Reabilitação Vestibular

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Transcrição:

Sergio Albertino Rafael S. Albertino Resumo O equilíbrio corporal é resultado da integração de diversos sistemas que mantêm o corpo contra ação da gravidade quando em repouso ou em movimento. As queixas de desequilíbrio corporal como vertigens, tonturas, sensação de flutuação, desequilíbrio, sensação de quedas, acarretam insegurança em relação à capacidade dos indivíduos de exercerem atividades físicas rotineiras. A terapia de reabilitação vestibular (TRV) é um tratamento complementar, não invasivo, baseado em um grupo de exercícios personalizados que em conjunto com uso de medicamentos quando indicados, modificações dos hábitos de vida e orientação alimentar trará resultados a curto e longo prazo no controle postural, proporcionando acentuada melhora na qualidade de vida dos pacientes. PALAVRAS-CHAVE: Reabilitação; Labirinto; Equilíbrio; Controle postural. Introdução O equilíbrio corporal e o controle da postura dependem da integração dos estímulos aferentes vestibulares, visuais e proprioceptivos com a coordenação do cerebelo, que integrados ao sistema nervoso central desencadeiam respostas eferentes motoras, que são: os reflexos espinhais (vestíbulo-espinhal, vestíbulo-cólico, cérvico-cólico, cérvico-espinhal) e oculares (optocinético, vestíbulo-ocular, cérvico-ocular), fornecendo os elementos necessários para manter o corpo contra a ação da gravidade quando em repouso ou em movimento e a manutenção da movimentação ocular com a estabilização da imagem. A audição e a sensibilidade táctil também são mecanismos integrantes da orientação espacial do corpo humano. 1,2 O labirinto é formado por três canais semicirculares, receptores das acelerações angulares e das máculas sacular e utricular receptoras das acelerações lineares e ação da gravidade. 1-3 As alterações desses sistemas de controle do equilíbrio corporal acarretam quadros de vertigem 42 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

(sensação ilusória de deslocamento ou rotação do corpo ou dos objetos em seu campo visual), tonturas (instabilidade, flutuação, desorientação espacial, desequilíbrio ao caminhar, desvio da marcha), desequilíbrio (principalmente nas doenças do cerebelo) e quedas (falta da capacidade para manter e corrigir o deslocamento corporal no espaço) principalmente em idosos, sendo sua etiologia multifatorial: utilização de múltiplas medicações principalmente psicotrópicas, déficit cognitivo, diminuição dos reflexos de resposta motora, fraqueza muscular, alteração da postura e marcha, doenças como Parkinson, demências, distúrbios visuais. As queixas de desequilíbrio corporal como vertigens, tonturas, sensação de flutuação, desequilíbrio, sensação de quedas, acarretam insegurança em relação à capacidade dos indivíduos de exercer atividades físicas rotineiras como caminhar, levantar da cadeira ou deitar, sendo em muitos casos incapacitantes para sua rotina diária de atividades, principalmente em idosos. A reabilitação vestibular é uma terapia importante no tratamento do paciente com desordens do equilíbrio corporal, proporcionando acentuada melhora em sua qualidade de vida. A Terapia de Reabilitação Vestibular (TRV) é um tratamento complementar, não invasivo, baseado em um grupo de exercícios personalizados que em conjunto com uso de medicamentos quando indicados, modificações dos hábitos de vida e orientação alimentar trará resultados a curto e longo prazo no controle postural. Seu fundamento baseia-se na plasticidade neural do sistema nervoso central, com a utilização de mecanismos para o restabelecimento e manutenção do equilíbrio. Os principais mecanismos reflexos envolvidos são: Reflexo Vestíbulo-Ocular (RVO) de origem nos canais semicirculares, é responsável pela estabilização da imagem retiniana sobre a fóvea durante a movimentação cefálica. Reflexo vestíbulo-espinhal e vestíbulo- -cervical são responsáveis por manter a postura do corpo e estabilização da cabeça com movimentos musculares compensatórios em resposta à atividade sensorial aferentes dos canais semicirculares e mácula sacular e utricular. A TRV deverá ser iniciada o mais precocemente possível visando restabelecer os mecanismos de compensação vestibular central, que é a capacidade do SNC de compensar a assimetria das atividades aferentes do sistema vestibular periférico. A compensação será realizada através de alterações da atividade neural do cerebelo e tronco encefálico em resposta ao conflito sensorial produzido pela alteração na atividade vestibular tanto periférica como central. Na fase aguda das labirintopatias periféricas, após cessar náuseas e vômitos, o paciente será estimulado a realizar os exercícios de reabilitação vestibulares específicos e de acordo com sua capacidade física, sob orientação de um profissional habilitado. O equilíbrio corporal será estimulado através de três mecanismos: 1-6 1. Adaptação é a capacidade do SNC em restabelecer o equilíbrio corporal e orientação espacial por mecanismos desencadeados pelo deslocamento da imagem na retina durante a movimentação cefálica, adaptando-se aos estímulos sensoriais apresentados. 2. Habituação é o processo de recuperação da atividade da função vestibular, decorrente da estimulação por exercícios repetitivos, em que o labirinto reage adequadamente aos estímulos. 3. Substituição é a capacidade do SNC em substituir a função vestibular deficiente por mecanismos sensório- -motores com o intuito de recuperar a estabilidade do campo visual. Modificações das sacadas, aumento do ganho do rastreio visual. A TRV deverá ser personalizada para cada paciente na dependência da etiologia da vertigem, fatores concomitantes como comorbidades existentes, capacidade física para a realização dos exercícios, disposição do paciente de realizar o protocolo indicado, estado psicológico. A realização de uma avaliação otoneuro- Ano 11, Julho / Setembro de 2012 43

