A GEOMETRIA NOS PALITOS DE FÓSFOROS E CANUDOS

Documentos relacionados
A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA E A GEOMETRIA: UMA ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS

AS DOBRADURAS: UM RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE GEOMETRIA

Palavras-chave: formação continuada; prática docente; metodologia de ensino.

CONSTRUÇÃO DE SÓLIDOS GEOMÉTRICOS A PARTIR DA VISUALIZAÇÃO DO SOFTWARE POLY EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO: RELATO DE PRÁTICA DE SALA DE AULA

A Visualização e a Representação Geométrica de Conceitos Matemáticos e suas Influências na Constituição do Conceito Matemático

PROJETO PROLICEN: VIVÊNCIAS, OPORTUNIDADE E CONTRIBUIÇÕES A FORMAÇÃO ACADÊMICA.

A GEOMETRIA DA TARTARUGA: UMA INTRODUÇÃO À LINGUAGEM LOGO

GEOMETRIA ESPACIAL: CONSTRUINDO SÓLIDOS GEOMÉTRICOS COM PALITOS DE PICOLÉ

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A LINGUAGEM E O USO DE JOGOS NAS AULAS DE MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA EM ANDAMENTO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO

GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: O QUE PENSAM OS PROFESSORES?

POSSÍVEIS APLICAÇÕES DOS MATERIAIS MANIPULÁVEIS NO ENSINO DE GEOMETRIA PARA OS ANOS INICIAIS

UMA EXPERIÊNCIA COM GEOMETRIA EM UM CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

A REVOLUÇÃO DO PRISMA

O ENSINO DA GEOMETRIA POR MEIO DA METODOLOGIA VAN HIELE: UMA EXPERIÊNCIA

Palavras Chave: Geometria Analítica, Ensino Médio, Software Dinâmico

REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DA GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

A UTILIZAÇÃO DO GEOPLANO NA CLASSIFICAÇÃO DAS FIGURAS PLANAS

DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS A PARTIR DE MATERIAIS MANIPULÁVEIS. Palavras-chave: Investigação; teorema de Pitágoras; Materiais manipuláveis.

TENDÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA, DOS MATERIAIS CONCRETOS E DA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DA GEOMETRIA

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 3 EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL - ETAPAS I E II... 4 ESTRATÉGIAS E RECURSOS EM SALA DE AULA...

REVISTA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM FOCO

UMA PESQUISA COM PROFESSORES EM FORMAÇÃO CONTINUADA: O ESTUDO EXPLORATÓRIO DO BARICENTRO

PÚBLICO ALVO: Professores do Ensino Fundamental e/ou Estudantes de Graduação em Matemática.

O PROFESSOR REFLEXIVO E A GEOMETRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

USO DO ORIGAMI COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA PARA AULAS DE MATEMÁTICA. Palavras-chave: Origami, Educação Matemática, Ferramenta Metodológica.

EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS GERAIS. Linguagem Oral e Escrita. Matemática OBJETIVOS E CONTEÚDOS

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NOS LIVROS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JATAÍ

SÓLIDOS GEOMÉTRICOS: RELATO DE UMA ATIVIDADE COM O USO DE CANUDOS E BARBANTE.

LIVROS DIDÁTICOS NOS ANOS INICIAIS: A IMPORTÂNCIA DE CONHECER A PROPOSTA DIDÁTICA 1

Palavras-chave: Didática da Matemática. Teoria Antropológica do Didático. Formação Inicial de professores.

ENSINO DE GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS: O QUE PRIVILEGIAM OS PROFESSORES

A GEOMETRIA E O USO DOS MATERIAIS MANIPULÁVEIS: CONSTRUÇÃO DE QUADRILÁTEROS COM ARGOLAS DE PAPEL

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

LACUNAS NO ENSINO DA GEOMETRIA EUCLIDIANA

Análise de software. 1 o software analisado: Workshop Vila Sésamo

VISÃO GERAL DA DISCIPLINA

A CONSTRUÇÃO ESPACIAL PELA CRIANÇA E PRÁTICA ESCOLAR ATUAL DO ENSINO DE GEOMETRIA NAS SÉRIES INICIAIS

LIMITAÇÕES DA LINGUAGEM COMPUTACIONAL NO ESTUDO DE RAÍZES DE FUNÇÕES

VII CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA

ENSINO DE GEOMETRIA NA ESCOLA BÁSICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

APRENDENDO A ENSINAR MATEMÁTICA POR MEIO DOS RECURSOS DIDÁTICOS: MONITORIA, JOGOS, LEITURAS E ESCRITAS E LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA.

FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: A EXTENSÃO QUE COMPLEMENTA A FORMAÇÃO DOCENTE. Eixo temático: Educación, Comunicación y Extensión

UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE GEOMETRIA PLANA

ZOOMÁTICA 1 INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS

Potencialidades de atividades baseadas em Categorias do Cotidiano em uma sala de aula da Educação Básica

Palavras-chave: Laboratório de Matemática; Pibid; Práticas Pedagógicas.

Aprendizagens Docentes sobre Transformações Geométricas em Grupo de Formação Continuada

TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS NOS BORDADOS EM PONTO CRUZ

CONEXÕES E REGULARIDADES NO ENSINO DA MATEMÁTICA. Rudinei José Miola

Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de professor de matemática

Letramento Matemático na Educação Infantil

O CONCEITO DE ÁREA EM GEOMETRIA PLANA A PARTIR DA APROPRIAÇÃO DO GEOPLANO (TEOREMA DE PICK)

MATEMÁTICA ATRAENTE: A APLICAÇÃO DE JOGOS COMO INSTRUMENTO DO PIBID NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

PROVAS E ARGUMENTAÇÕES EM GEOMETRIA ATRAVÉS DE DIFERENTES MÍDIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

Texto produzido a partir de vivências de um estágio curricular supervisionado específico do curso de matemática 2

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO ALGÉBRICO NOS ANOS INICIAIS

Conteúdos e Didática de História

O SOFTWARE GEOGEBRA 3.0: FACILITADOR DO ENSINO/APRENDIZAGEM DE FUNÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO E SUPERIOR

Discutindo o trabalho docente aliado às novas tendências educacionais De 25 à 29 de Maio de 2009 Vitória da Conquista - Bahia

ENADE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA

PLANEJAMENTO ANUAL 2018

EXPLORANDO A GEOMETRIA: A MAQUETE ESPACIAL DA BANDEIRA NACIONAL

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA NA OBTENÇÃO DE MÁXIMOS E MÍNIMOS DE FUNÇÕES SUJEITO Á RESTRIÇÕES Educação Matemática no Ensino Superior GT 12 RESUMO

Polígonos: dobras e cortes. Explorando diferentes mídias. Grupo de pesquisa

O PAPEL DE GRUPOS COLABORATIVOS EM COMUNIDADES DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

Eixo Temático: Etnomatemática e as relações entre tendências em educação matemática.

A ANÁLISE DE ERROS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Autor: José Roberto Costa 1 (Coordenador do projeto)

Narrativas de Professores Alfabetizadores sobre o PNAIC de Alfabetização Matemática: Desafios e Possibilidades

Vamos dividir quadrados ao meio

GEOMETRIA DAS ABELHAS: APLICAÇÃO DE CONCEITOS GEOMÉTRICOS UTILIZANDO MATERIAL MANIPULÁVEL

PRÁTICAS DOCENTES E O TEOREMA DE PITÁGORAS: UTILIZANDO A DEMONSTRAÇÃO DE PERIGAL

JOGOS GEOMÉTRICOS: UMA MANEIRA DIFERENCIADA DE SE APRENDER MATEMÁTICA

HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO POSSIBILIDADE DE RECURSO DIDÁTICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO GEOMÉTRICO

O USO DE SOFTWARES NO ENSINO DE GEOMETRIA EM UM PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INCENTIVO A DOCÊNCIA-PIBID.

MÓDULOS EM HISTÓRIA DA MATEMÁTICA TRIGONOMETRIA

O LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: SURGIMENTO, CONCEPÇÕES E DESAFIOS.

