Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia PBL (Problem Based Learning) uma nova visão para o ensino superior no Brasil Prof. Dr. Luiz Carlos de Campos 1
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO NAS IES Classes lotadas metodologia de ensino de massa; Mesmo conteúdo transmitido ano após ano, falta de atualização do conteúdo e aplicações; A memória é mais importante que o raciocínio e a imaginação; A memória é a função mental básica para avaliação do aproveitamento; Pedagogia baseada na idéia de transferência de conhecimento; O grau do conhecimento transferido é medido apenas por provas individuais. 2
The way I was educated Big class, little room for individual ideas There is still one more seat in the wall http://www.cnsphoto.com / 3 3
PERFIL DO JOVEM ATUAL Não tem paciência para estudar/trabalhar; Dificuldade para aprendizagem linear; Hiperatividade: executa múltiplas tarefas simultaneamente; Usa controle remoto como uma metralhadora; Possui uma mente seletiva para um excesso de informações; Utiliza várias mídias com grande desenvoltura: TV; Celular; Computador; Internet; Orkut; Twiter; Google Talk; etc; Não sabe obedecer ordens; Possui a sindrome do motorista de táxi : SABE TUDO!! Dificuldade em comunicação escrita e conhecimentos gerais. 4
PESQUISA REALIZADA Gilberto Dimenstein (31.000 universitários) (Palestra: A importância da educação no investimento social V Premio Melhores Universidades Guia do Estudante e Banco Real 27/11/ 2009 São Paulo - SP 1) Os jovens estão plugados em média em cinco mídias: 93% Google; 81% MSN; 74% Orkut; 66% You Tube; 27% Talk; 2) Qual o lugar interessante para trabalhar: 26% investimento no desenvolvimento profissional; 25% ambiente agradável de trabalho; 19% qualidade de vida; 16% salários compensadores; 14% crescimento na carreira. 5
METODOLOGIA DE ENSINO Tradicional 6
POR QUE MUDAR? Currículos sobrecarregados de conteúdos insuficientes para a vida profissional; A complexidade dos problemas atuais exige novas competências além do conhecimento específico, tais como: A) COLABORAÇÃO; B) CONHECIMENTO INTERDISCIPLINAR; C) HABILIDADE PARA INOVAÇÃO; D) TRABALHO EM GRUPO; E) EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL E GLOBAL. 7
Necessidade para mudança: a acreditação Contexto Globalizado Conhecimento interdisciplinar Comunicação efetiva Habilidades Analíticas Aprendizagem Contínua Aplicação de conhecimentos de matemática e ciências Trabalho em Grupo Gerência de Projetos Capacidades Diversas Identificar e resolver problemas de ciência aplicada Projeto e Condução de experimentos Competências Interculturais Responsabilidade ética, social e ambiental - National Academy of Engineering, The Engineer of 2020, 2004 - EUR-ACE (Accreditation of European Engineering Programmes and Graduates, http://www.feani.org/eur_ace/eur_ace_main_page.htm - ABET: http://www.abet.org/ 8
EXPECTATIVA DO MERCADO Comparação entre as capacidades adquiridas nas universidades e as requiridas na vida profissional Alemanha. (Becker 2006) 9
Ranking das capacidades importantes na vida profissional dos engenheiros elétricos após cinco anos da graduação - Alemanha (Becker 2006) 10
O QUE DEVE SER MUDADO O modelo de ensino que é praticado na universidade; As metodologias de ensino/aprendizagem devem ser reformuladas; Dar maior ênfase ao trabalho do aluno; Aprendizagem ativa, baseada na solução de problemas reais, orientada a projetos e a necessidade do mercado; Uma contraposição a uma forma de ensino passiva e assentada na transmissão de conhecimentos; Modelo de aprendizagem mais participativo, mais atrativo para os alunos e mais centrado na aquisição de competências; Maior acompanhamento dos alunos por parte dos professores e um investimento permanente na melhoria da qualidade da educação. 11
PBL PROBLEM BASED LEARNING Metodologia Ativa de ensino-aprendizagem 12
