Resumo: Palavras-chave: PNLD; livro didático de língua portuguesa; gênero textual oral formal. Introdução

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Transcrição:

PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO GÊNEROS TEXTUAIS ORAIS E LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA: INVESTIGANDO A AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO Haila Ivanilda da Silva - UPE Débora Amorim Gomes da Costa Maciel - UPE Resumo: Investigamos o repertório de gêneros textuais orais de um conjunto de livros didáticos de língua portuguesa (3º e 5º anos) aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2010; 2013) e buscamos responder as seguintes questões: quais gêneros orais compõem o repertório didático das obras aprovadas no referido Programa e como esses gêneros estão distribuídos nas diferentes capacidades de linguagem dominantes? (CLD) (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004). Tratamos os dados sob uma perspectiva quantitativa, submetendo-os a elementos da técnica de análise de conteúdo temático categorial (BARDIN, 1996). Analisamos 46 resenhas, sendo 24 da edição 2010 e 22 da edição 2013. Os resultados evidenciam que, em 2013, houve uma maior preocupação das obras com gêneros das ordens do narrar e do argumentar, ofertando maior quantidade de gêneros formais. Estes dados podem representar a preocupação dos livros com a formação de sujeitos competentes no uso da fala pública. Palavras-chave: PNLD; livro didático de língua portuguesa; gênero textual oral formal. Introdução Dentre os recursos mais tradicionais de apoio a prática pedagógica docente, o livro didático pode ser considerado como um suporte que, muitas vezes, torna-se a principal fonte de informação impressa utilizada por parte significativa de professores que buscam apoio para suas aulas e por parte dos alunos que acessam um repertório de conteúdo a serem estudados e aprendidos (LAJOLO, 1996; SILVA e LEAL, 2011). Os livros didáticos (LD), ao logo da história, sofreram várias críticas motivadas por diferentes fatores, dentre eles, a presença de problemas ideológicos, a frequência de erros conceituais e de equívocos de natureza diversa. Diante desta realidade, o Ministério da Educação, na década de 1990, estabeleceu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) como política de avaliação sistemática e contínua, promovendo um movimento processual de mudanças e melhorias na qualidade das obras.

2 Em meio às mudanças, este estudo toma o LD como lócus de investigação em busca de conhecer quais gêneros orais compõem o repertório didático das obras aprovadas pelo PNLD e de compreender como os gêneros estão distribuídos nas diferentes Capacidades de Linguagem Dominantes (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004). A investigação sobre esse tema contribui para refletirmos a respeito do investimento realizado pelos autores de LD na seleção dos gêneros textuais orais e meditarmos sobre as escolhas didáticas presentes nas obras que adentram as escolas públicas brasileiras. Para realizarmos o estudo, selecionamos as edições 2010 e 2013 do PNLD de Língua Portuguesa e investigamos as resenhas avaliativas das obras de 4 e 5º anos. Analisamos 46 resenhas de cada obra, 24 dispostas na edição 2010 e 22 na edição 2013. No universo da sondagem exploratória, tratamos dos dados sob o prisma quantitativo (LÜDKE e ANDRÉ, 1986). Os resultados sinalizam para uma diversidade de gêneros textuais nas duas edições do PNLD, com projeção quantitativa, em 2013, para as ordens do narrar; do argumentar e do expor. Ganharam visibilidade os gêneros formais e ocorre uma redução de gêneros informais. Os dados podem representar a preocupação dos LD com a formação do sujeito competente no uso da fala pública formal. Gêneros textuais Os gêneros textuais são mega-instrumentos heterogêneos e flexíveis, historicamente construídos em resposta às demandas e às atividades socioculturais que ordenam e estabilizam a comunicação humana. A sua ampliação e modificação resultam da exigência da língua, conforme a complexidade das esferas de uso (MARCUSCHI, 2002, SCHNEUWLY, 2004). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1996), os gêneros, escritos ou orais, são ferramentas que devem ser tomadas pela escola como objeto de ensino-aprendizagem, com vistas à promoção da competência comunicativa. Como proposta para a didatização dos gêneros orais, Dolz e Schneuwly (2004, p. 83) sugerem o agrupamento de gêneros, considerando as suas capacidades de linguagens, abarcadas por cinco dimensões: narrar, relatar, argumentar, expor e descrever. Para os autores, algumas capacidades se projetam de forma mais aguçadas na estruturação dos gêneros, entretanto não é possível classificar um gênero de maneira absoluta num dos agrupamentos proposto (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004, p.121). Os gêneros orais, distribuídos nesses agrupamentos, estão presentes nos LD de língua portuguesa, também

