Análise das Áreas Susceptíveis à Erosão na Microbacia do Córrego do Urubu, Lago Norte (Distrito Federal, Brasil).

Documentos relacionados
EIXO TEMÁTICO: TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS

Utilização de Técnicas de SIG e de Campo para Identificação de Áreas Sensíveis com Intuito de Regularização Fundiária

ESTUDO PLUVIOMÉTRICO E FLUVIOMÉTRICO PRELIMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO EMBU-GUAÇU, SP.

UTILIZAÇÃO DO MODELO SWAT PARA VERIFICAÇÃO DA INFLUENCIA DO DESMATAMENTO NA EVAPOTRANSPIRAÇÃO

4 Desenvolvimento do programa

UTILIZAÇÃO DO SIG NO CONTOLE DE EROSÃO EM ÁREAS SUCPTÍVEIS A INSTABILIDADE DE ENCOSTAS: BARRAGEM SERRO AZUL PALMARES (PE)

Análise da influência da vegetação nos processos de saturação do solo na bacia hidrográfica do Riacho Fundo, Distrito Federal

ANÁLISE DE LIMIARES E PROCESSOS DE GERAÇÃO DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM UMA ENCOSTA DA LAGOA DO PERI-SC

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA SUB-BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DO CERRADÃO

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ESPINHARAS-PB

PREVISÃO DE PRODUÇÃO E TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA BACIA DO RIO CLARO

Estimativa do coeficiente de escoamento superficial c da unidade hidrográfica do lago Paranoá, utilizando imagem de média resolução espacial (ALOS).

Roteiro. Definição de termos e justificativa do estudo Estado da arte O que está sendo feito

BACIA HIDROGRAFICA. Governo do Estado de São Paulo Secretaria do Meio Ambiente

5 Resultados e discussões

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA BIOTA DO AÇUDE ITANS EM CAICÓ/RN: ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

MONITORAMENTO DOS PROCESSOS EROSIVOS E MOVIMENTOS DE MASSA EM VIAS NO INTERIOR DA APA MACAÉ DE CIMA RIO DE JANEIRO. Resumo

Hidrologia Bacias hidrográficas

Identificação de Áreas Prioritárias para Recuperação Município de Carlinda MT

UTILIZAÇÃO DO MODELO SINMAP PARA A AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS MARGENS DOS RESERVATÓRIOS SALTO OSÓRIO E SALTO SANTIAGO PR SANTOS, I. 1 GLUFKE, D.

Figura 07: Arenito Fluvial na baixa vertente formando lajeado Fonte: Corrêa, L. da S. L. trabalho de campo dia

ANÁLISE DE IMAGENS COMO SUBISÍDIO A GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ-MIRIM

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Engenharia Civil. Bacias Hidrográficas. Professora: Mayara Moraes

DIAGNÓSTICO FÍSICO-CONSERVACIONISTA DA MICROBACIA DO CÓRREGO BOA VISTA, UBERLÂNDIA-MG.

DIAGNÓSTICO FÍSICO-CONSERVACIONISTA DA MICROBACIA DOS CÓRREGOS PINDAÍBA, MARIMBONDO E TENDA, UBERLÂNDIA-MG

APLICAÇÃO DO MODELO SHALSTAB PARA A DEMARCAÇÃO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS A ESCORREGAMENTOS NO MUNICÍPIO DE ITATIAIA-RJ

MAPEAMENTO DIGITAL DA BACIA DO CORREGO DO LENHEIRO - SÃO JOÃO DEL-REI - MG COMO SUBSÍDIO A ANÁLISE AMBIENTAL

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Disciplina de Drenagem Urbana. Professora: Andréa Souza Castro.

Nº Inundações em rodovias principais causas e estimativa de limiares deflagradores

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 2 Profª. Priscila Pini

Elias Ribeiro de Arruda Junior [1] ; Eymar Silva Sampaio Lopes [2] ; UFF Universidade Federal Fluminense -

DELIMITAÇÃO DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS COM BASE EM MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO

AVALIAÇÃO HIDROLÓGICA E AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: O CASO DO SUDESTE E SUL DO BRASIL

Fundação Carmelitana Mário Palmério-FUCAMP Curso de Bacharelado em Engenharia Civil. Hidrologia Aplicada C A R O L I N A A.

