ÍNDICE - 29/08/2005 Folha de S.Paulo...2 Capa/São Paulo...2 Médicos denunciam favores de laboratórios...2 Médicos denunciam favores de laboratórios...2 Empresa busca "fidelizar" alunos nas faculdades...3 Gazeta Mercantil...5 Indústria...5 Novartis lança Prexige para consolidar liderança em antiinflamatórios...5 Jornal do Commercio (RJ)...7 Suas Contas...7 Leis exigem que empresas coloquem dados precisos nos produtos...7 Jornal do Commercio (RJ)...10 Tecnologia & Saúde...10 Autorizado transplante inédito...10 Zero Hora (RS)...12 Economia...12 Produtos da colônia pedem passagem...12 Diário de Pernambuco (PE)...13 Cartas...13 Cartas...13 Aparato fiscalizatório...13
Folha de S.Paulo 29/08/2005 Capa/São Paulo Médicos denunciam favores de laboratórios "PAPAGAIOS-CIENTÍFICOS" Médicos denunciam favores de laboratórios Profissionais criticam relação promíscua com laboratórios, calcada em benefícios pessoais CLÁUDIA COLLUCCI DA REPORTAGEM LOCAL "É promíscua a relação entre médicos e a indústria farmacêutica. Muitos se transformaram em garotos-propaganda de luxo dos laboratórios." As declarações são do cardiologista Roberto Luiz d'ávila, diretor-corregedor do CFM (Conselho Federal de Medicina), que tem a missão de julgar as infrações éticas da categoria. "São papagaios-científicos", emenda o clínico-geral Antonio Carlos Lopes, professor titular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, que reúne 40 mil profissionais. O fenômeno não é exclusivo do país, mas, pela primeira vez, médicos brasileiros renomados vêm a público denunciar o lado negro da relação médico e laboratório, que, muitas vezes, estaria calcada mais em benefícios pessoais do que no bem da população. Lopes, por exemplo, afirma ter sido convidado inúmeras vezes por laboratórios para fazer apresentações favoráveis a determinados remédios. "Nunca aceitei. Mas sei de médicos que recebem R$ 5.000, em média, por apresentação, viagem aérea de primeira classe, hotel cinco estrelas, tudo com direito a acompanhante." Não há crime na prática, desde que o médico informe, na apresentação, que há um conflito de interesse, já que sua participação está sendo paga pela instituição interessada, conforme determina o CFM e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Ninguém respeita isso. Já cheguei a interromper pelo menos duas mesasredondas em eventos científicos em razão de conflito de interesse não revelado por parte de certos médicos", afirma Lopes. Ele revela ainda ter sofrido pressões para publicar artigos científicos financiados por laboratórios em troca da compra de anúncios na revista da sociedade que preside. "Também não aceitei esse tipo de interferência. Tudo o que publicamos passa pelo crivo do conselho editorial." Lopes se nega a fornecer os nomes dos laboratórios por falta de provas. Nos últimos três anos, vários artigos foram publicados pela imprensa internacional informando que a indústria farmacêutica contrata "escritores fantasmas" para elaborarem artigos científicos favoráveis às suas drogas e, depois, paga cientistas renomados para assiná-los. Neste ano, o ex-editor do British Medical Journal, Richard Smith, denunciou como os laboratórios manipulam os periódicos científicos com pesquisas que fazem seus remédios parecerem muito melhores do que são. Assédio
Apesar de reconhecer o problema do assédio, o CFM diz que não consegue punir os médicos pois não há denúncias formais sobre as infrações, sem as quais não há como iniciar um processo disciplinar no conselho, ação que poderia levar à cassação do registro profissional do médico. "Como muitos se beneficiam dessas vantagens, ninguém denuncia. A maioria dos médicos não vê problema de usufruir de uma "delicadeza" do laboratório. É o que eu chamo de elasticidade moral", afirma d'ávila. Segundo d'ávila e Lopes, o assédio dos laboratórios sobre os médicos ocorre de várias formas, tais como na distribuição de brindes pelos propagandistas nos consultórios, no oferecimento de viagens em congressos nacionais e internacionais e no pagamento de palestras para falar de pesquisas positivas a determinadas drogas. Os profissionais mais visados seriam aqueles que lidam com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e prescrevem remédios de uso continuado. "É um cliente em potencial por 20, 30 anos", diz o cardiologista Raimundo Marques do Nascimento. Não existem estudos sobre o reflexo