31 a 35 anos e 4,1% da faixa etária de 41 a 45 anos. Os casos em que não se tem informação sobre a idade do suspeito (a) representam 40,7%. 7
Gráfico 7: A Relação do Suspeito com a Vítima 2013 Desconhecido(a) *Outras Relações menos recorrentes Mãe Pai Padrasto Tio (a) Vizinho (a) Namorado(a) Irmão (ã) Não se aplica Não informado 8,4% 4,8% 3,7% 3,3% 1,8% 7,4% 5,6% 12,5% 11,6% 16,0% 24,7% Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos O Gráfico 7 nos mostra os tipos de relação entre o suspeito e a vítima. Verificamos que a maioria dos casos, 24,7%, ocorre entre desconhecidos. No entanto, nos chama a atenção para os 12,5% dos casos que ocorrem entre mães e filhos e 11,6%, entre pais e filhos. Padrastos representam 8,4%. As outras relações menos recorrentes, 16,0%, apresentada no gráfico se refere à relações como amigo, companheiro, avô e professor, por exemplo. 8
Gráfico 8: Local da Violação 2013 Casa da Vítima Casa do Suspeito Outros Casa Rua Escola Local de trabalho Igreja *Outros locais menos recorrentes Delegacia de Polícia Albergue 3,8% 2,8% 0,4% 0,3% 0,1% 0,0% 0,0% 8,8% 8,4% 33,5% 41,9% Fonte: Disque 100 Secretaria de Direitos Humanos Entre os locais onde ocorrem as denúncias, destacam-se a casa da vítima com 41,9%, e em seguida a casa do suspeito, 33,5%. Em terceiro lugar está qualquer domicílio que não seja a casa da vítima e/ou a casa do suspeito. A rua é apontada por 3,8% das denúncias, seguido pela escola, 2,8%. 9
Um Debate a ser Feito Os dados apresentados nos mostram que precisamos fazer um sólido debate sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes. Um problema crescente que merece interrogações técnicas e não respostas certas como se não estivessemos na frente de um problema complexo e sobretudo de um novo fenômeno social que esfacela relações familiares, comunitárias e desconstrói a vivência de crianças e adolescentes. Não é um debate com muitas certezas mas, sabemos que, um pai que abusa de sua filha ou filho, morreu como pai naquele momento. Ele leva para dentro da família sentimentos que dificilmente serão resignificados. O AfroReggae não pretende negar a complexidade do assunto e menos ainda deixa-lo em prateleiras. Esta síntese, bem como seu debate de campo, como seu programa de TV - Conexões Urbanas, comprometem-se com uma agenda que, no Brasil, figura como escondida. Escondida, um pouco pela vergonha de se reconhecer um fenômeno tão duro de interpretar e um pouco também pela inércia de estudar e aprofundar respostas. Como o perfil da instituição sempre foi no campo da Ativação de propostas sem dúvida que este tema entra com a força e intensidade para construirmos alguns caminhos de trabalho. Para o Abuso Sexual de crianças e adolescentes o silêncio é o caminho mais perverso que se pode adotar mas para fazer barulho é preciso encontrar, estudar, entender e propor soluções. Este debate já está sendo feito. Marcelo Garcia Consultor AfroReggae e Coordenador do Conselho Editorial 10
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