lógica completa (anamnese, testes vestibulares, provas do equilíbrio estático e dinâmico, avaliação auditiva) é fundamental para um diagnóstico preciso da atividade vestíbulo-coclear e direcionamento da terapia a ser realizada. A TRV tem sua indicação nas afecções vestibulares periféricas: Vertigem Posicional Paroxística Benigna, Doença de Menière no período intercrise, Neurite Vestibular, Arreflexia Vestibular Unilateral ou Bilateral, Presbivertigem deficiência multifatorial do idoso, Cinetose, gestantes com tontura e também nas vestibulopatias centrais. O resultado do TRV irá depender de vários fatores como a etiologia da vertigem, idade do paciente, uso de medicamentos supressores do sistema vestibular como benzodiazepínicos, capacidade individual em realizar os exercícios propostos, estado psíquico e a cooperação ativa do paciente. A contraindicação da realização de algumas manobras de reabilitação vestibular ocorre, principalmente, em alterações da coluna cervical (hérnia de disco) obstruções do sistema carotídeo ou vértebro basilar e cardiopatia grave. Protocolo de Cawthorne & Cooksey Baseado nos conceitos de habituação e substituição, sendo indicados para disfunções vestibulares unilaterais. O paciente realiza movimentos oculares de perseguição, movimentos de cabeça em várias direções, movimentos de tronco e pernas, exercícios de caminhar, com olhos fechados e abertos. 4-5 Protocolo de Herdman A indicação do grupo de exercícios a serem realizados deverá ser adaptada às necessidades específicas de cada paciente. 6,7 1 - Exercícios para incrementar a adaptação vestibular - Interação vestíbulo-visual. Indicados para hipoatividade vestibular unilateral. Proposição: aumentar o ganho do RVO e a tolerância a movimentação cefálica. 2 - Exercícios para incrementar a estabilização da postura estática e dinâmica. Indicados para hipoatividade vestibular unilateral/bilateral. Proposição: desenvolver mecanismos para manutenção do equilíbrio corporal possibilitando ao paciente realizar suas atividades de vida diária. 3 - Exercícios de estabilização do olhar Indicados nos pacientes com hipoatividade vestibular periférica bilateral. Proposição: incrementar os reflexos cérvico-ocular e vestíbulo-ocular. Exercícios e Manobras na Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) Manobra de Brandt-Daroff Modificada Paciente sentado em uma maca com a cabeça voltada 45º para o lado que não provoca a vertigem e instruído a deitar o tronco para o lado oposto mais rápido possível na posição de decúbito lateral mantendo a cabeça voltada 45º para cima. Permanece nesta posição por 30 segundos. Sentar-se por 30 segundos. A seguir girar a cabeça 45º para o lado que provoca a vertigem e deitar-se em decúbito lateral para o lado oposto com a cabeça voltada 45º para cima mantendo a posição por 30 segundos. O procedimento deve ser repetido de 5 a 10 vezes. 1 Manobra Liberatória de Semont Utilizada para tratamento de VPPB canais posteriores. 8 Todos os movimentos devem ser realizados o mais rapidamente possível. Inicia-se a manobra com o paciente sentado em uma maca. A cabeça do paciente é rodada 45º em direção oposta à do lado afetado. Deita- -se o paciente em direção ao lado afetado man- 44 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