PBL como uma estratégia para a mudança: diversidade de pratica McMaster 1968 Maastricht 1972 Linkoping 1972 Roskilde 72 Aalborg 74 Problema como foco e estimulo para aprendizagem Aprendizagem auto-dirigida Estudo centrado no aluno e tutores como facilitadores Trabalho em grupo Como Mudar Orientação de problema Interdisciplinaridade Aprendizagem exemplar Participação direta Grupo de trabalho 13 13
METODOLOGIA ATIVA PBL Problem Based Learning Ambiente acadêmico em perfeita sintonia com o mercado. Metodologia dinâmica e individualizada. Programas atualizados anualmente de acordo com as novas exigências do mercado e com as novas tecnologias e ferramentas disponíveis. 14
CARACTERISTICAS BÁSICAS DA FUNÇÃO DO ENGENHEIRO Necessidade crescente de gerenciamento de equipes de projetos, pesquisas e trabalhos; Conhecimentos de conteúdos disciplinares diferentes mas interligados; Procura constante de idéias inovadoras; Atitudes empreendedoras; Converter conhecimento científico em aplicações úteis para a sociedade, com atitude ética e responsável. 15
O QUE MUDAR NO ENSINO DE ENGENHARIA De: Engenheiros graduados que NÃO ESTÃO prontos para o trabalho Para: Engenheiros graduados que ESTÃO prontos para o trabalho O que os estudantes precisam saber Professores que transmitem informações em aulas teóricas. Problema dado para demonstrar que a informação foi entendida Provas para testar a retenção da informação. Posição frente a um problema colocado Identificar que informação e conhecimento eles precisam. Encontrar a informação e conhecimento que eles precisam. Aplicar a informação e o conhecimento na solução de um problema e interpretar o resultado. Graduados com HABILIDADES TÉCNICAS Graduados com HABILIDADES TÉCNICAS E PRÁTICAS 16
O QUE É A ENGENHARIA BIOMÉDICA É uma especialidade da engenharia nos países desenvolvidos, sem exceção. A designação varia de país, podendo se chamada de Engenharia Clínica ou Engenharia Hospitalar; Os engenheiros biomédicos aplicam princípios de engenharia elétrica, mecânica, química, óptica e outras engenharias para compreender, modificar ou controlar sistemas biológicos, além de projetar e manufaturar produtos que possam monitorar funções fisiológicas, assistir nos diagnósticos e tratamentos de pacientes. ( The Biomedical Engineering Handbook, Bronzino, CRC Press, Boca Raton, 1995). 17
Curso de graduação em Engenharia Biomédica na PUC-SP A proposta do Curso de Graduação em Engenharia Biomédica na PUC-SP nasceu de um estudo estratégico de mercado No Brasil existiam em 2006 um total de 7.543 hospitais, apenas 1% com Engenheiros Clínicos Uma parcela considerável desses hospitais está no Estado de São Paulo 18
Curso de graduação em Engenharia Biomédica na PUC-SP 1) Necessidade crescente de um profissional que conheça e desenvolva tecnologia em saúde e suas aplicações 2) Diálogo natural com profissionais da área médica 3) Estabelece uma integração entre: TECNOLOGIA, SAÚDE, GESTÃO e CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS e JURÍDICAS. 19
Premissa Básica do Curso de Engenharia Biomédica da PUC-SP Integração Tecnologia Saúde Ciências Humanas/sociais Administração Economia Direito 20
Premissa Básica do Curso de Engenharia Biomédica da PUC-SP Formação integral técnica e humanística Desenvolvimento de espírito crítico Característica multidisciplinar Visão moderna da engenharia: solução de problemas reais Estímulo ao empenho e à criatividade Envolvimento com situações concretas e desafiadoras 21
Objetivos Gerais do Curso de Engenharia Biomédica na PUC-SP 22
EIXOS TEMÁTICOS O curso está estruturado em 5 eixos temáticos: Imagens Médicas Engenharia Clínica e Gestão de Saúde Eletrônica Médica Informática Médica Biomecânica e Engenharia de Reabilitação 23
