1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL V Prof. Luís Eduardo Simardi Fernandes PROCEDIMENTOS ESPECIAIS FORA DO CPC MEDINA, José Miguel Garcia. MARINONI, SCARPINELLA BUENO, Cássio. (sobre MS) Divisão de Livros do CPC - Livro I - Processo de Conhecimento - Livro II - Processo de Execução - Livro III - Cautelar - Livro IV - Procedimentos Especiais - Livro V - Disposições Finais e transitórias Novo CPC Líder da Comissão: Luiz Fux, relatora: Maria Teresa Wambier + 8 processulistas (inclusive BEDAQUI) - Livro I. - Parte geral - Livro II - Conhecimento - Livro III - Execução - Livro IV - Recursos - Livro V - Disposições Finais e transitórias - Da tutela de urgência e Da tutela de evidência: tratadas no Livro II (Conhecimento) no novo CPC. - Não há Livro dos Procedimentos Especiais no novo CPC: não há mais procedimento monitório e os outros procedimentos especiais estarão dentro do Livro II (Processo de Conhecimento). - Como o tema do curso é procedimentos especiais na legislação extravagante, não há grande interferência do novo CPC.
2 2 tipos de procedimentos: 1- Procedimento Comum: - Ordinário - Sumário 2- Procedimento Especial (quando há lei extravagante ou dispositivo no CPC) - dentro do CPC - na legislação extravagante * Característica: normas cogentes: a lei exige sua observância. - Importância dos procedimentos especiais: são os meios de defesa adequados para garantir o direito material em tela. - É a garantia adequada (proteção efetiva) para a tutela do direito material. - Nesse sentido, a introdução do art. 273 CPC que previu a antecipação de tutela. Prof. Arruda Alvim considerava a introdução deste artigo tão ou mais importante que a aprovação do Código Processo Civil (1973). - art. 5º, XXXV: princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional. A visão atual desse princípio deixou de ser formal para encontrar a prática, ou seja, não basta garantir acesso ao Judiciário, mas efetividade do processo. - Revolução Francesa: Montesquieu ( o juiz deve ser a boca da lei ) a demora procedimental favorece aos interesses da burguesia. - A antecipação de tutela e cautelares: - art. 798 CPC: exercício do poder geral de cautela do juiz: preocupação com o processo efetivo. PROGRAMA - Ações Locatícias - Lei 8.245/91 e Lei 12.112/09 (modifica ALGUNS dispositivos da lei anterior) - ação de despejo, ação de despejo por falta de pagamento, ação de revisão e renovatória etc. - Mandado de Segurança - Lei 12.016/2009 - Ação Popular - embrião da tutela do Direito Coletivo - Lei 4.717/65
3 - Ação Civil Pública - Lei 7.347/85 OBS: O CPC não faz a tutela do direito coletivo, portanto para sua tutela há o microssistema da tutela do direito coletivo formado pela Lei de Ação Popular + Ação Civil Pública + CDC. - Juizados Especiais: Cíveis, Federais e Fazenda Pública - Lei 9.099/95, Lei 10. 259/01 e Lei 12.153/09 - ADIN/ ADCON - Lei 9.868/99 - Ação de Alimentos - Lei 5.478/68 - Ação de Improbidade - Lei 8.429/92 - Arbitragem - Lei 9.307/96 - Ação de Desapropriação - DL 3.365/41 - Reclamação Constitucional Lembrando: O CPC se aplica aos procedimentos especiais naquilo que não os contrariar. ASPECTOS GERAIS DAS AÇÕES LOCATÍCIAS - aspectos processuais da Lei de locação: a partir do art. 58. - Ler: GILDO DOS SANTOS, MARIA HELENA DINIZ, LUÍS EDUARDO SIMARDI (aspectos processuais da ação). - Lei n. 8.245/91: trata do direito material e direito processual. - disciplina a locação de imóveis URBANOS. - alguns artigos alterados pela Lei n. 12.112/09. - Não se aplicam aos imóveis: - de propriedade da União, Estados, Municípios, autarquias, fundações públicas. - vagas de garagem.
