Análise Genética da Cannabis sativa



Documentos relacionados

SEQÜENCIAMENTO ENCIAMENTO DE DNA: MÉTODOS E PRINCÍPIOS

Analise filogenética baseada em alinhamento de domínios

Reação em Cadeia Da Polimerase

PUCRS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Genética I AULA PRÁTICA APLICAÇÕES DAS TÉCNICAS DE PCR E ELETROFORESE DE DNA

Origem da variação. Conceitos importantes. Diversidade Genética. Variação genética

GENÉTICA FORENSE E PATERNIDADE

Variabilidade genética. Variabilidade Genética. Variação genética e Evolução. Conceitos importantes

Engenharia Molecular. Kit Autossômico GEM. EM-22plex sem extração. Manual Técnico

Ancestralidade Materna polimorfismos matrilínea DNA Mitocondrial (mtdna).

ANÁLISE GENÔMICA, MAPEAMENTO E ANÁLISE DE QTLs

Extração de DNA e Amplificação por PCR

Análise da Prova - Perito Criminal Federal (Biomédico/Biólogo)

Rachel Siqueira de Queiroz Simões, Ph.D

Hoje estudaremos a bioquímica dos ácidos nucléicos. Acompanhe!

DNA profiling parte 2

BIOLOGIA MOLECULAR. Prof. Dr. José Luis da C. Silva

Equipe de Biologia. Biologia

WHO GLOBAL SALM-SURV NÍVEL III

Mitocôndrias e Cloroplastos

The next generation sequencing

Técnicas moleculares

DNA A molécula da vida. Prof. Biel Série: 9º ano

Ácidos nucléicos. São polímeros compostos por nucleotídeos. Açúcar - pentose. Grupo fosfato. Nucleotídeo. Base nitrogenada

Organização do Material Genético nos Procariontes e Eucariontes

Projeto Genoma e Proteoma

TRIAGEM METABÓLICA POR PKS E NRPS EM ACTINOBACTÉRIAS ENDOFÍTICAS DE Citrus reticulata

Extração de DNA. Prof. Silmar Primieri

Apostila de aula prática REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE (PCR)

Bioinformática. Licenciaturas em Biologia, Bioquímica, Biotecnologia, Ciências Biomédicas, Engenharia Biológica. João Varela

Novas Tecnologias de Sequenciamento

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Biologia Prof. Hugo Henrique Pádua M.Sc. Fundamentos de Biofísica.

O DNA é formado por pedaços capazes de serem convertidos em algumas características. Esses pedaços são

DIFERENCIAIS: TIPOS DE EXAMES. Investigação de paternidade e/ou maternidade

Manual Técnico. quantificação de DNA humano em análises forenses. Para

PADRONIZAÇÃO DE ENSAIO DE PCR EM TEMPO REAL EM FORMATO MULTIPLEX APLICADO AO DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES POR HTLV-1 E HTLV-2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA

REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)

Biologia Avançada Jatropha curcas L.

Resposta: Interbits SuperPro Web

O fluxo da informação é unidirecional

Atividade prática Quem é o pai? Quem é o criminoso?

Análise Genética de Ceiba pentandra (samaúma) ocorrentes na área de Influência da UHE Santo Antônio.

Anotação de Genomas. Fabiana G. S. Pinto

Sibele Borsuk

Maconha. Alessandro Alves. Conhecendo a planta

As bactérias operárias

EXTRAÇÃO DE DNA EM GENÓTIPOS DE ACEROLA NO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO DO PIAUÍ-DITALPI.

Avaliação Curso de Formação Pós-Graduada da Biologia Molecular à Biologia Sintética 15 de Julho de 2011 Nome

ISOLAMENTO E MANIPULAÇÃO DE UM GENE

Professor Antônio Ruas

Biotecnologia: principais me todos moleculares

Técnicas Moleculares

Introdução à genética quantitativa usando os recursos do R

BIOLOGIA - 1 o ANO MÓDULO 17 MITOCÔNDRIAS E RESPIRAÇÃO CELULAR

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DA DREPANOCITOSE (Anemia Falciforme)

O que são domínios protéicos

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE

Replicação Quais as funções do DNA?