EROSÃO EM ÁREAS URBANAS

AVALIAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DO USO DO SOLO NOS BAIRROS ROQUE E MATO GROSSO EM PORTO VELHO RO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO BRANDINA, CAMPINAS SP

MAPEAMENTO DIGITAL: ESTUDO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DE MINAS (MG) E DO BAIRRO COLÔNIA - SÃO JOÃO DEL REI MG

ESTUDO DA MORFODINÂMICA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO CHAFARIZ NA ÁREA URBANA DE ALFENAS- MG: PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO

Modelagem hidrológica da bacia hidrográfica do Rio Macaé utilizando o MOHID Land

Crise Hídrica - DF. Rafael Mello

MODELAGEM DINÂMICA DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL DA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA - RS

ÁREAS DE RISCO AO USO/OCUPAÇÃO DO SOLO NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO SEMINÁRIO, MUNICÍPIO DE MARIANA MG. COSTA, R. F. 1 PAULO J. R. 2

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA E DE USO DO SOLO DAS ZONAS DE NASCENTES, MUNICÍPIO DE ALFENAS - MG

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS NA MICROBACIA DO CÓRREGO MATRIZ-GO, BRASIL

Dr. Mário Jorge de Souza Gonçalves

ZONEAMENTO DA SUSCEPTIBILIDADE À OCORRÊNCIA DE ESCORREGAMENTOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO YUNG JUIZ DE FORA

ESTUDO DA OCUPAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO DOS PEREIRAS (IRATI-PR)

Uma visão da crise hídrica e o abastecimento de água nos clubes de Brasília

A IMPORTÂNCIA DA INSTALAÇÃO DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS E PLUVIÔMETRICAS PARA O ESTUDO DA HIDROLOGIA: CASO DA BACIA DO RIO JUQUERIQUERÊ

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA HIDROGRAFIA

SIMULAÇÃO DE VAZÕES MÁXIMAS EM UMA MICROBACIA URBANA EM JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ. Autor(es): Renato de Oliveira Fernandes; Thaís Bento da Silva;

OBJETIVO. Analisar a dinâmica dos níveis potenciométricos de aquífero aluvial intensamente monitorado, no Agreste Pernambucano; Relacionar com:

DIAGNÓSTICOS DE PROCESSOS EROSIVOS NO MUNICÍPIO DE NOVA ANDRADINA MS

O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba

MAPEAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL DAS NASCENTES DO MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO 1

Figura 1 - Braço do Riacho Fundo e os seus avanços dos processos sedimentares ao longo dos anos. Adaptado: Menezes (2010).

Hidrologia Aplicada À Gestão de Pequenas Bacias Hidrográficas

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

Diretrizes para mapeamento de inundações no Estado do Rio de Janeiro PATRICIA R.M.NAPOLEÃO CARLOS EDUARDO G. FERRIERA

VIII-Castro-Brasil-1 COMPARAÇÃO ENTRE O TEMPO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA E O TEMPO DE RETORNO DA VAZÃO GERADA PELO EVENTO

MAPEAMENTO DIGITAL E PERCEPÇÃO DOS MORADORES AO RISCO DE ENCHENTE NA BACIA DO CÓRREGO DO LENHEIRO SÃO JOÃO DEL-REI - MG

Ciclo Hidrológico e Bacia Hidrográfica. Prof. D.Sc Enoque Pereira da Silva

Sistema de Esgotamento Sanitário

Hidráulica e Hidrologia

MUDANÇAS DE COBERTURA VEGETAL E USO AGRÍCOLA DO SOLO NA BACIA DO CÓRREGO SUJO, TERESÓPOLIS (RJ).

ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS EM SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS NAS BACIAS DO RIO VAZA BARRIS E ITAPICURU, NO ESTADO DE SERGIPE

CARACTERIZAÇÃO DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA GI8, PE

CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DE UMA BACIA AFLUENTE AO RIO COMANDAÍ 1 PHYSIOGRAPHIC CHARACTERIZATION OF AN AFFLUENT BASIN COMANDAÍ RIVER

O 2º do artigo 22 passa a vigorar com a seguinte redação:

DEGRADAÇÃO DO SOLO E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA ÁGUA: O CASO DA EROSÃO URBANA DO BAIRRO JACU NA CIDADE DE AÇAILÂNDIA MA. CASTRO, R. A 1.