Figura 1: Manobra de Brandt-Daroff. Fonte: http://www.dizziness-and-balance.com/disorders/bppv/bppv-spanish2.htm Acesso em: 16/11/12. tendo a rotação de 45º da cabeça. O paciente é mantido nesta posição por 01 minuto. A seguir muda-se a posição do corpo do paciente para o lado oposto, mantendo a mesma inclinação da cabeça. Espera-se 02 minutos. Coloque o paciente na posição sentada. Manobra de Reposicionamento de Partículas de Epley Utilizada para tratamento de VPPB canais posteriores. 9 Paciente é colocado sobre uma maca sentado, colocando a cabeça 45º para o lado a ser avaliado, solicitando ao paciente que deite o mais rapidamente possível. O examinador segura a cabeça do paciente que é mantida pendente por 02 minutos (manobra para o diagnóstico da VPPB de DIX HALLPIKE). A seguir a cabeça do paciente é lentamente voltada 90º para o lado oposto e solicitado que o mesmo vire em decúbito lateral para o lado oposto ao do canal que está sendo tratado e gire a cabeça colocando mais 45º direcionando a ponta do nariz para o solo. Permanece nesta posição durante 02 minutos. Retorna a posição sentada com a cabeça ainda voltada para o lado oposto ao pesquisado, retornando a seguir a cabeça para a posição inicial. Manobra de Lempert - Manobra barbecue Utilizada para tratamento de VPPB canais laterais. 1 O paciente é colocado em posição supina realizando uma rotação de 270º em torno do seu eixo longitudinal em etapas de 90º no plano horizontal em direção ao lado normal. O intervalo de tempo em cada etapa é de 30 segundos. Na VPPB do canal lateral direito: posição supina olhando para cima. Rode a cabeça 90º para esquerda e o corpo 180º. Rode a cabeça para a posição em que o nariz aponte para o solo. Ano 11, Julho / Setembro de 2012 45

Figura 2: Manobra de Semont. Fonte: Rev Bras Otorrinolaringol. 2001;67(5): 612-16. Figura 3: Manobra de Epley. Fonte: Rev Bras Otorrinolaringol. 2001;67(5): 612-16. Rode novamente a cabeça 90º para esquerda. Sente o paciente. Reeducação Vestibular por Meio da Realidade Virtual É uma técnica inovadora com a utilização de emissor de imagens em óculos com 3D. Os estímulos visuais são: foveal (perseguição lenta e sacadicos), retinal (optocinético) associados à movimentação cefálica de inclinação e extensãoflexão da cabeça. 10-11 Posturografia Dinâmica Computadorizada Avalia de modo qualitativo e quantitativo a participação das informações sensoriais vestibulares, visuais e somatosensoriais no equilíbrio corporal durante a reabilitação vestibular. 12 46 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