4 - apart-hotéis. - espaço de publicidade. - arrendamento mercantil. - Na área rural: em princípio não se aplica (regra geral), mas o que determina o tipo de locação é a destinação. - não importa a localização do imóvel, mas sua destinação. - ex: área rural, ao lado de estrada, locação para restaurante. (aplica-se Lei 8.245) - Lei de locação, art. 58 (regras gerais): I- Férias: Ação locatícia tramita durante as férias. II- III- Foro: da situação do imóvel (admite-se foro de eleição). Valor da causa: 12 aluguéis. -Lembrando: art. 20 CPC (honorários fixados pelo valor da condenação). - art. 284 CPC (emenda da inicial: quando valor da causa é incorreto). - cabe ao juiz fazer o controle em 1º lugar, e caso não o faça: cabe impugnação ao valor da causa. - art. 259 CPC: indica como determinar o valor da causa (regra geral em termos de contrato), mas no caso de locação: há regra especial, portanto NÃO incide art. 259 CPC. - na ação revisional (pode ser proposta tanto pelo locador quanto pelo locatário) e na PI deve indicar o valor da locação. Posição majoritária: vale o aluguel vigente e não o proposto. - se o contrato de locação for inferior a 12 meses: Maria Helena Diniz: deve ser multiplicado pelo número de meses do aluguel. - no caso de Ação de Consignação, mesmo que seja de apenas 1 mês, o valor da causa é de 12 meses. STF sum. 449. IV- Citação: por correio, com AR. - é anterior ao art. 222 CPC: regra geral da citação: por correio com AR, independentemente de autorização. (CPC, Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto...) - portanto: vige art. 222 CPC. V- Recursos: Apelação deve ser recebida apenas no efeito devolutivo. (No CPC, a regra geral: efeito devolutivo e suspensivo. Novo CPC, a regra geral será de apenas efeito devolutivo (correlato ao efeito dispositivo)). Quando há efeito suspensivo (a decisão não pode ser executada): na realidade impede que a decisão inicie a produzir efeitos. (obstativo) - art. 520 CPC: rol das situações com efeito suspensivo automático. - art. 558 CPC: rol das situações em que se pode pedir o efeito suspensivo. (caso de negação: cabe AGRAVO).
5 SP, 14/02/2011 AÇÃO DE DESPEJO Lei n. 8.245/91 Lei n. 12.112/09 - o contrato de locação pode ser extinto por diversas razões. - art. 5º - a rescisão do contrato e a retomada do imóvel. Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica se a locação termina em decorrência de desapropriação, com a imissão do expropriante na posse do imóvel. - 2 finalidades: - rescisão do contrato - retomada do imóvel - art. 59 e s. da Lei do inquilinato: rito ordinário, com algumas peculiaridades da Lei do inquilinato. - valor da causa: 12 ALUGUÉIS. - exceção: locação em razão de contrato de trabalho: 3 salários do empregado. - foro: da situação do imóvel, desde que não haja foro de eleição. - legitimidade ativa: LOCADOR (não necessariamente o proprietário: caso da sublocação ou do usufrutuário). - LOCADOR ------- LOCATÁRIO ----- SUBLOCATÁRIO. - Na relação de locação locatário/sublocatário - NÃO SE TRATA DE DIREITO REAL: ou seja, quem não está no contrato não precisa ser citado (ex. se casados e apenas 1 dos cônjuges figurar no contrato de locação, só ele é legitimado passivo). - possibilidade de concessão de liminar para desocupação em 15 dias. (essa lei (1991) é anterior à antecipação de tutela (art. 273 CPC), portanto é avançada). - Requisitos para LIMINAR: 1- caução: valor de 3 aluguéis 2- existência de 1 das condições do art. 59, 1º:
