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Transcrição:

Processo: 159-30.2016.6.09.0031 Candidato a Prefeito: GILDA ALVES DE OLIVEIRA NAVES Processo: 160-15.2016.6.09.0031 (Apenso) Candidato a Vice-Prefeito: ALBA STEFÂNIA SILVA Requerente: Coligação Unidos Por Silvânia (PP PV PTB PDT PTC PMN PMDB PROS PC do B PRTB) SENTENÇA Trata-se de pedido de registro de candidatura de GILDA ALVES DE OLIVEIRA NAVES, para concorrer ao cargo de prefeito, sob o número 11, pelo Partido Progressista, pela Coligação Unidos Por Silvânia (PP PV PTB PDT PTC PMN PMDB PROS PC do B PRTB) e ALBA STEFÂNIA SILVA, candidata a Vice-Prefeito, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, no município de Silvânia - GO. Em apenso, pedido de registro de candidatura da candidata a Vice-Prefeito. Publicado o edital, a candidata a prefeita recebeu impugnações propostas pelo Ministério Público Eleitoral (folhas 41/127) e da Coligação Honestidade e Trabalho (PSDB, DEM, PRP), de folhas 128/267. Com relação à candidata a Vice não foram apresentadas impugnações ou notícias de inelegibilidade. O Ministério Público Eleitoral e a Coligação Unidos Por Silvânia, impugnaram a candidatura com fundamento no artigo 1º, I, g, da Lei Complementar 64/90 e no artigo 11, 1º, da Lei 9.504/97. Em folhas 271/279, foi juntada decisão do Ministro Henrique Neves da Silva que conheceu do recurso especial interposto e reformou parte do acórdão do TRE-GO, convertendo as contas da Senhora Gilda Alves de Oliveira Naves de não prestadas para desaprovadas. Foi apresentada contestação refutando as impugnações apresentadas (folhas 280/307).

As partes apresentaram alegações finais: Ministério Público (folhas 316/332), impugnante (folhas 333/336) e impugnada (337/343). É o relatório. Passo a decidir. Não havendo questões preliminares passaremos a analisar o mérito. DA AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL CONTAS ELEITORAIS DE CAMPANHA JULGADAS NÃO PRESTADAS NAS ELEIÇÕES DE 2014. A quitação eleitoral é requisito fundamental para o deferimento do registro de candidatura, nos termos da Lei 9.504/97: Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: (...) VI - certidão de quitação eleitoral; Conforme decisão juntada aos autos em folhas 271/279, o Ministro Henrique Neves da Silva conheceu do recurso especial interposto e reformou parte do acórdão do TRE-GO, convertendo as contas da Senhora Gilda Alves de Oliveira Naves de não prestadas para desaprovadas. Embora o Ministério Público Eleitoral tenha proposto agravo regimental não há prova nos autos que ele tenha sido recebido com efeito suspensivo, mesmo porque não há previsão expressa no Regimento Interno do TSE. Dessa forma, aplica-se o que dispõe o Código Eleitoral: Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo. Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do Presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão. Ademais, o legislador atribuiu efeito suspensivo tão somente para os recursos contra: a) condenação criminal, consoante se extrai do art. 363 do Código Eleitoral; b) expedição de diploma, nos termos do art. 216 do Código Eleitoral; c) desaprovação de contas dos órgãos partidários, na forma do art. 37, 4.º, da Lei n.º 9.096/95;

