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Transcrição:

Ementa e Acórdão DJe 08/06/2012 Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9 10/04/2012 SEGUNDA TURMA HABEAS CORPUS 111.760 DISTRITO FEDERAL RELATOR PACTE.(S) IMPTE.(S) PROC.(A/S)(ES) COATOR(A/S)(ES) : MIN. AYRES BRITTO :PAULO ROBERTO LOBATO :DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL. TESSITURA DA CAUSA. ORDEM DENEGADA. 1. Enquanto a incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio vai servir como a própria razão de ser da criminalização das condutas a ela contrárias, a ordem pública é algo também socialmente valioso e por isso juridicamente protegido, mas que não se confunde mesmo com tal incolumidade. Mais que isso: cuida-se de bem jurídico a preservar por efeito, justamente, do modo personalizado ou das especialíssimas circunstâncias subjetivas em que se deu a concreta violação da integridade das pessoas e do patrimônio de outrem, como também da saúde pública. Pelo que ela, ordem pública, revela-se como bem jurídico distinto daquela incolumidade em si, mas que pode resultar mais ou menos fragilizado pelo próprio modo ou em função das circunstâncias em que penalmente violada a esfera de integridade das pessoas ou do patrimônio de terceiros. Daí a sua categorização jurídico-positiva, não como descrição de delito ou cominação de pena, porém como pressuposto de prisão cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de acautelar o meio social contra fatores de perturbação que já se localizam na mencionada gravidade incomum na execução de certos crimes. Não da incomum gravidade desse ou daquele delito, entenda-se. Mas da incomum gravidade da protagonização em si do crime e de suas circunstâncias, levando à consistente ilação de que, solto, o agente reincidirá no delito, ou, então, atuará de modo a facilitar o respectivo acobertamento. Donde o prefalado vínculo operacional entre necessidade documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148670.

Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 9 de preservação da ordem pública e acautelamento do meio social. Conceito de ordem pública que se desvincula do conceito de incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio, mas que se enlaça umbilicalmente ao conceito de acautelamento do meio social. 2. Na concreta situação dos autos, a prisão cautelar do paciente está embasada na tessitura mesma da causa. Tessitura timbrada pela grande quantidade de droga apreendida em poder do acionante. Decreto prisional que não foi expedido tão-somente com base em meras suposições de risco à garantia da ordem pública ou na gravidade em abstrato do delito. 3. Ordem denegada. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Turma do em denegar o habeas corpus, o que fazem nos termos do voto do Relator e por unanimidade de votos, em sessão presidida pelo Ministro Ayres Britto, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas. Brasília, 10 de abril de 2012. MINISTRO AYRES BRITTO - RELATOR 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148670.

Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 9 10/04/2012 SEGUNDA TURMA HABEAS CORPUS 111.760 DISTRITO FEDERAL RELATOR PACTE.(S) IMPTE.(S) PROC.(A/S)(ES) COATOR(A/S)(ES) : MIN. AYRES BRITTO :PAULO ROBERTO LOBATO :DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO AYRES BRITTO (RELATOR) Cuida-se de habeas corpus, aparelhado com pedido de medida liminar, impetrado contra acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça. Acórdão que validou a prisão instrumental do paciente, nos termos da seguinte ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO EM FLAGRANTE. LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO. EXPRESSIVA QUANTIDADE DA DROGA APREENDIDA. POTENCIALIDADE LESIVA DA INFRAÇÃO. GRAVIDADE CONCRETA. NECESSIDADE DE ACAUTELAMENTO DA ORDEM PÚBLICA. VEDAÇÃO LEGAL À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E CONSTITUCIONAL. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. COAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Evidenciada a gravidade concreta do crime em tese cometido, diante da elevada quantidade de droga apreendida - mais de 9 kg de cocaína -, mostra-se necessária a continuidade da segregação cautelar do recorrente, para a garantia da ordem pública. 2. Não caracteriza constrangimento ilegal a negativa de concessão de liberdade provisória ao flagrado no cometimento em tese do delito de tráfico de entorpecentes praticado na documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148671.

Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 9 vigência da Lei n.º 11.343 06, notadamente em se considerando o disposto no art. 44 da citada lei especial, que expressamente proíbe a soltura clausulada nesse caso, mesmo após a edição e entrada em vigor da Lei n.º 11.464 2007, por encontrar amparo no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, que prevê a inafiançabilidade de tal infração. Precedentes da Quinta Turma e do. 3. Condições pessoais favoráveis não têm, em princípio, o condão de, por si sós, garantirem a concessão da liberdade provisória, se há nos autos elementos suficientes a demonstrar a necessidade da custódia antecipada, como ocorre in casu. 4. Recurso improvido. 2. Pois bem, a Defensoria Pública da União renova, aqui, a tese da patente inidoneidade dos fundamentos que sustentam o aprisionamento cautelar do paciente. Isto, em síntese, sob a alegação de que a simples referência à gravidade em abstrato do delito de tráfico de entorpecentes não basta para justificar a manutenção da prisão preventiva. Donde o pedido de concessão da ordem, formulado para permitir ao paciente recorrer em liberdade. 3. Prossigo neste relato da causa para anotar que o ministro Cezar Peluso (Presidente) indeferiu a medida liminar requestada. Oportunidade em que solicitou informações à autoridade impetrada. 4. A seu turno, a Procuradoria-Geral da República opinou pela denegação da ordem. É o relatório. * * * * * * * * * * * * 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148671.

Voto - MIN. AYRES BRITTO Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 9 10/04/2012 SEGUNDA TURMA HABEAS CORPUS 111.760 DISTRITO FEDERAL V O T O O SENHOR MINISTRO AYRES BRITTO (RELATOR) Consoante relatado, o desafio desta nossa Segunda Turma consiste em saber se o aprisionamento cautelar de Paulo Roberto Lobato está, ou não, devidamente fundamentado. 7. Sem mais tardança, antecipo que não procede a insurgência defensiva. De saída, anoto que o fundamento de garantia da ordem pública se me afigura apto para sustentar a prisão cautelar do paciente. Explico: segundo ressaltei em julgamentos anteriores, tenho buscado, a partir da Constituição Federal, um conceito seguro de ordem pública. Minha âncora, de longa data, tem sido o art. 144 da Constituição, a saber: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] 8. Pois bem, o que se tem de mais claro nesse dispositivo constitucional é que segurança pública é atividade genuinamente estatal, voltada para a preservação destes valores ou bens jurídicos: a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio (seja patrimônio público, seja de natureza privada). Mais: segurança pública de permeio com as instituições estatais dela encarregadas, tanto na esfera federal quanto na estadual e municipal; isto é, de permeio com os órgãos repressivos da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148672.

Voto - MIN. AYRES BRITTO Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 9 Ferroviária, das polícias civil e militar dos Estados, assim como dos corpos de bombeiros militares. 9. Avanço no raciocínio para dizer que a expressão ordem pública, justamente, é a que me parece de mais difícil formulação conceitual. Como a Constituição fala de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, fico a pensar que ordem pública é algo diferente da incolumidade do patrimônio, como é algo diferente da incolumidade das pessoas. É um tertium genus. Mas o máximo que consegui até agora foi esse conceito negativo mesmo: ordem pública é bem jurídico distinto da incolumidade das pessoas e do patrimônio. 10. Agora, passado algum tempo, já me animo a ajuizar que, enquanto a incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio vai servir como a própria razão de ser da criminalização das condutas a ela contrárias, a ordem pública é algo também socialmente valioso e por isso juridicamente protegido, mas que não se confunde mesmo com tal incolumidade. Mais que isso: cuida-se de bem jurídico a preservar por efeito, justamente, do modo personalizado ou das especialíssimas circunstâncias subjetivas em que se deu a concreta violação da integridade das pessoas e do patrimônio de outrem, como também da saúde pública. Pelo que ela, ordem pública, revela-se como bem jurídico distinto daquela incolumidade em si, mas que pode resultar mais ou menos fragilizado pelo próprio modo ou em função das circunstâncias em que penalmente violada a esfera de integridade das pessoas ou do patrimônio de terceiros. Daí a sua categorização jurídico-positiva, não como descrição de delito ou cominação de pena, porém como pressuposto de prisão cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de acautelar o meio social contra fatores de perturbação que já se localizam na mencionada gravidade incomum na execução de certos crimes. Não da incomum gravidade desse ou daquele delito, entenda-se. Mas da incomum gravidade da protagonização em si do crime e de suas circunstâncias, levando à consistente ilação de que, solto, o agente reincidirá no delito, ou, então, atuará de modo a facilitar o respectivo 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148672.