dessa prática na população, mas especialistas em bioética supõem que elas podem levar à prescrição de remédios de eficácia duvidosa ou mais caros. "Os casos do Bextra e do Vioxx [analgésicos e antiinflamatórios retirados do mercado em razão do risco de problemas cardiológicos] estão aí para nos mostrar que toda cautela é pouca", diz o infectologista Caio Rosenthal, da Câmara de Bioética do Cremesp (conselho de medicina paulista). Segundo ele, é comum os médicos, especialmente os de cidades do interior, receberem da indústria farmacêutica convites para jantares, almoços e viagens. "Até cruzeiro marítimo já foi feito. Os médicos ficam subvendidos por essas pequenas miçangas. Do ponto de vista ético, isso é deplorável. Mas compreendo que eles fiquem seduzidos pois muitos vivem em situação de penúria." Para d'ávila, há necessidade de mecanismos mais eficazes de controle. "É preciso que os conselheiros regionais se empenhem em conscientizar os médicos dos Estados a ter uma análise crítica sobre o viés comercial que existe nesses convites." O corregedor conta que já soube de médicos que receberiam "salários por fora" de laboratórios a título de colaboração pela participação em congressos ou outros eventos. Porém, não há provas. O assédio dos laboratórios atingiria também as farmácias, segundo os médicos. Em troca de vantagens (em dinheiro ou em produtos), elas repassariam informações do receituário aos laboratórios, que cobram fidelidade do médico. "São relações espúrias", resume o médico Marco Segre, professor de bioética da USP. Empresa busca "fidelizar" alunos nas faculdades DA REPORTAGEM LOCAL A aproximação da indústria farmacêutica com os médicos começa nos bancos da faculdade de medicina. Na semana passada, a Folha recebeu um e-mail de uma empresa de marketing que exemplifica essa situação. A mensagem é sobre a promoção do antiinflamatório "Flanax" (Bayer) entre os estudantes de medicina durante a Intermed, competição que reúne as principais faculdades de medicina do Estado, que acontecerá de 3 a 10 de setembro em Santa Rita do Passa Quatro (SP). "A estratégia é demonstrar o medicamento fidelizando os futuros médicos. Para isto, serão distribuídos squeeze Flanax [garrafas para água com o logotipo do produto] e também manuais dos jogos", diz o texto.
Na avaliação do diretor de marketing da Bayer, Humberto De Biafe, a maneira como foi redigido o texto da ação de marketing não traduz a conduta da empresa nem com os médicos nem com os estudantes. "Nossa fidelização é por meio de informação, não pela distribuição de brindes", afirmou. Segundo ele, a empresa costuma divulgar o produto, vendido sem receita médica, em eventos esportivos, mas respeita as regras impostas pela Anvisa.
Gazeta Mercantil 29/08/2005 Indústria Novartis lança Prexige para consolidar liderança em antiinflamatórios São Paulo O mercado de antiinflamatórios inibidores da COX-2, categoria mais avançada que provoca menos efeitos gastrintestinais, parecia ter seus dias contados depois da turbulência causada pela retirada de circulação de Vioxx, da Merck, e Bextra, da Pfizer. Contudo, além dessas indústrias manterem um produto similar no mercado (Arcoxia e Celebra, respectivamente), as vendas dessa categoria estão reagindo e a suíça Novartis acaba de lançar o seu inibidor de COX-2, Prexige (lumiracoxibe) no Brasil. Primeiro país a comercializar o Prexige, produzido na Suíça, o medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início do ano, disse Roberto Arruda, diretor da unidade de negócios general medicines da Novartis Biociências, a subsidiária brasileira, e chegou às farmácias no início deste mês. O novo antiinflamatório já foi aprovado também em outros 21 países, entre eles Reino Unido e Austrália. Conforme Arruda, Prexige chegou primeiro ao Brasil porque a subsidiária estava pronta para lançá-lo desde o final de 2004, quando reforçou a equipe de vendas com mais 100 profissionais. Até o final de 2005, ele será lançado em outros mercados. Com o medicamento, a Novartis espera expandir sua participação no mercado nacional de antiinflamatórios e manter a atual liderança, com quase 20% de participação, reconquistada no início deste ano. A empresa havia perdido essa posição com a entrada dos inibidores de COX-2 no final dos anos 1990 e com a concorrência dos genéricos a partir de 2000 aos seus principais produtos neste segmento, Cataflan