I- descumprimento do acordo de desocupação (prazo mínimo de 6 meses e estabelecido por escrito com assinatura de 2 testemunhas), II- fundada no art. 47, II com prova na PI (extinção contrato trabalho). 6 (art. 47, II, em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego;) III- temporada (introduzida pela Lei 12.112/2009) desde que a ação de despejo seja proposta em até 30 dias ao final do prazo de locação (temporada: prazo máximo = 90 dias). IV- morte do locatário sem permanência no imóvel de sucessor legítimo (art. 11 herdeiro necessário etc.) V- permanência do sublocatário uma vez extinta a locação (em princípio não existe a relação entre o locador e o sublocatário). VI- retomada para obras urgentes determinadas pelo Poder Publico (nesse caso NÃO é necessário perito). VII- o locatário não indicar FIADOR em 30 dias - nas hipóteses do art. 40 (locação fica sem garantia). VIII- locação não residencial: em até 30 dias ao final do prazo de locação. IX- falta de pagamento ou acessório SE não houver garantia. - nesse caso, se o locatário depositar o valor integral devido. - as últimas 4 hipóteses entraram em vigor em 2010 (introduzidas em 2009). CONTROVÉRSIA - art. 273 CPC: antecipação de tutela: o despejo pode ser pedido com base no art. 273 CPC ou somente no art.59, da Lei 8.245/91? - alguns consideram que somente o art. 59 porque é especifico: 2º TAC (não cabia antecipação de tutela no art. 273 CPC enunciado do 2º TAC). Vigorava em SP e ainda é muito seguido pelo TJ. - prof. Gildo dos Santos: acha que o art. 273 CPC pode ser invocado, pois há prova do autor ter razão. Ou seja, o art. 59 exige prova independentemente do art. 273. Posição do STJ. Ler: REsp. 595172. - ou seja, em SP é muito difícil conseguir liminar com base no art. 273 CPC em ação de despejo, até porque há dificuldade de conseguir... Necessidade de cientificação 2º- o SUBLOCATÁRIO deve ser intimado (cientificado da ação de despejo), desde que seja legítimo (aceito pelo locador), na condição de ASSISTENTE SIMPLES porque tem interesse jurídico que o legitime.
- Sempre que 3º seja afetado por decisão em processo no qual NÃO é parte, pode ajudar a parte a ganhar a ação na qual é beneficiário. - assistente pode ajudar o assistido, mas está subordinado ao assistido. - assistência litisconsorcial: o assistente tem mais poder de atuação, porque tem relação com a parte. Ex. Esbulho em condomínio (qualquer um dos condôminos, isoladamente, pode ingressar com ação para defender a posse e outros condôminos podem entrar como assistentes. Nesse caso é assistente litisconsorcial porque ele também tem a posse e, portanto, tem relação com o réu da ação (esbulhou sua posse)). Art. 60 (aplica-se somente ao proprietário) - necessidade de provar a propriedade ou compromisso de compra (na PI) - quando há hipóteses próprias do direito do proprietário. - na sua falta: aplicação do art. 284 CPC emenda da inicial (o juiz intima a parte para apresentação da prova em 10 dias, sob pena de extinção do feito). Art. 61 - é dado ao locatário a oportunidade de concordar com o despejo, tendo o prazo de 6 meses para desocupação. Requisitos: - locação residencial superior a 30 meses, prorrogada por prazo indeterminado, e sendo feita a denúncia da locação antes da propositura da ação. - locação verbal ou inferior a 30 meses, prorrogada por prazo indeterminado e ocorra uma das seguintes hipóteses: - uso próprio, de ascendente ou descendente - obras determinadas pelo Poder Público - o juiz deve fixar o prazo de 6 MESES. - honorários advocatícios: 20% sobre o valor da causa. - Sanção premial: se a desocupação se der antes do prazo, o locatário fica liberado dos honorários. E título executivo judicial. - Lembrando: o autor não paga as custas, mas adianta o pagamento (inclusive do perito judicial). 7 - Possibilidade de CUMULAÇÃO de pedido de despejo com despesas em aberto. - PI deve ser instruída com cálculo do valor devido. (para o locatário poder purgar a mora).
