Em atenção a resposta apresentada em 25/05/2016, protocolo n 16853.002592/2016-79, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação vem diante deste Ministério da Fazenda, com todo acatamento e respeito, apresentar recurso que deverá ser direcionado à Autoridade Hierarquicamente Superior à que respondeu em 2ª instância (inteligência parágrafo único do artigo 15 da Lei nº 12.527/2011), em virtude do que adiante se demonstrará. Primeiramente, cumpre aqui informar que a RFB em nada inovou na decisão ora combatida, se limitando, novamente, em transcrever os argumentos utilizados na decisão inicial para negar acesso às informações solicitadas. Diz-se novamente pois, desde a decisão inicial, datada de 22/04/2016, como as decisões do primeiro e segundo recursos, de 10/05/2016 e 25/05/2016, respectivamente, a requerida se utilizou dos mesmos argumentos para negar o acesso às informações solicitadas pelo Instituto recorrente. na qual, alegam, em suma: Para demonstrar isto, segue o trecho da decisão inicial, que o processo de extração solicitado não está implementado em rotinas automatizadas nos bancos de dados da RFB, o que requer uma apuração especial das bases de dados. A solicitação em questão exige trabalhos adicionais que requerem a alocação de recursos humanos especificamente para a extração solicitada, recursos esses escassos nesta Divisão (grifo nosso) Após, em resposta ao recurso interposto em 1ª instância, a requerida reprisou, nos mesmos termos, os argumentos apresentados na decisão anterior: Reiteramos a negativa. Informamos que o processo de extração solicitado não está implementado em rotinas automatizadas nos
bancos de dados da RFB, o que requer uma apuração especial das bases de dados. Toda apuração especial exige trabalhos específicos de processamento das NF-e pois não se fala da entrega pura e simples do documento. Com isso, só se obtém o pretendido alocando pessoal e valores para a extração solicitada. (grifo nosso) alegados os mesmos argumentos: Ainda, na decisão ora combatida, foram, novamente, Passando à análise, cumpre repisar que, segundo a manifestação da Cofis, relativa ao recurso de primeira instância, o processo de extração solicitado não está implementado em rotinas automatizadas nos bancos de dados da RFB, o que requer uma apuração especial das bases de dados. Toda apuração especial exige trabalhos específicos de processamento das NFe pois não se fala da entrega pura e simples do documento. Com isso, só se obtém o pretendido alocando pessoal e valores para a extração solicitada. (grifo nosso) Diante do exposto, e considerando que o recurso é um espelho da decisão a ser combatida, no sentido de rebater os argumentos da negativa de acesso à informação apresentados pela requerida, o Instituto recorrente vem por meio desta reprisar e expor os argumentos arguidos no recurso de 1ª instância. Como motivos para negar o pedido do Instituto recorrente, alega a requerida que o processo de extração solicitado não está implementado em rotinas automatizadas nos bancos de dados da RFB, o que requer uma apuração especial das bases de dados. Ainda, que toda apuração especial exige trabalhos específicos de processamento das NFe pois não se fala da entrega pura e simples do documento. Primeiramente, quanto a alegação de que o levantamento das informações solicitadas geraria trabalho adicional de análise, interpretação e consolidação de dados, importante destacar que em
nenhum momento o órgão requerido trouxe fatos suficientes para autorizar a utilização da hipótese de negativa legal de acesso aos dados. Faltou a RFB expor qual seriam os trabalhos adicionais que requerem a alocação de pessoal e de valores, sendo que se tratam apenas de documentos eletrônicos. Não basta, para negar o direito do cidadão de obter acesso a informações de caráter público, dais quais a própria requerida é detentora, a alegação de que isto requer uma apuração especial das bases de dados, ou que exigem trabalhos específicos de processamento das NF-e. A Lei 9784/99, que regula o processo administrativo, quanto à motivação das decisões, é clara ao dispor, em seu artigo 50, incisos I e V, que: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...) V - decidam recursos administrativos; Além do exposto, o próprio diploma legal que regulamenta esse acesso, a Lei de Acesso à Informação, tem como finalidade primordial a transparência dos gastos públicos, sendo uma ferramenta importantíssima para o controle social da administração pública. A falta de análise do caso concreto, juntamente com a falta de motivação da negativa não se coaduna com as diretrizes da Lei de Acesso, que aproveitamos para destacar: Art. 3 Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V - desenvolvimento do controle social da administração pública. Como se não bastasse o descumprimento dos dispositivos da Lei n 12527/2011 e da Lei do Processo Administrativo no âmbito Federal, a decisão ora combatida também vai de encontro com o artigo 6º do Decreto 8.777/16, que institui a política de Dados Abertos do Poder Executivo Federal, in verbis: Art. 6º Às solicitações de abertura de bases de dados da administração pública federal aplicam-se os prazos e os procedimentos previstos para o processamento de pedidos de acesso à informação, nos termos da Lei nº 12.527, de 2011, e do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012. Parágrafo único. A decisão negativa de acesso de pedido de abertura de base de dados governamentais fundamentada na demanda por custos adicionais desproporcionais e não previstos pelo órgão ou pela entidade da administração pública federal deverá apresentar análise sobre a quantificação de tais custos e sobre a viabilidade da inclusão das bases de dados em edição futura do Plano de Dados Abertos. Percebe-se que não há mais espaço para alegações genéricas, que visam negar ao cidadão o direito, que primeiro é constitucional, regulamentado já por Lei e Decreto Federal, e que determina que o órgão solicitado se mobilize, se adeque, se necessário que mude sua logística, para tornar seus gastos e seus documentos não somente públicos, mas disponíveis, nos termos da Lei em comento, ao cidadão solicitante. Por fim, é importante destacar, também, que esta mesma lei determina o modo pelo qual os órgãos devem responder os
pedidos de acesso à informação, o que foi evidentemente ignorado pela requerida: Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível. 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: (...) II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido. Sendo assim, pelo que foi exposto, não há qualquer razão para que o órgão recorrido continue a negar acesso aos documentos requeridos, visto que se trata de documentos públicos. DOS PEDIDOS Diante do exposto, e pelo que certamente será suprido pelo notório saber de Vossa Senhoria, o Instituto solicitante requer a reforma da decisão ora apresentada para o fim de conceder acesso aos dados requeridos, uma vez que se trata de questão de direito e justiça!