Universidade Estadual do Norte do Paraná UENP

PCR MARCADORES MOLECULARES. Prof. Dr. José Luis da C. Silva

PCR Real-time thermal cycler Standard thermal cycler

Noções Básicas de Seqüenciamento Genético. Maria do Carmo Debur LACEN/PR

BIOTECNOLOGIA VEGETAL E SUAS APLICAÇÕES NO AGRONEGÓCIO

Metabolismo de RNA: Transcrição procarioto/eucarioto

PCR technology for screening and quantification of genetically modified organisms (GMOs)

deficiências gênicas em amostras de DNA, de seres humanos e/ou animais, o qual além

Seminário de Genética BG Principal Resumo Professores Componentes Bibliografia Links

Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Programa de Pós-Graduação em Agronomia CENTRO DE GENOMICA E FITOMELHORAMENTO

Bioinformática. Trabalho prático enunciado complementar. Notas complementares ao 1º enunciado

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Biologia Computacional e Sistemas. Seleção de Mestrado 2012-B

EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO: MODELO DIDÁTICO PARA COMPREENSÃO DO TESTE DE VÍNCULO GENÉTICO

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR E FILOGENÉTICA DE ESPÉCIES DE PEIXES DE ÁGUA DOCE DO MATO GROSSO DO SUL

Biologia Molecular de Corinebactérias Produtoras de Aminoácidos: Análise do Genoma de Brevibacterium lactofermentum ATCC 13869

Sequenciamento de DNA

A função básica do ciclo celular das células somáticas é duplicar todo o conteúdo de DNA...

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sequenciamento de DNA e PCR 2018 s1

PLANO DE MINICURSO TÍTULO DO MINICURSO: 60 ANOS DO DNA E OS AVANÇOS DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

LABORATÓRIO DE BIOENGENHARIA. Métodos rápidos de tipagem de microrganismos

UM NOVO TESTE PARA TUBERCULOSE

Implementac a o do Alelo Animal/ Animal GRIN no Brasil. Samuel Rezende Paiva Embrapa Labex EUA Recursos Genéticos

O Código de Barras da Vida baseado no DNA Barcoding of Life : Considerações e Perspectivas

ÁCIDOS NUCLEÍCOS RIBOSSOMO E SÍNTESE PROTEÍCA

POLIMORFISMO DA TÉCNICA TARGET REGION AMPLIFICATION POLYMORPHISM (TRAP) PARA ESTUDOS MOLECULARES EM MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

Marcadores Moleculares

objetivos Complexidade dos genomas II AULA Pré-requisitos

7.012 Conjunto de Problemas 5

Convenção sobre Diversidade Biológica: ABS

Convenção sobre Diversidade Biológica: ABS

Técnicas Moleculares Aplicadas ao Estudo de Patologias

"Kit para Análise de Vinho" Ref. No

Avaliação molecular da macho-esterilidade citoplasmática em milho

Técnicas de biologia molecular. da análise de genes e produtos gênicos únicos a abordagens em larga escala

EXAME DE BIOLOGIA Prova de Acesso - Maiores 23 Anos (21 de Abril de 2009)

Exercício colaborativo GHEP-ISFG SPInDel Identificação taxonómica de amostras forenses. Instruções específicas

Desenvolvimento de uma Ferramenta. Cromatogramas

Ácidos Nucleicos 22/12/2011. Funções do Material Genético. informação genética.

BANCO DE QUESTÕES - BIOLOGIA - 1ª SÉRIE - ENSINO MÉDIO ==============================================================================================

Uso do calcário no solo Desenvolvimento de pesticidas e fertilizantes. Máquinas a vapor substituindo a força animal

Transcrição:

Análise Genética da Cannabis sativa Rodrigo Soares de Moura-Neto Professor Associado Instituto de Biologia/UFRJ 02/09/2014 rodrigomouraneto@ufrj.br

Perspectiva Histórica da Tipagem por DNA SNPs 2014 STR desenvolvidos 1985 FSS Quadruplex 1990 1994 1996 1992 PCR desenvolvido RFLP Locais do CODIS definidos 1998 2000 Primeiros STR multiplexes fluorescentes Eletroforese Capilar Primeiros STRs descritos Identifiler 5-dye kit e ABI 3100 2002 2004 PowerPlex 16 Y-STRs Tipagem de STR por CE mtdna Multiplex STRs

Inventor do PCR "I think I might have been stupid, in some respects, if it weren't for my psychedelic experiences. -Kary Mullis, Ph.D., Nobel Prize Laureate, Chemistry, 1993

Tecnologia Atual Capilar Cheio com Solução de Polímero Eletroforese Capilar Janela de Leitura 50-100 m x 27 cm - + Rápida Separação do DNA Inlet (cathode) 5-20 kv Outlet (anode) Coleta de Dados e Análise