- Fiador: pode ser incluído no polo passivo (facultativo) quando CUMULADO com a cobrança. Se for só no despejo, não (o fiador não ocupa o imóvel). Polêmica extinta com a lei de 2009. 8 Polêmica: - se há contrato escrito de locação, há interesse em cumular a cobrança? (contrato é título executivo extrajudicial). Maioria: há interesse pois, ao cumular se resolvem dúvidas sobre o valor devido e há maior possibilidade de defesa ao locatário cobrado. - do ponto de vista prático: não é interessante para o autor fazer a cumulação porque a discussão do débito atrasa o despejo. O melhor seria efetuar o despejo e depois executar o contrato. Art. 62, II, III Purgação da mora - pelo locatário ou pelo fiador. - evitar o despejo através do depósito integral das importâncias devidas. - prazo (alterado em 2009): - antes: locatário era citado e no prazo para defesa (15 dias) fazia pedido para purgar a mora na prática demorava 6 meses. - HOJE: purgar a mora no prazo da defesa. - o juiz pede para o autor se manifestar acerca do valor depositado. - caso não haja concordância (depósito a menor): o locatário pode complementar o depósito ou a ação prossegue em relação à diferença. OU seja, o locador pode levantar os valores incontroversos. Aluguéis vincendos: devem ser depositados mês a mês enquanto a ação está em curso. - Quando há cumulação (despejo + cobrança): pode iniciar a execução do valor devido independentemente do despejo. - Limites à purgação da mora: - antes: lei anterior: não pode purgar a mora 3 vezes no prazo de 2 anos. - hoje: o locatário pode purgar a mora desde não tenha feito isso nenhuma vez nos últimos 24 meses. (só pode purgar a mora 1 vez a cada 2 anos). Prazo de desocupação: 30 DIAS, em regra (por disposição legal). Exceções - 15 dias: (mas o que realmente acontece) - se entre a citação e o despejo houver decorrido mais de 4 meses;
9 - hipóteses do art. 9º: - mútuo acordo - infração contratual - falta de pagamento - reparações urgentes determinadas pelo Poder Público - entre 6 meses e 1 ano: art. 63, 1º e 2º. - estabelecimento de ensino autorizado, hospitais, repartições públicas, unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino, entidades religiosas. Sentença - recebida apenas no efeito devolutivo. - é possível obter, excepcionalmente, efeito suspensivo. - na falta de efeito suspensivo: a sentença pode ser executada provisoriamente (não precisa esperar o trânsito em julgado). - é possível execução provisória: - caução (deve ser fixada na sentença pelo juiz varia entre 6 e 12 alugueis) que se feita pelo locador pode executar; - dispensa de caução: a- descumprimento de acordo de desocupação (6 meses), b- infração legal ou contratual, c- falta de pagamento, d- realização de obras urgentes determinadas pelo Poder Público. - art. 520 CPC: as ações locatícias não estão previstas nesse rol (apelação apenas no efeito devolutivo) por terem regra específica na lei. - Caução: se reformada a sentença, a caução será a indenização mínima de Perdas e Danos para o locatário que poderá pleitear a diferença (outro valor maior) em ação própria. Prazo de 30 dias: conta-se a partir de intimação pessoal do locatário. (2º TAC súmula 19) que deve ser peticionada pelo locador. - se não houver desocupação: oficial de justiça + locador arrumar caminhão etc.
10 SP, 21/02/2011 AÇÃO RENOVATÓRIA Lei n. 8.245/91 Objetivo: impedir a cobrança de luvas pelo locador na renovação da locação. Proteger o locatário não-residencial. Renovação compulsória da locação. Luvas: são valores cobrados pelo locador para concordar com a locação ou renovação. - as luvas iniciais são legítimas, mas não cabe sua exigência na renovação do contrato. - Enunciado n. 9 do 2º TAC: a lei 8.245/91 não proíbe a cobrança inicial de luvas. Ponto ou fundo de comércio é desenvolvido pelo locatário (investiu no ponto e despendeu tempo) e é protegido pela ação renovatória. Decreto-lei /1934: conhecido pela Lei de Luvas se prestava para impedir a luvas. Regulou até 1991, quando a nova Lei do inquilinato foi criada e incorporou a disciplina da ação renovatória. Cabimento - Locação não-residencial. - Sempre proposta pelo LOCATÁRIO. Requisitos Art. 51 Lei 8.245/91 I- contrato escrito E por prazo determinado. - locação verbal: não se aplica. - se a locação se prorrogou por prazo indeterminado: não se aplica. II- prazo mínimo de 5 anos ou a soma de contratos ininterruptos é de 5 anos. - ou seja, um único contrato de 5 anos. - soma de contratos: soma de prazo = accessio temporis (é a soma dos contratos escritos atingindo os 5 anos exigidos).