Distribuição Da Precipitação Média Na Bacia Do Riacho Corrente E Aptidões Para Cultura Do Eucalipto

MAPEAMENTO DA INSTABILIDADE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEQUENO/PR

4. A Vulnerabilidade e risco ambiental da Bacia Bengalas

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCEPTÍVEIS A EVENTOS DE ALAGAMENTO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI RJ

UNIDADES ECODINÂMICAS DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE JEREMOABO- BA.

Samuel Beskow Professor, CDTec/Engenharia Hídrica-UFPel

2.1. O CICLO HIDROLÓGICO: ALVO DOS ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Debora Cristina Cantador Scalioni Jessica Villela Sampaio

Andrea Sousa Fontes, Maria Quitéria Castro de Oliveira, Yvonilde Dantas Pinto Medeiros

APLICAÇÃO DE GEOPROCESSAMENTO NO ZONEAMENTO DE ÁREAS DE INSTABILIDADE DA BACIA DO MANANCIAL DO RIO SANTO ANASTÁCIO/SP.

BANCO DE DADOS DE EVENTOS ATMOSFÉRICOS SEVEROS E A RELAÇÃO COM RISCOS AMBIENTAIS. Geórgia Jorge Pellegrina

UTILIZAÇÃO DO SIG PARA ELABORAÇÃO DE MAPAS DA BACIA DO SERIDÓ E DO PERIMETRO IRRIGADO DE SÃO GONÇALO.

ANÁLISE DA REDUÇÃO DO ESPELHO D ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS DO MUNICÍPIO DE PARELHAS/RN

Departamento de Engenharia Civil Disciplina : Hidrologia (HIA0001) Prof. Dr. Doalcey Antunes Ramos

EROSÃO ACELERADA EM UMA CANAL URBANO ASSOCIADA À OCUPAÇÃO URBANA PERIFÉRICA NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA> RESULTADOS PRELIMINARES.

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE GRUPO DE ESTUDOS E SERVIÇOS AMBIENTAIS ENCHENTE DO RIO ACRE EM RIO BRANCO, ABRIL DE 2011 PARECER TÉCNICO

Sumário. Apresentação I Apresentação II Apresentação III Prefácio Capítulo 1 Introdução... 37

CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO AÇUDE CATOLÉ

DETERMINAÇÃO DA FRAGILIDADE POTENCIAL A EROSÃO LAMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS

GESTÃO DO RISCO DE DESASTRES HIDROMETEOROLÓGICOS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS

Gestão Ambiental nas Bacias PCJ - Instrumentos e estratégias para integração

Aplicação do Modelo Linear de Mistura Espectral para Análise dos tipos Água no Lago Paranoá, Brasília - DF

Maria Fernanda de Lima Ribeiro Marques Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental da UCDB

Universidade de Brasília UnB / Departamento de Geografia (nandoarruda, rafadicastro,

Transcrição:

Análise das Áreas Susceptíveis à Erosão na Microbacia do Córrego do Urubu, Lago Norte (Distrito Federal, Brasil). Mariana da Silva Soares, Pedro Bias Dal Ava, Edilson de Souza Bias, Renata Marson Teixeira de Andrade, Felipe Lima Ramos Barbosa. Intituições: Universidade Católica de Brasília, Universidade de Brasília Email dos Autores: marianasoares@gmail.com, pdalava@gmail.com, edbias@unb.br, renatam@ucb.br, felipel@ucb.br. Introdução Com uma demanda de infra-estrutura não suprida com a mesma rapidez do crescimento populacional, a urbanização do Distrito Federal (DF) gera riscos de degradação especialmente em áreas de mananciais. Uma dessas áreas ameaçadas é as nascentes da Bacia do Rio Descoberto, localizada no próprio DF. O objetivo deste estudo é avaliar espacialmente as áreas de saturação do solo na microbacia do córrego do Urubu, por meio da análise de cenários construídos para quatro períodos, simulando o aumento da vulnerabilidade à erosão na área de estudo. A microbacia do Córrego do Urubu se localiza entre as coordenadas de latitude 15 41 e 15 43 sul e 47 52 e 47 50 oeste, na Região Administrativa Lago Norte (RA XVIII) - DF, como ilustrado na Figura 01. A bacia possui três tributários principais: Urubu, Sagui e Olhos D água. A população instalada no núcleo rural da microbacia do Urubu tem cerca de 1.100 pessoas, tendo se caracterizado por ocupação irregular de chácaras e pequenos condomínios desde sua ocupação na década de 1970, fazendo parte do bairro Taquari I. O PDOT (LEI COMPLEMENTAR 803/09) prevê na expansão urbana das 2ª e 3ª etapas do Taquari, à esquerda do córrego Sagüi, a sudeste da microbacia do Urubu. Os moradores do núcleo rural do Urubu fundaram há mais de 10 anos o movimento intitulado Salve o Urubu que tem como objetivo a preservação da área onde se localiza o córrego. O processo de urbanização no DF, segundo Mancini (2008), apresenta uma lógica dispersa definida pela a pulverização da urbanização em todas as direções e o surgimento de aglomerações urbanas que se dispersam sobre extensões cada vez maiores com menores contingentes populacionais, geram impactos negativos no meio ambiente, sobretudo relacionado à precariedade da infra-estrutura. Estudos sobre 1