Voto - MIN. AYRES BRITTO Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 9 acobertamento. Donde o prefalado vínculo operacional entre necessidade de preservação da ordem pública e acautelamento do meio social. Conceito de ordem pública que se desvincula do conceito de incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio, mas que se enlaça umbilicalmente ao conceito de acautelamento do meio social. 11. É certo que, para condenar penalmente alguém, o órgão julgador tem que olhar para trás e ver em que medida os fatos delituosos e suas circunstâncias dão conta da culpabilidade do acusado. Já no que toca à decretação da prisão preventiva, se também é certo que o juiz valora esses mesmos fatos e circunstâncias, ele o faz na perspectiva da aferição da periculosidade do agente. Não propriamente da respectiva culpabilidade. Pelo que o quantum da pena está para a culpabilidade do agente assim como o decreto de prisão preventiva está para a periculosidade, pois é tal periculosidade que pode colocar em risco o meio social quanto à possibilidade de reiteração delitiva (cuidando-se, claro, de prisão preventiva com fundamento na garantia da ordem pública). 12. Traçados esses vetores interpretativos, hauridos diretamente da Constituição, tenho que a prisão cautelar do paciente, na concreta situação dos autos, está embasada na tessitura mesma da causa. Tessitura timbrada pela grande quantidade de droga apreendida em poder do acionante. Noutros termos: encontro nos autos elementos concretos o suficiente para justificar a manutenção da segregação cautelar do paciente em prol da garantia da ordem pública. Elementos que foram assim sintetizados pelo Juízo da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal: [...] 4. O pedido formulado carece de respaldo legal. 5. Isso porque o requerente foi preso no Aeroporto Internacional de Brasília quando supostamente tentava embarcar em vôo doméstico com destino a Belo Horizonte/MG, trazendo consigo mais de 9Kg de substância entorpecente (cocaína). 6. A prisão preventiva se me afigura necessária à 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148672.

Voto - MIN. AYRES BRITTO Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 9 preservação da ordem pública bem como à garantia da aplicação da lei penal. 7. Com efeito, há indícios de autoria e materialidade da prática de ilícito criminal e o requerente não preenche os requisitos para a liberdade provisória, inexistindo qualquer motivo para revogar a prisão que ora lhe é gravada, ao revés, é conveniente em virtude de não possuir ocupação lícita comprovada e pelo trânsito em região de fronteira com a Bolívia, de onde teria vindo a droga e por onde demonstrou, confessadamente, ter fácil acesso. 8. As circunstâncias da prisão em flagrante na posse de considerável quantidade de cocaína transportada por via aérea em mais de um vôo, inclusive, com possíveis ligações internacionais denotam que posto em liberdade poderá evadirse da Justiça e não se submeter à aplicação da lei penal. [...] 13. Daqui se segue que a expedição de um alvará de soltura do paciente, como pretendido pela defesa, caracterizaria, isto sim, medida temerária ou particularmente contrária à garantia da ordem pública. Pelo que, bem ao contrário do que alega a impetração, o aprisionamento cautelar do acusado se me afigura regularmente justificado. Decreto prisional que não foi expedido tão-somente com base em meras suposições de risco à garantia da ordem pública ou na gravidade em abstrato do delito. 14. Por tudo quanto colocado, acolho o parecer da Procuradoria-Geral da República e denego a ordem. 15. É como voto. * * * * * * * * * * * * 4 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2148672.

Decisão de Julgamento Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 9 SEGUNDA TURMA EXTRATO DE ATA HABEAS CORPUS 111.760 PROCED. : DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. AYRES BRITTO PACTE.(S) : PAULO ROBERTO LOBATO IMPTE.(S) : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: habeas corpus denegado, nos termos do voto do Relator. Decisão unânime. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello. 2ª Turma, 10.04.2012. Presidência do Senhor Ministro Ayres Britto. Presentes à sessão os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello. Subprocurador-Geral da República, Dr. Mário José Gisi. Karima Batista Kassab Coordenadora Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticardocumento.asp sob o número 1926296