ATIVIDADES DO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

O ENSINO DE MATEMÁTICA COM O AUXÍLIO DO SOFTWARE GEOGEBRA: UMA AÇÃO DO PIBID/MATEMÁTICA/CCT/UFCG

DESAFIOS MATEMÁTICOS POR MEIO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS BLOCOS LÓGICOS, PEÇAS RETANGULARES E PEÇAS POLIGONAIS

CONHECENDO E EXPLORANDO O GEOPLANO

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

UMA HISTÓRIA INFANTIL PARA O ESTUDO DA DIVISÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Raquel Taís Breunig 2

O PROFESSOR DOS ANOS INICIAIS E SUA RELAÇÃO COM OS MATERIAIS CURRICULARES DE ESPAÇO E FORMA

INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA PARA O ESTUDO DOS NÚMEROS FIGURADOS ESPACIAIS (2010) 1

EXPLORANDO O FORMATO HEXAGONAL DOS FAVOS DE MEL DAS ABELHAS NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA

PLANEJAMENTO ANUAL 2018

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

A LEITURA E A ESCRITA NO PROCESSO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NAS AULAS DE MATEMÁTICA

PLANIFICAÇÃO ANUAL Documentos Orientadores: Aprendizagens Essenciais; Programa e Metas Curriculares

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

Palavras-chave: Laboratório do Ensino de Matemática, Ludicidade, Aprendizagem.

REFLETINDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA PARA O ENSINO DOS POLÍGONOS

UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO GRUPO DE ESTUDO OUTROS OLHARES PARA A MATEMÁTICA RESUMO

Palavras-chave: Sólidos de Platão; Construção; Concreto; Ensino de Matemática;

O LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (LEM) DO CURSO DE MATEMÁTICA DA UEMS/DOURADOS

Transcrição:

A GEOMETRIA NOS PALITOS DE FÓSFOROS E CANUDOS Eliane Maria de Menezes Maciel Universidade Federal da Paraíba - UFPB helipb@gmail.com Anibal de Menezes Maciel Universidade Federal da Paraíba - UFPB aníbal.rosario@ig.com.br Resumo: Numa tentativa de promover a reflexão de professor (as) e graduando (as) sobre o ensino da geometria e conduzí-los à prática e a vivência com materiais manipuláveis, este relato de experiência propõe apresentar uma sequência de atividades que favoreça a observação, a manipulação e a exploração de objetos do cotidiano, possibilitando construção e reconstruções, além de estimular conceitos geométricos, noção de direção e dimensão. A manipulação de palitos de fósforos para formar figuras geométricas em quebra-cabeças, requer o uso de lógica e estratégia para resolução dos desafios propostos, enquanto trabalha conceitos geométricos de polígonos simples: quadrado, triângulo, retângulo, por exemplo. Fomos buscar desafios que se fazem presentes em mesas e balcões de bares e restaurantes, como passatempo enquanto se aguarda a refeição ou aperitivo. São problemas do tipo: "mova-tantos-palitos-e-obtenha-tal-resultado". Palavras-chave: Ensino de geometria; Desafios matemáticos; Material manipulativo. O número de professores dos anos iniciais, do Ensino Fundamental, que se sentem inseguros, não planejam ou nem mesmo ensinam geometria é significativo. Sobre isso Lorenzato e Vila (1993) afirmam:. Cada vez mais os professores deixam de abordar esse importante conteúdo em suas classes. Isso se deve, principalmente, à má formação dos professores que, não tendo um bom conhecimento do assunto, preferem preterir ou suprimir de suas aulas o ensino da Geometria. (LORENZATO E VILA (1993 p.48). Lorenzato (1995) completa: Essas dificuldades se dão em virtude da forte resistência no ensino da geometria e deve-se também, em grande parte, ao pouco acesso 1