d) cassação do direito de transmissão de propaganda partidária, nos termos do art. 45, 5.º, da Lei n.º 9.096/95; e) decisão que declara a inelegibilidade de candidato, conforme art. 15 da Lei Complementar n.º 64/90. Note-se que o efeito suspensivo pode ser concedido no caso de desaprovação de contas partidárias e não para contas de campanha eleitoral. Nesse sentido, a desaprovação das contas de campanha da candidata não interfere na sua quitação eleitoral. Esse é o entendimento consagrado no Tribunal Superior Eleitoral: Eleições 2012. Registro de candidatura. [...]. Desaprovação das contas de campanha. Quitação eleitoral. Entendimento jurisprudencial mantido na Resolução nº 23.376/2012. Observância do princípio da segurança jurídica. Deferimento do pedido de registro. [...] 1. A apresentação das contas de campanha é suficiente para a obtenção da quitação eleitoral, nos termos do art. 11, 7º, da Lei nº 9.504/97, alterado pela Lei nº 12.034/2009. 2. Entendimento jurisprudencial acolhido pela retificação da Resolução nº 23.376/2012 do TSE. [...] (Ac. de 16.10.2012 no AgR-REspe nº 23211, rel. Min. Dias Toffoli.) DA REJEIÇÃO DE CONTAS PELA CÂMARA MUNICIPAL DE SILVÂNIA-GO O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em 10 de agosto de 2016, em julgamento conjunto dos Recursos Extraordinários (REs) 848826 e 729744, ambos com repercussão geral reconhecida, que discutiam qual o órgão competente se a Câmara de Vereadores ou o Tribunal de Contas para julgar as contas de prefeitos, e se a desaprovação das contas pelo Tribunal de Contas gera inelegibilidade do prefeito (nos termos da Lei da Ficha Limpa), em caso de omissão do Poder Legislativo municipal. Por maioria de votos, o Plenário decidiu, no RE 848826, que é exclusivamente da Câmara Municipal a competência para julgar as contas de governo e as contas de gestão dos prefeitos, cabendo ao Tribunal de Contas auxiliar o Poder Legislativo municipal, emitindo parecer prévio e opinativo, que somente poderá ser derrubado por decisão de 2/3 dos vereadores. Observa-se que a impugnada teve suas contas de gestão do exercício 2010, 2011 e 2012 julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás. Dessa forma, as decisões do TCM, por si só, não têm o condão de tornar a impugnada inelegível, mas demonstram a prática reiterada de condutas irregulares quando ocupava o cargo de Prefeita no município de Silvânia.

Por sua vez, em 02 de agosto de 2016, o Decreto Legislativo Nº 002/2016, da Câmara Municipal de Silvânia, reprovou as contas da Prefeitura Municipal, pertinentes às contas de governo do exercício financeiro de 2002. O julgamento da Câmara Municipal se embasou no processo nº 11.744/2003 do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás que rejeitou as contas examinadas por ausência de decreto de cancelamento de restos a pagar, ausência de convênio para construção de casas populares e da lei que autorizou a doação e ausência de correção dos saldos patrimoniais). Este julgamento resultou na publicação do Acordão 04090/2005/TCM-GO. Nos termos do artigo 31, 2º, da Constituição Federal é de competência da Câmara Municipal julgar anualmente as contas apresentadas pelo Prefeito. Nesse sentido, são os julgados: AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. REJEIÇÃO CONTAS DE PREFEITO MUNICIPAL. PRIMEIRO AGRAVO NÃO CONHECIDO. INTEMPESTIVO. SEGUNDO AGRAVO. CONHECIDO E NÃO PROVIDO. COMPETÊNCIA DA CÂMARA MUNICIPAL PARA JULGAR CONTAS DE PREFEITO MUNICIPAL. 1. Primeiro agravo não conhecido. Intempestivo. 2. A jurisprudência do TSE é firme no sentido de que a autoridade competente para julgar contas de gestão ou anuais de prefeito é a Câmara Municipal. 3. Decisão agravada que se mantém pelos seus próprios fundamentos. 4. Segundo agravo não provido. (TSE - AgR: 32934 PB, Relator: EROS ROBERTO GRAU, Data de Julgamento: 02/12/2008, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 02/12/2008) (Grifos nossos) Em cumprimento ao que determina o art. 14, 9º, da Constituição Federal, a Lei Complementar 64/90 estabelece os casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências. No caso em questão, a impugnada se enquadra no dispositivo abaixo: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8