e Voltaren. Arruda disse que o rebuliço causado pela retirada de Vioxx retraiu as vendas de antiinflamatórios a partir de outubro do ano passado, quando o produto saiu do mercado. Em 2004, foram 66 milhões de unidades comercializadas ante as 63 milhões do ano anterior, um crescimento de apenas 5% ante os 10,3% de aumento registrado no mercado em geral. Para o diretor da Novartis, esses dados não revelam que os problemas com os dois medicamentos tenha colocado sob suspeita toda a categoria dos COX-2. "São moléculas diferentes. E hoje já estamos observando uma recuperação, com a média mensal de faturamento alcançando os níveis anteriores", disse. Ele afirmou que em julho as vendas foram de R$ 62 milhões ante uma média mensal de R$ 65 milhões anteriormente, ainda elevada por causa da participação, principalmente, de Vioxx, que liderava o mercado. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, os antiinflamatórios movimentaram R$ 782 milhões no Brasil. No ano passado, as vendas atingiram R$ 832 milhões. A classe dos COX-2, que já respondeu por 35% do faturamento, hoje representa cerca de 17% das vendas. Prexige pode acelerar a retomada do crescimento dessa classe, disse Arruda, porque há um grande número de pacientes que sofre com os efeitos colaterais dos antiinflamatórios tradicionais. Para conquistar esses pacientes, a empresa se munirá das pesquisas mundiais que realizou com cerca de 34 mil pessoas. "Os estudos mostram que não houve aumento de risco cardiovascular com o uso de Prexige em relação aos antiinflamatórios tradicionais. Em relação a pressão arterial, o aumento foi
bem inferior em comparação com os tradicionais e com os da mesma categoria", disse o gerente médico da Novartis, João Navarro.
Jornal do Commercio (RJ) 29/08/2005 Suas Contas Leis exigem que empresas coloquem dados precisos nos produtos De olho no rótulo GUSTAVO MONTEIRO Na correria do dia-a-dia, as compras nos supermercados, farmácias e outros estabelecimentos comerciais acabam sendo feitas sem a devida atenção. Os rótulos passam despercebidos ou não são lidos com a devida cautela. "Não tenho tempo de conferir tudo", admite a comissária de bordo Amanda Marchioro, que repara apenas a data de validade dos produtos. O que parece um esquecimento inocente pode se transformar em uma grande dor de cabeça. Assim como Amanda, muitos consumidores desatentos podem acabar levando para casa produtos fora do prazo de validade ou com componentes que oferecem riscos à saúde. Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), os rótulos devem contar uma série de dados, garantindo ao consumidor o direito à informação. As pessoas estão cada vez mais conscientes em relação à importância de ler os rótulos dos produtos, mas ainda não se percebe uma postura ativa. "Quando encontram algum problema na rotulagem, as pessoas acabam não reclamando ou entram em contato apenas com o fabricante, através dos serviços de atendimento. Ainda é inexpressivo o número de consumidores que recorrem aos Procons", comenta Maria Inês Dolci, consultora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste). Uma das principais reclamações dizem respeito ao tamanho das letras. Porém, ainda que alguns fabricantes desrespeitem certos itens, há que se admitir: eles estão mais conscientes. Maria Inês afirma que poucos estão em desacordo com as regras. O artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) é bem claro em relação aos rótulos. Segundo o dispositivo, "a oferta e apresentação de produtos e serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores." ROTINA DE TRABALHO EXIGE COMPRAS RÁPIDAS Casada, Amanda Marchioro tem uma rotina de trabalho pesada, que impede "passeios" mais demorados pelos supermercados. Uma vez por semana ela vai às compras no Leblon, onde mora. Por ser fiel às marcas preferidas e conhecer bem os alimentos, ela acaba não dando tanta atenção aos rótulos. "Eu e meu marido comemos sempre os mesmos produtos e por isso não me preocupo muito com as informações contidas nas embalagens." Ela admite, porém, que devido à problemas intestinais, passou a reparar a quantidade de fibras dos alimentos. "Só me preocupo com a validade e a presença de fibras. E apesar de fazer dieta, às vezes, não costumo verificar a tabela nutricional", comenta a comissária de bordo, que revela uma postura oposta em relação aos produtos de higiene e limpeza.
