ASSEDIO MORAL Assedio Moral Assédio Moral

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Transcrição:

ASSEDIO MORAL Assunto este, que muito vem gerando polêmica nas relações hierárquicas autoritárias existentes nas empresas públicas e privadas. A partir de 2002, a Justiça do Trabalho começou a considerar em ênfase maior, esse aspecto que tanto ocorre nos órgão públicos e privados, em que a maioria das vítimas não denunciam por temer represálias. Atualmente estão sendo desenvolvidos mais de 80 projetos de lei em diferentes Estados e Municípios do Brasil, como exemplo, podemos mencionar o Projeto de Lei nº 422, de 2001, do Deputado Antonio Mentor PT,, que veda o Assédio Moral no âmbito da administração pública estadual direta, indireta e fundações públicas, que passou a ser Lei nº 12.250, de de de fevereiro de 2006, aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 9 de fevereiro de 2006. O Assedio Moral ou violência moral no trabalho, não é um fenômeno novo. Pode-se afirmar que ele é tão antigo quanto o trabalho, existe desde o início da humanidade vindo a permanecer até os dias atuais em diversas formas. No Brasil esse crime ocorre desde os tempos coloniais, quando os escravos eram explorados como se fossem máquinas ambulantes, eram maltratados sem o direito a se manifestar, se isso ocorresse, poderia ser castigados da forma mais cruel possível, muitos não suportando vinha até a óbito. No mundo moderno, essa visão está mudando graças aos lutadores pela justiça dos direitos humanos, contra os preconceitos, a discriminação, a violência física e psicológica, a tortura, as repressões, e outros comportamentos que tanto afetam a dignidade do ser humano. Durante o evento, esse assunto gerou muitas discussões entre os Ouvidores, que chegaram a citar exemplos já presenciados, que repercutiram muito na sociedade, e que mesmos assim, não sofreram nenhum efeito para os agressores, pois muitos desses são pessoas de grande poder institucional e social. O Assédio Moral, é assunto que vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular, nos movimentos sindicais e também no âmbito legislativo. Doutora Margarida Barreto, autora de várias obras, uma delas assédio moral no trabalho chamou a atenção, onde fala que essa novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno, e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o tema, são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da pesquisa brasileira realizada por ela mesma, por ser tema da sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social em 2000, PUC/SP. A humilhação, podemos descrevê-la como um sentimento em que faz o ser humano sentirse: ofendido, menosprezado, inferiorizado, constrangido e ultrajado pelo outro. É sentir-se um ninguém, sem valor, inútil, que deixa-o magoado, revoltado, pertubado, traído, envergonhado,

indignado, produzindo com isso, a revolta, a ira. A humilhação, causa muita dor, tristeza, sofrimento, levando a consequencias drásticas, como a depressão, fazendo a pessoa sentir-se vulnerável, fragilizado e incapaz. Podemos descrever o assédio moral, como a exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas e autoritárias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e a ética de longa duração, de um ou mais chefes, onde faz com que desestabilize a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, principalmente em empresa privada, que de forma indireta,força o trabalhador a desistir do emprego. Caracteriza-se pela degradação deliberadas das condições de trabalho em que prevalecem condutas e atitudes negativas dos chefes em relação aos seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vitima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados, associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e frequentemente, reproduzem ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando com essa atitude, o pacto da tolerância e do silêncio, no coletivo enquanto a vítima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua auto-estima. É importante compreender, que um ato isolado de humilhação não é assédio moral, este pressupõe: repetição sistemática; intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego); direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório); temporalidade (durante a jornada de trabalho, por dias e meses); degradação deliberada das condições de trabalho. Entretanto, quer seja um ato, ou a repetição desse ato, devemos combatê-lo, pois constitui uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todos a quem presenciam esses atos. A humilhação repetitiva com longa duração, interfere na vida do trabalhador, de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho(OIT), com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbio da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como a Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são

sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e a organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do mal estar na globalização, onde predominará depressões, angústias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas neoliberais. O Assédio Moral como problema Organizacional A nova organização do trabalho, na medida em que se fundamenta exclusivamente no aspecto econômico, quebra as relações e os contratos de trabalho, legitima a competição acirrada em todos os níveis, individualiza as culpas e os prejuízos pelo não atendimento de metas descabidas, torna facilmente a empresa em uma pessoa jurídica sem responsabilidades locais, eleva o ritmo e a flexibilidade do trabalho, levando a uma guerra econômica para justificar a sobrevivência da empresa a qualquer custo, e gera em ambiente de trabalho em que a violência começa a fazer morada permanente. Mais do que isso, essa nova organização do trabalho os que tem um emprego, devem submeter-se à degradação do clima de trabalho sem pestanejar, vistos que eles são privilegiados; ter empregos, passa a ser motivo para ser chantageado com a ameaça do desemprego. Aceitar a violência como algo normal, é torná-la ainda mais violenta. Ao aceitarmos a violência como natural, ela cria vida própria e já não causa repulsa, pois nos tornamos sensíveis aos seus efeitos, tornando o mundo social insignificante para a nossa vida. A violência, mina a esperança no futuro, desintegra o vínculo social fortalece o individualismo predador, corrói a cooperação e a confiança, derrota a solidariedade retira do homem a sua humanidade. O que chamamos de qualidade de vida no ambiente de trabalho, não é um mero conceito mas algo que diz respeito às condições objetivas e subjetivas próprias do cotidiano de políticas e práticas organizacionais fornecidas ou negligenciadas pelo aparato normativo e estrutural e cultural que preside as decisões nas organizações. A Saúde: Um bem a ser preservado. É uma maneira de abordar a existência e criar valores. É a possibilidade de ser feliz. Pressupõe um equilíbrio ativo entre o homem e o seu meio ambiente seja no trabalho, na família e na sociedade (Canguilhem,2006), o que de certo modo, transforma a saúde em direito cujo acesso é de poucos. Ao conceber a forma atual de organizar o trabalho e as novas tecnologias coogentes causais de doenças, consideramos que os transtornos da saúde resultam frequentemente dos modos de organizar o trabalho, os horários, os regimes salariais, a exposição aos múltiplos riscos, a falta de condições de segurança, a pressão e a opressão crescente, a falta de reconhecimento pelo que se faz, as relações hierárquicas e interpessoais marcadas pelo autoritarismo e pelo abuso do poder, à

competitividade acirrada, etc ( Thomson,2002). Como alguns dos subprodutos dessa forma de se organizar no trabalho encontram-se a indiferença ao sofrimento alheio, a intolerância, a perseguição, e a falta de respeito às diferenças que tem produzido o comportamento grotesco ao londo da história humana. É a combinação caótica de diferentes riscos visíveis ou invisíveis no ambiente e nas condições de trabalho que levam os trabalhadores a adoecer. O valor das pesquisas, está em reconhecer que a repercussão na saúde, priva o doente da concreta realização da vida dos trabalhadores, guardam uma relação de causalidade com as condições de trabalho. Nas pesquisas realizadas por Barreto, em 2005, em todos os estados brasileiros, sobre o assédio moral no trabalho, obteve 10.600 respostas de trabalhadores de diferentes ramos produtivos, do setor público e privado, que se sentiam assediados, foram ou estava sofrendo o assédio no local de trabalho, no momento da pesquisa. Desse contingente de assediados, 75/% afirmaram que em algum momento de sua vida laboral, sentiram as consequências das maledicências e humilhações; 70% foram vítimas de algum tipo de isolamento; 85% concluíram ter sido objeto de invasão de privacidade e intimidade, não existindo um ambiente de confiabilidade; 40% dos pesquisados haviam sofrido ameaças verbais. Ao serem constatados os atos de violência, devem ser imediatamente barrados e não tolerados. Caso contrário, os danos serão ampliados à saúde e aos relacionamentos dos trabalhadores, à produtividade da organização e à previdência social. Determinar qual é o tempo necessário e seus efeitos na saúde, é de alguma forma legalizar a violência, é permitir o seu prolongamento e transformar o lugar de trabalho em um espaço de medo, angústia, estresse e efetivação da loucura. As emoções são constitutivas de nosso ser, independentemente do sexo. Entretanto, a manifestação dos sentimentos e emoções nas situações de humilhação e constrangimentos são diferenciados segundo o sexo: enquanto mulheres são mais humilhadas e expressam mais sua indignação com choro, tristeza, ressentimentos e mágoas, estranho ao ambiente ao qual identificava como seu, os homens sentem-se revoltados, indignados desonrados, com raiva, traídos e tem vontade de vingar-se. Sentem-se envergonhados diante da mulher e dos filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade, fracasso e baixa auto-estima. Isolam-se da família, evitam contar o acontecido aos amigos, passando a vivenciar sentimentos de irritabilidade, vazio, revolta e fracasso. Passam a viver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivo, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de suicídios que configuram um cotidiano sofrido. É este o sofrimento imposto nas reações de trabalho que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas, é viver uma vida que não desejam,

