POLIPLOIDIA EM AMOREIRA BRANCA NATIVA DO SUL DO BRASIL Rubus imperialis VISA O MELHORAMENTO VEGETAL DA ESPÉCIE Larissa Costa MELLO 1, Maria do Carmo Bassols RASEIRA 2, Marco Antonio DALBÓ 3, Clenilso Sehnen MOTA 4, Cláudio KESKE 4 e Denise FERNADES 5 1 Acadêmica do Curso de Agronomia; email: larissacostamello@gmail.com 2 Pesquisadora na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Clima Temperado; 3 Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina EPAGRI; 4 Coorientadores IFC-Campus Rio do Sul;. 5 Orientadora IFC-Campus Rio do Sul; email: denise.fernandes@ifc-riodosul.edu.br. Introdução A produção de espécies do gênero Rubus no Brasil iniciou-se com a chegada dos imigrantes alemães com cultivo familiar para consumo próprio (Pagot, 2004). A produção comercial iniciou em Campos do Jordão Estado de São Paulo, com vistas a abastecer pequenas agroindústrias locais, seguindo para produções nas regiões de Vacaria e de Caxias do Sul no Rio Grande do Sul e no Sul de Minas Gerais (Pagot, 2004). Hoje se estima que a área plantada seja de aproximadamente 50 ha, com produção anual de 150 toneladas e receita direta de 500 mil reais. A comercialização desses frutos está ligada ao mercado interno, pois o mercado internacional, tem se expandido nos últimos anos, de forma que o Brasil tem frequentemente importado frutos de framboesas e amoras do Chile, na forma congelada, para abastecimento das indústrias brasileiras. A produção de framboesas e amoras do gênero Rubus pode ser destinada tanto ao mercado de frutas frescas quanto à fabricação de polpa congelada, purês, conservas, geleias, sucos e concentrados para sorvetes e iogurtes (Vendrúsculo, 2004). Segundo Salgado (2003), as espécies do gênero Rubus são ricas em vitamina C, betacaroteno e compostos fenólicos. A pouca produtividade nacional com o resultado de importação do fruto para abastecer as indústrias de alimentos ocorre devido aos fatores limitantes à expansão da cultura das cultivares Rubus no Brasil. As principais limitações são as sensibilidades das cultivares, na grande maioria os pomares são formados por cultivares exóticas plantadas no país para a produção e comercialização. Dentre as sensibilidades das cultivares importadas ressalta-se a necessidade de alta pluviometria e à alta umidade relativa do ar, alta suscetibilidade a fungos e a viroses e exigência de frio hibernal para frutificação (Pagot e Hoffmann, 2003; Infoagro 2016). Esses fatores restringem a área produtora a
regiões de altitude elevada nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Essa alta susceptibilidade é devido ao melhoramento dessas cultivares para cultivo em seus países de origem, que difere das condições ambientais e fitossanitárias encontradas no Brasil. No Brasil, a formação ou a renovação de pomares tem sido frequentemente realizada utilizando hastes enraizadas de pomares mais antigos, o que não consiste na melhor prática do ponto de vista fitossanitário. Segundo Nickel (2003), a infestação de viroses nos pomares estabelecidos no País é elevada devido ao fato de que a maioria das cultivares foi introduzida no Brasil antes da década de 80, quando não havia programas de limpeza clonal e de certificação nos países de origem desses materiais, os quais são propagados vegetativamente. A propagação por meio de sementes também não é recomendada, em função da variabilidade genética decorrente do processo de segregação genética (Infoagro, 2016). Os produtores que ainda acreditam no cultivo de amoras e framboesas na região sul do Brasil visam trabalhar com o conceito de prevenção de pragas e de doenças, como medida de redução de custos e melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos, implantando pomar com mudas certificadas, que são as que oferecem melhor qualidade genética, fitotécnica e fitossanitária. Assim, com objetivo de apresentar um novo produto, com intenção de reaquecer o cultivo e comércio de amoreiras no Sul do País nossa proposta é biotecnologia vegetal aplicada às poucas cultivares de amoreiras Rubus nativas do Brasil, dessa forma estaríamos valorizando nosso patrimônio genético e inserindo no mercado nacional uma planta robusta, resistente e adaptada as condições climáticas nacionais. Para isso, propomos a poliploidia de Rubus imperialis, uma amora branca nativa com frutos saborosos, suculentos e adocicados, de intenso aroma e muito menos ácidos que as espécies comumente cultivadas com fins comerciais. O plantio comercial de Rubus imperialis atualmente é pouco atrativo devido ao tamanho e sensibilidade de seus frutos. A poliploidia é uma técnica utilizada em cultivo in vitro no melhoramento de plantas visando obter plantas poliplóides que são em geral maiores e mais robustas do que seus parentes diploides, possibilitando o início da criação de um produto nativo adaptado e com potencial comercial.