Sequenciamento de DNA

Desoxinucleotideo H

H Didesoxinucleotideo H

Mecanismo de Migração da Moléclua de DNA - DNA - DNA - DNA - DNA - DNA - + Separação de acordo com o tamanho e a forma de interação do DNA com o Polímero existente no interior do capilar

Janela de Leitura ABI 3100 Array Detection

ABI Prism 3100 Analizador Genético

Tipo de Analisador Genético (Sequenciador) AB Prism 3100 Genetic Analyzer

ABI Prism 3500 Analizador Genético

Mitocondria

Heavy (H) strand S2 L2 H ND5 ND4 ND4L R ND3 G Genoma Mitocondrial 16024 16365 1 73 340 HV1 cyt b E ND6 COIII Control region (D-loop) T ATP6 P ATP8 O H 1/16,569 K COII F S1 HV2 16024 576 Light (L) strand 16,569 bp 12S rrna O L D V Q A N C Y 16S rrna COI L1 ND1 I M ND2 W 9-bp deletion 22 trnas 2 rrnas 13 genes Coding Region

A B C D

2 1 1 2

B C A T T A A C T G 0 A G 2 A 0 A 0 C 0 G 0 A 0 = 2 B T G A A C T G 0 A C 1 A 0 G 1 C 0 T 2 G 1 = 5 C A T T A A C T G 0 A C 1 A 0 D G 1 C 0 T 2 G 1 = 5 D B A T T A A C T G 0 A C 1 A 0 C 2 C 0 T 2 A 0 = T G A A C T C A G C T G 0 A T T 0 G C 1 C 0 A 0 D A 0 C 2 C 1 C 0 C 0 T 2 T 0 A 0 = 5 C

Matriz de Informação Topologia A B C D A - B 2-1,5 1 1 A B C 5 5 - D 5 5 2-1,5 1 1 C D

A B C D

A Jornada Humana Out of Africa

Sistema de STR para Cannabis sativa

Eletroferograma de 05 Locais de STR em Cannabis sativa

O Sistema de STR permite a análise filogenética de evolução rápida e, portanto, recente.

Variação Genética por AFLP de Cannabis sp, em diferentes cidades americanas

Sistemas de evolução lenta,como haplótipos do DNA mitocondrial e do cloroplasto, permitem um estudo global da distribuição da Cannabis sp.

Cloroplasto

Genoma do Cloroplasto

Haplótipo de mtdna de Cannabis sativa

Distribuição dos Haplótipos de mtdna de Cannabis sativa

Identificação e Caracterização Molecular da Cannabis sativa através do Perfil de DNA: Barcoding como Ferramenta de Inteligência Policial no Estado do Rio de Janeiro

Cannabis sativa é a droga ilícita mais consumida no mundo e há uma grande dificuldade em identificar e individualizar as amostras de Cannabis sp. Por isso, técnicas genéticas estão cada vez mais sendo adotadas para a sua identificação. DNA Barcoding é uma região curta e padronizada que contém suficiente variabilidade entre as espécies; é curta o suficiente para ser sequenciada em uma única reação; e contém regiões conservadas para o desenvolvimento de iniciadores universais.

Teste colorimétrico para detecção de canabinóides pelo método de Duquenois-Levine. (A) Passo1: Adição do reagente de Duquenois na amostra, (B) Passo 2: Adição de ácido clorídrico, (C) Passo 3: Adição de clorofórmio. Amostras com canabinóides tornam-se roxas com a adiição do reagente de do ácido clorídrico. Com o clorofórmio, o roxo passa para a camada orgânica, indicando a presença da substância (DEA - Lab Processes).

Cromatografia em camada delgada (TLC) para detecção de diferentes compostos, extratos vegetais, etc.

Objetivos Desenvolver e validar técnicas de identificação genética da Cannabis sativa; Testar o desempenho do gene de rbcl para identificação da espécie; Encontrar haplótipos em Cannabis sativa, apreendidas no Estado do Rio de Janeiro.

Material e Métodos Material genético extraído com o kit DNeasy Plant Mini (Qiagen); Iniciadores universais do gene de rbcl : ESrbcL628F e ESrbcL1361R; Amplificação de uma região de 733 pb;

Material e Métodos Sequenciamento por BigDye Terminator v 3.1 (Life Technologies); eletroforese no 3500HID, usando Data Collection e Sequencing Analysis (Applied Biosystems); Análise dos dados nos programas Geneious e Mega 5.1.