Referências 1. Ganança FF, Ganança CF. Reabilitação vestibular - princípios e técnicas.in: Ganança MM, Munhoz MS, Caovilla HH, et al. Estratégias terapêuticas em otoneurologia. São Paulo: Editora Atheneu; 2001. Vol. 4. p.33-54. 2. Ramos S, Ramos RF, Ganança CF, et al. Reabilitação vestibular. In: Tratado de Otorrinolaringologia e Cirúrgia Cervico Facial. São Paulo: Editora Roca; 2011. Vol. 2. p.551-62. 3. Maia FCZ. Elementos práticos em otoneurologia. 2a ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 2011. Vol. 3. p.5-35. 4. Cawthorne T. The physiological basis for head exercises. J Chart Soc Physiother. 1944;30:106-7. 5. Cooksey FS. Rehabilitation in vestibular injuries. Proc Royal Soc Med. 1946;39:273-8. 6. Herdman SJ. Reabilitacão Vestibular. 2a ed. Barueri (SP): Editora Manole; 2002. p 591-592. 7. Herdman SJ. Vestibular rehabilitation. Philadelphia: Davis; 1994. 8. Semont A, Freeyss G, Vitte E. Curing the Benign Paroxysmal Positional Vertigo with a Liberatory Maneuver. Adv Otorhinolaryngol. 1988;42:290-3. 9. Epley JM. The canalith repositioning procedure: for treatment of benign paroxysmal positional vertigo. Otolaryngol Head Neck Surg. 1992;107(3):399-404. 10. Gazzola JM, Caovilla HH, Ganança MM, et al. Realidade virtual na avaliação e reabilitação dos distúrbios vestibulares. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia. 2009;27(1):22-7. 11. Rodrigues TP, Ganança CF, Caovilla HH, et al. Reabilitação vestibular com realidade virtual em pacientes com Doença de Ménière. Rev Equilíbrio Corporal e Saúde. 2009;1:9-20. 12. Novalo ES, Pedalini MEB, Bittar RSM, et al. Posturografia Dinâmica Computadorizada: Avaliação Quantitativa de Pacientes com Vestibulopatia Tratados por Meio de Reabilitação Vestibular. Arq Int Otorrinolaringol. 2008;12(2):253-7. Abstract Body balance is the result of integration of various systems that keep the body against gravity when at rest or in motion. Complaints of body imbalance as lightheadedness, dizziness, floating sensation, balance, sensation of falling, lead to uncertainty regarding the ability of individuals to perform routine physical activities. The vestibular rehabilitation therapy (VRT) is a complementary treatment, non-invasive, based on a set of personalized exercises that - together with the use of medications when indicated, changes in lifestyle and nutritional guidance - will bring results in the short and long term postural control, providing marked improvement in quality of life of patients. KEY WORDS: Balance; Vestibular system; Vestibular rehabilitation; Postural control. Ano 11, Julho / Setembro de 2012 47

Titulação dos Autores Editorial Professor Associado - FMC-UERJ; Doutor em Otorrinolaringologia - USP. Rua Sorocaba, 706, Botafogo. Rio de Janeiro - RJ. CEP: 22271-110. E-mail: rcmeirelles@gmail.com Artigo 1: Novas Terapias para Surdez. Shiro Tomita Professor Titular de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina - UFRJ; Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia - HUCFF- UFRJ. Av. Professor Paulo Rocco 255, sala 11E24, Ilha do Fundão. Rio de Janeiro - RJ E-mail: shiro@openlink.com.br Felippe Felix Médico do Serviço de Otorrinolaringologia - HUCFF-UFRJ; Mestre em Otorrinolaringologia - Faculdade de Medicina-UFRJ. E-mail: felfelix@gmail.com Artigo 2: Zumbidos. Aída Regina Monteiro Assunção Professora Assistente - FCM-UERJ; Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia HUPE-UERJ. Secretaria da Otorrinolaringologia - HUPE-UERJ Av. 28 de setembro 77, 5 andar - Vila Isabel Rio de Janeiro-RJ. CEP 20551-030 Telefone: 21 2868-8120 E-mail: aidarma@uerj.br Sergio Albertino Professor Adjunto IV - UFF; Doutor em Neurologia - UFF. Ano 11, Julho / Setembro de 2012 9