Leio os rótulos em casa porque preciso verificar, por exemplo, o modo de aplicação de produtos para passar no piso ou na pia. É bom também ler as embalagens dos produtos de higiene para saber como usar da forma correta comenta ela, que faz compra pesada de mantimentos uma vez por mês. No total, Amanda gasta cerca de R$ 400 mensais com as visitas ao supermercado. A consultora da Pro Teste alerta: é preciso estar atento aos produtos alimentícios que estiverem em gôndolas de promoção porque normalmente o prazo de validade está próximo de terminar. Segundo Maria Inês, os que mais lêem as informações dos rótulos são os consumidores que sofrem de algum problema de saúde, como diabetes, pressão alta ou celíaca (intolerância ao glúten, que pode causar diarréia crônica). A fiscalização cabe às seções regionais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao Ministério da Agricultura e entidades locais. Mas o consumidor pode dar sua contribuição. Maria Inês orienta: ao perceberem problemas nos rótulos, as pessoas devem registrar reclamação na Anvisa, nas autoridades municipais ou no Procon. Se não houver Procon, a denúncia deve ser feita ao Ministério Público. "O que acontece é que, quando reclamam, as pessoas procuram os serviços de atendimento ao cliente e o problema acaba não sendo divulgado", arremata Maria Inês. Coordenadora de Qualidade do Grupo Pão de Açúcar no Estado, a nutricionista Flávia Marques, acredita que, nos últimos anos, a postura dos consumidores no que diz respeito aos cuidados com a compra dos produtos está mudando. "Estamos mais exigentes e correndo atrás dos nossos direitos. Por isso, estamos lendo mais os rótulos, ainda que tenhamos pouco tempo para fazer as compras", acredita Flávia. Segundo a nutricionista, no ano que vem, acabam-se as desculpas: as informações serão obrigatórias. De acordo com a Resolução RDC nº 360 (Anvisa), de 2003, a partir de 31 de julho de 2006, todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor devem apresentar rotulagem nutricional. - O perfil dos consumidores está mudando. Hoje existem muitas pessoas solteiras, que moram sozinhas e vão aos mercados mais vezes, gastando pouco tempo em cada compra. Normalmente, são fiéis a determinadas marcas e conhecem as características dos produtos. Por isso não dão tanta atenção à rotulagem - comenta Flávia. LEGISLAÇÃO REFERENTE A RÓTULAGEM Resolução RDC nº 360, de 2003, da Anvisa Determina que todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor devem apresentar rotulagem nutricional, com as seguintes especificações: valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Artigo 8º do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990) Determina que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990) Determina que a oferta e apresentação de produtos e serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Determina que, em se tratando de produtos alimentícios ou farmacêuticos de qualquer natureza, a data de validade é obrigatória na rotulagem, ainda que seja indeterminada
ou imperecível, como o caso dos vinhos, por exemplo. Esta informação deve ser disposta na embalagem conforme Portaria do Inmetro nº 157/2002. Segundo a resolução, os alimentos embalados não devem ser descritos ou apresentar rótulo que utilize vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações gráficas que possam tornar a informação falsa, incorreta, insuficiente, ou que possa induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza, composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento ou forma de uso do alimento. Portaria nº 10 de Inmetro, de 25 de janeiro de 2000 Define que todos os produtos pré-medidos que apresentarem, simultaneamente, numa mesma embalagem, fases sólida e líquida, deverão ter, impressas nas embalagens, as indicações quantitativas de peso líquido (produto e conservante) e o peso drenado (somente o produto objeto de comercialização). Os exemplos mais comuns são as sardinhas conservadas em óleo ou salmoura, azeitonas, champignon e picles, entre outros. Alguns gostam de prestar atenção ao fazer compras A assistente administrativa Cláudia Werneck pode ser considerada uma exceção. Atenta aos rótulos, ela lê todas as informações. E se diverte com elas. "Faço compras semanalmente e fico horas no supermercado. Pra mim é um grande prazer, me distrai e relaxa", garante Cláudia. Ainda que conferir os rótulos seja uma ação corriqueira, Cláudia admite que há um outro motivo curioso para o hábito: ela detesta cebola. "Leio com atenção cada item para conferir se não tem cebola", brinca ela, que gasta em média, R$ 400 com as compras, todos os meses. Como moro sozinha, gosto de comprar coisas práticas. Acabo consumindo muitos