(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (Grifos nossos) Em análise detalhada ao Acordão 04090/2005/TCM-GO observamos que as contas rejeitadas da impugnada reúnem todas as três características necessárias para configuração de sua inelegibilidade (irregularidade insanável, ato doloso de improbidade administrativa e decisão irrecorrível do órgão competente). Quanto à nulidade da Sessão de Julgamento da Câmara que rejeitou suas contas, a Justiça Eleitoral é incompetente para apreciar sua legalidade. Conforme consta dos autos em folhas 328/329, a Justiça Comum indeferiu o pedido de liminar em ação declaratória de nulidade proposta em face da Câmara Municipal. Embora a legalidade da decisão supramencionada ainda esteja sendo questionada judicialmente, nos termos do artigo 57, caput, da Resolução 23.455/2015, todos os registros de candidatura devem estar julgados até o dia 12 de setembro de 2016. Assim sendo, em razão da exiguidade do prazo para julgamento dos registros, os requisitos de elegibilidade devem ser aferidos no momento da sua formalização, nos termos do artigo 27, 12, da supramencionada Resolução: Os requisitos de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro de candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (grifos nossos). DA ANÁLISE DO REGISTRO DA CANDIDATA A VICE-PREFEITO A candidata a Vice-Prefeito Alba Stefania Silva estava na lista de contas julgadas irregulares ou com parecer pela rejeição do Tribunal de Contas dos Municípios atualizada em 11 de agosto de 2016, relativos aos balancetes do mês de dezembro de 2013 da Câmara Municipal de Silvânia. Entretanto, conforme decisão juntada em seu pedido de folhas 12/31, o recurso de revisão recebeu provimento parcial, alterando, portanto, o Acórdão Nº 05974/2015, no sentido de julgar Regulares as Contas de Gestão da Câmara Municipal, exercício 2013. pleiteado. Diante disso, a candidata a vice preenche todas as condições legais para o registro

O pedido veio instruído com a documentação exigida pela legislação pertinente e, publicado o edital, transcorreu o prazo sem impugnação. As condições de elegibilidade foram preenchidas, não havendo informação de causa de inelegibilidade. DA DECISÃO CONJUNTA DA CHAPA MAJORITÁRIA Preliminarmente, antes de julgar a chapa das candidatas, é importante ressaltar o que dispõe a Resolução TSE Nº 23.455/2015: Art. 49. Os pedidos de registro das chapas majoritárias serão julgados em uma única decisão por chapa, com o exame individualizado de cada uma das candidaturas, e somente serão deferidos se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo ser deferidos os registros sob condição. Parágrafo único. Se o Juiz Eleitoral indeferir o registro, deverá especificar qual dos candidatos não preenche as exigências legais e apontar o óbice existente, podendo o candidato, o partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo, indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma dos arts. 67 e 68. (Grifou-se) Art. 50. A declaração de inelegibilidade do candidato a prefeito não atingirá o candidato a vice-prefeito, assim como a deste não atingirá aquele. Parágrafo único. Reconhecida a inelegibilidade e sobrevindo recurso, a validade dos votos atribuídos à chapa que esteja sub judice no dia da eleição fica condicionada ao deferimento do respectivo registro (Lei Complementar nº 64/1990, art. 18 e Lei n 9.504/1997, art. 16A). Por todo o exposto, com fundamento no Art. 1º, I, g, da Lei Complementar 64/90, INDEFIRO o registro de GILDA ALVES DE OLIVEIRA NAVES, para concorrer ao cargo de prefeito, sob o número 11, com opção de nome: Gilda Naves, pelo Partido Progressista, podendo a candidata, o partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo, indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma dos arts. 67 e 68 da Resolução TSE Nº 23.455/2015. Já a candidata ALBA STEFÂNIA SILVA encontra-se APTA para concorrer ao cargo de vice-prefeito, sob o número 11, com opção de nome: Alba Stefânia, nas Eleições Municipais de Silvânia.

Entretanto, nos termos do artigo 49 e 50 da Resolução TSE Nº 23.455/2015, INDEFIRO a chapa Majoritária para concorrer nas Eleições Municipais de 2016, no município de Silvânia. Junte-se cópia da sentença no processo da Vice em apenso. Registre-se. Publique-se. Intime-se pelo Mural Eletrônico, nos termos dos artigos 1º e 2º da Resolução Nº 255/2016 TRE-GO. Ciência pessoal ao Ministério Público. Em havendo recurso, a partir da data em que for protocolada a referida petição, passará a correr o prazo de três dias para apresentação de contrarrazões, notificado o recorrido em cartório (artigo 54 da Resolução TSE Nº 23.455/2015). Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao Tribunal Regional Eleitoral, inclusive por portador, se houver necessidade, decorrente da exiguidade de prazo, correndo as despesas do transporte por conta do recorrente (artigo 55 da Resolução TSE Nº 23.455/2015). Em havendo o trânsito em julgado, arquivem-se os presentes autos. Silvânia, 07 de setembro de 2016. Maria Lúcia Fonseca Juíza da 31ª Zona Eleitoral de Silvânia