- a jurisprudência tem aceito pequenos intervalos entre um contrato e outro porque: a) os tribunais concordam que haja intervalos por conta das negociações contatuais, b) para impedir que o locador, propositadamente, retarde a assinatura do contrato para afastar o direito da ação renovatória. Nesses casos, há jurisprudência para todos os gostos (maioria: 6 meses ou menos é considerado razoável, e 1 ano é considerado muito). (5 anos de contrato escrito, sem contar o lapso temporal, ou seja, o lapso temporal não conta para se atingir os 5 anos.) - Exemplo: 3 anos (contrato) + 6 meses + 2 anos (contrato) III- mesmo ramo por 3 anos (na data da propositura da ação) - necessidade de um tempo mínimo para desenvolvimento do fundo de comércio. - mesmo ramo : admite-se pequenas alterações, mas com a continuidade da atividade principal. 11 Legitimidade ativa: LOCATÁRIO 1º, art. 51: CESSIONÁRIO (se possível a cessão, o cessionário aproveita o prazo, desde que no mesmo ramo), SUCESSOR, SUBLOCATÁRIO. - locador ------ locatário --------sublocatário - na situação extraordinária em que o locatário faz a sublocação integral do imóvel, ele perde a legitimidade ativa, ficando exclusivamente com o SUBLOCATÁRIO. - na cessão: o sublocatário sai e o vínculo fica entre o locador sublocatário. Legitimidade passiva: LOCADOR Sublocação - Legitimidade ativa: SUBLOCATÁRIO Caso 1: legitimidade passiva: LOCATÁRIO quando o contrato entre o locador/locatário for de prazo suficiente para garantir a renovação. No ex. 12 anos comporta os 5 anos + renovação de 5 anos. Locador ----- (12 anos)---- Locatário------ (5 anos)------ Sublocatário Caso 2: legitimidade passiva: LOCADOR E LOCATÁRIO (litisconsórcio necessário) 2º, art. 51: na situação em que é alugado por pessoa física e depois utilizado pela PJ. 3, art. 51 : na morte de sócio, a PJ é dissolvida, e o sócio sobrevivente passa a ter legitimidade para propor. 4º, art. 51: indústria e sociedade civil com fins lucrativos. - Na falta de um dos requisitos: carência de ação (falta de interesse).
Prazo: (muito importante!) - Antecedência máxima de 1 ano e mínima de 6 meses do fim do prazo da locação. Ex. se o contrato termina em 01/01/2012, a ação renovatória deverá ser proposta no 1º semestre de 2011. - se fora do prazo: carência de ação. - prazo decadencial (em princípio não se suspende, não se interrompe, não se prorroga, ou seja, se o prazo se encerrar no domingo, propor a ação até a sexta-feira anterior). Art. 52 Situações em que, mesmo se preenchidos os requisitos legais do locatário, o LOCADOR não precisa renovar: I- obras determinadas pelo Poder Público e que não podem ser realizadas na presença da locação, obras que impliquem em aumento de área e valorização da propriedade. II- Uso próprio ou transferência de fundo de comércio existente a mais de um ano para cônjuge, ascendente, descendente. - o locador NÃO pode utilizar no MESMO RAMO DO LOCATÁRIO. (impedir que o locador se locuplete do trabalho do locatário). - exceção: se o imóvel é preparado para desenvolver atividade específica ex. cinema, teatro. Início Ação de rito ORDINÁRIO com requisitos específicos do art. 71 da Lei 8.245/91. Art. 71 Petição Inicial I- Prova dos requisitos legais do art. 51. (contrato + prova documental (folder, livros contábeis, NF para provar o desempenho de determinado ramo) exige prova robusta na PI, apesar de admitir dilação probatória. 12 II- III- Prova do exato cumprimento do contrato (o locador não pode ficar sujeito a suportar indefinidamente um locatário que não cumpre seu contrato ex. pagamento de aluguel, seguro, condomínio, etc.) - discussão: o locatário que no curso da locação deixa de pagar e é submetido a ação de despejo por falta de pagamento. O locatário citado, purga a mora. Nesse caso, ele torna-se mal cumpridor do contrato. Luiz Fux: ao purgar a mora, exerce um direito previsto na lei, portanto não ofende o cumprimento do contrato (+ enunciado n. 14 do 2º TAC). Por outro lado, Prof. Gildo dos Santos não considera aquele que purga a mora exato cumpridor do contrato. Prova de pagamento de taxas e impostos. Na realidade, este inciso já está dentro do inciso II.