alimentos supérfluos revela Cláudia, que se distrai lendo os rótulos também em casa. "No sofá vendo televisão, aproveito para pegar os produtos e fico lendo. Adoro as novidades que surgem para cozinhar", afirma. Os produtos de limpeza também não ficam de fora: "como lavo as roupas na máquina, leio as embalagens de sabão em pó para saber se tira manchas. Mas confesso que compro mais pelo cheiro", diz. No geral, Cláudia se diz satisfeita com os rótulos, mas tem uma reclamação a fazer: "as letras, às vezes, são muito pequenas." O economista Augusto Leal, que mora em Ipanema, revela: só costuma ler todas as informações dos rótulos quando vai comprar o produto pela primeira vez. "Me preocupo com as tabelas nutricionais mas, como sei a quantidade de calorias de tudo o que consumo, não preciso ficar lendo", admite Leal, que não tem problemas crônicos de saúde e, por isso, não se preocupa tanto com os ingredientes dos alimentos. Leal já se confundiu algumas vezes com os prazos de validade, por causa da falta de visibilidade. "As informações deveriam vir mais explícitas", reclama. Ele diz que observa com mais freqüência os rótulos dos produtos de higiene, limpeza e outros que contêm componentes tóxicos, como iseticidas. "Leio mais os rótulos quando estou tomando café", revela o economista, que gasta cerca de R$ 500 com as compras do mês.
Jornal do Commercio (RJ) 29/08/2005 Tecnologia & Saúde Autorizado transplante inédito Banco privado poderá destinar material a parente Há uma semana, um banco privado de cordão umbilical recebeu autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para liberar o uso de um cordão em um transplante alogênico - feito entre parentes. O fato é inédito, pois desde que o setor foi regulamentado pelo Governo, em 2004, bancos privados só podem coletar e armazenar sangue de cordão umbilical autólogo - para uso do próprio "doador". A autorização foi solicitada em 16 de junho pelo banco paulista CordVida. A liberação, em caráter extraordinário, tem justificativa técnica. "O transplantado tinha excelente compatibilidade com o sangue do cordão do irmão", diz José Antônio de Faria Vilaça, da Gerência de Sangue, Células e Órgãos da Anvisa. Com a liberação, o transplante do cordão entre os irmãos foi marcado para o dia 30. Será o sétimo feito no País. O receptor é o gaúcho João Roberto Dorneles Júnior, de 4 anos. Há um ano ele recebeu o diagnóstico de leucemia. A primeira opção foi procurar uma medula compatível entre parentes de primeiro grau. Depois, inscrever o garoto no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio. Lá, ele encontrou um doador. Nesse meio tempo, a mãe do garoto descobriu que estava grávida. O cordão do bebê, que nasceu em 14 de junho, era compatível com Roberto. "O benefício do sangue do cordão em relação à medula, além da riqueza em células-tronco, é que bastam quatro genes compatíveis entre doador e receptor. Com a medula, são necessários seis", explica Carlos Alberto Moreira Filho, diretor do Instituto de Pesquisa do Hospital Albert Einstein e coordenador do Projeto RedeCord, parceria entre bancos públicos em São Paulo. O impasse da família de Porto Alegre começou quando a opção foi pelo cordão umbilical. "Não existe lugar em Porto Alegre para coletar e armazenar cordão", conta Cláudio Galvão de Castro Júnior, oncologista do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, o médico do menino. "A única solução foi procurar um banco privado. Mas nem em sonho eu poderia imaginar que para ter a liberação do cordão para o transplante seria necessária a autorização do governo". De acordo com o Sistema Nacional de Transplante (SNT), do Ministério da Saúde, o HC da capital gaúcha vai ser o próximo banco público do País. Hoje, há dois em funcionamento: Inca e Einstein. O caso levanta a polêmica discussão sobre a atuação dos bancos privados e a eficácia de transplantes autólogos. "A compatibilidade é garantida, mas o sucesso terapêutico, não. O próprio Einstein descartou 40% dos cordões para uso autólogo quando entrou para a rede pública. Mas, até então, nunca havíamos garantido às mães que queriam guardar o cordão dos filhos que ele seria eficaz", diz Moreira. Até hoje foram feitos cinco transplantes autólogos no mundo e 4 mil alogênicos. Uma das explicações é a genética. "Na pediatria, muitas doenças tratáveis com transplante têm componentes genéticos", diz Lygia da Veiga Pereira, chefe do Laboratório de Genética Molecular da Universidade e São Paulo. Outra é que o banco público aumenta as chances de qualquer pessoa achar um sangue de cordão compatível. Mas o fato é que os privados têm feito sucesso. Em apenas um ano, a CordVida, por exemplo, coletou cerca de mil amostras de autólogos.