não escolheram e não suportam. A Prevenção e o Combate Considera-se que, a nova organização do trabalho gera um terreno que favorece a emergência e elevação da violência no ambiente de trabalho; o assédio moral é uma das faces dessa violência, com diferentes níveis de consequências. Pesquisas realizadas sobre o assunto dão conta que esse é um fenômeno mundial que tem preocupado os estudiosos de diversas áreas e organismos multinacionais de proteção ao trabalhador no âmbito dos direitos humanos. Também é considerado que as organizações e as pessoas envolvidas em práticas de assédio moral não estão isentas de suas responsabilidades, que envolvem aspectos organizacionais, legais e morais. No que se refere aos aspectos organizacionais, mesmo no contexto da organização do trabalho e da violência como fenômeno genérico, é importante a prevenção e ao combate. Prevenção implica a construção de uma nova mentalidade do ambiente de trabalho a partir da qual alguns precisam ser redefinidos se for considerado no que forem as equipes instrumentos mais eficazes de melhoria de performance e frente ao combate, que necessita de instrumentos e mecanismos de controle e punição aos responsáveis por essas práticas. Para pesquisadores da OIT, o combate ao assedio moral no local de trabalho passa por ampla sensibilização de todos, da mais alta hierarquia ao menor da instituição, assim como na forma de gerenciar pessoas. As diretrizes devem enfatizar os princípios do trabalho digno, estimulando a criação de uma cultura de respeito ao outro e a não discriminação no trabalho, tudo isso associado ao fortalecimento da cooperação, da igualdade de oportunidades e á aplicação de uma política de igualdade de gênero e raça que elimine as distorções e os atos de intolerância. O que a vítima deve fazer? Resistir: anotar com detalhes todas as humilhações sofridas( dia, hora, ano, local, setor, agressor, colegas testemunhas,conteúdo da conversa, e o que mais achar necessário ocorrido no momento ); Dar visibilidade, procurando ajuda dos colegas principalmente os que testemunharam o fato. Organizar:.O apoio é fundamental dentro e fora da empresa; Evitar conversa com o agressor, sem testemunhas; Exigir por escrito a explicação do ato agressor e permanecer com a cópia da carta enviada ao Departamento Pessoal da empresa em que trabalha; Procurar o seu Sindicato, e relatar o corrido e até mesmo o Ministério Público, Justiça do Trabalho;

Buscar apoio junto aos familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para a recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania. É importante conscientizar o cidadão, que ao presenciar cenas de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser a próxima vítima, e nesta hora, o seu apoio é fundamental. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor. Pois o Assédio Moral, no trabalho não é um fato isolado, como vimos, mas, se baseia na repetição ao longo do tempo de práticas vexatórias e constrangedoras explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho num contexto de desemprego e aumento da pobreza urbana. A batalha para a recuperação da dignidade, identidade, o respeito no trabalho e auto-estima, deve passar por organização de forma coletiva com os representantes dos trabalhadores e dos seus sindicatos e demais organizações por local de trabalho. Quanto maior o compromisso de todos, mais a organização poderá se orgulhar de ter feito o que é moralmente correto, economicamente mais barato e legalmente mais justo. Os Códigos de Conduta e o Código de Ética, não isenta empresas de suas responsabilidades em casos de ocorrência de assédio moral especialmente quando outras medidas não foram formadas ou a organização foi conivente ou negligente. Mª Rosiney S. Marques Ouvidora Geral/UFRR ouvidoria@ufrr.br - Telefone (95) 3621-3109