13 IV- O locador deve indicar as condições do contrato (prazo, pagamento). V- e VI- Indicar fiador com sua aceitação, se for novo ou velho, provar a atual idoneidade financeira. - quando o contrato inicial não tinha fiador, em princípio, não se exige no outro, mas o locador pode, no contrato renovado, passar a exigir fiador. Art. 72 Contestação - 15 dias - pode se recusar à renovação do contrato, alegando (matérias de defesa que impedem a renovação da locação) - falta dos requisitos, - admitir a existência dos requisitos, mas não concordar com as condições propostas, - tem melhor proposta de locação de terceiro interessado (deve ser apresentada por escrito com a assinatura de 2 testemunhas). Nesse caso, o locatário pode cobrir a proposta de 3º para ficar ou deverá sair (não pode impor que o locador alugue por menos quando há proposta melhor). - art. 52: obras etc. Sentença - PROCEDÊNCIA: a sentença renovatória retroage à data do término do contrato. - IMPROCEDÊNCIA: o despejo só é decretado se o locador pedir na contestação, ou o contrato se converte em prazo indeterminado e o locador deverá entrar com ação de despejo. - ação dúplice: o réu pode fazer pedido expresso a seu favor (aluguel maior, despejo do locatário (prazo de 30 dias para desocupação do imóvel)).
14 SP, 28/02/2011 AÇÃO REVISIONAL Fundamento: art. 19 da Lei do Inquilinato. Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá - lo ao preço de mercado. Objetivo: trazer o valor do aluguel ao valor do mercado. - ocorre nas situações em que não há acordo entre as partes em relação ao valor do aluguel de acordo com o valor de mercado. - vale para qualquer modalidade de locação: residencial e comercial. Legitimado ativo: locador (e sublocador) (pleiteia majoração do aluguel) ou pelo locatário (pleiteia a redução do aluguel). Legitimidade passiva: depende de quem propôs a ação. Prazo: prazo mínimo de 3 anos da assinatura do contrato ou da última revisão. Não se consideram as alterações contratualmente previstas para recuperação do valor real. Ou seja, o aluguel em questão deve ser cobrado por pelo menos 3 anos. - Nesse sentido, pequeno acordo que não satisfaça integralmente locador ou locatário, não deve ser feito, porque com ele inicia-se nova contagem de prazo, sendo necessário esperar no mínimo 3 anos para nova revisão. - ação RITO SUMÁRIO. - art. 275 CPC: - valor da causa - inciso II, h (casos previstos em lei) - rito sumário e subsidiariamente as regras do rito ordinário. - Lembrando: o rito é sumário, mas a cognição é profunda e exauriente. I- Petição inicial Art. 68 Lei 8.245/91 e art. 276 CPC
Indicação de testemunha: ser quiser ouvir testemunha, requerer prova testemunhal na PI e arrolar as testemunhas (no novo CPC, essa regra será para todos os ritos). Cuidado! Há preclusão consumativa. Provas: se quiser realização de prova pericial, requerer na PI e apresentar assistente técnico e quesitos. Sob pena de preclusão. Citação: não é citado para contestar, mas para comparecer em audiência de conciliação. Se não obtida a conciliação, deverá apresentar a contestação nessa audiência. Por isso, o réu deve ser citado com, no mínimo, 10 dias de antecedência. (o prazo se conta a partir da data da citação (prof. Nelson Nery) ou da juntada da citação (Athos Gusmão Carneiro) jurisprudência e doutrina nos 2 sentidos. Fiador: deve ser cientificado da ação revisional. Tem interesse jurídico na discussão, portanto, pode intervir como ASSISTENTE (em princípio, simples, porque não tem um vínculo direto com o locador mas é discutível e alguns consideram assistente litisconsorcial). Valor: a PI deve indicar o valor pretendido. Se o autor deixar de indicar o valor art. 284 CPC, o juiz deve determinar a emenda da PI, prazo de 10 dias e, se não emendada, é caso de indeferimento. (sempre que o juiz aplica o art. 284 CPC, deve esclarecer o motivo). 15 II- Aluguel provisório 2 requisitos: a) Pedido do autor. b) Prova documental que indique o valor correto da locação (anúncios etc.). Limite: 80% do aluguel vigente. - Não pode ultrapassar 80% do valor do pedido. (se o locador pede 10 mil, o aluguel provisório não pode ser maior de 8 mil. Se o aluguel é de 10 mil e o locatário quer 6 mil, o aluguel provisório não pode ser inferior a 8 mil). É decisão interlocutória, passível de AGRAVO DE INSTRUMENTO (agravo retido seria inútil, só apreciado junto com a apelação). III- Revisão provisória Independentemente da audiência de conciliação e da apresentação da contestação, o réu, por simples petição, pode pleitear a revisão do aluguel provisório. De pronto não pode agravar (antes da contestação) porque não há interesse processual (necessidade).