Tema 4 - Riscos naturais e a sustentabilidade dos territórios mapeamento no DF recomendam que políticas públicas e medidas preventivas sejam necessárias para evitar perda de qualidade de vida e até possíveis desastres ambientais devido a estes riscos (DEFESA CIVIL 2009, ANDRADE et. al. 2009). Usado como indicador, a saturação do solo mostra áreas vulneráveis a processos erosivos. Estudos sobre saturação do solo, segundo Fiori (2009), indicam que os riscos de erosão e até de deslizamento estão aliados a eventos chuvosos, tipo de solo, declividade, aumento da impermeabilização do solo por exemplo. A Figura 2 apresenta uma cadeia de eventos na qual a urbanização pode gerar diversas ameaças ao meio ambiente, dentre elas a erosão. (Modificado de Hall, 1984 apud Porto et al, 1997) Figura 02 Processos que ocorrem em uma área em urbanização. Para aplicação do método de análise de saturação, foram definidos os procedimentos metodológicos definidos a seguir: Para a delimitação da microbacia hidrográfica do Córrego do Urubu, foi aplicado curvas de nível e hidrografia de escala compatível com 1:10.000, disponibilizado pela 2

CODEPLAN e as extensões Terrain Analysis Using Digital Elevation Models (TauDEM) e TOPOGRID, aplicáveis ao software ArcGIS 9.2. Foi utilizado o TOPOGRID para correção hidrológica do modelo e a identificação dos canais de drenagens por meio da aplicação de um algoritmo que tem o objetivo de identificar e eliminar as falsas depressões, que muitas vezes estão associadas aos canais de drenagem, e são responsáveis pela descontinuidade da rede de drenagem, aspecto desfavorável em determinados estudos hidrológicos. O método D de fluxo encontrado na extensão TauDEM foi escolhido por ser, segundo Tarboton (1997), um método que possui proporcionalidade de distribuição do fluxo entre as duas células a montante, uma vez que esse cálculo ponderado é realizado dentro de um dos oito triângulos no qual o fluxo coincidir. O MDE Modelo Digital de Elevação foi gerado a partir da aplicação das curvas de nível e a hidrografia na extensão TOPOGRID, sendo retiradas as depressões espúrias, picos anômalos e pontos com ausência de dados por meio da ferramenta Fill Sink, presente no ArcGIS 9.2. Após este refinamento do MDE, foi determinada a direção de fluxo direcional por meio do algoritmo D e posterior delimitação da bacia por meio do comando outlets, ambos na extensão TauDEM. A análise das zonas de saturação da bacia foi realizada a partir de modelo desenvolvido por O Loughlin (1986) apud Guimarães (2003), que define o índice de umidade do solo baseado na análise da precipitação média, na transmissividade do solo, na área de contribuição a montante, no comprimento do exutório da bacia estudada e na declividade, conforme a equação (1). Sendo W = Índice de umidade do solo, Q = Pluviosidade (m/s), T = Transmissividade do solo (m²/s), A = Área de contribuição a montante (m²), b = Comprimento do exutório (m) e sen θ = seno da declividade (rad). Neste modelo, foi considerado que o fluxo se infiltra até um plano de mais baixa condutividade, em geral o contato solo-rocha, seguindo então, um caminho determinado pela topografia. Sendo assim, as zonas de saturação ocorrem sempre onde o fluxo de drenagem a montante excede a capacidade do perfil de solo de transmitir este fluxo, Guimarães (2003). 3

