Atividade antifúngica de óleos essenciais e extratos vegetais sobre fungos fitopatogêncios

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Transcrição:

Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 1., 13, Belo Horizonte Atividade antifúngica de óleos essenciais e extratos vegetais sobre fungos fitopatogêncios Adalgisa Leles do Prado (1), Maira Christina Marques Fonseca (2), Melina Guimarães Gonçalves (3), Miller da Silva Lehner (4), Trazilbo José de Paula Júnior (2), Andréia Fonseca Silva (5) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, adalgisa_lp@ufv.br; (2) Pesquisadores/Bolsistas BIP FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, maira@epamig.br, trazilbo@gmail.com; (3) Bolsista BIC FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, melinaguima@hotmail.com; (4) Doutorando UFV - Viçosa, MG, millerlehner@gmail.com; (5) Pesquisadora/Bolsista FAPEMIG/EPAMIG - Belo Horizonte, andreiasilva@epamig.br INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores consumidores de defensivos agrícolas do mundo. São gastos, anualmente, cerca de 2,5 bilhões de dólares com a aquisição desses produtos. O País é responsável pelo consumo de cerca de 5% da quantidade de defensivos utilizada na América Latina. Como consequência, ocorrem graves desequilíbrios ambientais, resultando na contaminação de alimentos, animais e reservas hídricas, e ocasionando a redução na qualidade e na expectativa de vida da população. Desse modo, fazse necessária a busca de medidas alternativas de manejo fitossanitário compatíveis com a qualidade ambiental visada no manejo sustentável. O controle de doenças, na maioria das vezes, tem sido feito com a utilização de fungicidas sintéticos. Apesar da facilidade de aquisição e de uso, problemas como o desenvolvimento de resistência de patógenos diante do uso contínuo e da alta toxicidade de determinados produtos estão frequentemente associados à utilização exclusiva do controle químico. Soma-se a esses fatores o custo elevado dos produtos que onera a produção, muitas vezes realizada por produtores familiares. Além disso, nos sistemas de produção em que a utilização do controle químico não é permitida, como por exemplo, no orgânico, há necessidade de métodos alternativos, com eficiência comprovada, para o controle de pragas e doenças (VENZON et al., 6).

EPAMIG. Resumos expandidos 2 Considerando o valor das plantas medicinais, não apenas como recurso terapêutico, mas também como fonte de controle alternativo de pragas e doenças, torna-se importante estabelecer linhas de ações voltadas ao desenvolvimento de técnicas de manejo sustentável, utilizando espécies que possibilitem contribuir para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas tropicais (SHELDON; BALICK; LAIRD, 1997). Pesquisas que visam ao controle alternativo de pragas e doenças, principalmente daquelas que provocam danos econômicos à agricultura, com o uso de óleos essenciais e extratos vegetais (SCHWAN-ESTRADA; STANGARLIN, 5), têm aumentado consideravelmente nos últimos anos e revelado seu potencial. Algumas plantas apresentam diversas substâncias químicas em sua composição, muitas destas com potencial fungicida ou fungistático, as quais devem ser estudadas para utilização direta do produtor rural, bem como para servir de matéria-prima na formulação de novos produtos (GARCIA et al., 12). Assim, esta pesquisa tem como objetivo avaliar a atividade antifúngica de óleos essenciais e extratos vegetais sobre fitopatógenos que afetam culturas economicamente importantes. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia da EPAMIG Zona da Mata, em Viçosa, MG. Os isolados de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli, F. solani f. sp. phaseoli, Macrophomina phaseolina e Sclerotinia sclerotiorum foram obtidos a partir de plantas de feijão (Phaseolus vulgaris) infectadas. Sclerotinia minor foi obtido em alface (Lactuca sativa), Sclerotium rolfsii em batata (Solanum tuberosum) e Rizoctonia solani em feijão-caupi (Vigna unguiculata). Para o isolamento, escleródios de S. sclerotiorum, S. minor e S. rolfsii e porções de caule e raízes infectadas com os patógenos foram desinfestados em solução de etanol a 7% e de hipoclorito de sódio a 1%, por imersão durante 3 minutos. Posteriormente, procedeu-se a um enxágue em água esterilizada e à transferência asséptica para placas de Petri de 9 cm de diâmetro, contendo ml de meio batata-dextrose-ágar (BDA). As culturas foram mantidas a 23 C no escuro, durante 15 dias, sendo posteriormente preservadas a 4 C, também no escuro. A confirmação da etiologia de cada isolado foi feita com base nas

Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 1., 13, Belo Horizonte 3 características culturais de cada espécie. Contudo, para F. oxysporum e F. solani, além desse critério, procedeu-se à inoculação em plantas de feijoeiro e à observação microscópica de estruturas típicas do gênero. As espécies medicinais testadas foram selecionadas conforme indicações de utilização popular como inseticidas, antifúngicas e antissépticas (FENNER et al., 6), pela facilidade de cultivo e/ou pela facilidade de coleta em campo. Foram selecionadas duas espécies Asteraceae: Baccharis dracunculifolia DC. (alecrim-do-campo) e Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. (arnica-brasileira ou couve-cravinho) e uma Anacardiaceae: Schinus terebinthifolius Raddi. (aroeirinha). Os extratos vegetais e óleos essenciais das espécies medicinais testadas foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO) e vertidos em frascos Erlenmeyer contendo BDA, previamente autoclavado, para atingir as concentrações desejadas (25, 5, 1. e 3. µl/l). Discos de BDA com 5 mm de diâmetro, contendo micélio de três (M. phaseolina, R. sonali, S. minor, S. rolfsii e S. sclerotiorum) e sete (F. oxysporum e F. solani) dias de idade, foram transferidos para o centro de placas de Petri, contendo BDA acrescido dos extratos vegetais ou óleos essenciais nas diferentes concentrações. Placas contendo BDA acrescido de DMSO foram utilizadas como testemunha. Os tratamentos foram testados em quadruplicata e incubados aleatoriamente a 23 C no escuro. As avaliações consistiram em medições diárias do diâmetro das colônias com paquímetro digital, iniciadas 24 horas após a incubação e encerradas 48 horas depois, quando as colônias no tratamento testemunha de S. sclerotiorum e S. minor atingiram toda a superfície do meio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os fungos testados estão amplamente distribuídos em todo o mundo, com centenas de espécies de plantas hospedeiras, sendo afetadas muitas culturas economicamente importantes (BOLAND; HALL, 1994). O crescimento de F. oxysporum foi reduzido significativamente a partir de 5 µl/l de óleo de S. terebinthifolius (aroeirinha) e extrato aquoso de B. dracunculifolia (alecrim-do-campo); e a partir de 25 µl/l dos óleos de alecrimdo-campo e P. ruderale (couve-cravinho ou arnica-brasileira). Em seus estudos, Salgado et al. (3) observaram atividades fungitóxicas para F.

EPAMIG. Resumos expandidos 4 oxysporum na concentração de 5 mg/l das três espécies de eucalipto testadas. O crescimento de F. solani foi reduzido a partir de 25 µl/l de óleo de aroeirinha, óleo e extrato aquoso de alecrim-do-campo e óleo de B. dracunculifolia. Outros resultados no controle de fungos do gênero Fusarium foram demonstrados por Singh, Prasad e Sinha (1993), que verificaram o efeito fungicida e fungistático do óleo de menta (Mentha sp.) sobre 23 espécies de fitopatógenos, registrando total inibição do crescimento micelial, a partir de 2. mg/ml. O crescimento de M. phaseolina foi reduzido a partir de 25 µl/l de todos os óleos e extrato aquoso de alecrim-do-campo. Em pesquisa realizada por Oliveira et al. (6), o óleo de resina de Copaifera dukey (copaíba) foi eficiente na inibição do crescimento micelial dos fungos S. rolfsii, M. phaseolina e R. solani na concentração de 25 µl de óleo/1 ml de BDA. O crescimento de R. solani foi reduzido a partir de 25 µl/l de todos os óleos, com exceção do óleo de couve-cravinho (5 µl/l). O crescimento de S. minor foi reduzido a partir de 25 µl/l do extrato aquoso de alecrim-do-campo e de todos os óleos. O crescimento de S. rolfsii foi reduzido a partir de 25 µl/l de todos os óleos; e o de S. sclerotiorum a partir 5 µl/l de óleo de couvecravinho e extrato aquoso de alecrim-do-campo, e, 25 µl/l dos demais óleos. CONCLUSÃO Todos os óleos essenciais promoveram inibição do crescimento de todos os fitopatógenos testados, destacando a atividade antifúngica exercida pelo óleo de B. dracunculifolia (alecrim-do-campo). Com relação aos extratos aquosos testados, apenas o do alecrim-do-campo reduziu significativamente o diâmetro das colônias. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas.

Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 1., 13, Belo Horizonte 5 REFERÊNCIAS BOLAND, G.J.; HALL, R. Index of plant hosts of Sclerotinia sclerotiorum. Canadian Journal of Plant Pathology, v.16, n.2, p.93-18, 1994. FENNER, R. et al. Plantas utilizadas na medicina popular brasileira com potencial atividade antifúngica. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v.42, n.3, p. 369-394, jul./set. 6. GARCIA, R.A. et al. Atividade antifúngica de óleos e extratos vegetais sobre Sclerotinia sclerotiorum. Bioscience Journal, Uberlândia, v.28, n.1, p.48-57, Jan./Feb. 12. OLIVEIRA, E.C.P. de. et al. Avaliação do óleo de copaíba (Copaifera) na inibição do crescimento micelial in vitro de fitopatógenos. Revista Ciências Agrárias, Belém, n.46, p.53-61, jul./dez. 6. SALGADO, A.P.S.P. et al. Avaliação da atividade fungitóxica de óleos essenciais de folhas de Eucalyptus sobre Fusarium oxysporum, Botrytis cinerea e Bipolares sorokiniana. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.27, n.2, p.249-254, mar./abr. 3. SCHWAN-ESTRADA, K.R.F.; STANGARLIN, J.R. Extratos e óleos essenciais de plantas medicinais na indução de resistência. In: CAVALCANTI, L.S. et al. (Ed.). Indução de resistência em plantas a patógenos e insetos. Piracicaba: FEALQ, 5. p.125-132. SHELDON, J.W.; BALICK, M.J.; LAIRD, S.A. Medicinal plants: can utilization and conservation coexist? New York: New York Botanical Garde, 1997. 14p. (New York Botanical Garden. Advances in Economic Botany, 12). SINGH, H.N.P.; PRASAD, M. M.; SINHA, K. K. Efficacy of leaf extracts of some medicinal plants against disease delvelopment in banana. Letters in Applied Microbiology, v.17, n.6, p.269-271, Dec. 1993. VENZON, M. et al. Potencial de defensivos alternativos para o controle de pragas de cafeeiro. In: VENZON, M.; PAULA JÚNIOR, T.J. de P.; PALINI, A. (Coord.). Tecnologias alternativas para o controle de pragas e doenças. Viçosa, MG: EPAMIG Zona da Mata, 6. p.117-136.

EPAMIG. Resumos expandidos 6 Diâmetro da colônia (mm) 6 5 4 3 1 A Porophyllum ruderate (óleo) Baccharis dracunculifolia (óleo) Baccharis dracunculifolia (extrato aquoso) Schynus terebintifolius (óleo) Diâmetro da colônia (mm) 1 8 6 4 c B A 1 8 6 4 C Diâmetro da colônia (mm) 8 D 6 6 4 4 8 B E C Diâmetro da colônia de (mm) 28 26 24 22 18 16 14 12 1 F 8 D F 18 16 14 12 1 G 8 Gráfico 1 - Efeito das concentrações (µl/l ou ) de três óleos essenciais e um extrato aquoso sobre fungos patogênicos NOTA: A - Sclerotium rolfsii; B - Sclerotinia sclerotiorum; C - Sclerotinia minor; D - Macrophomina phaseolina; E - Rhizoctonia solani; F - Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli ; G - Fusarium solani f. sp. phaseoli. E G