16 - Para o autor: o agravo é imediato, para o réu não (primeiro, apresentar simples petição). IV- Contestação - deve trazer a contraprestação do réu. (não é obrigatório, mas deve se apresentar em observância ao princípio da eventualidade) ou simplesmente dizer que não cabe revisional por exemplo, porque ocorreu há menos de 3 anos. - é DÚPLICE, ou seja, o réu pode fazer pedido a seu favor. (ex. aluguel de 8 mil, o locador pede 10 mil e o réu, na contestação pede 6 mil). V- Interrupção do prazo para agravo - previsão desnecessária. - interrupção do prazo (prazo devolvido por inteiro). 1º Descabimento da revisional - durante a fluência do prazo de desocupação do imóvel. - são institutos incompatíveis: não se pode pedir para desocupar e pedir revisional. - doutrina e jurisprudência entendem que: após o prazo para desocupação (30 dias) quando esta não ocorre, ao ser proposta a ação de despejo, cabe a revisional porque a ação de despejo demora muito e seria descabido o aluguel ficar defasado. SENTENÇA - o VALOR do aluguel RETROAGE À DATA DA CITAÇAO. - geralmente há valores a serem recebidos. - a diferença será executada nos próprios autos, após o trânsito em julgado (não cabe execução provisória). - a sentença pode homologar acordo de desocupação do imóvel (a desocupação do imóvel não é pedido próprio da ação), o que é muito comum art. 475-N CPC. CPC, Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: III a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo
17 AÇÃO CONSIGNATÓRIA - Lei do Inquilinato (art. 67); no CC e no CPC (art. 890 a 900) subsidiariamente. Finalidade: pagamento em consignação - art. 334 e s. no CC - Pagamento em consignação: pagamento judicial ou extrajudicial para o devedor se desonerar e evitar os efeitos da mora. - é direito do devedor se ver livre da obrigação. Cabimento: art. 335 CC 5 hipóteses: a- Credor não pode ou se recusa a receber ou dar quitação; b- Credor não for receber (querable); c- Credor incapaz, desconhecido ou ausente; d- Dúvida sobre quem é o credor; e- Litígio sobre o objeto de pagamento. Legitimidade ativa: em princípio: locatário ou sublocatário. Autor: pode ser proposta por 3º. Credor: quando o credor é desconhecido: citação por edital para que os possíveis credores se credenciem para receber. Quando há dúvidas acerca do legítimo credor: consignar TODOS no polo passivo. PETIÇÃO INICIAL - art. 282 CPC. - indicar os alugueis e os acessórios que serão depositados. - valor da causa: 12 alugueis vigentes (mesmo quando se vai pagar somente 1 aluguel). - Súmula 449 STF o valor da causa na ação consignatória de aluguel é uma anuidade. I- ALUGUÉIS/ ACESSÓRIOS II- DEPÓSITO: não é necessário provar o depósito na PI, mas após o deferimento da citação, 24h para fazer o depósito. No CPC (5 dias para fazer o depósito). III- ALUGUÉIS VINCENDOS: devem ser depositados na data do vencimento. Princípio da economia processual. IV- REÚ NÃO CONTESTAR e RECEBER OS VALORES: é reconhecimento do pedido e deve arcar com os ônus sucumbenciais.