Tema 4 - Riscos naturais e a sustentabilidade dos territórios Segundo Fiori (2009), quando o índice de umidade do solo for maior que a um, o solo está saturado e ocorrerá fluxo superficial. Quando o índice de umidade do solo for menor ou igual a 01, toda a água da chuva se infiltra no solo, não havendo água disponível para que ocorra o escoamento superficial. Desta forma, foi desenvolvida a seguinte relação para as zonas de saturação do solo, exposto no quadro 03. Quadro 03 Classes atribuídas às zonas de saturação Índice de Umidade Classe Grau de saturação Geração de escoamento superficial Erosão e transporte de sedimento 1 1 Não satura Insignificante Baixo > 1 5 Satura Significante Alto Dados Pluviométricos Para determinação dos dados pluviométricos, foram analisadas cinco estações: Santa Maria, Contagem, ETE Norte, ETE Sobradinho, ETE Paranoá. Todas as estações são pluviométricas e estão próximas à bacia do córrego do urubu. Para simular os regimes de mudança pluviométrica, foi utilizado o valor da máxima pluviosidade (mm/dia) ocorrida dentro da série histórica das cinco estações analisadas. A escolha de cenários é justificada uma vez que ela oferece a oportunidade de estudar eventos extremos em comparação com eventos de menor intensidade. O dado selecionado foi de 169mm/dia, ocorrido em 1 de janeiro de 1998 na estação de Santa Maria. Esse valor adotado representa o evento mais impactante ocorrido durante o período de estudo. Assim o valor de 169mm/dia foi dividido em quatro, formando diferentes cenários de ocorrência de chuva: 42mm, 84mm, 126mm, 169mm. Transmissividade Transmissividade do solo é definida por Bower (1979) apud Fiori (2009) como o produto da condutividade hidráulica multiplicada pela espessura do solo na área estudada, como expresso na equação (2). T = k.b a (2) Sendo T = Transmissividade (m²/s); k = Condutividade hidráulica (m/s); b a = Espessura do solo (m). 4

Estudos realizados por Amaral (2007) determinaram a condutividade hidráulica do cambissolo em 3,08x10-5 m/s e espessura média de 1,5 m. Campos (2004) determinou condutividade hidráulica para latossolo em 10-6 m/s e espessura média de 15 m. Estes dados foram normalizados para os solos predominantes na área. Assim, substituindo os valores na equação obtivemos transmissividade de 4,6 x 10-5 para Cambissolo e 1,5 x 10-5 para Latossolo. A microbacia também possui solo tipo Neossolo em sua porção noroeste, porém sua área relativa foi desconsiderada da análise uma vez que está a montante da área urbana de interesse analisada e corresponde a 0,14 km², 1,5% da área total. Área de Contribuição a Montante, Comprimento do Exutório e Declividade Foi determinada a área de contribuição a montante e a declividade a partir dos dados de MDE para área. Foi considerado o valor do comprimento do exutório o valor da célula do MDE, 5 metros. Resultados O cartograma apresentado na figura 13 expõe os quatro cenários analisados para os diferentes valores de pluviosidade e também a análise multitemporal das zonas de saturação. Na figura 13 é possível observar o aumento gradativo das zonas com probabilidade de saturação de acordo com o aumento da precipitação. De acordo com Fiori (2009), solos quando saturados produzem o escoamento por saturação, que pode gerar erosão hídrica. Por ser atemporal, apenas dependendo de variáveis hidrológicas e morfológicas, a representação das zonas de saturação mostra as áreas vulneráveis à erosão. A intersecção com a informação de atividade fotossintética representa a entrada da multitemporalidade na análise, possibilitando a observação da influência deste parâmetro no aumento ou diminuição das áreas já vulneráveis. 5