Regiões das apreensões das amostras de C. sativa

Amostras de C. sativa ICCE/PCERJ IPPGF/PCERJ DNA LabFor/UFRJ.

Amostras de maconha cedidas pela PCERJ

DNA Genômino 1 2 3 DNA Amplificado M 1 2 trnl-trnf (cpdna)

Eletroforese em gel de agarose 1,5% de uma aliquota dos produtos da amplificação do gene rbcl

Iniciadores utilizados na reação de amplificação (PCR) Nome Sequência do Iniciador GenBank Tamanho ESrbcL628F F: CCATTYATGCGTTGGAGAGATCG Gene rbcl 733 pb ESrbcL1361R R:TCAGGACTCCACTTACTAGCTTCACG Iniciadores rbcl alinhados ao gene rbcl de Morus indica, indicados abaixo da figura: ESrbcL628F e ESrbcL1361R. O produto amplificado teria um tamanho de 732 pb, aproximadamente.

Parte do alinhamento das amostras do Rio de Janeiro, evidenciando a sequência consenso de 516pb.

Sequência Consenso das Amostras do Rio de Janeiro (Cannabis sativa RIO DE JANEIRO)

Posição dos SNPs na sequência. SNP#1 em destaque no alinhamento superior, e SNP#2 em destaque no alinhamento inferior.

Diferenças encontradas nas sequências do gene de rbcl de C. sativa, das amostras do Rio de Janeiro, Reino Unido, Estados Unidos e China. Amostra Posição no gene SNP#1 58233(G/A) SNP#2 58493(C/T) Rio de Janeiro G C Reino Unido G T Estados Unidos G T China A C

Diferenças encontradas na sequência de aminoácidos entre as amostras do Rio de Janeiro, Reino Unido, Estados Unidos e da China. Amostra Rio de Janeiro Reino Unido Estados Unidos China Posição na cadeia polipeptídica 19411(V/I) Valina Valina Valina Isoleucina

SNP#1 SNP#2

Árvore filogenética da família Cannabaceae (gene rbcl)

Parte da árvore mostrando o grupo monofilético de Cannabis sp. e de Humulus sp., com 1000 réplicas de bootstrap (números nos clados).

Árvore filogenética da família Cannabaceae (gene trnl-f)

Rede Filogenética de Cannabaceae (gene rbcl)

Rede Filogenética de Cannabaceae (gene trnl-f)

Discussão e Conclusão 1. As doze amostras de C. sativa, apreendidas no Rio de Janeiro, mostraram-se idênticas. Possivelmente ao fato de todas serem originárias de cultivares geneticamente próximos ou idênticos. 2. Em comparação com outras amostras do gene de rbcl de C. sativa, depositadas no GenBank, observamos três haplótipos distintos. Um diferenciando as amostras do Rio de Janeiro, outro da China e, um terceiro comum entre os Estados Unidos e Reino Unido.

Discussão e Conclusão 3. Essas diferenças encontradas levam a uma única mudança de aminoácido. A Valina foi encontrada na posição 19411 nas amostras do Rio de Janeiro, Estados Unidos e Reino Unido, enquanto que a Isoleucina foi encontrada na amostra da China. 4. Análise filogenética sugere que essa mutação tenha ocorrido após a expansão da Cannabis a partir da Ásia. 5. A ocorrência do SNPs encontrados no gene de rbcl, entre as amostras do Rio de Janeiro, Estados unidos, Reino Unido e China, pode ser usado como marcador biogeográfico, sugerindo que se trata de uma assinatura genética para análise forense.

Apresentação no IV Congresso de Genética Forense e publicação na Gene rbcl como barcode para identificação forense de Cannabis sativa. Ribeiro ASD 1,2 ; Dias VHG 1 ; Mello ICT 1 ; Silva R 3 ; Sabino BD 4 ; Garrido RG 5 ; Seldin L 6 ; Moura-Neto RS 1,2 1 Laboratório de Biologia Molecular Forense, Instituto de Biologia/UFRJ. 2 Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, INMETRO. 3 Laboratório de Metabolismo Macromolecular Firmino Torres de Castro, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/UFRJ 4 Instituto de Criminalística Carlos Éboli /DGPTC/PCERJ. 5 Instituto de Pesquisas e Perícias em Genética Forense, /DGPTC/PCERJ. 6 Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes/UFRJ

Obrigado Fim