Material e Métodos A pesquisa na busca de poliploides de Rubus imperialis tem caráter experimental onde os experimentos, processos e analises serão conduzidos em laboratório e casa de vegetação. As diferentes propostas experimentais na busca dos poliploides, apresentadas na sequência, seguirão desenho experimental em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com avaliações periódicas em relação às percentagens de obtenção das estruturas organogênicas poliploides. Os poliploides obtidos serão avaliados em classes através de notas quanto as avaliações da fenologia e critérios referente aos frutos e pós colheita desses frutos. Seleção de acessos Acessos de amoreira branca foram coletados de diferentes municípios do Alto Vale do Itajaí e Vale do Rio do Peixe, cultivados em casa de vegetação para a produção de ramos e sementes a serem utilizados para a indução de poliploides. Os acessos serão caracterizados quando o numero cromossômico, fenologia e potencial de frutificação e pós colheita na busca de possíveis acessos com características superiores. Estabelecimento in vitro e indução de calos Inicialmente será estabelecido uma cultura de calos friáveis de material vegetal de Rubus imperialis selecionado, utilizando o meio de cultura MS (Murashige e Skoog 1962) em diferentes tratamentos com dosagens de fitorreguladores. Cada tratamento será composto 10 unidades experimentais, sendo a unidade experimental representada por uma placa de Petri contendo 10 explantes vegetaisas. Será avaliado o volume e calos produzidos, peso, aspecto (compacto ou friável) e coloração (branco, amarelo ou marrom). Indução a poliploidia com colchicina in vitro Calos com potencial embriogênico serão induzidos à produção de poliploides em diferentes tratamentos utilizando doses e tempos de exposição à colchicina. Cada tratamento será composto de 5 unidades experimentais, sendo a unidade experimental representada por uma placa de Petri contendo 10 agregados de calos. Sementes de Rubus imperialis serão induzidos à produção de poliploides em diferentes tratamentos utilizando doses e tempos de exposição à colchicina. As
sementes serão desinfestadas para cultivo in vitro vegetal e após será aplicado os tratamentos de indução a poliploidia utilizando colchicina. A germinação ocorerrá in vitro em meio cultivo MS sem o uso de fitorreguladores. Cada tratamento será composto de 10 unidades experimentais, sendo a unidade experimental representada por um tubo de cultivo in vitro contendo 2 sementes. Indução a poliploidia com colchicina em casa de vegetação Plantas de amora branca Rubus imperialis serão induzidas à produção de poliploides em diferentes tratamentos utilizando doses e tempos de exposição à colchicina em gemas laterais. Cada tratamento será composto de 3 unidades experimentais, sendo a unidade experimental representada por uma planta contendo 10 gemas laterais induzidas. Eficiência dos tratamentos de indução a calo e poliploides Será avaliado a taxa de sobrevivência, taxa de diferenciação, percentual de diploides e tetraploides, com equações sugeridas por Zhi-Qiang (2010) em cada tratamento. Crescimento, floração e frutificação Será avaliado o desenvolvimento e crescimento das plantas poliploides, assim como a fenologia. Em relação aos componentes do rendimento, será avaliado: número e massa fresca de frutos por planta; porcentagem de frutos comerciais por planta, considerando frutos comerciais aqueles com mais de 6 g, desprovidos de injúrias, doenças e deformações; conteúdo de açúcares por refratômetro Brix, caracterização sensorial dos frutos quanto às características organolépticas através de escala hedônica (Morais, 1979). Perspectivas futuras O estudo encontra-se em desenvolvimento, até o momento não há resultados a serem apresentados, porém acreditamos que o presente projeto de pesquisa virá apoiar o cenário da fruticultura de pequenas frutas no Sul do País, na perspectiva de apresentar um produto diferenciado ao mercado e uma cultivar bem adaptada a nossa realidade climática e fitossanitária.
Referências Principais INFOAGRO. El cultivo del frambueso. Disponível em: http://www.infoagro.com/frutas/frutas_tradicionales/frambueso.htm>. Acesso em: 04 de abr 2016. NICKEL, O. Doenças causadas por vírus em morangos, amoras-preta, framboesas e mirtilo. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1, 2003, Vacaria. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, p. 41-47. (Embrapa Uva e Vinho. Documentos, 37). PAGOT, E.Diagnóstico da produção e comercialização de pequenas frutas. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 2, 2004, Vacaria. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, p. 09-18. (Embrapa Uva e Vinho. Documentos, 44). PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1, 2003, Vacaria. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, p. 7-15. (Embrapa Uva e Vinho. Documentos, 37). SALGADO, J. M. O emprego de amora, framboesa, mirtilo e morango na redução do risco de doenças. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 1, 2003, Vacaria. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, p. 33-36. (Embrapa Uva e Vinho. Documentos, 37). VENDRUSCULO, J. L. S. Processamento de morango e demais pequenas frutas. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 2.; ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS, 1, 2004, Pelotas. Palestras. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 133-143. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 124).