Cada eixo é tratado de modo especial ao logo dos cinco anos do curso 1º Introdução e aplicações básicas da tecnologia na área da saúde; 2º As aplicações especificas cotidianas da tecnologia na área da saúde; 3º As aplicações tecnológicas no desenvolvimento da área da saúde; 4º O estado da arte da tecnologia relacionado com a área da saúde; 5º Pesquisa nas tecnologias para a área da saúde e suas aplicações nas atividades clinicas do dia-dia. 24
CONTEÚDOS 1) MÓDULO CENTRAL Determina os conteúdos práticos e teóricos de cada eixo temático ao longo do curso. 2) MÓDULOS ASSOCIADOS Desenvolvem habilidades complementares no conteúdo do módulo central. Desenvolvem habilidades em negócios, relações humanas e sociais e os aspectos legais da profissão. 25
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES 1) APOIO TEÓRICO Desenvolve habilidades, especificas e básicas, em todas as disciplinas na área de engenharia. As atividades são desenvolvidas na forma de workshops, aulas teóricas e debates. 26
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES 2) APOIO LABORATORIAL Ilustra e fornece apoio para o processo de aprendizagem. Desenvolve aplicações práticas das várias teorias. Promove o conhecimento de uma área específica. Desenvolve o manuseio e conhecimento dos instrumentos e seus procedimentos. 27
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES 3) SESSÕES TUTORIAIS As sessões tutoriais constituem o ambiente de discussão e encaminhamento do conhecimento para a solução dos problemas. O tutor aconselha os estudantes para que eles sejam capazes de identificar as palavras chaves que levam a aprendizagem com a intensidade apropriada. 28
AVALIAÇÃO DO PRIMEIRO SEMESTRE 1) PONTOS POSITIVOS Abordagens dos temas num ambiente agradável e descontraído; Alta interação nos grupos de trabalho; Desenvolvimento dos estudantes no tratamento de problemas complexos; Desenvolvimento do interesse dos estudantes na pesquisa e na aquisição de habilidades para solução dos problemas. 29
AVALIAÇÃO DO PRIMEIRO SEMESTRE 2) PONTOS A TRABALHAR Baixo conhecimento prévio dos estudantes em ciências básicas e matemática. Os problemas propostos foram mais focados em medicina que em engenharia. Melhorar a interação entre os professores e os grupos de trabalho. Planejamento mais adequado para as aulas de exercícios e laboratório. Falta de maturidade dos estudantes para entender a nova metodologia. Avaliação dos resultados. Elaborar uma forma mais adequada de acordo com as necessidades do processo de aprendizagem. 30
DÚVIDAS E DISCUSSÕES Existe a necessidade de uma transição suave entre a metodologia tradicional e o PBL? Como tratar as indecisões e dúvidas dos professores sobre a metodologia? Como conseguir um melhor apoio e compromisso dos professores com a metodologia PBL? 31
DO MÉTODO TRADICIONAL PARA O PBL: NECESSIDADES Apoio da administração superior Curriculum planejado Treinamento do corpo docente da faculdade Um time de campeões que: Não só entenda o conceito, mas Acredita no conceito 32 32
VARIAÇÕES DO PBL PBL Aprendizagem Baseada em Problemas aborda assuntos a nível institucional PLE/PBLE Project Led Education/Project Based Learning in Engineering (United Kingdom) Aprendizagem Baseada em Projetos aborda assuntos a nível da comunidade PPBL Aprendizagem Baseada em Problemas e Projetos aborda assuntos a nível da instituição e da comunidade P 3 BL Aprendizagem Baseada em Problemas, Projetos e Práticas aborda assuntos a nível da instituição, da comunidade e da indústria 33