histórico NO BRASIL NÚMERO DE CASOS Já ocorreram seis casos de transplantes com sangue de cordão umbilical no Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde. BANCOS O Brasil conta com dois bancos públicos e cinco privados em funcionamento. BRASILCORD A rede nacional de cordões umbilicais tem a meta de ter dez bancos públicos filiados. O próximo será no Rio Grande do Sul LEGISLAÇÃO Bancos privados só podem armazenar cordões para uso autólogo (pela própria pessoa que doou). Todos os bancos públicos são para transplantes alogênicos (uso entre aparentados ou não). No mundo, foram feitos cinco transplantes autólogos e 4 mil alogênicos.
Zero Hora (RS) 29/08/2005 Economia Produtos da colônia pedem passagem Recursos do Bolsa Estiagem devem estar à disposição nesta semana, diz Rossetto ALEXANDRE DE SANTI O pavilhão da Agricultura Familiar sobreviveu ao primeiro teste na Expointer 2005. Logo no dia da sua inauguração oficial, a estrutura agüentou o temporal que atingiu Esteio, ontem, pela manhã. O barulho da chuva era tão alto que ficou difícil ouvir as autoridades que discursaram no ato de abertura do prédio, no parque Assis Brasil. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse que os recursos do Bolsa Estiagem - socorro aos produtores atingidos pela seca - devem ser liberados nesta semana. No Estado, 64 mil famílias serão beneficiadas com R$ 450, sendo R$ 300 do ministério e o restante do governo gaúcho. Rossetto também prometeu finalizar as novas normas sanitárias para desburocratizar a venda de produtos agroindustriais até o final do ano. Atualmente, as normas são definidas por órgãos municipais, estaduais e federais, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura. Os produtores querem que as autorizações sejam unificadas para permitir que os agricultor possam vender seus produtos em outra cidade sem ter de pedir um novo documento. - A idéia é acabarmos com essa irracionalidade e permitir que o produtor tenha autorização nacional a partir da inspeção sanitária municipal. O atual padrão inibe a produção - disse o ministro, entre embutidos, queijos, bebidas destiladas e artesanato elaborados pelos pequenos produtores. Na Expointer 2005, foi aberta uma exceção para que os pequenos agricultores pudessem vender seus produtos somente com a autorização sanitária municipal. - Quando essa mudança acontecer teremos um novo momento na história da agricultura. A expectativa é grande - comemorou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag), Ezídio Pinheiro. Rossetto anunciou a liberação de R$ 2,3 milhões para a Emater, em parceria com o Estado. Segundo o presidente da Emater, Caio Rocha, R$ 467 mil irão para a profissionalização de agricultores.
Diário de Pernambuco (PE) 29/08/2005 Cartas Cartas Aparato fiscalizatório Os custos governamentais com o SUS (Sistema Único de Saúde) seriam sensivelmente reduzidos se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desenvolvesse, a nível nacional, uma política de fiscalização, orientação e participação, destinada aos milhares de vendedores de refeições e lanches que proliferam desordenadamente nas ruas, calçadas e praças de nossas cidades. Aos alimentos fornecidos de origem ignorada ou com prazos de validade vencidos, soma-se a falta de higiene nas precárias instalações. As pessoas que por necessidade se utilizam destes "restaurantes", são de baixa renda, não possuindo portanto planos de saúde privados. Para o caso de intoxicações ou a contaminação por doenças transmissíveis, possuem como única alternativa de socorro o superlotado e deficiente SUS. Sérgio Villaça - Recife