3 como exigência do PNLD, que recomenda o trato com o oral nas propostas dos LD submetidos ao seu crivo avaliativo. Nessa direção, perguntamo-nos: quais gêneros orais compõem o repertório dos livros avaliados pelo PNLD? Em quais capacidades de linguagem esses gêneros estão distribuídos? Quais as sinalizações das escolhas feitas pelas obras? Vejamos a seguir: Gêneros textuais orais: olhares sobre a seleção nos livros didáticos No PLND 2010 os dados revelam que os gêneros de maior frequência são: debate (88%) entrevista (75%), troca de informações (21%) apresentação (47%) e dramatização (46%). Os gêneros de menos frequência são: piada (4%), jogral (8,3%), causo (8%) e anedota (4%). No PLND de 2013, os gêneros mais frequentes são: colóquio (100%) debate (100%), entrevista (59,09%) e exposição oral (59,09%). Os gêneros menos frequentes são: apresentação de musical (4,55%), história em quadrinho (4,55%), jogral (9,09%), propaganda (9,09%), poema (4,55%), provérbios (4,55%), reconto (4,55%) e sarau (4,55%). Dentro dessa diversidade, houve uma diminuição do quantitativo de gêneros textuais presentes nas obras. Em 2010 foram apresentados 24 (vinte e quatro) gêneros, em 2013 o número foi reduzido para 18 (dezoito). Apenas 6 (seis) gêneros permaneceram nas edições de 2010 e 2013, respectivamente, a saber: debate, seminário, entrevista, dramatização, reconto e declamação. Além da permanecia dos gêneros acima observados, surgem novos protótipos de uma edição para outra, são eles: colóquio (9,09 %); exposição oral (59%); notícia de rádio (22%); telejornal (18%); propaganda (9,09%), provérbio (4,55%), sarau (4,55%), história em quadrinhos (4,55%) e a apresentação de música (4,55%). Em ambos as edições do PNLD, o gênero entrevista é contemplado pela maior parte das coleções. A entrevista é o segundo gênero mais frequente na relação dos LD, embora a sua frequência tenha diminuído de 75% em 2010 para 59 % em 2013. O gênero debate passou de 88% em 2010 para 100% em 2013. O gênero seminário apareceu em 33% das coleções do PNLD 2010 e 36% na edição 2013. Esse pequeno aumento também ocorreu na frequência do gênero jogral, passando de 8,0% em 2010 para 9,09% em 2013. Essa diversidade textual, atrelada ao aumento da frequência de alguns gêneros também nos mostram dados importantes, especialmente se organizados de acordo como as diferentes capacidades de linguagem. Vejamos a seguir:

4 Gêneros textuais: olhares sobre os agrupamentos Observamos que na ordem do narrar os gêneros contação de história, dramatização e encenação de peça teatral são apresentados em ambas as edições do PNLD. Em 2013, alguns gêneros da ordem do narrar são eliminados, tais como: piada e anedota. Por outro lado, a música e a história em quadrinhos são gêneros inseridos no repertório das obras. A ordem do argumentar configurou-se como uma das dimensões de maior projeção dentro do PNLD 2013, sendo visualizadas em todas as resenhas dos LD avaliados pelo referido documento. O gênero debate é o que mais se destaca nos livros, seja ele de opinião; deliberativo ou regrado Aparecem também, no PNLD 2013 os gêneros: comercial televisivo; dialogo argumentativo; publicidade; roda de conversa; exposição de opinião e discussão. Em 2010, o gênero debate também é apresentado, contudo, sem o mesmo detalhamento apresentado na edição 2013. Na ordem do narrar, encontramos, em 2010, gêneros que desapareceram em 2013, como por exemplo: assembleia; júri simulado; palestra e a troca de informações. Em 2013 surgem os gêneros comercial televisivo e publicidade. Na ordem do expor temos, em 2010, os gêneros: apresentação; declamação; enquete; entrevista; jogral; jornais; pesquisa; recitação e seminário. Em 2013, além dos gêneros acima citados, aparecem os gêneros: exposição oral; colóquio; comentário de notícia; declamação de poesia; oficina de poemas e sarau. As ordens do descrever e do relatar receberam menor visibilidade dentre os LD aprovados pelo PNLD em 2010. Nesta edição, elas apresentam um único gênero: regras de jogo e relato, respectivamente. Na edição 2013, os gêneros da ordem do descrever desaparecem. Em 2010, a ordem do relatar, que era composta apenas pelo gênero relato, agrega, em 2013, os gêneros apresentação de pesquisa e resenha oral. Considerações Nossa investigação revela que os LD avaliados pelo PNLD (2010 e 2013) apresentam uma variedade de gêneros textuais que abarcam destes gêneros de cunho informal, como por exemplo, a piada e a contação de história, a gêneros de cunho mais formal, como por exemplo, a entrevista e o debate. O aumento no repertório de gêneros formais e a consequente queda no quantitativo de gêneros informais, pode sinalizar uma atenção das obras às

5 orientações do PNLD, no sentido de tratar o oral público formal (2010) observando as normas urbanas de prestígio (PNLD, 2013). Nas CLD, três ordens se destacam: expor, argumentar e relatar. Essas ordens foram elevadas em mais de 10% na seleção textual das obras aprovadas pelo PNLD 2013. A elevação é fruto do investimento em gêneros cujo contexto de produção e realização ocorre, de forma prevalente, na dimensão formal. Em síntese, os dados podem representar a preocupação dos LD com a formação do sujeito competente no uso da fala pública formal. Referências BRASIL. MEC. Guia de livros didáticos PNLD 2010: Língua Portuguesa / Ministério da Educação. Brasília, MEC: 2009. BRASIL. MEC. Guia de livros didáticos PNLD 2013: Língua Portuguesa / Ministério da Educação. Brasília, MEC: 2012. LAJOLO, M. Livro didático e qualidade de ensino. In Em Aberto. Ministério da Educação e do Desporto SEDIAE/INEP. Ano 16: nº 69. 1996. LÜDKE, M. e ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita. Atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001. SCHENEUWLY Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros e Progressão em expressão oral e escrita: elementos para reflexão sobre uma experiência Suíça (Francófona). In:. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e Org. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Ed. Mercado de Letras, 2004. p. 41-70.