Tema 4 - Riscos naturais e a sustentabilidade dos territórios Figura 13 Cenários de zona de saturação de acordo com a pluviosidade (em azul escuro grande grau de saturação, em amarelo baixo grau) Na figura 15, destacam-se três pontos, o primeiro mostrando o processo erosivo no córrego Olhos D água, o segundo, uma mata recuperada e terceiro, uma voçoroca na sub-bacia do córrego Sagüi, juntamente com o cenário de 42 mm. O ponto 01 se localiza no Bairro Taquari em uma região de alta vulnerabilidade e a montante deste ponto, há construção de residências. Outra variável importante deste ponto é a grande diminuição ocorrida de 1989 para 2009 em sua cobertura vegetal. O ponto 02 apresenta baixa vulnerabilidade por não estar em uma zona de saturação do solo e também apresentar vegetação exuberante, conseqüência da resposta obtida com a análise da cobertura vegetal. Região onde há a atuação do Salve o Urubu. O ponto 03 apresenta erosão avançada. Sua dimensão é em torno de 3 metros de profundidade por 200 metros de extensão. 6

Figura 15 Saturação do solo na microbacia do córrego do Urubu com cenário de 42mm de pluviosidade. Conclusões e Recomendações A aplicação da metodologia de Avaliação de Risco Ambiental e de Vulnerabilidade à erosão (cruzando o índice fotossintético temporal e o índice de umidade que identifica as zonas de saturação para diferentes cenários de chuva) possibilitou identificar espacial e temporalmente as áreas que estão sob diferentes níveis de risco à erosão na microbacia do Urubu. Em visita a campo, foi constatado que há áreas vulneráveis na região com processos erosivos já estão em estado avançado. Em compensação, onde houve aumento de índice fotossintético (próximo aos córregos Urubu e Sagüi), foi constatado que zonas degradadas foram regeneradas, diminuindo a vulnerabilidade à erosão e riscos. O modelo aplicado possui limitações impostas pelas resoluções dos dados utilizados pela lacuna de dados pluviométricos fornecidos pela ANA Agência Nacional de Águas. Em linhas gerais, é recomendado a continuidade da avaliação de riscos, para a fase de gerenciamento de risco e quantificação por meio de matriz de risco. Também é 7

Tema 4 - Riscos naturais e a sustentabilidade dos territórios indicado a aplicação do modelo de mapa de vulnerabilidade para a obtenção de áreas prioritárias para a recuperação ambiental visto que foi observado em campo duas das áreas classificadas com maior vulnerabilidade e foi constatada a presença de erosão significativa. Bibliografia AMARAL, F. C. S.; FERNANDES, L. A. C. Estudo da condutividade hidráulica dos solos na área do entorno do projeto de irrigação Salitre. Rio de Janeiro: Embrapa solos, 2007. Disponível em: < http://www.cnps.embrapa.br/solosbr/pdfs/doc92_2007est_ conduthidraulica.pdf >. Acesso em: 02 set. 2009. ANDRADE, R.M.T. (ORG). Avaliação Preliminar de Riscos Ambientais no DF, Brasil. Trabalho Final. Universidade Católica de Brasília. Novembro de 2009. DEFESA CIVIL, DF. Áreas de risco diagnosticadas pela Defesa Civil do DF. http://defesacivildf.blogspot.com/. Acesso em: 20 de outubro de 2009. DISTRITO FEDERAL. Lei complementar 803, de 25 de abril de 2009. Aprova a revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal PDOT e dá outras providências. Disponível em http://www.cl.df.gov.br/cldf/processo-legislativo- 1/pdot. Acesso em: 12 setembro 2009. FIORI, A. P.; CARMIGNANI, L. Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas: aplicações na estabilidade de taludes. 2.ed. Curitiba: Ed. UFPR, 2009. 604p. GUIMARÃES, R. F. Fundamentação teórica do modelo matemático para previsão de escorregamentos rasos Shallow Stability. Espaço & geografia, vol. 6, nº 2, 2003. MANCINI, G. A. Avaliação dos custos da urbanização dispersa no Distrito Federal. Distrito Federal, 2008. 178p. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. 8

PORTO, R., et al. Drenagem urbana. In: TUCCI, C. E. M. (org.). Hidrologia, ciência e aplicação. 2 ed. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997. TARBOTON, D. G. A new method for the determination of flow directions and upslope areas in the grid digital elevation models. In: Water Resources Research, v. 33, nº2, 309-319 p. 1997. 9