Artigo 3: Avaliação Diagnóstica das Síndromes Vertiginosas. Marcelo Miguel Hueb Professor Adjunto e Chefe da Disciplina e do Serviço de Otorrinolaringologia - UFTM; Presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial- ABORL-CCF. Av. Santos Dumont, 409; Uberaba - MG. CEP 38060-600 Telefone: 34 3332-3033 E-mail: mmhueb@terra.com.br Camila Pazian Feliciano Médica Voluntária do Serviço de Otorrinolaringologia - UFTM. Artigo 4: Terapêutica Farmacológica da Vertigem Ciriaco. Cristóvão T. Atherino. Professor Adjunto Doutor da Disciplina de Otorrinolaringologia - FCM-UERJ. Rua Rodolfo Dantas 106 / 201 Rio de Janeiro - RJ. CEP 22020-040 Telefone: 21 2541-9098 E-mail: crisatherino@gmail.com. Artigo 5: Reabilitação Vestibular. Sergio Albertino (Vide Capítulo 2) Rafael S. Albertino Pós-graduando em Otorrinolaringologia - UFF. Artigo 6: Abordagem Atual das Hemorragias Nasais. (Vide Editorial) Leonardo C. B. de Sá Mestre em Medicina - Cirurgia Geral / Otorrinolaringologia - Faculdade de Medicina- UFRJ; Fellowship em Cirurgia Nasossinusal pela Universidade de Graz - Áustria. Guilherme Almeida Médico do Serviço de Otorrinolaringologia - HUPE-UERJ. Artigo 7: Rinossinusite Crônica. Débora Braga Estevão Professora Colaboradora - FMC-UERJ. (Vide Editorial) Artigo 8: Rinossinusite Nosocomial. (Vide Editorial) Fabiana Rocha Ferraz Professora Colaboradora - FCM-UERJ. Artigo 9: Síndrome da boca seca. Ivan Dieb Miziara Professor Livre Docente - Faculdade de Medicina- USP; Médico Chefe do Grupo de Estomatologia da Divisão de Clínica ORL do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina-USP. 10 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

Ali Mahmoud Pós-graduando do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina- USP. Artigo 10: Distúrbios da Deglutição. Geraldo Pereira Jotz Professor Associado do Departamento de Ciências Morfológicas - UFRS; Professor Adjunto do Departamento de Ciências Básicas da Saúde - UFCSPA; Pós Doutorado no Swallowing Center - Universidade de Pittsburgh. Silvia Dornelles Fonoaudióloga Clínica; Professora Adjunta do Curso de Fonoaudiologia - UFRS. Artigo 11: Presbifonia. Artigo 12: Afecções Otorrinolaringológicas no Idoso: O impacto da Polifarmácia. Mônica Aidar Menon Miyake Otorrinolaringologista e Alergologista; Hospital Sírio Libanês, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos; Doutora em Ciências pela Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina - USP; Especialização em Pesquisa Clínica - FCM Santa Casa-SP. Endereço para Correspondência: Clínica Menon Rua Afonso Brás 525 cj. 21 São Paulo - SP. CEP 04511-011 Telefone: 11 3842-4288 E-mail: clinica@clinicamenon.com.br (Vide Editorial) Roberta Bak Médica Otorrinolaringologista; Residência Médica em Otorrinolaringologia - HUCFF-UFRJ; Primeira Tenente Médica Otorrinolaringologista - PMERJ. Fabiana Chagas da Cruz Médica Residente do Terceiro Ano do Serviço de Otorrinolaringologia - HUCFF-UFRJ. Ano 11, Julho / Setembro de 2012 11