18 V- CONTESTAÇÃO: matérias de fato que podem ser alegadas: a- não houve recusa; b- a recusa foi justa (ex. pagamento parcial); c- não ter sido efetuado o depósito no prazo e no lugar do pagamento (responsabilidade pela consignatória é do autor); d- depósito não é suficiente Prazo - não é previsto na lei nem no art. 890 CPC. - vale a regra geral: 15 dias para a contestação. VI- RECONVENÇÃO - pede a condenação do réu e, além disso, pode pedir: - condenado a pagar as diferenças - despejo VII- COMPLEMENTAÇÃO - quando o réu contesta e diz que o depósito é insuficiente, e o autor reconhece que estava consignando menos, tem o prazo de 5 dias para depositar a diferença, pagará 10% de multa e é condenado aos ônus sucumbenciais. VIII- EXECUÇÃO - quando há pedido de despejo, a execução só pode ocorrer após a desocupação. - No curso da consignação pode-se pedir o levantamento dos valores incontroversos. Art. 890, 1º: autoriza a consignação por depósito extrajudicial (desde 1994), em banco oficial. - o credor é intimado por AR para se manifestar sobre o depósito. Tem 10 dias a partir do recebimento do AR para RECUSAR o depósito. Se isso não ocorrer, considera-se que ele aceitou o depósito. - a recusa deve ser expressa no Banco. Nesse caso, não é dada como satisfeita a obrigação e: a- quem fez o depósito pode levantar a quantia, b- pode propor a ação consignatória, instruindo a PI com o comprovante de depósito. (enquanto não propuser a consignatória, estará em mora). - Discussão interessante: a consignação extrajudicial vale para a consignação de aluguel? (porque está no CPC e não na Lei do inquilinato). Para alguns, não cabe por falta de previsão na Lei do inquilinato (minoritária). No entanto, a maioria aceita porque allei do inquilinato é anterior (1991) a este dispositivo foi introduzido no CPC em 94. Além disso, a Lei do inquilinato não veda.
19 Enunciado 41 do 2º TAC: O depósito bancário, a que alude o art. 890 do CPC, é instrumento de direito material e também se presta à exoneração de obrigações oriundas do contrato de locação. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE CHAVES - consignação do bem locado, representado pelas chaves quando o locatário quer entregar o bem imóvel ao locador que se recusa a receber. - não é disciplinada pela lei do inquilinato, portanto, aplicar a disciplina do CPC. SP, 14/3/11 MANDADO DE SEGURANÇA Lei Federal 12.016/2009 Art. 5º, LXIX, CF Art. 5º, LXX, CF - É o remédio processual constitucional impetrado contra ato ilegal ou abusivo de autoridade pública com a finalidade de proteger direito líquido e certo não amparado por HC ou HD. - garantia constitucional art. 5º, LXIX - art. 5º, LXX mandado de segurança coletivo.
Legitimados a) partido político com representação no Congresso Nacional, b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento a pelo menos um ano, em defesa de seus membros ou associados. - Lei Federal 12.016/2009: traz atualizações na lei de 1951 e de outras leis. - Revoga a lei de 1951 e outras leis, concentrando a matéria. - Ação de RITO ESPECIAL. Classificação - Quanto ao momento da proposição: - PREVENTIVO (tutela inibitória) - quando há risco de prática de ato ilegal ou abusivo pela autoridade. - caráter inibitório. - pode se convolar em MS repressivo. - REPRESSIVO - quando já ocorreu o ato ilegal ou abusivo da autoridade. - objetivo: corrigir ou desfazer ato já consumado. 20 - Quanto ao direito tutelado: - INDIVIDUAL - se presta à tutela de direito individual. - a parte prejudicada pelo ato de autoridade impetra MS para defender direito próprio. - COLETIVO - MS impetrado por legitimado extraordinário (3º autorizado) na defesa do interesse da coletividade, ou seja, de direito líquido e certo. - legitimado extraordinário: age em nome próprio em defesa de direito de 3º. Cabimento ou requisitos - ATO DE AUTORIDADE - inclusive autoridade judicial (em situações especiais). - PJ em função de delegação (ex. contra diretor de instituição particular de ensino).