pelo professor aos estudos dos conceitos geométricos na sua formação ou até mesmo pelo fato de não gostarem de geometria. (LORENZATO, 1995, p.7). Para Pavanello (1989), os equívocos de implementação do movimento chamado Matemática Moderna, também contribuíram para o abandono do ensino da geometria, no Brasil. Guimarães et al.(2006) argumentam que existe uma certa precariedade em relação à formação de professores, quando se trata de geometria, os cursos de formação inicial pouco contribuem para que haja uma reflexão mais profunda a respeito do seu ensino. Para elas, falta oferecer aos futuros professores oportunidades de conhecer e utilizar novas ferramentas a fim de enfrentarem as situações de ensino-aprendizagem da Geometria. Além da falta de conhecimento na área, também se pode atribuir dificuldades ao tipo de jornada de trabalho, ao qual o docente é submetido, ficando pouco tempo para estudar e planejar. Todo esse contexto faz com que o processo continue se repetindo, pois dessa forma, como alguém pode ensinar bem aquilo que não conhece? Todavia, a preocupação em se resgatar o ensino da geometria, como uma das áreas fundamentais da matemática, tem levado pesquisadores a se dedicarem à reflexão, à elaboração, à implementação e avaliação de alternativas, buscando superar as dificuldades encontradas na abordagem desse tema, principalmente na escola básica. Com o propósito de levantar informações que possam contribuir para conhecimentos mais esclarecedores sobre a formação inicial e continuada de docentes que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, pesquisadores se debruçam sobre as questões: o que?, como? e para que ensinar geometria?, no ensino fundamental. Esses pesquisadores entendem que a geometria constitui um campo de conhecimento importante para a interação do ser humano com o espaço em que vive, podendo ser considerada como uma parte da matemática, em que a dimensão intuitiva se mostra mais intensamente, sobretudo na fase da escolaridade inicial. Por esse motivo, tratase de um conteúdo essencial na formação do aluno dessa fase da educação básica. Scortegagna e Brandt (2010) argumentam que: 2

As primeiras noções construídas pela criança são referentes ao espaço prático, da ação, que ela constrói por meio dos sentidos e através dos seus próprios deslocamentos. Com o aparecimento da linguagem e da representação simbólica em geral, começa a se constituir o espaço representativo, que reconstruirá em outro plano, tudo o que o perceptivo conquistou. SCORTEGAGNA E BRANDT (2010 p.3) Nacarato e Passos (2003) apontam a importância de considerar que, nessa fase, o aluno já possui um conhecimento perceptivo do espaço material, onde vive, daí, a possibilidade de explorar o estudo do espaço geométrico, a partir desse conhecimento. Partem da compreensão de que o espaço perceptivo vivenciado pela criança, em suas primeiras noções espaciais, através dos movimentos e ações que realiza; mais tarde vai possibilitar a ela a construção do espaço representativo. Várias mudanças metodológicas são apontadas como tendências de ensino que buscam privilegiar a participação do aluno, considerando a construção do conhecimento como uma forma de aprendizagem. Essas propostas são calcadas na compreensão de que os professores devem dar a devida importância à articulação entre conceitos, ao elaborarem suas propostas pedagógicas, no sentido de valorizar a experiência e a manipulação como pontos de partida no ensino de geometria, para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, ressalta Ponte (2003), professores precisam ter a consciência de que a aquisição de conceitos geométricos deve ocorrer mediante realizações que envolvam as crianças na observação e na comparação de figuras geométricas, a partir de diferentes atributos. De acordo com os PCN de Matemática: [...] é fundamental que os estudos do espaço e forma sejam explorados a partir de objetos do mundo físico, de obras de arte, 3

pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, de modo que permita ao aluno estabelecer conexões entre a Matemática e outras áreas do conhecimento. (1997, p.56) Portanto, é através da exploração das formas geométricas, que o aluno desenvolve a compreensão do mundo em que vive, aprendendo a descrevê-lo, representá-lo e a nele localizar-se. Ademais, o trabalho com as noções geométricas estimula os educandos a observarem, perceberem semelhanças e diferenças e a identificarem regularidades. Com isso o ensino da Geometria contribui para ampliar e sistematizar o conhecimento espontâneo que o aluno tem do espaço em que se vive. (FONSECA, 2005, p. 47). Lomanato e Passos (2010) comentam as tarefas exploratório-investigativas com conteúdos geométricas. Inicialmente elas citam Abrantes (1999) que enfatiza a estreita ligação da geometria com essas tarefas que, pela intuição, visualização e manipulação de materiais, é uma área propícia a descobertas e resolução de problemas, que podem ocorrer desde os primeiros níveis de escolaridade. Depois mostram como Fiorentini (2006, p. 29) concebe as aulas exploratório-investigativas: aquelas que mobilizam e desencadeiam, em sala de aula, tarefas e atividades abertas, exploratórias e não diretivas do pensamento do aluno e que apresentam múltiplas possibilidades de alternativa de tratamento e significação e depois finalizam dizendo: podem, após a exploração e problematização, culminar em investigação matemática caso ocorra a elaboração de questões, conjecturas e a busca pelas suas confirmações ou refutações. LOMANATO e PASSOS (2010, p.5) Considerando que os palitos de fósforos têm servido como passatempo, há décadas, em mesas e balcões de bares e restaurantes, enquanto se aguarda a refeição ou se toma um aperitivo, em geral eles são sacados para estrelar incontáveis problemas do tipo "movatantos-palitos-e-obtenha-tal-resultado", selecionamos pequenos e divertidos desafios de geometria numa tentativa de promover a reflexão de professores (as) e graduandos (as) sobre o ensino da geometria e conduzi-los à prática e a vivência com materiais manipulativos; este relato de experiência propõe apresentar uma sequência de atividades que favorecem a observação, a manipulação e a exploração de objetos do cotidiano, possibilitando construção e reconstruções, além de estimularem a formação de conceitos geométricos, a noção de direção e a noção de dimensão. A manipulação dos palitos de 4

fósforos com a intenção de formar figuras geométricas em quebra-cabeças requer o uso de lógica e estratégia para resolução, enquanto se trabalham conceitos geométricos de polígonos. Referênciais bibliográficas: ABRANTES, P. Investigações em geometria na sala de aula. In: VELOSO, E.; FONSECA, H.; PONTE, J. P. DA; ABRANTES, P. (ORG.). Ensino da Geometria no virar do milénio. Lisboa: Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 1999. p. 51 62. FONSECA, Maria da Conceição. O Ensino da geometria na escola fundamental três questões para a formação do professor dos ciclos iniciais. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. GUIMARÃES, S. D.; VASCONCELLOS, M.; TEIXEIRA, L. R. M. O ensino de geometria nas séries iniciais do Ensino Fundamental: concepções dos acadêmicos do Normal Superior. Zetetiké, v.14, n. 25, p. 93-106, 2006. LAMONATO Maiza e PASSOS Cármen Lúcia Brancaglion Tarefas exploratórioinvestigativas de geometria na formação contínua do professor da educação infantil. Disponível em: www.sbem.com.br/files/ix_enem/.../cc15272255852t.doc - Acessado em 22/01/ 2010. LORENZATO, Sérgio e VILA, Maria do Carmo. Século XXI: qual Matemática é recomendável? Zetetiké. Campinas, v. 1, n. 1, p.41-50, 1993. LORENZATO, Sérgio. Por que não ensinar Geometria? In: Educação Matemática em Revista SBEM 4, 1995. NACARATO, Adair Mendes e PAIVA, Maria Auxiliadora. A formação do professor que ensina Matemática: estudos e perspectivas a partir das investigações realizadas pelos pesquisadores do GDT 7 da SBEM. In: (Org.). A formação do professor que ensina Matemática: perspectivas e pesquisas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 7-26. NACARATO, Adair Mendes; PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. A geometria nas séries iniciais: uma análise sob a perspectiva da prática pedagógica e da formação de professores. São Carlos: EdUFSCar, 2003. PAVANELLO, Regina Maria. O abandono do Ensino da Geometria: uma visão histórica. 1989. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas 5

PONTE, João Pedro et al. Investigações geométricas. In:. Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 71-89. (Tendências em Educação Matemática). SCORTEGAGNA, Gláucia Marise e BRANDT, Célia Finck O professor e seu papel na construção do espaço pela criança. Disponível em: www.sbem.com.br/files/ix_enem /Poster/.../PO59517344.f - Acesso em 22/01/2010. Para pesquisar mais: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4/matematica/videos/geometria/fo rmas_geometricas.html http://mil.codigolivre.org.br/projetos/matematica-divertida/palitos.html 6