O PROCESSO DE BOLONHA Mudanças profundas no modelo de ensino superior europeu, criando Área Européia de Ensino Superior (46 países); Contraposição à forma passiva e assentada na transmissão de conhecimentos; O Ensino Superior está organizado em três ciclos: 03 anos (grau de Licenciatura); 02 anos (grau de Mestrado) e 03 anos (grau de Doutor). Alguns cursos funcionam em regime de Mestrado Integrado por exigência das Ordens Profissionais. O primeiro ciclo possui 180 créditos ECTS, o segundo 120 e o terceiro 180. Cada crédito ECTS varia de 25 a 30 horas de trabalho do estudante; Reformulações completas nas metodologias de ensino/aprendizagem, dando maior ênfase ao trabalho do aluno e introduzindo o EAD, a aprendizagem ativa, a aprendizagem baseada na solução de problemas, orientada a projetos e práticas; O Mestrado será sempre um curso de Especialização com unidades correspondentes exigindo um período de trabalho individual e supervisionado pessoalmente por um docente, podendo ser um projeto, um estágio profissional ou uma dissertação resultado de uma pesquisa científica. Isto corresponde ao mínimo de 25% do total do segundo ciclo, ou seja, 30 créditos para o trabalho individual. 34
AVALIAÇÕES DO PROCESSO Vários instrumentos foram criados para atingir os objetivos da criação da Área Européia de Ensino Superior: 1) ECTS Sistema Europeu de Transferência de Créditos: estabelece procedimentos comuns no reconhecimento acadêmico da formação e graus obtidos pelos estudantes dentro do espaço europeu. Permite medir e comparar resultados acadêmicos, e transferi-los de uma instituição para outra. Cada crédito ECTS varia de 25 30 horas de trabalho do estudante. 2) DS Suplemento ao Diploma: proporciona uma descrição da natureza, nível, contexto e estatutos dos estudos efetuados pelos estudantes; 3) ENQA Rede Européia de Garantia da Qualidade: destina a garantir a qualidade da formação das instituições. 35
The VU PBL Engineering Model In year 1 students work on small PROBLEMS to achieve the Fundamentals In years 2 & 3 students work on PROJECTS which could be community and/or industry based Year 4: Engineering PRACTICE on Industry Projects 36
PBL in ENGINEERING @ VU STOJCEVSKI et al., 2009 37 37
REFLEXÕES PROVOCATIVAS Estarão as IES, os gestores acadêmicos, os professores e os sindicatos/entidades de classe: preparados/(interessados) para a/ (na) mudança do sistema de ensino superior no Brasil?? 38
As pessoas que sonham com o impossível são as únicas que têm chance de alcançá-lo. Linus Pauling/Walt Disney OBRIGADO. Luiz Carlos de Campos lccampos@pucsp.br 39
Referências Bibliográficas Campos, L. C., et al. PBL in the teaching of biomedical engineering: a pioneer proposal in Brazil. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches for Engineering Education PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Andersen, A. The European Project Semester EPS. PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Lima, R. M., et al. Management of interdisciplinary Project Approaches in Engineering Education: a case Study. PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Rocha, G., et al. PLE contribution for the acquisition of new concepts. PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Wim Weenk and Maria van der Blij. Students Teamwork in Project Led Engineering Education (PLEE). PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Lima, R. M., et al. Learning Engineering in interaction with Industry. PAEE2009 UMINHO Portugal, 2009. Xiangyun Du; Stojcevski, A. Educational Innovation Problem Project Practice Approaches in Engineering Education. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches for Engineering Education PAEE2009 -UMINHO Portugal, 2009. Campos, L.C.; Manrique, A.L.; Dirani, E.A.T. Desafios na implementação do curso de engenharia biomédica em PBL na PUC-SP. III Congreso Mundial sobre Las Competencias Laborales COMCOM2009 Bogotá Colombia,2009. Projeto Pedagógico Institucional PPI: Diretrizes para a Graduação da PUC/SP. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Del. 11/2004; São Paulo, 2004. 40
Maiores informações acessar: 1st Ibero-American Synposium on Project Approaches in Engineering Education Guimarães, Portugal, 21-22 july 2009. http://paee2009.dps.uminho.pt III Congreso Mundial sobre las Competencias Laborales COMCOM2009 - Bogotá, Colômbia, del 7 al 9 octubre 2009. http://www.cimted.org 41